domingo, 12 de fevereiro de 2012

Crítica - "Histórias Cruzadas" (2011)

"Repleto de boas atuações, um bom e diferente filme sobre racismo."

Situado na racista Mississipi dos anos 60, no auge da segregação racial, após seus 20 minutos inciais "Histórias Cruzadas" me pareceu ser um enfadonho mais do mesmo: lá estavam lá as ricas familías brancas americanas, absurdamente superficiais, hipócritas e egoístas. O mal encarnado. Humilhando seus empregados negros sempre que podiam.

Porém, passado o tempo de apresentação dos personagens o filme começa a ficar interessante. Logo vemos duas cenas em sequencia de um mesmo drama sob pontos de vistas diferentes: a empregada negra Aibileen (Viola Davis) se desespera ao ver que a criança que ela cuida - e "adota" como filha - está sendo traumatizada pela indiferente mãe biológica, a patroa. E vemos a jovem branca - e aspirante a jornalista - Skeeter (Emma Stone) lamentando a perda de Charlote, a empregada negra que a criou desde o nascimento.

Com um romance em mente, posteriormente Skeeter pede às empregadas que conhece para contarem suas histórias, expressarem seus pontos de vista. Aibileen e a sua espalhafatosa amiga Minni (Octavia Spencer)) são as primeiras negras a contar seus "causos", que nem sempre são mostrados como narrativa, mas também em tempo real.

Mas o filme também apresenta histórias do ponto de vista dos "brancos": Skeeter e a "perua" Celia Foote (Jessica Chastain) também possuem problemas pessoais que não tem a ver com o racismo ao seu redor. E mesmo assim todas as histórias, sejam dos brancos os dos negros, se interferem de alguma maneira, mostrando a alta qualidade do roteiro.

Todos os personagens principais são mulheres. E talvez por isto o filme seja tão delicado, leve. A violência física quase inexiste; não vemos o racismo em "pancadarias nas ruas", mas vemos o racismo presente no simples cotidiano destas mulheres. É dentro das casas, em conversas e situações corriqueiras, que cenas dramáticas se alternam com cenas de humor. Também não há nenhum dramalhão, nenhuma cena muito forte. Mas o drama está lá, e te faz emocionar várias vezes.

Se não impressiona tanto tecnicamente, Histórias Cruzadas impressiona pelas atuações. Há várias ótimas atuações neste filme, e não a toa o Oscar deste ano indicou 3 das 4 atrizes cujos nomes já citei acima para a premiação. Mas além destas quatro, há outras grandes interpretações, dais quais destaco as atrizes Bryce Dallas Howard (pausa para meu suspiro apaixonado) e Sissy Spacek.

O principal defeito do filme, entretanto, é ter um final feliz demais. "Falha" esta que tem como possíveis explicações o fato de ser uma história de ficção voltada para o público feminino (a violência física que o filme não exibe com certeza existiria na vida real), e que os direitos de distribuição serem da Disney.

Nota: 8,0.

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