segunda-feira, 10 de março de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #036 - Sabiam que a "espada de Excalibur" existe na vida real?


Um dos temas bastante comuns da literatura medieval européia foram os Contos do Rei Arthur, ou melhor dizendo, as histórias do Ciclo Arturiano. E, quase tão famosa quanto este mítico personagem, há também a sua espada Excalibur, a qual às vezes são atribuídos poderes mágicos, e que também, na maioria das vezes está associada à soberania legítima da Grã-Bretanha.

Ainda sobre a Excalibur, há duas versões sobre sua origem. Uma dela, mais tardia (meados do Séc. 13), diz que Arthur a recebeu de presente da Dama do Lago, uma fada de nome Viviane. Outra, diz que a espada ficava encravada em uma pedra, e que ninguém conseguia tirá-la de lá. E apenas quem merecesse ser o "verdadeiro Rei da Inglaterra" conseguiria realizar a façanha. Então um Arthur ainda jovem tentou removê-la da pedra e o fez com facilidade, tornando-se Rei. A primeira referência desta versão é de um poema francês de 1200, onde Arthur retira uma espada de uma bigorna que está em uma pedra de um cemitério de uma igreja.

Esta segunda explicação para a origem inspirou, por exemplo, a criação do livro infanto-juvenil The Sword in the Stone (1938) do escritor britânico T. H. White, que por sua vez foi adaptada em 1963 pela Disney em um filme de animação chamado A Espada Era a Lei, que é de onde tiro a imagem-título acima. Quem ainda não viu esse desenho, recomendo muito. Além de divertidíssimo, tem uma das batalhas mágicas mais épicas da história, entre o Mago Merlin e a Madame Min.


Galgano Guidotti e a "Excalibur" real

A "Espada na Pedra" do mundo real

E para quem pensa que o conto da "Espada na Pedra" é 100% fábula, vamos para o que é hoje o pequeno município de Chiusdino, na região italiana da Toscana.

Em 1148 nascia Galgano Guidotti, filho de um senhor feudal, e que na vida adulta era um cavaleiro impiedoso que também vivia uma vida, digamos... impura. Até que, segundo a lenda, por volta de 1180, ele começou a ter sonhos com Arcanjo Miguel, que lhe dizia para mudar de vida. Em um sonho em específico, Miguel o levou à colina de Montesiepi, e disse para Guidotti construir uma casa para a glória de Deus, desistir de suas posses mundanas e viver como um eremita.

Ainda no sonho, Guidotti retrucou dizendo que isso seria tão difícil quanto cortar uma pedra com sua espada, e para "provar" seu ponto, resolveu cortar uma pedra ao seu lado. Porém sua espada cortou a pedra como se fosse manteiga.

Continuando a história contada pela tradição local, dias depois Guidotti estava cavalgando, e seu cavalo passou a recusar suas ordens e acabou o levando à Montesiepi, ou seja, onde as imagens do seu sonho ocorreram. Entendendo como um sinal divino, um comovido Galgano quis colocar uma cruz no local. Porém ele não tinha uma cruz com ele e, em vez disso, mergulhou sua espada em uma pedra próxima. A espada, que deslizou dentro da pedra facilmente, ficou com a maior parte da lâmina enfincada, e com isto o que restou para fora da pedra ficou parecendo uma cruz.

Para decepção de sua família, Galgano Guidotti viveu o resto de sua curta vida (ele morreu em 1181) como um eremita e dedicado a Deus, conforme os sonhos lhe haviam pedido. Em 1185 o Papa Lúcio III santificou o homem (desde então São Galgano) e uma capela redonda foi construída em volta da espada para preservá-la, onde ela está até hoje.

Cappella di San Galgano a Montesiepi

Também dizem as lendas que muitos tentaram retirar a espada de Galgano da pedra, e não conseguiram. E que entre sua morte e a construção da capela, um ladrão tentou roubar a espada mas foi completamente devorado por lobos, sobrando-lhe apenas as mãos e braços. Os ossos da mãos e braços do "ladrão" também se encontram conservadas dentro da Capela de Montesiepi.

A Ciência não pode comprovar estes relatos lendários, mas as análises feitas em 2001 por cientistas da Universidade de Pavia atestam que tanto a espada como os ossos são de fato do Século 12, ou seja, estão de acordo com a época vivida por Galgano Guidotti.

