sábado, 13 de julho de 2024

Especial Olimpíadas - QUATRO ótimos filmes sobre Esportes (e que não são documentários) para você assistir na Netflix


Já caiu a sua ficha de que estamos a MENOS DE DUAS SEMANAS DAS OLIMPÍADAS??? Sim, você pode não estar ciente, porém agora no dia 26 de julho de 2024 (*) começará a 33ª Olimpíada da Era Moderna, em Paris. E o Cinema Vírgula vai te ajudar a entrar no clima, te indicando quatro ótimos filmes sobre esportes para você ver no conforto da sua casa, via Netflix. Vamos a eles!


Eu, Tonya
(2017): quando Margot Robbie fez este filme ela já era famosa, afinal, já tinha figurado em O Lobo de Wall Street, e co-estrelado filmes como Golpe Duplo e Esquadrão Suicida. Porém foi com este Eu, Tonya que ela ganhou respeito como atriz, levando por ele sua primeira indicação ao Oscar.

O filme conta a história real da patinadora artística olímpica Tonya Harding, acusada de participar de um caso de agressão física contra sua principal rival. O curioso da história, ocorrido na década de 90, é que por não atender os padrões esperados para uma ginasta, Tonya já era vilanizada pela imprensa e pela sociedade antes de cometer qualquer ato errado. Então teria ela se tornado uma vilã porque a transformaram nisto antes? É uma teoria ao estilo Minority Report que a própria Tonya da vida real levantou, e que o filme também traz aqui de modo bem interessante.


Nyad
(2023): outro filme sobre fatos reais, ele tem este nome pois nos conta sobre a nadadora estadunidense Diana Nyad, que ao longo da vida realizou várias conquistas na natação de longa distância. Após uma tentativa mal sucedida, ainda em sua juventude, de ser a primeira pessoa a nadar de Cuba até a Flórida, temos aqui a história dela tentando realizar seu sonho novamente, porém agora aos 60 anos. Provavelmente o grande destaque do filme vá para suas protagonistas, as premiadas atrizes Annette Bening (que interpreta Diana Nyad) e Jodie Foster (que interpretou Bonnie Stoll, sua treinadora).

Não gostei muito da atuação de Jodie, mas Annette Bening está realmente muito bem. Sua atuação, somado a história real de superação de Diana Nyad certamente valem o filme. Uma história sobre envelhecimento, amizade e sobre o espírito desbravador humano.


O Quinto Set
(2020): filme francês sobre tênis, conta a história (fictícia) de um promissor jogador profissional, mas que nunca chegou a corresponder as expectativas iniciais, e portanto passou toda a carreira longe dos melhores do mundo (na trama ele está na posição 200 e pouco do ranking). E agora, com 37 anos, ele encontra em um torneio de Roland Garros aquela que provavelmente seja sua última chance de obter alguma glória.

O filme tem um pouco de drama familiar, mas no fundo é uma luta do protagonista Thomas J. Edison (Alex Lutz) contra ele mesmo. Além da ótima fotografia, uma coisa bem bacana de O Quinto Set é a maneira realista com que ele mostra os bastidores nada glamourosos dos tenistas profissionais que não ficam famosos, em especial aqueles que nunca chegam a estar entre os 100 do mundo. Estar entre os melhores é muito mais difícil que você pensa, e competir sem ser um deles, idem.

Com os geniais Rafael Nadal e Novak Djokovic disputando agora em Paris sua última e derradeira Olimpíada, um filme sobre "uma última chance no Tênis" parece bem apropriado.


As Nadadoras
 (2022): aqui temos um filme britânico, da diretora Sally El Hosaini, também britânica, mas de família egípcia. Ele conta a história real de duas jovens irmãs nadadoras sírias, que fugiram do país devido a violenta guerra civil em seu país natal, e que em busca de segurança, migraram para a Alemanha. Além disso, elas tinham o sonho de disputar os jogos Olímpicos do Rio, em 2016.

O filme é muito bom, o melhor e mais emocionante desta lista, e também bem fiel a realidade, incluindo a parte em que as irmãs são "obrigadas" a atravessar o mar a nado como heroínas (em um esforço que durou pouco mais de 3 horas). Se for escolher apenas um dos quatro filmes desta lista, fique com este aqui.

As Nadadoras fala mais sobre refugiados do que sobre esporte em si, mas ainda assim, a parte esportiva está presente, tanto que eu diria que este filme tem o clima mais "Olímpico" desta lista, já que traz um bocado de imagens dos jogos do Rio 16. As atrizes que fizeram os papéis das irmãs sírias também são irmãs na vida real (embora libanesas), o que ajuda ainda mais no realismo da obra.

