domingo, 27 de agosto de 2023

Se você curte Senhor dos Anéis, Game of Thrones e The Witcher, precisa conhecer Dragonero, ótima série de HQs italiana


Dragonero é uma franquia de quadrinhos italiana (ou fumetti) de fantasia medieval sucesso em vários países da Europa, e publicada no Brasil pela editora Mythos desde o começo de 2019. Criada em 2007 por Luca Enoch e Stefano Vietti, com arte de Giuseppe Matteoni, Dragonero estreou com uma história na revista Romanzi a Fumetti e, graças ao sucesso inicial, posteriormente recebeu uma série mensal pela editora Bonelli (a mais importante editora de quadrinhos italiana), série esta que foi campeã de vendas em todo período de publicação, de 2013 até o final de 2019. Porém a franquia não terminou por aí. Este foi só o "primeiro ato". Ela sequer parou e voltou no mês seguinte com um novo título, Dragonero il Ribelle, e continua sendo publicada até hoje.

A história de Dragonero tem de tudo para agradar todo fã de RPG, e/ou de histórias de fantasias medievais, como por exemplo Senhor dos Anéis, Game of Thrones e The Witcher. Dragonero, que significa "matador de Dragões" é o título honorário do personagem principal da trama, Ian Aranill, humano e batedor a serviço do império Erondariano. Em sua aventura inicial vemos ele matar seu primeiro dragão, e engolir um pouco do sangue da criatura no processo. Isso fez com que Ian ganhasse alguns poderes, como "parar o tempo" em situação de quase morte, resistência a entidades sombrias, conseguir se comunicar telepaticamente com outros dragões e animais gigantes, e etc.

Os heróis, da esq. para dir.: A elfa Sera, o orc Gmor, o caçador de dragões Ian, a tecnocrata Myrva e o mago Alben

Na maioria de suas aventuras ele está acompanhado do gigante orc Gmor, seu amigo de infância, e da  jovem elfa silvana Sera, que é mestra botânica. Com menos frequência, Ian também é auxiliado pela sua irmã tecnocrata Myrva e pelo mago Alben. Uma coisa curiosa no universo de Dragonero, é que tecnocratas e magos são guildas "rivais" que mexem com magia, sendo que a primeira aceita trabalhar com máquinas e aparelhos, e a segunda as rejeita veementemente.

Como disse anteriormente, Dragonero mistura (e muito bem) várias franquias de fantasia medieval. Por exemplo, assim como em Senhor dos Anéis, aqui temos um universo vasto com dezenas de localidades diferentes e criaturas, como por exemplo elfos, orcs, dragões, magos, trolls, ghouls, mortos-vivos,  necromantes, fantasmas. Já sobre Game of Thrones, bem...

... na primeira história de Dragonero aprendemos que ao norte do Reino de Erondar, há uma grande muralha, que separara o mundo dos humanos do mundo dos dragões, local onde hoje se encontram hordas de algentes, elfos que tiveram suas mentes dominadas por mestres demoníacos, os abominosos. E na segunda historia de Dragonero vemos nossos heróis tentando destruir uma fábrica de "lama pírica", um fogo tão forte que queima até dentro da água... Em defesa aos criadores de Dragonero, lembrem-se que essas histórias foram criadas em 2007, então se eles copiaram mesmo foram dos livros, e não do seriado de Game of Thrones, que só estreou em 2011.

E por fim, lembram que disse que Ian Aranill é um "batedor imperial"? Isso é mais ou menos como se ele fosse um policial... um cavaleiro errante a serviço do reino, proporcionando, a cada edição, as mais variadas aventuras. Então, as vezes podemos ver Ian e seus amigos fazendo uma escolta, ou então, investigando mortes estranhas em um vilarejo, ou ainda, serem literalmente batedores e espionarem acampamentos inimigos. Este clima de aventura "episódica" e variada já lembra bem mais The Witcher, um uma boa aventura de RPG.

