domingo, 24 de março de 2013

Crítica - Expedição Kon-Tiki (2012)

Título: Expedição Kon-Tiki ("Kon-Tiki", Noruega, 2012)
Diretores: Joachim Rønning, Espen Sandberg
Atores principais: Pål Sverre Hagen, Anders Baasmo Christiansen, Agnes Kittelsen
Nota: 7,0

“Interessante, principalmente por ser uma história real”

Seis europeus (cinco noruegueses e um sueco) resolvem provar que a Polinésia foi originalmente povoada pelos índios sul-americanos e não pelos asiáticos, conforme diz a ciência. Para isto, resolvem navegar 8000 km, do Peru à Polinésia, atravessando o Oceano Pacífico em cima de uma simples jangada.

A história acima, que mistura tantos continentes, soa improvável, diria até bizarra. Porém, é verídica e ocorreu em 1947. Esta aventura, denominada “Kon-Tiki” pelo seu idealizador, o explorador Thor Heyerdahl, é o tema deste filme norueguês de mesmo nome, Expedição Kon-Tiki, que foi inclusive um dos cinco filmes indicados a Melhor Filme Estrangeiro para o Oscar 2013.

Sóbrio e competente tecnicamente, a principal qualidade de Expedição Kon-Tiki é sua história, ou melhor, saber que é uma história real. Não se trata exatamente de uma história de naufrágio, mas é uma história de seis pessoas a deriva no mar. E embora os personagens não enfrentem nenhuma grande provação hollywoodiana, mesmo assim a história se mantém interessante justamente por contar algo que aconteceu de verdade. As adversidades encontradas são muito mais psicológicas e de relacionamento do que, por exemplo, “grandes tempestades e monstros do mar”.

O filme dá destaque demasiado para seu personagem principal, Thor Heyerdahl (Pål Sverre Hagen), e com isto não desenvolve suficientemente os demais coadjuvantes. Mesmo assim, o que nos é apresentado sobre os demais personagens é o mínimo suficiente para distinguirmos cada um individualmente, e entender seus conflitos.

Em outras palavras, em Kon-Tiki tudo é feito de maneira simplificada, mas sempre competente, sem atrapalhar no resultado final. Sem grandes emoções, mas muito longe de ser tedioso, não deixa de ser uma experiência curiosa assistir um filme norueguês que alterna áudio de quatro idiomas (Norueguês, Francês, Inglês e Sueco) e descobrir o que aconteceu, afinal de contas, com estes seis “malucos” que resolveram arriscar a vida em nome da ciência e da fama. Nota: 7,0.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Dupla-Crítica: "Hitchcock" (2012) e "Detona Ralph" (2012)


Depois de longa ausência, voltei. Estava de férias, o que se transformou em férias do meu blog também. Para compensar um pouco a falta de novidades, duas novas críticas em um post só.


Crítica – Hitchcock (EUA, 2012)

Hitchcock era um dos títulos de 2013 que mais ansiava por assistir. Porém, embora o filme seja bastante divertido, não pude deixar de sentir certa decepção com seu resultado final.

Baseado no livro “Alfred Hitchcock and the Making of Psycho”, o filme segue a escrita e nos mostra, dentre toda a carreira do diretor inglês, apenas o período da filmagem de uma de suas obras primas, Psicose (1960).

Todas as curiosidades e dificuldades para a filmagem de Psicose estão no filme, de maneira bem humorada e divertida. Mesmo assim, o tema principal da história é a relação do excêntrico diretor (interpretado por Anthony Hopkins) com sua esposa Alma Reville (Helen Mirren). Aliás, o foco em Alma é tão grande que ela chega a aparecer mais na tela que o próprio Hitchcock.

Portanto o que vemos aqui é uma história sobre “atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. E de fato, não há dúvidas que se Alma não estivesse ao lado do Mestre do Suspense, este dificilmente alcançaria algum sucesso, dado seu terrível temperamento. Porém em Hitchcock este “apoio” é exagerado, chegando também na parte técnica do trabalho do diretor.

Do que a História conta, Alma Reville – que era roteirista de profissão – ajudava seu marido revisando os roteiros e as edições dos filmes. Dizem que ela era ótima para encontrar erros cenográficos e erros de continuidade. Mas neste filme, foi dado a ela uma importância tão grande que, antes dela participar ativamente da edição de Psicose, o filme era “horrível, um caos”. Isto sem falar de várias decisões técnicas mostradas ao longo da trama, que são atribuídas a Alma ao invés do marido. Um exagero. Divertido, instrutivo, mas não tão crível, Hitchcock leva nota 6,0.


