quinta-feira, 18 de março de 2021

Crítica - Mulher-Maravilha 1984 (2020)

 

Título: Mulher-Maravilha 1984 ("Wonder Woman 1984", Espanha / EUA / Reino Unido, 2020)
Diretora: Patty Jenkins
Atores principais: Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig, Pedro Pascal, Robin Wright, Connie Nielsen, Lucian Perez, Gabriella Wilde
Nota: 4,0

A DC Comics parece querer perder dos filmes da Marvel de propósito...

Poucas vez na história um filme teve um nome tão apropriado como este Mulher-Maravilha 1984. Não apenas pelo bom figurino e ambientação simulando os anos 80, mas principalmente, porque o filme parece ter sido feito em 1984: um roteiro mais inocente e deslocado da realidade, o colorido, a maneira com que as cenas são filmadas... com bem mais closes e ambientes fechados do que o padrão atual para filmes de "aventura". Ao assistir este novo lançamento da DC, a impressão que se tem é uma verdadeira volta ao passado.

Porém, se a volta aos anos 80 é bem reproduzida, ela é feita recuperando algumas das piores características das produções da época: efeitos especiais (e são muitos) mal feitos, personagens caricatos com atuações exageradas, drama e humor misturados sem sentido, erros de continuidade... e um roteiro que literalmente parou no tempo... Sabem aquela série do Batman com Adam West dos anos 60? Hoje ele nos diverte porque seu absurdo roteiro nunca se preocupou com a realidade... e este Mulher-Maravilha 1984 faz o mesmo que tantos filmes oitentistas fizeram (e justamente por isso envelheceram muito mal para os dias atuais): tem o mesmo roteiro simplório dos anos 60 porém tentando se levar a sério.

É simplesmente inacreditável que ainda hoje se gaste 200 Milhões de Dólares para fazer um filme tão ruim. Dá a impressão que a DC Comics quer perder da concorrente Marvel de propósito. Uma vergonha. Mulher-Maravilha 1984 provavelmente tentou surfar em duas ondas atuais: o saudosismo pela cultura pop das décadas passadas (bem explorado nas franquias Guardiões da Galáxia e Stranger Things) e o empoderamento feminino. Pena que falha miseravelmente em ambos.

Para começar, porque são tendências contraditórias: de que adianta querer mostrar ao mundo uma heroína forte e independente, se ao simular os anos 80 ela é totalmente apaixonada e dependente do galã? De que adianta voltar ao passado para recuperar dele apenas as partes ruins? O que fez Patty Jenkins (uma das poucas diretoras famosas de Hollywood, e também diretora do primeiro filme) para prestigiar as mulheres aqui? Desta vez, a diretora também co-escreve o roteiro (primeira vez que ela atua como roteirista desde 2003, quando era uma desconhecida) e não aproveita o momento... aparentemente o único "toque feminino" no texto é ele ficar discutindo sobre roupas e moda. Triste.

Outro exemplo de trazer coisas ruins dos anos 80 é a infeliz cena da criação do "Jato Invisível"... fato desnecessário pelo próprio roteiro já que tempos depois a Mulher Maravilha aprende a voar. Esta cena seguinte não só é bem mal feita em termos de efeitos especiais, como contradiz o que vimos nos filmes cronologicamente posteriores em que a heroína aparece: afinal, tanto em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) quanto em Liga da Justiça (2017) ela não voa.

Mulher-Maravilha 1984 recebeu 2 indicações ao Framboesa de Ouro 2021, incluindo uma de "pior filme continuação"... e olha, foi bem merecido. Dentre todas as longas e enfadonhas 2h30min de projeção, o único momento que verdadeiramente apreciei no filme foi o das cenas pós-créditos com Lynda Carter, a primeira Mulher Maravilha da TV. Menos mal, né? Melhor ficar feliz por um minuto do que nenhum. Nota: 4,0

2 comentários:

marcos.moreti disse...

Ivan, neste caso acho q vc pegou muito pesado.
Particularmente acredito q devamos analisar a obra pelo q ela se propõe. Neste caso o filme emula o estilo dos anos 80.
Um dos meus problemas com o filme é justamente não abraçar de vez a época: falta música, por exemplo.
Fora isso, tem algumas atitudes q a WW toma ou circunstâncias q ignora, q não faz sentido e o roteiro não precisaria deixar estas contradições.
Eu daria um 6/10, mais porque gosto da ingenuidade e das homenagens do filme e pq diverte em alguns momentos.
E sim, a cena pós créditos é excelente

Ivan disse...

Boa noite sr. Marcos, tudo bem? Primeiramente obrigado pelo comentário, o primeiro desta minha nova fase do blog! Quanto a "pegar pesado", andei pensando e melhorei um pouco a nota... de 3,0 pra 4,0 rs, pois mantenho que o filme só copiou as coisas ruins dos anos 80, o bom ficou de fora. Abraços!

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