Dragonero se encontra atualmente na edição 21 aqui no Brasil. É uma publicação trimestral, formato Bonelli (16 x 21 cm) e em branco-e-preto. E, repito, é muito bom! Na imagem abaixo você vê a edição especial, que conta a história escrita em 2007, e a seguir temos o número 1 da revista, e o número 21, recém chegado às bancas. Na verdade, originalmente a publicação brasileira era bimensal, porém, a partir do número 20 (inclusive), a revista passou a ter o dobro de tamanho (2 histórias em 1), e passou a ser trimestral. a mudança foi até pra melhor... afinal, evoluímos de 1 história a cada 2 meses para 2 histórias a cada 3 meses.

domingo, 20 de agosto de 2023

Goscinny + Uderzo = Asterix, Umpa-Pá, João Pistolão (?!) e muito mais!

Os geniais Uderzo (a esq.) e Goscinny (a dir.)

O escritor René Goscinny (1926 - 1977) e o desenhista Albert Uderzo (1927 - 2020) foram sem dúvida gênios dos quadrinhos. Esta dupla de quadrinistas franceses ganhou fama mundial graças a sua criação máxima, o intrépido gaulês Asterix, de 1959. Porém Asterix não foi seu único trabalho juntos, e sim o último. Pois desde 1951, quando eles se conheceram, foram vários outros projetos até conseguirem enfim estabelecer a sua obra de grande sucesso. Vamos então conhecer aqui algumas das outras criações que "ficaram pelo caminho"...

Por exemplo, de 1954 a 1957 eles fizeram Luc Junior, um jovem repórter que em suas investigações sempre se envolvia em grandes aventuras, junto com seu amigo Alphonse... Em 1957 eles assumiram um título de outro autor - Benjamin et Benjamine - que foi criado em 1956 por Christian Godard. As histórias eram aventuras bem humoradas de um jovem casal, e juntos a dupla de autores publicaram os 4 últimos álbuns da série.



Nos anos de 1957-1958, pela revista semanal belga Tintin (que foi criada em 1946 para popularizar as histórias do famoso personagem de mesmo nome), Goscinny e Uderzo publicariam várias histórias de Poussin et Poussif. Poussin era um bebê que estava sempre aprontando, tentando fugir, e Poussif um cachorro que sempre tentava resgatar a criança do descuido de seus pais. Claro que no final, sempre era o pobre Poussif que levava a culpa de tudo. Segue abaixo uma rara imagem de uma página de Poussin et Poussif.


E não foram só estas. Ainda houve várias outras participações conjuntas, que nem vou citar aqui para não me alongar muito. A questão é que nenhum dos títulos acima jamais teve tradução para a língua portuguesa. Porém, além de Asteríx, pelo menos duas outras obras relevantes de Goscinny e Uderzo foram adaptadas para nosso idioma! Tratam-se de Umpa-Pá e... João Pistolão. Portanto, agora este artigo irá apresentar (ou relembrar) um pouco mais do indígena Umpa-Pá e do corsário João Pistolão.


João Pistolão (Jehan Pistolet - 1952)

Sendo a primeira colaboração conjunta de Goscinny e Uderzo que conseguiu virar uma série, João Pistolão (Jehan Pistolet) começou de maneira bem modesta em 1952, como tiras do jornal diário belga La Libre Belgique. Em 1954 o título foi publicado na revista publicitária Pistolin, e para não haver confusão de nome com a própria revista, a série mudou de nome para Jehan Soupolet. Depois, nos anos 1961 e 1962, Jehan Pistolet voltaria, mas apenas como republicações, nas páginas da famosa Pilote (a revista semanal de quadrinhos onde Asterix havia nascido e já era seu grande nome).


Na história João Pistolão é um jovem garçom de uma pousada em Nantes, que sempre sonhou com aventuras de piratas, e resolve reunir seus amigos para montar um barco e se tornar um Corsário (piratas contratados por governos) a serviço da França (uma trama levemente parecida com One Piece rs).

E apesar de uma tripulação totalmente inexperiente e formada apenas por cidadãos comuns, ele acaba realizando seu sonho... para acabar enfrentando os mais atrapalhados apuros, sempre com bastante humor. Foram 5 álbuns no total, cujo nomes são: João Pistolão, Corsário Prodigioso, João Pistolão, Corsário de El-Rei, João Pistolão e o Espião, João Pistolão na América, João Pistolão e Sábio Louco.