Crítica – Detona Ralph (EUA, 2012)

Assisti ao Oscar sem saber se torcia ou não para Valente (que gostei bastante) levar o prêmio de Melhor Animação. Isto porque muitos amigos meus haviam assistido Detona Ralph e cravado que o filme era excelente, a melhor animação do ano.

O tempo passou, Valente venceu o Oscar, e agora que enfim assisti Detona Ralph, posso opinar que foi uma premição justa. Embora Ralph seja um bom filme, Valente é superior.

É impossível não classificar esta animação da Disney como sendo sua versão de Toy Story para jogos de videogame. O conceito – dos personagens terem vida própria quando os humanos não estão por perto – é idêntico.

E é justamente esta falta de originalidade o problema de Detona Ralph. Não há nada de realmente novo na trama. A história passa pelos nossos olhos em “modo automático”, sem nenhuma grande supresa, nenhum grande drama.

Como ponto positivo, são vários os personagens reais de videogames que participam do longa (parabéns a todas produtoras da jogos que deixaram seus personagens aparecerem), e as diversas piadas relacionadas a games (e a evolução dos games) espalhadas ao longo do filme são bem engraçadas. Um exemplo destas “piadinhas”... personagens dos jogos 2D andar e pensar em 2D mesmo quando eles “são eles mesmo”.

Assim como no filme Hitchcock, que comentei acima, aqui também uma mulher rouba a cena. A menininha Vanellope é extremamente carismática e acaba também sendo mais importante que o personagem que dá nome ao título do filme (porém ao contrário de Hitchcock, aqui isto é feito de maneira positiva).

Bastante divertido, Detona Ralph perde pontos por não emocionar ou surpreender. Em termos técnicos e de história, a Pixar continua soberana. Dreamworks e Disney (que assina Detona Ralph e é dona da própria Pixar) ainda tem bastante o que aprender. Nota 6,0.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Argo e As Aventuras de Pi são os vencedores de um Oscar equilibrado e bastante político




Minha grande dúvida da noite – sobre quem venceria o Oscar de Melhor Filme: Argo ou Lincoln – foi respondida com apenas 2 minutos de cerimônia, quando o host Seth Macfarlane disse para Ben Affleck dentre suas piadas iniciais, algo como: “não se preocupe... a Academia já sabe que fez besteira” (em referência a sua não-indicação como Melhor Diretor).

Dito e feito, Argo venceu, e venceu levando apenas três estatuetas (Filme, Roteiro e Ator); perdendo em número para As Aventuras de Pi, que foi quem mais levou: quatro. Reflexo de um Oscar equilibrado, sem grande destaque, onde as premiações ficaram espalhadas para diversos filmes.

Mesmo eu tendo errado o palpite em varias categorias, o Oscar foi em geral sem grandes surpresas. Eu particularmente só me surpreendi duas vezes: com Christoph Waltz (Django Livre) levando por Melhor Ator Coadjuvante, e Ang Lee (As Aventuras de Pi) vencendo por Melhor Diretor. E foram gratas surpresas. Afinal, como escrevi anteriormente, levou quem eu achei que mais mereceu.

Tive outra grata surpresa por Tarantino levar o Oscar de Melhor Roteiro Original. Não pelo prêmio em si, pois ele era um dos favoritos. Mas por constatar pela reação da platéia em quanto ele é querido em Hollywood. Não tinha idéia.

Em termos dos prêmios técnicos, dos filmes que vi, tudo pareceu bem justo. Argo tinha a melhor edição, e levou; As Aventuras de Pi tinha melhor Fotografia, Efeitos Especiais e Trilha Sonora. Levou todos. Da parte técnica, acho que a única premiação contestável foi o Melhor Direção de Arte. O favorito era Anna Karenina, que não vi e ainda não estreou no Brasil.

Mesmo com esta “injustiça”, Spielberg e seu Lincoln foram os grandes perdedores da noite. Das doze indicações, levou duas. A citada anteriormente, e mais a merecida vitória de Daniel Day Lewis por Melhor Ator. Lewis fez história. É o primeiro a conseguir três troféus nesta categoria.