Também não é possível afirmar que há uma relação entre a lenda Arturiana da espada de Excalibur e a história de São Galgano. Entretanto, os primeiros textos em que a Excalibur aparece como sendo retirada de uma pedra, aparecem apenas algumas décadas depois da morte de Galgano Guidotti. Portanto, dá para desconfiar que isto não seja apenas "coincidência".

Galgano Guidotti e sua espada em detalhe



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? Toda segunda-feira tem uma nova! É só clicar aqui!

sábado, 8 de março de 2025

Especial Dia Internacional da Mulher: CINCO jogos de tabuleiros modernos feitos por mulheres e que são sucessos mundiais!

8 de Março! Dia Internacional da Mulher! E novamente temos artigo especial aqui no Cinema Vírgula! Porém ao invés de trazer uma "mini-biografia" de alguma mulher memorável, como já fiz das incríveis Hedy LamarrRoberta Williams ou Lucille Ball, desta vez apresento jogos de tabuleiro modernos para vocês conhecerem e se divertirem.

São cinco jogos bem diferentes entre eles, cada um de uma designer mulher distinta, todos bastante conhecidos mundialmente, e que também podem ser comprados em lojas especializadas aqui no Brasil. Vamos a eles!


Wingspan (2019, Elizabeth Hargrave)

Começando pelo jogo que continua sendo um dos mais populares da atualidade, criado pela estadunidense Elizabeth Hargrave, que estreou no mundo dos boardgames lançando justamente este Wingspan. Seu jogo rapidamente virou um grande sucesso, e hoje já ultrapassou a marca de de 2,4 MILHÕES de cópias vendidas no mundo todo. 

Wingspan é um jogo onde você coleciona pássaros, e o faz através de compra de cartas e gestão de recursos, que são ovinhos e "comidinhas" como insetos e peixes. O jogo é muito bonito, e apesar da dificuldade média (não é tanto para iniciantes), certamente agrada todos os gostos e gêneros.

A foto título deste artigo nos mostra Elizabeth Hargrave recebendo por Wingspan o prêmio do Kennerspiel des Jahres 2019, equivalente ao "Oscar" dos Jogos de Tabuleiro na categoria "Jogo Expert do Ano".

Wingspan joga de 1 a 5 jogadores, com cada partida durando cerca de 1h. O jogo custa cerca de R$ 550. Entretanto, existe uma versão mais barata do jogo, de nome Wingspan Asia, que é exclusiva para DOIS jogadores e custa menos de R$ 300.


Salada de Pontos (2019, Molly Johnson)

Agora vamos com um jogo mais leve, bastante premiado internacionalmente e diversão para toda a família. Trata-se de Salada de Pontos, feito pela estadunidense Molly Johnson em pareceria com mais outros dois criadores.

Salada de Pontos é um jogo de seleção de cartas rápido, simples e divertido para toda a família. Ele funciona assim: em cada rodada, você pode escolher dentre as opções da mesa (ver foto acima) pegar uma carta de pontuação, ou duas cartas de vegetais (e assim que você as pega, o grid de cartas é reposto com novas cartas). O "desafio" do jogo é que as cartas de pontuação podem dar pontos positivos ou negativos de acordo com determinados vegetais, e as vezes também as opções que estão disponíveis na mesa não são as melhores para os vegetais que você já tem. Na prática, tudo acaba sendo muito dinâmico e estratégico, com você tendo que fazer combinações de regras e vegetais que te favoreçam e ao mesmo tempo impeçam que outro jogador consigam cartas que poderão ser útil para ele.

Salada de Pontos joga de 2 a 6 jogadores, com cada partida durando cerca de 20 min. O jogo custa cerca de R$ 90 e vem dentro de uma caixinha metálica.


EXIT (2016 a 2025, Inka Brand)

A alemã Inka Brand é responsável, junto com seu marido Markus Brand, pela maior franquia de jogos de "Escape Rooms de bolso" do mundo todo. Trata-se da série EXIT, da qual já comentei aqui no Cinema Vírgula anos atrás.

Internacionalmente já foram lançados mais de 40 jogos diferentes desta série, sendo que aqui para o Brasil a editora Devir já trouxe pouco mais da metade deles: 24. Os temas são diversos. Por exemplo, os dois primeiros jogos da série se chamam EXIT: O Jogo - A Cabana Abandonada (2016) e EXIT: O Jogo - O Laboratório Secreto (2016), mas também há jogos baseados em franquias famosas, como por exemplo EXIT: O Jogo - Senhor dos Anéis: Sombras sobre a Terra Média (2022) e EXIT: O Desaparecimento de Sherlock Holmes (2022). A foto acima é de componentes da versão do jogo do Sherlock Homes.