PS (pule esse parágrafo se não quiser spoiler do filme As Nadadoras): assim como mostra no filme, Yusra Mardini de fato venceu a sua bateria dos 100m borboleta em sua estréia nos jogos Olímpicos do Rio. O que o filme não explica, é que apesar da vitória, seu tempo foi o 41º geral, e portanto ela não avançou de fase. Obviamente que isso não diminui a pessoa e atleta espetaculares que Yusra é. ;)

As verdadeiras irmãs Yusra (esq.) e Sara (dir.) em foto de 2015

PS 2, o (*): pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, a Cerimônia de Abertura não será dentro de um estádio ou arena, e sim, será ao ar livre, às margens do Rio Sena, com as delegações desfilando em barcos! Não perca! O evento, será na Sexta-feira, 26 de Julho, a partir de 14h30 (de Brasília).

quarta-feira, 10 de julho de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #023 - As versões do Sr. Miyagi e do Karatê Kid que você NÃO CONHECE


Daqui exatamente uma semana, no dia 18 de Julho de 2024, estreará na Netflix a sexta e última temporada da série Cobra Kai. E enquanto o desfecho do spin-off de Karatê Kid não chega, que tal diminuir a ansiedade com curiosidades sobre seus dois personagens mais famosos?



Sr. Miyagi, o... comediante de Stand Up?!

Sim! Pat Morita, o ator estadunidense filho de japoneses que ficou imortalizado como o sábio mestre do Caratê, Sr. Miyagi, antes de ser ator teve algumas profissões que você jamais imaginou. Noriyuki "Pat" Morita passou boa parte da infância em hospitais, devido ao Mal de Pott. Mas após algumas cirurgias, conseguiu ter uma vida normal, e no começo da adolescência passou a ajudar no restaurante da família em Sacramento ("era um restaurante chinês gerenciado por uma família de japoneses"), e já aí começou a entreter seus clientes com piadas e posteriormente virar uma espécie de mestre de cerimônias.

Com o passar dos anos, após casar e ter seu primeiro filho, e precisando de mais dinheiro, nos anos 60 Morita acabou se tornando Analista de Dados (!), primeiro trabalhando para o "Detran" estadunidense, e depois na indústria aeroespacial. Mas sofrendo de esgotamento mental e outros problemas de saúde, ele abandonou a profissão e resolveu ser comediante, onde adotou o nome artístico de Pat Morita.

Um trecho de seu stand-up em 1977, no show de seu amigo Redd Fox (em inglês)

Embora não tenha sido muito bem sucedido como comediante, ele trabalhou contando piadas por muitos anos, e acabou encontrando no comediante Redd Foxx um amigo e mentor, que o apoiou muito em sua carreira. No final das contas, suas exibições na comédia acabaram fazendo que ele tivesse chances em filmes e TV. Nos anos 70, Pat Morita fazia parte do elenco fixo de seriados como M*A*S*H e Happy Days. Mesmo que estivesse sempre fazendo papéis de orientais estereotipados, seus personagens eram todos cômicos e alegres. Seu primeiro papel relevante "sério" (e olhe que ainda assim nem tanto) foi justamente o de Miyagi, em 1984. Aliás, o fato de ser comediante pesou contra Pat Morita na hora das audições para ser o Sr. Miyagi, e quase que ele não consegue o emprego de sua vida por isso.

Neste artigo trago dois vídeos com Pat Morita contando piadas. Infelizmente tudo em inglês e sem legendas (já foi difícil encontrar vídeos dele em inglês, que dirá em português). Faço a ressalva de que algumas das piadas hoje não são mais vistas como adequadas, mas levem em conta o contexto da época.

Pra finalizar, uma piada de tiozão (também apenas em inglês)



Karatê Kid... o escritor de quadrinhos da Marvel!

Quando eu era adolescente, e lia eventualmente alguns quadrinhos da Marvel, notava que as vezes nos créditos, aparecia um tal de "Ralph Macchio" como escritor, ou as vezes como editor. E apesar do estranhamento inicial, não tinha a menor dúvida de que se tratava do ator que fez o Daniel-San nos filmes do Karatê Kid... afinal, eu nunca mais vi ele em filme nenhum... o que mais ele poderia estar fazendo da vida? A resposta só poderia ser: quadrinhos!

Pois é, mas eu estava enganado. Foi preciso o surgimento da Internet (e muitos anos depois dela, aliás), para eu descobrir que existe mais de um Ralph Macchio no mundo. Como se pode ver pela foto da imagem deste artigo (no topo de tudo, à direita do Pat Morita), o Ralph dos quadrinhos é mais velho (mas nem tanto, apenas 9 anos mais velho que o ator), e curiosamente, embora não tenha nenhuma relação com o Daniel-San verdadeiro, ele de fato acabou sendo apelidado de "Karatê Kid" pelos seus colegas de trabalho assim que os filmes de Karatê Kid ficaram famosos.

Pra ver que não estou mentindo, notem o nome do escritor...

Entre os anos 80 e 90, o Ralph Macchio da Marvel escreveu roteiros para HQs do Capitão América, Os Vingadores, Thor, X-Men, Quarteto Fantástico, e até dos robôs Transformers, dentre outros. Já como editor, por ele também passaram dezenas de títulos, mas como maior destaque, ele foi o editor da HQ do Demolidor por mais de uma década.