Embora tenham sido publicadas em Português, as aventuras de João Pistolão não chegaram ao Brasil. A página da imagem acima foi extraída de uma edição portuguesa.


Umpa-pá (Oumpah-Pah - 1958 a 1962)

Já Umpa-pá possui uma característica diferente de todos os outros títulos que apresentei até agora: note pela sua data de publicação, que ele é contemporâneo à Asterix. Porém, quando o pequeno Gaulês começou a fazer bastante sucesso, a dupla resolveu encerrar esta série e focar as suas energias na sua obra mais popular.

Infelizmente há muito tempo fora das bancas e livrarias brasileiras, Umpa-pá já foi publicado inteiro por aqui duas vezes: primeiro na década de 60, pela Editorial Bruguera, e depois na década de 80, pela Editora Record. A boa notícia é que dá para encontrar todo o material de Umpa-pá para se baixar em sites de scans de gibis pela internet. Curiosidade: quando publicada pela primeira vez no Brasil, a revista (e o personagem) se chamavam Humpá-Pá.


As histórias contam as aventuras do indígena Umpa-Pá e do oficial francês Humberto Milfolhas, e a série se passa no século XVIII, durante a época da colonização francesa na América do Norte (mais especificamente no Canadá). De maneira razoavelmente similar a Asterix, Umpá-Pá possui uma força e resistência acima do normal (embora não chegue a ser "sobrenaturais", ele diz que o segredo de sua força é sua dieta baseada em pemicã). Humberto (e os demais franceses) usavam aquelas perucas brancas da época, e até por isso Umpa-Pá também chamava seu amigo de "escalpo duplo".

Foram 5 volumes: Umpa-Pá o Pele-vermelha, Umpa-Pá em Pé de Guerra, Umpa-Pá e os Piratas, Umpa-Pá - a Mensagem Secreta e Umpa-Pá Contra Bílis-Cão. Umpa-Pá na verdade foi a primeira criação conjunta de Goscinny e Uderzo, em 1951; porém na época a dupla não conseguiu encontrar nenhuma editora com interesse em publicá-la. Foi só muitos anos depois que o heróico nativo americano pode ser conhecido pelo grande público.

Imagens da primeira versão de Umpa-Pá, nunca publicada

E aí, quais destas obras vocês já conheciam? Escrevam nos comentários!

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Dupla Crítica - The Flash (2023) e Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan (2023)


Eu corri pra postar aqui no blog todos os grandes lançamentos de Julho o quanto antes. E agora que tudo foi publicado, deu pra respirar e com calma escrever sobre alguns filmes que saíram nos cinemas brasileiros há alguns meses atrás. Antes tarde do que nunca! Vamos a eles?



The Flash (2023)
Diretor: Andy Muschietti
Atores principais: Ezra Miller, Ben Affleck, Michael Keaton, Sasha Calle, Kiersey Clemons, Ron Livingston, Maribel Verdú

A DC deveria ter acabado há muito tempo com absolutamente tudo que tivesse qualquer relação com o universo compartilhado DC idealizado por Zack Snyder. Como isso não aconteceu, veio este The Flash. A história, baseada na importante saga Flashpoint dos quadrinhos, mostra Flash (Ezra Miller) viajando no tempo com seus poderes e alterando o passado, salvando sua mãe da morte prematura, encontrando com seu eu mais jovem, mas também (e é claro), alterando com graves consequências toda a linha temporal.

Vejam: não é fácil tolerar uma pessoa que é irritante e sem carisma tanto na vida real quanto nas telas. Portanto, não é uma idéia "jenial" torná-la protagonista de um filme e ainda "duplicá-la" em quase todas as cenas? Para piorar, o preguiçoso roteiro de The Flash tem absolutamente todos os clichês possíveis e imagináveis sobre viagens no tempo. Por outro lado, apesar de ser extraordinariamente um "mais do mesmo", a trama do filme não é ruim; diria que em geral ela diverte, em um nível comparável a um filme bom da "Sessão da Tarde".