Cada edição do jogo nos traz uma história, onde os jogadores devem resolver uma série de enigmas em até 60 minutos, para evitar que "algo ruim aconteça". Tudo do jogo vêm em uma pequena caixa, onde temos geralmente alguns livretos, cartas e um disco de papel repleto de combinações que é usado como "guia" para os enigmas apresentados. Os desafios em geral são bem criativos, mas ao mesmo tempo bem difíceis. É um jogo que só pode ser jogado uma vez, já que geralmente você vai inutilizar (cortar) os componentes enquanto o joga.

Os jogos da série EXIT variam bastante de preço, custando em média R$ 130. O ideal é jogá-lo em 1 a 3 jogadores, e dificilmente você o terminará nos tais 60 minutos. Pode colocar 90 ou 120 min aí.


Qwirkle (2006, Susan McKinley Ross)

Qwirkle é um jogo que aparentemente demora para convencer as pessoas... afinal, embora tenha sido criado em 2006, só foi receber reconhecimento internacional em 2011, e só foi lançado no Brasil em... olhem só, ano passado, 2024! Porém, ele "demora" mas faz sucesso, já que já vendeu mais de 5 MILHÕES de cópias pelo mundo todo.

Criado pela estadunidense Susan McKinley Ross, neste jogo temos peças de 6 cores e 6 formatos diferentes, e a cada vez que colocamos um grupo deles na mesa, pontuamos pelo número de repetições de cor ou formato. Por exemplo, se na mesa já tenho 2 peças amarelas em linha, e em meu turno eu coloco mais 2 peças amarelas em seu lado, faço 4 pontos. Após isso reponho na minha mão as peças que gastei, e assim o jogo vai até que todas as peças se acabem.

O jogo é simples, para toda a família (inclusive crianças), roda de 2 a 4 jogadores e cada partida dura cerca de 30 min. Seu preço é de R$ 130.


As Ruínas Perdidas de Arnak (2020, Mín)

A designer checa Michaela "Mín" Štachová forma junto com seu marido Michal "Elwen" Štach a dupla "Mín & Elwen", sendo este jogo a maior criação deles até o momento.

Em As Ruínas Perdidas de Arnak somos aventureiros explorando terras selvagens em buscas de artefatos de civilizações antigas. O jogo é lindíssimo, com um tabuleiro gigante e repleto de cartas e componentes (que faz o preço do jogo ficar um pouco salgado, como veremos mais adiante).

Ele mistura as mecânicas de Alocação de Trabalhadores com Construção de Baralho, e apesar das regras consideravelmente simples, o jogo é bastante "apertado", sendo que em cada turno você tem poucas opções (recursos) disponíveis, e pontuar é difícil. Acaba sendo o jogo mais "pesado" (no sentido de complexidade) desta lista toda, bem estratégico, e reitero que suas regras não são difíceis de entender, o mais complicado mesmo é "dominar o jogo". Para quem gosta de jogos assim, ele é bem bacana e divertido.

As Ruínas Perdidas de Arnak joga de 1 a 4 jogadores, com cada partida durando cerca de 2h. O jogo custa cerca de R$ 600.


Jenga (1983, Leslie Scott) 

Achou que minha lista iria parar nos cinco jogos modernos?? Achou errado!!! Aqui vai um jogo extra. Jenga não é um jogo de tabuleiro moderno, mas não poderia deixar de ficar de fora neste Dia Internacional da Mulher.

Não preciso explicar pra você como Jenga funciona, pois você certamente já jogou esta pequena e divertida maravilha. Criado pela britânica (porém nascida na Tanzânia) Leslie Scott, mesmo com seu jogo sendo plagiado incontavelmente por aí, segundo matéria do The New York Times o Jenga original conta com mais de 90 MILHÕES de cópias vendidas pelo planeta.

Nas últimas décadas Jenga também foi vendido com outras versões especiais (e com regras/mecânicas adicionais), como por exemplo esta abaixo do Super Mario, de 2020. Infelizmente, nenhuma delas chegou ao Brasil.

Nas lojas brasileiras você consegue encontrar o Jenga original por cerca de R$ 100. Já os clones mal feitos dele, dá pra achar por menos de R$ 40.