Ralph Macchio, o escritor, está aposentado desde 2013. Já Ralph Macchio, o ator, continua na ativa. Será que atuar é mais saudável que escrever? Ou dá menos dinheiro e por isso ele ainda precisa trabalhar? Ficam as indagações rs.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 6 de julho de 2024

Crítica Netflix - Um Tira da Pesada 4: Axel Foley (2024)

Título
Um Tira da Pesada 4: Axel Foley ("Beverly Hills Cop: Axel F", EUA, 2024)
Diretor: Mark Molloy
Atores principais: Eddie Murphy, Joseph Gordon-Levitt, Taylour Paige, Kevin Bacon, Judge Reinhold, John Ashton, Paul Reiser, Bronson Pinchot
Nota: 7,0

Enfim Eddie Murphy resgata parte de sua magia do passado

Continuando outra das tendências que ressurgiu nos últimos anos, que é a de continuar uma franquia de filmes dos anos 80, Eddie Murphy está de volta fazendo o papel do descolado e desobediente policial de Detroit, Axel Foley, com seu Um Tira da Pesada. Após uma trilogia de filmes que saiu nos anos 1984, 1987 e 1994, a série volta exatos 30 anos depois, com este Um Tira da Pesada 4: Axel Foley não lançado nos cinemas, e sim apenas na Netflix.

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley aposta bastante na nostalgia, e em vários momentos faz questão de lembrar dos filmes anteriores, principalmente em diálogos. Além disto, traz de volta alguns dos outros principais atores clássicos além de Eddie Murphy: a dupla de policiais "Billy" Rosewood (Judge Reinhold) e John Taggart (John Ashton) está ao lado de Foley como sempre, além do Detetive Jeffrey Friedman (Paul Reiser), que esteve nos dois primeiros filmes, e Serge (Bronson Pinchot) que esteve nos filmes 1 e 3.

Porém toda esta trupe está mais para figuração, pois na verdade além de Murphy, para este Um Tira da Pesada 4: Axel Foley temos uma nova geração de co-protagonistas (o que me inclusive faz desconfiar de futuros planos para um Um Tira da Pesada 5...): sua filha Jane (Taylour Paige) e o jovem policial Bobby (Joseph Gordon-Levitt). Na história, Jane, que é advogada em Beverly Hills, tenta inocentar um cliente da acusação de matar um policial, e ao ser ameaçada de morte por isso, então seu pai Axel deixa Detroit pela quarta vez e vai até lá em seu auxílio.

Felizmente, em Um Tira da Pesada 4: Axel Foley vemos Eddie Murphy voltando a fazer com seu personagem o que lhe tornou famoso (e divertido): que é "meter o louco" para causar um efeito surpresa nas pessoas e com isso conseguir seus objetivos. Infelizmente o ator continua muito mais "sisudo" do que era nos anos 80, mas ainda assim, depois de muito tempo, como é bom constatar que finalmente Eddie Murphy voltou a fazer um bom filme e voltou a fazer rir.

Não esqueçam, entretanto, que Um Tira da Pesada 4: Axel Foley é um filme policial, apesar de todo o humor... então haverá várias mortes e tiroteios, como qualquer filme do gênero dos anos 80 tinha. Aliás, talvez por aqui termos um constante conflito pai-filha, este filme é mais tenso e melancólico que qualquer outro filme da franquia Um Tira da Pesada (pelo menos do que me lembro... não assisto os filmes clássicos deles há mais de uma década), ainda assim, para quem gosta de filme de ação com humor, e/ou quem já está acostumado com a franquia Um Tira da Pesada, não tem como não se divertir ou se decepcionar. Os anos 80 voltaram para deleite dos saudosistas. Nota: 7,0.

terça-feira, 25 de junho de 2024

Especial Michael Jackson 15 anos - Os Jackson Five foram (muito) mais talentosos e famosos do que você se lembra


Hoje, 25 de junho de 2024 faz exatos 15 anos da morte de Michael Jackson, e em sua homenagem postarei dois artigos sobre ele neste ano. Este aqui, e um no dia 29 de agosto, data em que ele faria aniversário.

Não há dúvida que dentre todos os integrantes do The Jackson 5 (que posteriormente foi rebatizado para The Jacksons), Michael Jackson foi sua maior e mais talentosa estrela. Michael foi certamente o maior artista musical dos anos 80, e ainda é um dos maiores artistas musicais de entretenimento de todos os tempos.

Porém, os The Jackson 5 também tinham muito talento em seus outros integrantes. E também fizeram bastante sucesso antes do Michael adulto. A estréia do grupo com o álbum Diana Ross Presents The Jackson 5 (1969) pegou o mundo da música de surpresa (até porque nessa época a média de idade do quinteto era de 12 anos), e por exemplo, em seus dois primeiros anos de carreira os Jackson Five já conseguiram emplacar 4 músicas como #1 nas paradas estadunidenses. 