O ponto alto de The Flash é a volta do Batman versão filme de 1989, interpretado por Michael Keaton. Suas cenas iniciais são muito boas, porém com o passar do tempo o encanto vai passando, infelizmente. Se não tem uma história boa, pelo menos este The Flash é repleto de fan services, e ele acaba sendo uma enorme (e grata) homenagem a todo universo cinematográfico da DC.

Em resumo, The Flash teve um enorme investimento, mas é um filme apenas mediano. Menos mal que a experiência de assisti-lo não é ruim (pelo contrário, é até agradável), e tem tantas homenagens a DC, que deve agradar (apenas) os fãs mais extremos da editora. Nota: 5,0.

PS: o filme conta com uma cena pós-créditos, não perca.



Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan 
(2023)
Diretor: Martin Bourboulon
Atores principais: François Civil, Vincent Cassel, Romain Duris, Pio Marmaï, Eva Green, Lyna Khoudri, Louis Garrel, Vicky Krieps, Jacob Fortune-Lloyd, Éric Ruf

Produção francesa do clássico literário de Alexandre Dumas, Os Três Mosqueteiros (1844), o filme foi bem recebido pelo público e crítica e conseguiu chegar até aos cinemas brasileiros. Um ponto curioso é que ele é a parte um de dois; sua parte final, Les Trois Mousquetaires: Milady, também será lançado este ano (em Dezembro na Europa), mas não sabemos ainda quando chegará por aqui.

Já tivemos vários filmes dos Três Mosqueteiros, e talvez o maior diferencial deste Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan é ser o mais fiel à obra original dos que eu assisti até agora. Talvez isto se deva por não ter sido feito em Hollywood rs... aliás, apesar disto, a produção conta com alguns atores / atrizes que já passaram por várias produções estadunidenses. Portanto talvez você reconheça Vincent Cassel, Eva Green, Vicky Krieps, Jacob Fortune-Lloyd ou Louis Garrel de outros lugares.

Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan é um filme com ritmo bem acelerado, bem humorado, e com bastante ação. Nenhuma cena de ação chega a impressionar, é verdade... mas são cenas críveis e bem feitas. Aliás, tudo no filme é tecnicamente muito bem feito. A fotografia é muito boa, assim como o Design de Produção. Ah, fica um alerta: conhecer um pouco do contexto histórico do filme ajuda um pouco a entender o que está acontecendo. Este Os Três Mosqueteiros até começa com um texto inicial explicando o contexto, mas é só isso... ele já parte pra ação e não está nem aí para explicações.

Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan está longe de ser memorável, mas assisti-lo foi bem agradável, e tem sido - até agora - uma boa maneira de conhecer o livro de Dumas. Espero que sua bilheteria no Brasil tenha sido suficiente para que Les Trois Mousquetaires: Milady chegue aqui também. Nota: 6,5.

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Crítica - Barbie (2023)

TítuloBarbie (idem, EUA / Reino Unido, 2023)
Diretora: Greta Gerwig
Atores principaisMargot Robbie, Ryan Gosling, America Ferrera, Kate McKinnon, Issa Rae, Simu Liu, Rhea Perlman, Will Ferrell, Michael Cera, Ariana Greenblatt, Rhea Perlman, Helen Mirren
Nota: 6,5

Menos transgressor do que poderia, Barbie é divertido e passa seu recado

A Mattel resolveu apostar alto, e Barbie é provavelmente apenas o primeiro de uma longa série de filmes baseados em seus brinquedos. Com uma enorme campanha de marketing, que o mundo não via há muitos anos, a aposta deu certo e Barbie é o filme do momento, com boas chances de atingir a marca de US$ 1 bilhão em bilheteria antes de 3 semanas de exibição.