Também um pouco injusto, mas sem surpresa, foi a vitória de Jennifer Lawrence como Melhor Atriz. Pelo menos, gosto bastante dela, e a jovem de Kentucky foi uma das poucas que deu um discurso realmente emocionado.

Mas quem se emocionou mesmo foi Ben Affleck. Numa mistura de surpresa, revolta e desabafo, ele fez um discurso desconexo, falando muito rapidamente sobre muita coisa, e de cara fechada.

As grandes decepções da noite? Não foram as premiações, mas novamente a cerimônia em si. Seth Macfarlane foi muito melhor apresentador que James Franco. Se mostrou, pelo menos, bastante sorridente e empolgado o tempo todo. Mas isto não é lá grande qualidade. Em geral ele não foi bem. Suas piadas... decepcionantes. Algumas boas e muitas piadas ruins, de mau gosto.

Outro problema foram os musicais. Com apresentações em excesso – que se confundiam com as apresentações dos indicados de Melhor Canção – a festa ficou ainda mais longa e confusa.

E para fechar, foi nada menos que a Primeira Dama estadunidense Michelle Obama quem anunciou o Oscar de melhor filme. Para que misturar Cinema com patriotismo? É lamentável. Pelo menos, foi uma opção totalmente condizente com a preferência por Argo. Se auto vangloriar pela política externa de seu país foi a mensagem final passada pela Academia.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Oscar 2013 (É hoje!) - Qual o melhor filme?


É hoje. Domingo, dia 24/02. A 85ª cerimônia do Oscar, que pela primeira vez vai se chamar "The Oscars" ao invés de "The Academy Awards". A cerimônia se iniciará as 21h30, e por aqui teremos transmissão pela TNT (desde as 20h30) e pela TV Globo somente após o lamentável BBB.

Se você leu meu post anterior, sabe que só faltou eu dar um palpite, o mais importante deles, de melhor filme. Lá vai!

Melhor Filme
- Quem deve levar: Lincoln
- Em quem eu votaria: As Aventuras de Pi

Este ano, mais uma vez, consegui assistir 7 dos 9 indicados à Melhor Filme. Abaixo, segue a lista dos filmes que assisti. Do que mais gostei ao que menos gostei. Entre parênteses, o número total de indicações que cada um recebeu.

Lincoln (12)
Amor (5)
Argo (7)

Ficaram faltando portanto: A Hora Mais Escura (5) e Indomável Sonhadora (4).

Primeiro, vou comentar sobre quem deverá ser o vencedor. Apesar de 9 nomes, entendo que somente três possuem chance de vencer: Lincoln, Argo, e com chances remotíssimas, A Hora Mais Escura.

Argo é um bom filme, mas não vejo nada de especial nele... por isto torço para que ele perca. Porém, Lincoln e A Hora Mais Escura sofrem maior rejeição. Lincoln é muito bom, mas foi criticado dentro dos EUA por seus erros históricos. Já A Hora Mais Escura sofreu rejeição no mundo todo, por se tratar da caçada a Osama Bin Laden. Porém, pior mesmo, foram as críticas pelas cenas de tortura presentes no filme. Para alguns, são bastante exageradas. E o governo estadunidense ficou indignado, negando veementemente que chegaram a Osama via informações coletadas torturando pessoas.

Este é portanto o grande trunfo de Argo. Ser simpático a todos. Apenas uma vez na história um filme ganhou tantos prêmios quanto Argo antes do Oscar e não levou o prêmio de Melhor Filme (Apolo 13, em 1995). Em contrapartida, também só uma vez na história um diretor não foi indicado entre os 5 melhores e viu seu filme vencer o prêmio de Melhor Filme (Conduzindo Miss Daisy, em 1990).

Qual das duas raridades acontecerá pela 2a vez hoje? Eu espero que seja Lincoln pois ele é melhor. Mas a explicação de eu ter escolhido Lincoln no meu palpite não foi emotiva e sim racional: ele recebeu bem mais indicações que Argo.

Finalmente, sobre quem eu acho que mereceria ganhar. Os filmes indicados deste ano são muito bons, entretanto, encontrei em todos pelo menos algum defeito relevante que me impede de reconhecer em qualquer um deles uma obra prima.