No apresentação acima, de 1975, podemos ver um pouco do talento musical de todos os irmãos. Os Jacksons vão em um programa da Cher e, junto com ela, cantam um medley de alguns de seus sucessos. Pode se repararar o quanto todos são bem afinados (e ao mesmo tempo que dançam e tocam!). Uma curiosidade: no vídeo podemos ver Michael fazendo a "dança do robô", passo que ele usava bastante no seu período adolescente, mas que abandonou em sua fase adulta solo.

E... voltando um pouco no tempo: aproveitando o enorme apelo popular da época, especialmente entre os jovens, a gravadora Motown (famosa por seus artistas afro-americanos) fez dos Jackson 5 seu principal e mais lucrativo produto de marketing, vendendo adesivos, pôsteres, livros para colorir, brinquedos, e até... um desenho animado! Como se pode ver abaixo, o desenho era um bocado psicodélico, além de ter algumas coisas "curiosas", como Michael ter dois camundongos e uma cobra de estimação. Como a agenda do quinteto estava sempre lotada, não foram eles que fizeram as dublagens, e sim, atores profissionais. Foram 23 episódios em 2 temporadas, exibidos nos EUA pelo canal ABC aos sábados de manhã. A seguir um episódio completo em português. Ser cantor e ter desenho próprio não era pra qualquer um... ainda mais nos anos 70.


E finalmente, vamos mais uma vez ao que talvez mais importa neste artigo: demonstrações de que todos os irmãos Jacksons tinham bastante talento. No vídeo abaixo, mais raro e também de 1975, o grupo vai se apresentar no The Carol Burnett Show. Porém, diferentemente da apresentação feita no programa da Cher, aqui o objetivo é de fato apresentar os integrantes de banda, e alías, com dois bônus: eles também apresentam os ainda mais novos integrantes da família para o mundo musical, os irmãos Randy e Janet Jackson. Os pequenos encerram a apresentação cantando apenas eles dois juntos.


Curiosamente Randy substituiria o irmão mais velho Jermanie no grupo meses depois, após este deixar a banda ao recusar a mudar de gravadora e também tentar fazer sua carreira solo. Já Janet, bem, ela começou aparecendo na TV em um show de variedades com seus irmãos (Sim! Embora tenha durado apenas 12 episódios entre 1976 e 77, os The Jacksons também tiveram uma série de TV, além do desenho animado!), depois ela fez mais algumas participações em seriados diversos, até que em 1982 estreou musicalmente já adulta, via carreira solo. Ela se tornou muito bem sucedida e só ficou atrás em fama e sucesso do seu irmão Michael.


E para encerrar o artigo, mais imagens raras para vocês ;)


Nestas imagens, temos duas esquetes de um episódio de 1977 do The Jacksons Variety Show. Na imagem de cima, os irmãos Jacksons e outros dançarinos fazem o quadro "Cisco Kid". Já abaixo, Michael interage com a atriz Georgia Engel.


E finalizando, imagem com o letreiro tradicional do show de variedades onde os irmãos cantavam e faziam entrevistas ao vivo.






Contemplem o hoje raro jogo de tabuleiro do Jackson 5! Se quiserem me presentear com um desses, fiquem a vontade! ;)

domingo, 23 de junho de 2024

Crítica - Divertida Mente 2 (2024)

Título: Divertida Mente 2 ("Inside Out 2", EUA / Japão, 2024)
Diretor: Kelsey Mann
Atores principais (vozes): Amy Poehler, Maya Hawke, Kensington Tallman, Liza Lapira, Tony Hale, Lewis Black, Phyllis Smith, Ayo Edebiri
Nota: 6,5

Nove anos depois, Divertida Mente se atualiza e se repete

Nove anos depois, a garota Riley e suas cinco emoções - capitaneadas pela Alegria - estão de volta. Neste meio tempo, a Riley do desenho não envelheceu todos estes anos... ficou mais velha apenas alguns deles, apenas o suficiente para acabar de se tornar adolescente.

E é este o enredo de Divertida Mente 2, com a chegada desta fase da vida, chegam novas emoções, mais complexas: a Inveja, o Tédio, a Vergonha, e a Ansiedade, que acaba sendo uma das principais personagens do filme, e atuando praticamente como vilã. Assim como no filme anterior, ele tenta explicar o comportamento "real" dos humanos com as aventuras dos personagens-emoções. Por isso, temos aqui uma tentativa de explicar porque uma pessoa pode mudar tanto de personalidade em sua fase adolescente, e assim como o "inimigo" de Riley no filme anterior era a depressão, agora o "inimigo" é a ansiedade, uma atualização para o tempo de hoje.

E assim como Divertida Mente, esta continuação diverte, emociona, e agrada todo tipo de público, das crianças aos adultos. Porém, "copia" o filme anterior até demais. Por exemplo, com cinco minutos de filme, descobrimos que Alegria já desaprendeu a importante lição do filme anterior (tsc, tsc), e então, vamos ter que reaprender com ela tudo de novo... As metáforas do mundo "de dentro da cabeça" funcionam menos nesta continuação (ainda que não comprometam), e fazem menos sentido que no primeiro filme. Aliás, nem mesmo as novas emoções fazem tanto sentido, sendo o pior caso o da Inveja, que só demonstra a sua própria emoção uma vez no filme todo, e fora isto, só está lá para atuar como capanga da Ansiedade.