Na história, Barbie (Margot Robbie) - também identificada como a "Barbie Estereotipada" - vive feliz em seu mundo perfeito repleto de outras Barbies, a Barbielândia, até que começa a passar por rápidas transformações: pensamentos negativos, sinais de bafo, celulite, calcanhares encostando no chão... Em choque com os acontecimentos, ela descobre que isto ocorre pois sua dona do mundo real está com dificuldades, e então ela e Ken (Ryan Gosling) partem para nosso mundo em busca de ajudar a menina e recuperar toda a normalidade.

Pelo trailer, e toda divulgação de Barbie, esperava-se que o filme trouxesse bastante comédia e também críticas ao mundo patriarcal em que vivemos. E de fato é isso que ele entrega, mas não da maneira que eu esperava... mas vamos começar pelas partes de Barbie que não são sobre estes dois temas.

Há muito em Barbie sobre seu universo, literalmente dezenas de referências sobre sua franquia, e em termos de cenários e design de produção, temos um mundo multicolorido, vibrante, como se tivéssemos mesmo um mundo de bonecas em tamanho real. E já aproveito para a ressalva: o público ideal para este Barbie são os adultos que brincaram e/ou acompanharam a boneca durante sua infância. Dito isto, o filme é divertido e interessante para adolescentes e adultos de todos os sexos; mas não é adequado para crianças.

Gostei de Barbie, achei um bom filme, mas esperava mais. Em termos de humor, há várias boas piadas, porém há pouca variação e elas são bastante reutilizadas ao longo da projeção. Já quanto ao seu debate em termos de feminismo, patriarcado... uma surpresa positiva foi ver que o filme não teve medo de discutir as polêmicas em torno da boneca-título, afinal, se por um lado ela traz um certo empoderamento, ao mesmo tempo ela também representa objetificação, um ideal de beleza inalcançável, dentre outras coisas ruins.

O bom é que Barbie passa seu recado, dá algumas fortes cutucadas na nossa hipócrita sociedade patriarcal, mas poderia muito mais. Tanto que o ponto mais forte e emocionante do filme não é proporcionado por Barbie, e sim pela humana Gloria (America Ferrera), em um discurso excelente.

E é uma pena, pois graças à alguns lampejos brilhantes do roteiro, dá para sentir que a diretora e os roteiristas têm bastante clareza sobre o mundo que vivemos. Porém na hora de aumentar as críticas pra valer, o filme se contém. Seria por imposição do estúdio? Ou porque o filme também será assistido por pessoas bem jovens? Ou por imposição da Mattel? Provavelmente uma soma de tudo isso. Afinal, não se enganem: estamos diante de um filme bastante comercial, bancado pela própria Mattel, e não a toa eles são apresentados na história como "os mocinhos". Então, por exemplo, já desistam de encontrar o consumismo entre as críticas do filme!

E antes do meu parágrafo de conclusão / desfecho, mais alguns elogios: Margot Robbie está muuito bem, só a atuação dela já vale o ingresso. A trilha sonora é muito boa também, inclusive o filme tem partes cantadas que ajudam a contar a história do filme. Felizmente Barbie não é um musical; aliás a única cena que temos de "musical", com os atores dançando, é péssima e ultra dispensável.

Ainda que abaixo das minhas expectativas, tanto em termos de comédia quanto em termos de crítica social, Barbie cumpre seu papel e é bom entretenimento para mulheres e homens de (quase) todas as idades. E pela época que vivemos, é um filme que vale sim a pena ser assistido para estimular o debate sobre tudo que envolve a mulher em nossa sociedade. A própria existência do filme e seu sucesso de bilheteria não deixam de ser conquistas, que merecem ser comemoradas e prestigiadas. Nota: 6,5

domingo, 30 de julho de 2023

Crítica - Oppenheimer (2023)

TítuloOppenheimer (idem, EUA / Reino Unido, 2023)
Diretor: Christopher Nolan
Atores principaisCillian Murphy, Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Josh Hartnett, Casey Affleck, Rami Malek, Kenneth Branagh, Benny Safdie, Dane DeHaan, Jason Clarke, David Krumholtz, Tom Conti, Alden Ehrenreich
Nota: 7,0

Nolan reaprende a contar histórias, mas seu ego ainda atrapalha

Acostumado a escrever os roteiros para seus filmes, e sendo todos de ficção, foi uma considerável surpresa ver que o novo trabalho de Christopher Nolan, Oppenheimer, se trata da adaptação de um livro (e aliás não um livro qualquer... uma biografia!). Trata-se American Prometheus, de 2005, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwint e vencedor de Prêmio Pulitzer.