As Aventuras de Pi, meu preferido, é o que menos errou. De defeitos, apenas a irregular utilização do 3D e as desnecessárias quebras de narrativa ao longo da história.

Mesmo assim, é um filme belíssimo. Literalmente, aliás. Me perdoem os concorrentes (dentre eles os fãs de Hobbit), mas para mim será um crime se As Aventuras de Pi não levar os Oscars de Melhores Efeitos Visuais e de Melhor Fotografia.

Aliás, também acho que Pi merece levar o Oscar de Melhor Trilha Sonora. No final das contas, acho que ele leva estas 3 categorias pra casa. Merecidos prêmios técnicos; porém, não acredito que ele vá levar nenhum dos prêmios principais.

E para aumentar a expectativa...
 ... do evento de hoje a noite, indico este belo vídeo que mostra em 4 minutos todos os 84 vencedores do Oscar de Melhor Filme até hoje. É um teaser fantástico: http://vimeo.com/60050642

E vocês? Quais são seus palpites?
Deixo aberto os comentários do blog para que vocês também dêem seus palpites. Vamos lá! Será interessante ver quem acerta mais! Abraços e até o Oscar!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Oscar 2013 vem aí! – É neste domingo!



Mantendo a tradição do meu blog, vamos brincar de acertar os vencedores do Oscar 2013?

Ano passado eu palpitei em 7 categorias e acertei todos os resultados. Para este ano, repetirei a dose votando nas mesmas 7 categorias, embora eu ache que desta vez minha missão será bem mais difícil, já que o Oscar será bem mais equilibrado.

Melhor Atriz Coadjuvante
- Quem deve levar: Anne Hathaway (Os Miseráveis)
- Em quem eu votaria: Anne Hathaway (Os Miseráveis)
- Comentários:  Vi 3 das 5 concorrentes, e entendo que Anne Hathaway (Os Miseráveis) é favorita disparada. Ela canta e atua impecavelmente em seu musical. O único risco que ela corre de não levar o prêmio é pelo seu tempo em tela, muito curto comparado com algumas de suas concorrentes.

Melhor Atriz
- Quem deve levar: Naomi Watts (O Impossível) Emmanuellle Riva (Amor)
- Em quem eu votaria: não tenho como opinar
- Comentários: Infelizmente, só vi atuar 2 das 5 indicadas. E entendo que Jessica Chastain (A Hora Mais Escura) e Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida) são de longe as favoritas. Ambas são jovens, e disputam o “título” de nova queridinha de Hollywood. Das duas, Chastain leva desvantagem devido à polêmica em torno de seu filme. Para meu palpite, entretanto, resolvi arriscar tudo. Vou votar em Naomi Watts, cujo filme nem assisti. Provavelmente sou a única pessoa do mundo que está apostando na vitória dela. :)
Atualização 22/02 - Mudei de idéia. Vou continuar arriscando bastante aqui, mas nem tanto. Vou de Emmanuellle Riva. Suas chances são bem pequenas, entretanto, por ela ser francesa.

Melhor Ator Coadjuvante
- Quem deve levar: Tommy Lee Jones (Lincoln)
- Em quem eu votaria: Christoph Waltz (Django Livre)
- Comentários: Uma das categorias mais disputadas, com três nomes fortes: Philip Seymour Hoffman (O Mestre), Tommy Lee Jones e Christoph Waltz.
Porém Waltz já levou Oscar três anos atrás por um papel parecido com este, e acredito que O Mestre será pouco lembrado. Deve sobrar pra Tommy Lee Jones, que fez bom papel, mas bem abaixo dos outros dois favoritos.

Melhor Ator
- Quem deve levar: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
- Em quem eu votaria: Daniel Day-Lewis (Lincoln)
- Comentários: Se fosse possível, eu daria Oscar para três: Daniel Day-Lewis, Joaquin Phoenix (O Mestre) e Hugh Jackman (Os Miseráveis). Atuações extraordinárias, e é muito difícil dizer quem foi melhor, já que são papéis e gêneros de filmes tão distintos. Mas sendo obrigado a votar só em um, ainda fico com Daniel Day-Lewis.

Melhor Filme Estrangeiro
- Quem deve levar: Amor (Áustria)
- Em quem eu votaria: não tenho como opinar
- Comentários: Seria uma estupidez da Academia não premiar um filme que eles mesmo agraciaram com 5 indicações, dentre elas a de melhor filme. Mesmo assim, como disse em minha crítica, o filme não me empolgou tanto. Acho bem provável que se assistisse os demais concorrentes (não assisti nenhum dos outros 4), iria considerar algum deles o meu preferido.
  