Se o roteiro é uma "cópia piorada" do primeiro filme, por outro lado ele é mais "infantil" e com mais piadas. Então, acredito que os pequenos irão gostar um pouco mais deste filme aqui que do anterior.

Feito com menos cuidado nos detalhes e em sua própria mitologia do que o primeiro filme, Divertida Mente 2 não ousa, mas transporta seu mundo com bastante realismo (e competência) para o universo de inseguranças e mudanças dos adolescentes, entregando um filme bom o suficiente para agradar a todos que gostaram do primeiro Divertida Mente. Os fatos, inclusive, corroboram com minha afirmação, já que o filme já é a produção de maior bilheteria de 2024. E isso que ele mal acabou de chegar nos cinemas... Nota: 6,5.


PS: Divertida Mente 2 possui duas cenas pós-créditos, uma bem em seu começo, e outra quase no seu final, sobre o "Grande Segredo". Ambas são engraçadinhas, porém, descartáveis.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Hoje é o Dia do Cinema Brasileiro! Confira aqui duas dicas do Cinema Vírgula!


Já hoje, minha homenagem será um pouco diferente. Irei apresentar / recomendar para vocês dois filmes nacionais já um bocado antigos (mas deste século) que aposto que vocês não conhecem!


O primeiro deles é Redentor (2004), filme com direção de Cláudio Torres, com Pedro Cardoso no papel principal, e outros atores famosos como Miguel Falabella, Fernanda Montenegro, Camila Pitanga, Fernando Torres e Stênio Garcia (assista aqui o trailer).

A trama conta a história do jornalista Célio Rocha (Pedro Cardoso) em um filme bem crítico ao comportamento humano, especialmente no que se refere a corrupção e ganância. E tudo isso sob várias incursões de O Guarani, impressionante ópera de Carlos Gomes, na trilha sonora.

O filme é bem diferente do comum, e já que assistí-lo no cinema (igual ao que eu fiz) não é mais possível, recomendo fortemente vê-lo em um local com som bom e alto, para desfrutar em forte volume desta ópera nacional tão imponente e impactante.



Já o segundo filme se trata de O Duelo (2015), do diretor Marcos Jorge. É uma comédia baseada no livro Os Velhos Marinheiros ou o Capitão de Longo Curso de 1961, de Jorge Amado. O filme conta como principais atores o português Joaquim de Almeida e José Wilker, em seu último trabalho (já que o ator faleceu em 2014).

Na história, assista aqui o trailer, vemos o comandante Vasco Moscoso de Aragão (Joaquim de Almeida) chegar à pequena vila de Periperi, e, ao começar a contar suas aventuras, rapidamente se torna uma celebridade na região. Entretanto, o morador Chico Pacheco (José Wilker), até então o cidadão mais admirado do local, bastante enciumado desconfia das histórias e do caráter do comandante, e tenta desmascará-lo.

O Duelo está longe de ser uma obra prima, mas... diverte. É gostoso de assistir. Principalmente, pelas atuações de Joaquim de Almeida e José Wilker, que estão ótimos. É um filme que remete a tempos mais simples (até porque a história original foi escrita em 61...), uma boa pedida para distrair a cabeça.


Conhecia algum destes filmes? E caso tenha assistido depois destas recomendações, escreva o que achou nos comentários!

sábado, 15 de junho de 2024

Crítica Netflix - As Cores do Mal: Vermelho (2024)

Título
: As Cores do Mal: Vermelho ("Kolory zla. Czerwien", Polônia, 2024)
DiretorAdrian Panek
Atores principais: Jakub Gierszal, Maja Ostaszewska, Zofia Jastrzebska, Andrzej Konopka, Przemyslaw Bluszcz, Wojciech Zielinski, Andrzej Zielinski, Jan Wieteska
Nota: 7,0

Filme de suspense policial sucesso da Netflix é violento porém competente

Normalmente eu iria deixar passar este filme polonês As Cores do Mal: Vermelho, produção original Netflix. Porém, resolvi assistí-lo por dois motivos: ele está fazendo sucesso (na sua semana de estréia ele foi o 2º filme mais assistido mundialmente na plataforma, só perdendo para Atlas), e também porque está sendo bastante elogiado pelos sites especializados nacionais.

A trama é baseada no livro de mesmo nome, escrito em 2019 pela escritora polonesa Małgorzata Oliwia Sobczak. Atualmente As Cores do Mal é uma série de 4 livros: Vermelho (2019), Preto (2020), Branco (2021) e Amarelo (2024). Todos eles trazem como um dos personagens o promotor / investigador Leopold Bilski (interpretado aqui pelo ator Jakub Gierszal). Mas apesar de ser uma série de livros, o filme conta uma história completa e independente, sem deixar qualquer ponta solta.