E Feliz Dia Internacional da Mulher a todas as leitoras do Cinema Vírgula!

segunda-feira, 3 de março de 2025

Curiosidades Cinema Vírgula #035 - Conheça quais são as grandes premiações internacionais do Cinema e quais filmes brasileiros já brilharam nelas!



É isso! O Brasil acaba de levar seu primeiro Oscar! E isso aconteceu ontem, graças ao Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui! Portanto nada mais justo este artigo temático! ;)

Antes do evento de ontem, o Cinema Brasileiro já havia brilhado muitas outras vezes ao redor do mundo ao longo de sua história! Abaixo você vai saber quais são as maiores premiações internacionais do Cinema além do Oscar, e todos os filmes brasileiros que já venceram seus respectivos prêmios máximos. Isso é apenas uma amostra do nosso potencial como indústria cinematográfica.



Palma de Ouro (Festival de Cannes)

Provavelmente o segundo maior prêmio do mundo do Cinema, a Palma de Ouro é entregue em Cannes, na França. O Festival de Cannes se iniciou em 1946, sendo que seu prêmio máximo de "melhor filme", a Palma de Ouro, começou a ser entregue em 1955. O primeiro e único filme brasileiro a vencer este prêmio é o Pagador de Promessas, de 1962, escrito e dirigido por Anselmo Duarte, filme este que também foi o primeiro a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional.

Curiosidade: a primeira edição deste Festival era para acontecer em 1939, inclusive tendo Louis Lumière como presidente. O Festival inclusive chegou a ter a primeira noite de eventos, porém no dia seguinte, em 01 de Setembro, a Alemanha invadiu a Polônia, e a programação então foi adiada... depois cancelada... com o Festival de Cannes retornando apenas décadas depois.


Leão de Ouro (Festival de Veneza)

O Festival Internacional de Veneza é o festival de Cinema em vigor mais antigo do mundo, sendo iniciado em 1932. Já seu prêmio máximo de "melhor filme", o Leão de Ouro, passou a ser entregue a partir de 1949. O Brasil nunca conseguiu levar um Leão de Ouro para casa, mas em 1981, o filme Eles Não Usam Black-tie, de Leon Hirszman e Gianfrancesco Guarnieri venceu o Grande Prêmio do Júri, que é o segundo prêmio mais importante do evento, logo abaixo do Leão de Ouro. É a única premiação do Festival de Veneza levada por brasileiros até hoje.

Curiosidade: a origem do Festival de Veneza não é "muito bacana", já que ele foi criado por empresário e político Giuseppe Volpi para desenvolver o cinema Italiano e... ajudar a promover o governo Fascista em vigor na época.


Urso de Ouro (Festival de Berlim)

Encerrando a trinca dos "Grandes Festivais" (que junto com Cannes e Veneza, formam o trio de festivais mais importantes da Europa), este festival, também apelidado de Berlinale, ocorre desde 1951. Seu prêmio máximo, o Urso de Ouro, está presente desde o início do festival, e o Brasil já levou ele duas vezes! A primeira com Central do Brasil, de Walter Salles, em 1998, e o segundo com Tropa de Elite, de José Padilha, em 2008.

Curiosidade: assim como nos festivais de Cannes e Veneza, o Festival de Berlim tem convidado nas últimas décadas, personalidades da indústria cinematográfica de nacionalidades diversas para seu júri. Sua "diferença" é ser considerado mais diversificado e politizado que os outros dois. Por exemplo para ser presidente do Júri, já tivemos recentemente a britânica Tilda Swinton, a italiana Isabella Rossellini, os estadunidenses M. Night Shyamalan, Meryl Streep e Kristen Stewart.


Globo de Ouro

Encerrando a minha lista de maiores premiações internacionais do Cinema, chego ao Globo de Ouro, segunda maior premiação estadunidense. Que aliás, é uma premiação bem diferente das outras. Primeiro, porque ela é dada pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, ou seja, são jornalistas estrangeiros que fazem especificamente a cobertura de notícias de Los Angeles para o mundo. Segundo que é uma premiação que premia Cinema e TV... e terceiro, que eles separam as premiações de Cinema em duas categorias: temos os filmes "de Drama", e os filmes "de Comédia ou Musical".

O evento existe desde 1944, e seu(s) prêmio(s) máximo(s) são o Globo de Ouro para Melhor Filme de Drama, e Globo de Ouro para Melhor Filme de Comédia ou Musical. O Brasil nunca levou nenhum destes prêmios, mas já levou dois Globos de Ouro pra casa. Em 1998, Central do Brasil com Fernanda Montenegro venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira. E agora mesmo, na mais recente edição de 2024, sua filha Fernanda Torres levou o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático. Na foto inicial do artigo podemos ver a atriz exibindo seu inédito troféu.



