Minha grande dúvida da noite – sobre quem venceria o Oscar
de Melhor Filme: Argo ou Lincoln – foi respondida com apenas 2
minutos de cerimônia, quando o host Seth
Macfarlane disse para Ben Affleck dentre suas piadas iniciais, algo como: “não
se preocupe... a Academia já sabe que fez besteira” (em referência a sua
não-indicação como Melhor Diretor).
Dito e feito, Argo
venceu, e venceu levando apenas três estatuetas (Filme, Roteiro e Ator);
perdendo em número para As Aventuras de
Pi, que foi quem mais levou: quatro. Reflexo de um Oscar equilibrado, sem grande destaque, onde as premiações ficaram espalhadas para diversos filmes.
Mesmo eu tendo errado o palpite em varias categorias, o
Oscar foi em geral sem grandes surpresas. Eu particularmente só me surpreendi
duas vezes: com Christoph Waltz (Django Livre) levando por Melhor Ator
Coadjuvante, e Ang Lee (As Aventuras de Pi) vencendo por Melhor Diretor. E foram gratas surpresas. Afinal, como escrevi anteriormente, levou quem eu achei que mais mereceu.
Tive outra grata surpresa por Tarantino levar o Oscar de Melhor Roteiro Original. Não pelo prêmio em si, pois ele era um dos favoritos. Mas por constatar pela reação da platéia em quanto ele é querido em Hollywood. Não tinha idéia.
Em termos dos prêmios técnicos, dos filmes que vi, tudo
pareceu bem justo. Argo tinha a
melhor edição, e levou; As Aventuras de
Pi tinha melhor Fotografia, Efeitos Especiais e Trilha Sonora. Levou todos.
Da parte técnica, acho que a única premiação contestável foi o Melhor Direção
de Arte. O favorito era Anna Karenina, que não vi e ainda não estreou no
Brasil.
Mesmo com esta “injustiça”, Spielberg e seu Lincoln foram os
grandes perdedores da noite. Das doze indicações, levou duas. A citada
anteriormente, e mais a merecida vitória de Daniel Day Lewis por Melhor Ator.
Lewis fez história. É o primeiro a conseguir três troféus nesta categoria.
Também um pouco injusto, mas sem surpresa, foi a vitória de
Jennifer Lawrence como Melhor Atriz. Pelo menos, gosto bastante dela, e a jovem
de Kentucky foi uma das poucas que deu um discurso realmente emocionado.
Mas quem se emocionou mesmo foi Ben Affleck. Numa mistura de
surpresa, revolta e desabafo, ele fez um discurso desconexo, falando muito
rapidamente sobre muita coisa, e de cara fechada.
As grandes decepções da noite? Não foram as premiações, mas
novamente a cerimônia em si. Seth Macfarlane foi muito melhor apresentador que James
Franco. Se mostrou, pelo menos, bastante sorridente e empolgado o tempo todo.
Mas isto não é lá grande qualidade. Em geral ele não foi bem. Suas piadas... decepcionantes. Algumas boas e muitas piadas ruins, de mau
gosto.
Outro problema foram os musicais. Com apresentações em
excesso – que se confundiam com as apresentações dos indicados de Melhor Canção
– a festa ficou ainda mais longa e confusa.
E para fechar, foi nada menos que a Primeira Dama
estadunidense Michelle Obama quem anunciou o Oscar de melhor filme. Para que
misturar Cinema com patriotismo? É lamentável. Pelo menos, foi uma opção
totalmente condizente com a preferência por Argo. Se auto vangloriar pela
política externa de seu país foi a mensagem final passada pela Academia.