Vou direto à notícia completa. Ontem a tarde (dia 30), foi
anunciada a venda da Lucasfilm (estúdio de George Lucas) para a Disney, por US$
4 bilhões. E mais, já está confirmado para 2015 a estréia nos cinemas de Star
Wars VII.
Já imagino acaloradas discussões na internet, dizendo se
isto é uma notícia boa ou ruim. Particularmente, eu detestei. Seguem portanto
minhas considerações.
George Lucas um dia foi legal
Não dá para negar a contribuição de George Lucas aos
cinemas. Sim, ele chamou bastante atenção de Hollywood com seus primeiros
filmes: THX 1138 (1971) e American Graffiti
(1973); mas não é a isto que me refiro. Falo de Star Wars (1977). O expoente
máximo do início da “era dos blockbusters”, iniciada em 1975 com Tubarão, de
seu amigo Spielberg.
Star Wars mudaria a maneira de se vender e lucrar com cinema.
Com muito dinheiro gasto em marketing; com muito retorno de público; e com um
lucro sem igual em produtos derivados licenciados. E fez tudo isto com um filme
que misturava ficção científica, com filosofia oriental... nada que se
imaginava agradar o público da época.
Mais ainda, com restrições de orçamento, Star Wars
revolucionou os efeitos especiais da época, se desdobrando para entregar
efeitos críveis (e ótimos) via Industrial Light & Magic, empresa criada por
Lucas especialmente para isto.
E não para aí. George Lucas ainda co-criou outra franquia
excepcional, Indiana Jones (uma de minhas preferidas). E criou também a
Lucasarts, produtora de ótimos jogos para computador (vocês se lembram de
Monkey Island, Maniac Mansion, etc?).
1999 – o fantasma que mudou tudo
Tudo mudaria para pior a partir de 1999, com a estréia de Star
Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma. Sinceramente, eu acho que Lucas deveria
mesmo ter feito a primeira trilogia, e não a acho ruim. Mas é inegável que ela
chega até a desconstruir a saga original, e que a qualidade caiu muito
(principalmente no primeiro filme).
A nova trilogia não foi o maior problema então. O problema
foi a ganância de George Lucas. E sua odiável mania de reescrever a história.
Brotaram bilhares de versões de seus filmes de Star Wars... cada um alterando
determinadas cenas, reescrevendo de maneira covarde uma história já consagrada.
E enchendo de efeitos especiais por computador, tornando os filmes originais
piores do que eram.
Um caso emblemático disto é a tal cena do “Han Solo atirou
primeiro”, do Star Wars IV (1997). Como qualquer mercenário que se preze, ele
atirou em um assassino antes que o mesmo atirasse nele. QUAL O PROBLEMA DISTO?
Pois Lucas alterou pro assassino atirar primeiro, e ainda teve a cara de pau de
declarar que Han Solo JAMAIS atirou primeiro... o ângulo da câmera que deu a "impressão errada".
George Lucas, o fanfarrão
E ainda tem mais. Não bastou a ele alterar cenas de seus
filmes. Ele quis alterar a história de como seu filme foi criado! Na década de
70, George Lucas explicou pra quem quisesse ouvir que a saga de Star Wars era
composta de nove filmes, ou 3 trilogias (as vezes chegou até falar de uma 4a trilogia), e que resolveu iniciar pela trilogia “do meio” por
entender ser a mais viável comercialmente.
E não é que no mesmo famigerado ano de 1999, ele negou
veementemente que havia uma 3ª trilogia? Disse que a saga SEMPRE foi feita para
6 filmes. Episódio VI era o fim e acabou. É mesmo um fanfarrão.
Até porque ontem, comentando o anúncio da venda de sua companhia
para a Disney, e perguntado sobre “o que vai ser da saga Star Wars”, ele
respondeu... “bem, existem scripts para os filmes de 7 a 9, e mais centenas de
livros, quadrinhos, jogos, do universo expandido que podem ser incorporados”.
Ah, Lucas... vou manter o “fanfarrão” para não descer o
nível
Vender para a Disney é ruim sim senhor
Preconceitos a parte com a companhia do seu Walt, contra
fatos não há argumentos. Alguns anos atrás, a Disney comprou também a Pixar e a
Marvel.
Isto significou que eles deixaram de fazer bons filmes? Não.
Mas significou que, na média, os filmes pioraram. Pois para a Disney, pouco
importa a qualidade. O que importa é quantidade (leia-se “dinheiro”). Com isto,
passamos a ver filmes “não tão bons assim”, como por exemplo Carros 2, Thor
ou Capitão América.
Isto sem contar que o mais recente fracasso da companhia foi
justamente a sua tentativa de ter seu “próprio Star Wars”, com John Carter -
Entre Dois Mundos (2012).
A nova trilogia - o que esperar?
Deixando claro, ainda não está confirmado que teremos uma
nova trilogia. Apenas um Episódio 7 foi anunciado. Qual será a história? Ninguém sabe. Provavelmente, nem a Disney.
Mas a 3ª trilogia, dos filmes de 7 a 9, está escrita desde a
década de 70, não é? Do que ela se trata?
A versão mais aceita é que nos filmes 7 e 8 Luke Skywalker
iria se consolidar como “o” Jedi, e que no filme 9, somente aí, o Imperador
seria confrontado e derrotado definitivamente. Ou seja, no filme 6 apenas Vader
seria derrotado, o Imperador não.
Há outra abordagem, bem mais pessimista, que dá conta de que
Luke passa para o lado negro da Força... ele não soube lidar com tanto poder
devido não ter terminado seu treinamento. Portanto, a 3ª trilogia giraria em
derrotar Luke (e desta vez o Império de uma vez por todas), sendo a heroína
final a filha de Han Solo com a Princesa Léia. Esta história já teve sua versão
contada na saga em quadrinhos Dark Empire, publicada nos EUA pela editora Dark
Horse em 14 edições, sob forma de trilogia, entre 1992 a 95. No Brasil, apenas a
“parte 1” foi publicada, sob título de O Império do Mal, pela editora Abril
em 1997.
E pode piorar...
Encerrando meu texto pessimista com chave de ouro, podem
anotar aí. Mexer com Star Wars não vai ser suficiente. Lembra que eu disse lá
no começo do texto, sobre outra ótima franquia da Lucasfilm? Pois é. Eu aposto
com vocês que a Disney vai estragar Indiana Jones fazendo um reboot da série.