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Brasil vence o primeiro Oscar de sua história!


O dia 02 de Março de 2025 entra para a História do Cinema Brasileiro ao se tornar o dia onde nosso país venceu sua primeira estatueta do Oscar.

E a conquista veio através do Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui. O filme  nacional ainda estava indicado em mais duas categorias, a de Melhor Filme e a de Melhor Atriz, porém perdeu ambas para Anora. É importante ressaltar que isso não diminui em nada esta grande vitória, temos que comemorar bastante!!

Para quem ainda não viu, no vídeo abaixo temos toda a sequência do momento da entrega do nosso primeiro Oscar!

sábado, 1 de março de 2025

O Oscar 2025 será NESTE domingo! Conheça aqui os favoritos e minha análise sobre as chances brasileiras!


Neste 02 de Março de 2025, amanhã, um Domingo de Carnaval(!), teremos a cerimônia de entrega do 97º Academy Awards, vulgo Oscars 2025. Abaixo segue a lista dos 10 filmes que disputam o prêmio máximo de Melhor Filme, ordenados pelo número somado de indicações recebidas (entre parênteses). Você pode clicar nos links dos nomes para ler as críticas feitas aqui pelo Cinema Vírgula. Dos 10 nomes acabei não assistindo 3, com o detalhe que Um Completo DesconhecidoNickel Boys estrearam no Brasil apenas nesta Quinta-feira(!), o primeiro deles nos cinemas, e o segundo no Prime Video:
Dentre os filmes que receberam múltiplas indicações, mas não a de Melhor Filme, lideram em número Nosferatu (4), Sing Sing (3) e Robô Selvagem (3).

Esta edição tem um interesse bem especial para nós brasileiros, afinal, nosso Ainda Estou Aqui, de Walter Salles e Fernanda Torres, estará disputando as estatuetas de Melhor Filme, Melhor Atriz (para Fernanda Torres) e Melhor Filme Internacional.

E a Rede Globo está acreditando que vai dar "samba", afinal, não só decidiu após muitos anos voltar transmitir o Oscar ao vivo (ao invés de um atraso de algumas horas para não interferir na sua programação), como optou transmitir o Oscar na TV aberta apesar dos desfiles de Carnaval! Mas será que o Brasil tem chance mesmo de ganhar algum dos prêmios e levar para casa nosso histórico primeiro Oscar? Vejam a seguir o que acho das chances brasileiras em cada uma das 3 categorias.


O Oscar de Melhor Filme

Não vejo a menor chance de Ainda Estou Aqui levar o prêmio máximo. E o mesmo digo para Emilia Pérez, que descarto devido sua alta rejeição e polêmicas. Como já expliquei no passado, esta categoria é diferente, e muitas vezes não vence o "melhor votado", e sim, o "menos rejeitado". Exatamente por isso, acredito que o Oscar de Melhor Filme vai ficar entre Anora ou Conclave, que são, dentre os filmes de maior número de indicações, que não possuem nenhuma polêmica jogando contra.

Entretanto, a meu ver, ainda há um terceiro candidato correndo por fora que pode levar esta tão cobiçada estatueta. Trata-se de O Brutalista, cuja campanha se enfraqueceu pelo uso de IA. Se ele vencer, é porque a Academia optou por passar uma mensagem mais política, pró imigrantes e antinazismo, em recado ao governo Trump.

Mas é um cenário improvável. Aliás, eu estou imaginando que durante a cerimônia do Oscar teremos sim algumas cutucadas contra Trump, mas ficará só nisso, acredito numa edição menos politizada desta vez... o próprio fato do apresentador escolhido ser Conan O'Brien, menos combativo, me passa essa sensação. Dito tudo isto, estou apostando em uma vitória para Anora.


O Oscar de Melhor Atriz

Mais uma vez Karla Sofía Gascón e seu Emilia Pérez ficam de fora do páreo, e não somente porque Karla falou todas aquelas atrocidades em seu Twitter anos atrás, mas também porque ela disse que "pessoas da equipe de Fernanda Torres" estavam ativamente ajudando a difamá-la. Atitude essa que quase a excluiu da disputa pelo prêmio (pelas regras do Oscar, um candidato não pode falar mal dos concorrentes, sob pena de eliminação).