Melhor Diretor
- Quem deve levar: Steven Spielberg (Lincoln)
- Em quem eu votaria: qualquer um que não seja o Spielberg
- Comentários: Entendo que Lincoln e Argo são os favoritos a melhor filme. E como o diretor do segundo - Ben Affleck - não foi indicado, vai sobrar fácil pro Spielberg. O que é uma pena, já que como comentei na minha crítica, ele cometeu erros gritantes, não merece levar nada!
Dos 5 indicados, assisti o filme de 4 deles. E todos, sem exceção, fizeram bons filmes mas cometeram algum erro relevante. Faltou eu ver o trabalho de Benh Zeitlin (Indomável Sonhadora), que teria boas chances de ser meu favorito: afinal ele levou ao Oscar um filme de baixíssimo orçamento e de equipe praticamente amadora (muitos eram estudantes de cinema).

E ainda...
... faltou meu voto para o Oscar de Melhor Filme, certo? Mas este ficará para meu próximo post, no sábado, já que quero comentar mais nesta categoria. Aguardem!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Veja aqui o final de Caverna do Dragão!




Vou dar uma pequena pausa no assunto cinema e falar sobre... Caverna do Dragão! Seriado estadunidense dos anos 80, cujo nome no original é Dungeons & Dragons.

O assunto é antigo, mas fui relembrado recentemente que muita gente desconhece esta história. Então, repassando: 1) o final oficial de Caverna do Dragão NUNCA foi filmado. Ele NÃO existe. 2) MAS, mesmo não gravado, o ROTEIRO do último episódio EXISTE, e foi disponibilizado na Internet há quase 10 anos pelo seu escritor, o roteirista Michael Reaves.

O tal último episódio se chama Réquiem. E no momento que Reaves o escreveu, ele não sabia se Caverna do Dragão seria renovada para mais um ano, ou terminaria por aí. Então ele escreveu um episódio cujo final atendesse estes dois cenários ao mesmo tempo.

Mesmo assim, o próprio escritor ficou surpreso – e chateado – quando descobriu que não somente o seriado seria cancelado, como seria cancelado imediatamente, o que fez de seu roteiro “final” um texto nunca aproveitado em nenhum episódio.

Quem quiser saber como tudo iria terminar, uma opção é ler o roteiro original, que pode ser encontrado nos links abaixo:
Mas existe uma maneira muito mais rápida e divertida de saber o final. Pois em 2010 o texto de Réquiem foi transformado em quadrinhos pelo cartunista brasileiro Reinaldo Rocha, que o disponibilizou publicamente.

Já li tanto o script quanto a adaptação em quadrinhos e ela é muito fiel ao original. Só ler os quadrinhos já basta. E vocês podem encontrá-lo em um dos dois links abaixo:
Ou seja, agora todos podem enfim se convencer que toda aquela história do Mestre dos Magos ser o demônio, o Vingador ser um anjo, e etc, não passava de um boato.

Ironicamente entretanto – e para minha leve decepção – no episódio final real vemos o Mestre dos Magos reconhecer que usou os jovens aventureiros para seus propósitos pessoais. Ou seja, o boato não estava lá tão errado. Até tu, Mestre dos Magos? :(

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Crítica - Amor (2012)

Título: Amor ("Amour", Alemanha / Áustria / França, 2012)
Diretor: Michael Haneke
Atores principais:  Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva
Nota: 7,0

“Duro e realista, mas surpreendentemente não tão chocante”

Este é o primeiro filme do elogiado diretor alemão Michael Haneke que assisto. E sua fama de fazer filmes "pesados" me deixou preparado para o pior assitindo Amor, sua nova produção. Premiadíssimo, Amor levou a Palma de Ouro de Cannes em 2012, e mais recentemente ganhou 5 indicações ao Oscar, dentre elas a de de Melhor Filme.

A trama não alivia: Um casal francês, Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), ambos com mais de 80 anos de idade e professores de música aposentados vivem em um modesto apartamento em Paris. Até que Anne sofre um AVC e fica com seu lado direito paralisado; com isto seu marido prova seu amor ao se dedicar a tratá-la a partir de então.