Na trama deste As Cores do Mal: Vermelho, a jovem Monika (Zofia Jastrzebska) é encontrada morta em uma praia, e com os lábios arrancados, exatamente a mesma descrição de um crime ocorrido naquela mesma cidade pouco mais de uma década atrás. Porém ao investigar o novo assassinato, tanto o investigador Leopold quanto a juíza Helena Bogucka (Maja Ostaszewska), mãe da falecida Monika, vão descobrindo fatos novos e surpreendentes tanto do crime atual, quanto do crime do passado.

Mais do que qualquer coisa, As Cores do Mal: Vermelho é um filme bastante pesado de se assistir. Bem pesado. Por exemplo ele não tem receio de mostrar o corpo mutilado de Monika, e também, não alivia quando mostra várias cenas de tortura física e psicológica que ela passou antes de morrer. O nome As Cores do Mal não é a toa... há muitos personagens realmente maus neste filme. E com a direção não nos dando praticamente nenhuma pausa ou alívio para respirar ou refletir, somado-se a uma trilha sonora sombria e constante, a experiência é um bocado incômoda.

O roteiro de As Cores do Mal: Vermelho conta com algumas coincidências exageradas, várias reviravoltas (e algumas que achei previsíveis), mas ainda assim, consegue em alguns momentos surpreender. E, o mais importante: é muito competente em prender a atenção (e a tensão) do expectador. Estamos a todo momento querendo saber o que vai acontecer a seguir, e também, temendo pela vida dos personagens.

Ainda que não seja essa maravilha toda que boa parte dos sites nacionais de cultura pop vêm comentando, As Cores do Mal: Vermelho é de fato um bom filme de suspense policial, bem violento, e com bastante ênfase no suspense. Ainda que não se arrisque a fazer nada fora do usual em termos de narrativa, o filme felizmente foge da repetitiva fórmula padrão dos filmes caça-níquel da Netflix. Nota: 7,0.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Conheça a série de livros A Sétima Torre, a (hoje desconhecida) franquia bancada por George Lucas e que poderia ter sido o novo Star Wars

Um gênio dos cinemas, George Lucas foi muito mais genial para fazer dinheiro, montando sua fortuna principalmente com os mais variados produtos licenciados de suas franquias. Tamanha era a importância dos lucros com brinquedos, roupas, etc, que elas exigiram algum acompanhamento e controle do famoso diretor por toda sua vida. Não à toa que até mesmo para distribuir livros e quadrinhos relativos as suas propriedades intelectuais ele criou uma empresa própria, a Lucas Books (hoje Disney–Lucasfilm Press).

Desde sua fundação, por décadas a Lucas Books somente publicou ou licenciou obras dos mundos de George Lucas, mais notadamente Star Wars e Indiana Jones. Eis então que no final dos anos 90 algo inédito e surpreendente iria acontecer...


O novo Star Wars?

Impressionado pelo livro de fantasia Sabriel, publicado em 1995 pelo autor australiano Garth Nix (que futuramente se tornaria o primeiro livro da franquia The Old Kingdom, série que até hoje continua em andamento), George Lucas resolve contatá-lo para criar uma nova série de fantasia... "uma série de livros que poderia virar uma série de TV ou filmes".

Garth Nix

Então a LucasFilm lhe envia uma lista com cerca de 40 itens que eles gostariam de ver na história, os quais Nix recusa, dizendo ser impossível conciliar aqueles temas. Em retorno, ele envia um esboço para a história da série como um todo, e uma breve descrição do mundo em que ela aconteceria. E, como resultado, a companhia acabou gostando do que viu, prometendo liberdade criativa a Garth Nix e fechando contrato. Nascia então A Sétima Torre.

Quando o primeiro livro da série A Sétima Torre - A Queda - saiu em 2000 pela Lucas Books, ele foi anunciado nos EUA como sendo o primeiro livro de uma nova série infanto-juvenil. A saga completa é composta por 6 livros no total: A Queda (2000), O Castelo (2000), Aenir (2001), Acima do Véu (2001), Em Guerra (2001) e A Grande Pedra Violeta (2001).

Embora a série de livros não tenha sido um fracasso de vendas nos EUA, ela ficou bem longe do sucesso esperado, e talvez por isso nunca ouvi falar de qualquer plano para transportá-la para os cinemas. Mas isto não impediu a editora Nova Fronteira, ao iniciar o lançamento da série de livros aqui no Brasil, a partir de 2002, propagandear os livros como sendo "a série planejada por George Lucas para suceder Star Wars". Na imagem título deste artigo temos duas versões do Vol 1. de A Sétima Torre: à esquerda a versão inicial de 2002, e à direita uma edição mais recente, vários anos depois.


A Sétima Torre - Do que se trata?

Na série conhecemos Tal, um garoto de 11 anos que mora dentro de um gigante castelo de 7 torres. Porém este não é um castelo comum, na verdade, se trata de um mini-mundo fechado que abriga toda uma sociedade dividida em castas, sendo que Tal pertence a uma das classes (torres) mais humildes. Além disto, o castelo está em mundo envolto por um espesso véu, para proteger do seu Sol, o qual supostamente sua luz e calor seriam fortes demais para a vida. Portanto, um dos bens mais valiosos daquele mundo são as Pedras do Sol, pedras mágicas utilizadas para várias utilidades, dentre elas a de aquecer e iluminar.