E aí o bicho pega, por que a disputa é tripla e acirradíssima entre Mikey Madison (Anora), Demi Moore (A Substância) e nossa Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui). As três dividiram os prêmios de Melhor Atriz ao longo da temporada de premiações, o que deixa tudo indefinido. E cada uma tem seus motivos particulares para ser a escolhida:

Demi Moore, pela sua idade e carreira, ao nunca ter vencido a estatueta e estar meio sumida do estrelato há um certo tempo, sua vitória seria uma daquelas histórias de redenção e superação que Hollywood tanto ama; já Fernanda Torres é provavelmente quem entregou uma atuação mais completa das três concorrentes, além de que sua vitória seria uma reparação à injustiça feita com sua mãe em 1999... e a Academia também gosta de histórias de "corrigir erros"; finalmente Mikey Madison representa uma nova geração e Anora, que se como imagino vá levar o Oscar de Melhor Filme, faz todo sentido para o evento que este filme leve várias estatuetas. Então, a de Melhor Atriz também poderia ser uma delas.

Estou torcendo muito muito muito pela Fernanda Torres, acho que ela tem chances reais, ainda mais se o Brasil não levar o Oscar de Melhor Filme Internacional. Mas ainda assim, acho que aqui vai dar Demi Moore. 


O Oscar de Melhor Filme Internacional

E finalmente, o Oscar para os que não são estadunidenses. Por tudo que Ainda Estou Aqui é bom e Emilia Pérez não é; por tudo que Ainda Estou Aqui foi elogiado e Emilia Pérez criticado, o filme brasileiro deveria ser o franco favorito. Porém, infelizmente, não é o caso. Nesta categoria, Emilia Pérez ainda é forte concorrente.

Apesar de toda a repercussão negativa que Emilia Pérez recebeu nos últimos dois meses - e por motivos justos - o filme francês continuou vencendo a maioria dos prêmios de "Melhor Filme Internacional" deste mesmo período. Bem preocupante. Em outras palavras, o lobby e o dinheiro da Netflix continuam falando bem forte nas premiações. Somando-se a isso, o fato de que a atriz Karla Sofía Gascón, que está "sumida" do público há um bom tempo para evitar novas polêmicas, ter confirmado sua presença na cerimônia, não seria um sinal de que Emilia Pérez vai vencer algum prêmio? - perguntaria meu lado conspiracionista rs.

Ainda assim quero manter meu otimismo e apostar que será aqui que o Brasil vencerá seu primeiro Oscar. Acho que nesta categoria vai dar Ainda Estou Aqui. Se perdermos aqui, sonho em ver Fernanda Torres vencendo sua categoria mais tarde... de um jeito ou de outro, quero manter o otimismo de que o Brasil vai encerrar este Oscar levando alguma estatueta para casa.


E o que mais??

Não vou dar meus palpites para todas as categorias restantes, mas vou dar meus pitacos para mais algumas principais.

Melhor Direção: Coralie Fargeat(*) (A Substância); Melhor Atriz Coadjuvante: Zoe Saldaña (Emilia Pérez); Melhor Ator: Adrien Brody(*) (O Brutalista); Melhor Ator Coadjuvante: Kieran Culkin (A Verdadeira Dor); Melhor Trilha Original: Wicked; e Melhor Animação: Flow.

(*)Comentários: para Melhor Direção, os favoritos são, em ordem: Sean Baker (Anora) e Brady Cobert (O Brutalista) em segundo. Mas eu vou apostar na Coralie para ser "a maior surpresa" deste Oscar; para Melhor Ator, está rolando nos EUA um boato meio bizarro... que muitos votantes não votaram no Ralph Fiennes (Conclave) porque achavam que ele já tinha vencido o Oscar antes, e só depois de votarem, descobriram - em arrependimento - não ser o caso... E o pior de toda esta história é que Adrien Brody já venceu o Oscar antes! Se não fosse por esse rumor, confesso que teria apostado em Ralph como vencedor, porém, não é mais o caso.


Lembrando, a cerimônia do Oscar será neste Domingo, 2 de Março, a partir das 21h (horário de Brasília) no tapete vermelho e às 22h a entrega dos prêmios. Com transmissão na TV aberta pela Rede Globo, e pela TNT / Max em canais fechados.


E vocês, quais são seus palpites? Acham que o Brasil leva algo? Deixem nos comentários!

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