Amor é bastante realista. E aborda todos os problemas e dilemas associados a esta situação: a frustração e desânimo de Anne, a impotência e preocupação de George, a impaciência e revolta da filha (e a briga dela com o pai para deixar a mãe em um hospital), a dificuldade de se arrumar bons enfermeiros, e principalmente, a proximidade da morte. Tudo esta lá, de maneira direta, sem distrações.

Mesmo assim, para minha surpresa, Amor não choca tanto. Pode ser uma percepção minha, já que sei que a vida é exatamente como o filme mostra, nada que vi foi novidade. Mesmo assim, é evidente que não sou só eu: o diretor tem "culpa" em aliviar o peso emocional do filme.

Por exemplo, as cenas mais fortes são curtas. Mesmo claramente mais abatida e mais doente com o passar do tempo, Anne está sempre "arrumada" nas filmagens... limpa, bem cuidada. Este esmero se reflete no ambiente: a fotografia é muito bonita, as cenas são sempre bem iluminadas, e isto consegue transformar o velho apartamento dos protagonistas em algo aconchegante. Tudo isto torna o filme muito menos pesado para se assistir.
Georges pouco fala, nunca reclama. Só vemos seu sofrimento no olhar. A atuação de Jean-Louis Trintignant  é tão boa quanto a de Emmanuelle Riva (que foi muito mais indicada a prêmios que ele, inclusive ao Oscar de Melhor Atriz). Mas se ambos atuam muito bem, acima da média, não chegam a me impressionar tanto, até porque, novamente, não há muitas cenas que lhes exijam tanto. Os maiores dramas estão reservados para pequenas cenas.

No fundo, o maior pesar ao assistir Amor é a paciência. O filme é bastante lento, e nos transforma em cúmplices do casal no sofrimento que é ver o tempo passar tão devagar em uma situação tão desagradável.

Bastante realista, bem executado, sem defeitos, Amor é um filme muito bom mas que não surpreende e evita chocar, o que faz perder para mim alguns pontos. Nota: 7,0.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Crítica - João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013)

Título: João e Maria: Caçadores de Bruxas ("Hansel & Gretel: Witch Hunters", Alemanha / EUA, 2013)
Diretor: Tommy Wirkola
Atores principais:  Jeremy Renner, Gemma Arterton, Famke Janssen
Nota: 4,0

“Sessão da Tarde em forma de videoclipe”

Particularmente, não gosto deste tipo de "releitura" dos contos de fábulas. Transformar uma história infantil em um filme com um monte de ação sem propósito. Meses atrás, isto já fora feito com Branca de Neve e o Caçador, filme que ainda não assisti. E como ambos foram bem de bilheteria (muito bem aqui no Brasil, aliás), certamente ainda vamos ter vários filmes seguindo esta fórmula.

Apesar de meus protestos, se as cenas de ação forem bem feitas estes filmes podem se tornar um bom entretenimento apesar de tudo. Porém, infelizmente não é o que acontece aqui em João e Maria: Caçadores de Bruxas.

A história é bem simplória: João (Jeremy Renner) e Maria (Gemma Arterton) se tornaram celebridades ainda crianças, por matarem a bruxa que os seqüestrou. E resolveram desde então virarem "profissionais" no caça às bruxas. A história que vêm a seguir é parecidíssima com a do divertido Os Irmãos Grimm (2005), de Terry Gilliam, porém os Grimm nos proporcionam algum enredo, o que não acontece aqui. João e Maria é pura ação e mais nada.

As dezenas de lutas espalhadas ao longo da trama são bastante irregulares. Algumas muito boas, mas a maioria delas são lutas fake. Você acha que vê os heróis e as bruxas se batendo o tempo todo, mas tudo é tão rápido que você não vê os golpes de verdade. Apenas os imagina.

A única coisa realmente boa do filme são as imagens. A fotografia é muito bonita e as lutas parecem videoclipes. Não a toa, um dos estúdios das filmagens de João e Maria foi o MTV Films. A maquiagem também me agradou. Mesmo as bruxas, feitas para serem horríveis, ficaram bonitas e críveis nas telas.