Outra característica curiosa deste mundo é que ao nascerem, os habitantes do castelo são avaliados e, caso passem por alguns testes, são "escolhidos" e ligados a um ser de sombra, seres estes que são vivos, independentes, e tornam seus companheiros. E Tal foi um destes escolhidos. Quando criança, os habitantes "escolhidos" recebem uma sombra "pequena", que os acompanham até eles chegarem a adolescência. É então que, nesta idade, eles precisam entrar no mundo dos espíritos de nome Aenir, para capturar uma sombra maior, definitiva, que os acompanhará durante toda a vida, até sua morte.

Depois de alguns conflitos, e ainda no primeiro livro, Tal acaba caindo fora do castelo, e é resgatado daquele ambiente escuro e frio por Milla, uma menina pertencente à sociedade dos Homens-do-gelo, universo completamente alheio ao mundo-de-dentro-do-castelo. É então que a jovem dupla se torna os protagonistas desta série de seis livros que é A Sétima Torre.


O Veredito

Já faz mais de 10 anos que li os seis livros de A Sétima Torre, então não consigo lembrar em detalhes o quão bom ele é ou não. Porém, em linhas gerais, lembro que me diverti bastante lendo os livros desta saga, só não gostei tanto do desfecho, que achei um pouco maniqueísta e Deus ex machina, o que aliás, não é incomum nem estranho para se encontrar em livros infanto-juvenil (vide por exemplo a saga Harry Potter). Então, fica o convite para você mesmo ler esta curiosa, interessante e esquecida saga e tirar suas próprias conclusões. Atualmente é possível ler os livros comprando-os usados em sebos e lojas virtuais, ou então, procurando por scans dos mesmos em sites da internet.

Verso do Vol. 1 nacional, com direito a "carteirada" de George Lucas

domingo, 2 de junho de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #022 - Tarantino e os Dublês


O cineasta estadunidense Quentin Tarantino costuma homenagear os mais variados aspectos dos cinemas em suas produções, e por ter um apreço especial pelos dublês já os reverenciou em pelo menos dois de seus filmes, o que acabou proporcionando alguns causos curiosos, que trago aqui. Confira!


À Prova de Morte e Zoë Bell

Seu quinto longa-metragem como diretor, À Prova de Morte (2007) é uma homenagem aos filmes B de Terror, mas também uma explicita homenagem aos dublês, em especial aos dublês que pilotam carros, que segundo Tarantino, naquela época se encontrava fascinado pela maneira com que eles batiam e capotavam os veículos sem se machucar.

Por isso, um dos personagens principais de À Prova de Morte é o vilão Mike McKay, interpretado por Kurt Russell, que era um dublê piloto de carros que saía assassinando mulheres à noite. Depois de um tempo ele encontra um grupo de quatro amigas para atacar, sendo que o personagem de duas delas também são dublês de carro. E aí que as coisas começam a ficar ainda mais interessantes.

Thurman e Bell

É que uma das atrizes que faziam as personagens dublês, a atriz Zoë Bell, ao contrário de todas as outras atrizes do filme, era dublê na vida real. Ela chamou atenção de Tarantino em Kill Bill (2003), quando foi a dublê de Uma Thurman, e estava então fazendo sua estréia como atriz de cinemas em À Prova de Morte. Depois desse filme, Zoë mudou um bocado sua vida... praticamente deixou de atuar como dublê e começou a se alternar em trabalhos como atriz e coordenadora de dublês. Ela atuou em todos os demais filmes de Quentin desde então: Bastardos Inglórios (2009), Django Livre (2012), Os Oito Odiados (2015) e Era Uma Vez em... Hollywood (2019); além de outras produções de Hollywood, como por exemplo João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013) e Maligno (2021).

Zoë em ação... e ação de primeira!

Em À Prova de Morte temos Zoë Bell fazendo jus a homenagem aos dublês, e nela temos cenas de perseguição de carro realmente impressionantes, sendo a mais incrível uma longa sequencia onde Zoë fica deitada em alta velocidade sob o capô de um carro. É desesperador, e tudo real! O curioso é que Tarantino chegou a pedir para Zoë não atuar nesta cena (pois segundo ele agora ela era uma das atrizes principais), e deixar uma outra dublê fazer isto. Porém Zoë bateu o pé e fez questão dela mesmo fazer todas as perigosas cenas do filme.


Era uma Vez em... Hollywood, Bruce Lee e Gene LeBell

Um dos dois protagonistas de seu nono e mais recente filme, Era uma Vez em... Hollywood (2019) é o dublê Cliff Booth, interpretado por Brad Pitt. E em uma cena que gerou muita polêmica, Booth se desentende com um arrogante Bruce Lee (interpretado por Mike Moh) e eles acabam brigando (ver a imagem do topo deste artigo). Parentes e fãs do falecido Lee se revoltaram com Tarantino, que por sua vez, não se desculpou, e manteve que apesar de que Bruce ser um gênio das artes marciais, as pessoas comentavam sim nos bastidores que ele era meio arrogante...