Há uma outra qualidade no filme. A presença de um trol almofadinha e de bruxas "do bem" proporcionam algumas cenas inesperadas no meio de tantos clichês. Por outro lado, a "atuação" de Jeremy Renner é digna de um estudo científico. Como alguém consegue ser tão sem expressão? Nem o cigano Igor de Ricardo Macchi conseguiu tal façanha.

Em geral, João e Maria é um filme bem previsível, rodando no automático. Um trabalho bem preguiçoso do diretor Tommy Wirkola. Me senti como vendo um daqueles filmes da Sessão da Tarde, da TV Globo. Serve para se distrair, passar o tempo, mas é tudo o que você já viu dezenas de vezes. Nota: 4,0.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Crítica - O Mestre (2012)

Título: O Mestre ("The Master", EUA, 2012)
Diretor: Paul Thomas Anderson
Atores principais:  Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams
Nota: 7,0

“O filme sobre Cientologia que não fala sobre Cientologia”

As primeiras notícias de O Mestre datam do início de 2010, onde o diretor Paul Thomas Anderson procurava investidores para filmar seu script sobre "o fundador de uma religião similar a Cientologia". A idéia era contar uma história inspirada em  L. Ron Hubbard, o controverso fundador da religião que faz sucesso em Hollywood.

Era óbvio que falar da Cientologia não iria ganhar muitos interessados na indústria do cinema estadunidense. Dito e feito, mesmo após muitas revisões de roteiro o filme não foi aceito por nenhum grande estúdio. E a história, que originalmente tinha no fundador da tal religião seu foco principal (o fictício Lancaster Dodd, personagem interpretado por Philip Seymour) foi totalmente modificada para se basear no ex-marinheiro Freddie Quell (personagem interpretado por Joaquin Phoenix), alguém que fosse levado a receber ajuda via idéias "do mestre".

O resultado de tantas mudanças foi um filme que embora seja muito bom tecnicamente, mal fala sobre a Cientologia. A (não) abordagem do tema chega a ser covarde, e a história como um todo, frustrante. Ataques a Cientologia até são bastante frequentes, porém sem muita força ou relevância, contrabalanceados pela imagem de seu fundador que é apresentado como alguém essencialmente bem intencionado. E a tal "religião" sequer nos é apresentada de maneira clara. O filme basicamente nos retrata o relacionamento, quase um bromance entre Dodd e Quell, nas tentativas incessantes do primeiro em curar o segundo do alcoolismo e de sua obsessão por sexo.

Por outro lado, O Mestre possui também seus atrativos. A fotografia é muito bonita e o diretor usa e abusa da câmera para filmar de diversos ângulos e locações diferentes. A trilha sonora também chama a atenção. Boas músicas de época (pós 2a guerra mundial) mescladas com composições inéditas atuais escritas pelo músico John Greenwood da banda Radiohead.

Mesmo que a história não empolgue, outro ponto positivo é a contraposição/desenvolvimento que o diretor cria para os dois personagens principais. Paul Thomas Anderson nos apresenta gradualmente, com maestria, que discípulo e mestre possuem frustrações muito similares, ambos procuram um sentido para a vida. A diferença entre eles é basicamente a exteriorização de suas respectivas personalidades: Dodd é investigativo, contido e pacífico; já Quell é explosivo e violento. Esta comparação é mostrada com frequência, as vezes até em uma mesma imagem, como na ótima cena onde os dois estão encarceirados.

Mas o que mais faz O Mestre valer a pena são as atuações do trio Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, todos eles indicados ao Oscar 2013. Os três atuam muito bem, e fazem personagens diferentes dos que estão acostumados.

E se elogiei muito o ator Daniel Day-Lewis pela sua atuação em Lincoln, aqui Joaquin Phoenix também tem uma atuação bem acima da média. Passando por uma transformação física ainda maior que Day-Lewis, Phoenix está bastante envelhecido, magro (também corcunda), e cria um personagem perturbado, cheio de novos tiques (ele passa o filme todo sem mover o lado direito da boca) e trejeitos (como por exemplo, frequentemente apoiar as mãos nos quadris, que torna seu personagem ao mesmo tempo frágil e insolente).

É uma pena que atuações tão boas, cenas de desenvolvimento dos personagens muito bem feitas, e outros atributos técnicos elogiáveis se percam em uma história morna que acabou sem nenhuma relação com seu propósito original. As qualidades de O Mestre são suficientes para agradar admiradores do cinema. Mas fica nisto. Nota: 7,0.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...