Curiosamente, nas cenas que foram para o ar, temos duas sequencias de trocas de golpes, uma onde Lee sai vencedor, e outra onde Booth se dá melhor, e então a luta é interrompida. Ou seja, há um empate. Mas no roteiro original, Cliff Booth venceria o duelo contra Bruce Lee, porém Brad Pitt simplesmente se recusou a filmar deste jeito.

Bruce Lee e Gene LeBell em episódio do seriado Têmpera de Aço (1967)

Porém a cena em questão é baseada em um incidente real (ainda que Tarantino também não tenha se pronunciado sobre isto), que ocorreu entre Bruce Lee e Gene LeBell: dublê, judoca e lutador profissional. O episódio aconteceu em 1966, durante as filmagens do seriado de TV O Besouro Verde, onde Bruce Lee estava sendo acusado de pegar muito pesado com os dublês, batendo de verdade. Lee por sua vez dizia que não iria aliviar pois acreditava que tinha que ser desse jeito para que as lutas parecessem legítimas. Então o coordenador de dublês Bennie Dobbins decidiu chamar Gene LeBell para "dar uma lição" em Lee.

Então mais tarde, LeBell (com cerca de 100 kg) se aproximou sorrateiramente de Bruce Lee (que tinha cerca de 63 kg) e o agarrou por trás, imobilizando-o. Lee ficou furioso. Gritou, ameaçou, mas não conseguia se livrar do agarrão. Gene chegou a caminhar com Lee nos ombros pelo set, por mais um tempo, antes de colocá-lo no chão e dizer que estava apenas brincando.

Sim, hoje parece bizarro, mas no seriado O Besouro Verde (1966-67), Bruce Lee (a dir.) lutava contra o crime como Kato, o ajudante do mascarado Besouro Verde (a esq.)

Apesar do incidente, depois do episódio os dois ficaram amigos, e posteriormente trabalharam várias vezes juntos em filmes e TV. Mesmo com várias testemunhas sobre o ocorrido, Gene LeBell nunca confirmou (nem negou) oficialmente esta história. Curiosamente, Gene já se envolveu em uma disputa com outro ator/lutador famoso, Steven Seagal, que literalmente teria se borrado nas calças. Porém ao contrário do embate contra Lee, este contra Steven ele fala abertamente que aconteceu.


Kill Bill: Vol. 2 e o incidente Uma Thurman

Tarantino e Uma Thurman foram próximos desde que ela atuou em Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994). Dá até para dizer que ela era a "musa" do diretor. Porém tudo mudou nos últimos dias de filmagens de Kill Bill: Volume 2 (2004).

Havia uma cena em que a personagem de Uma teria que dirigir um carro por uma estrada estreita, enquanto falava com a câmera. A atriz sentiu que a cena seria perigosa e pediu para que fosse feita com uma dublê. Porém Tarantino negou, e prometeu a ela que não havia perigo. Uma Thurman acreditou e fez a cena... Ela acabou se acidentando, batendo numa árvore. Uma chegou a dar entrada no hospital e reclama até hoje de sequelas no pescoço e joelhos. Os produtores da Miramax a proibiram de ter acesso à filmagem do acidente, a menos que ela assinasse um documento confirmando que não processaria o estúdio. Ela não assinou. Tentou processar o estúdio mas a acusação não deu em nada.


No começo de 2018, meses depois do início do #MeToo e das denúncias de abuso sexual contra Harvey Weinstein (um dos donos da Miramax Films), Uma Thurman finalmente pode divulgar o vídeo do acidente no seu Instagram e contar sua história. Após contar o que eu resumi acima, ela disse que quem enfim lhe deu as filmagens foi o próprio Tarantino, que sempre se arrependeu e teve remorso pelo incidente.

Abaixo você pode ver o vídeo do acidente, se quiser. Quando revelou a história, Uma evitou criticar Tarantino, e teoricamente, em 2020 eles se reconciliaram publicamente, quando ela lhe entregou um troféu de Melhor Diretor em uma cerimônia da Associação de Críticos dos EUA. Mas na prática, o fato é que até hoje Uma Thurman nunca mais voltou a trabalhar com Tarantino, apesar do desejo do diretor.


Encerro meu texto com uma pequena "teoria da conspiração" de minha parte... Notem que o filme seguinte de Tarantino após Kill Bill foi justamente À Prova de Morte. E colocando agora em perspectiva tudo o que sabemos hoje sobre o acidente de Uma Thurman... você acredita na versão "oficial" de que À Prova de Morte partiu de uma admiração de Quentin pelos dublês de carro? Pra mim foi mais é por remorso. Ou se foi por admiração, foi mais por ter percebido o quanto eles são importantes em um filme. Kill Bill: Volume 2 lhe deu uma lição para a vida.




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