A história conta a vida do físico teórico estadunidense J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), creditado mundialmente como o "pai da bomba atômica". Em termos de roteiro, ele não é contado de maneira totalmente linear, e é apresentado em 3 frentes: temos uma audiência interna na qual Oppenheimer é interrogado, outra audiência posterior e aberta ao Senado (sem a presença do cientista), e finalmente dezenas de cenas em que vemos Oppenheimer de fato "fazendo" o que está sendo dito nas investigações; esta é a maior parte do filme.

Ambas audiências são situadas na década de 50, e acabam recontando toda a saga de Oppenheimer, do começo de sua carreira até a construção da bomba. A audiência no Senado é filmada em branco-e-preto, e isto representa que mostra os fatos "crus". Já todas as demais cenas, por terem a presença do físico nelas, são sob seu ponto de vista, e são filmadas em colorido.

Antes de tudo, Oppenheimer é um filme sobre História, sobre Política, e sobre a pessoa complexa e controversa que Robert Oppenheimer foi. Porém, a maneira com que Christopher Nolan fez seu filme, sempre com cenas curtas e aceleradas, e com diálogos do mesmo modo, Oppenheimer quase se torna um filme de ação. São exatas 3 horas de projeção, mas você não sente o tempo passar. A história é muito dinâmica e muito interessante.

Como sempre também em todos os filmes de Nolan, seu filme está apoiado em uma fotografia magnifica, e em um enorme elenco de atores famosos e de alto nível. Cillian Murphy, o protagonista, está excelente. As duas principais atrizes, Emily Blunt e Florence Pugh, também estão muito bem. Mas minha maior surpresa foi ver tanto Matt Damon quanto Robert Downey Jr., que são bem caricatos, atuarem com bastante eficiência e com poucos deslizes.

Depois de vários filmes onde Nolan passa mais tempo tentando explicar o mundo que criou, do que focar no próprio conto que quer mostrar, é muito satisfatório ver que ele enfim voltou a fazer o que no passado mostrou saber fazer muito bem, que é contar histórias. Porém, infelizmente Nolan ainda não voltou aos seus melhores trabalhos, já que sua enorme ambição e ego ainda atrapalham.

A começar, quanto as imagens da explosão da bomba nuclear. Nolan fez uma propaganda absurda, se gabando de que tudo foi feito sem efeitos de computador. E mais ainda, que tudo é tão real e grandioso que precisa ser visto em iMAX; que aliás nem o iMAX conseguiu captar tanta grandiosidade infelizmente... Bem... não vejo desta forma. Claro, as imagens são bonitas, mas se tivessem sido feitas em computador, não vejo grande impacto no resultado. Aliás o impacto da explosão em si é bastante frustrante em termos de imagem... só vale a pena pelo som... e coisa de 5 segundos. Minha conclusão? Oppenheimer sequer é um filme que você "precise" assistir nos cinemas. Afinal, de maneira incoerente com sua propaganda, Nolan tratou em seu filme a explosão como algo muito coadjuvante. O que importa mesmo para ele é a vida de Robert Oppenheimer.

Na trilha sonora, Nolan usa uma mão "pesada", e alterna entre um tom de "épico/triunfo" e "drama interior" o tempo todo... temos uma música forte e alta quase o tempo todo, o que nos leva a alguns problemas de ritmo... é como se o filme tivesse um clímax a cada 20 min.

Mas o pior é quando o diretor / escritor quer "fazer Arte". As cenas de nudez são completamente desnecessárias; e o desfecho do filme, onde temos duas mini reviravoltas, apenas para passar a impressão de que o roteiro é "genial", foi decepcionante. Me senti mais enganado do que qualquer outra coisa, além de que é um final cujo tom é diferente do restante do resto que foi apresentado.
 
Com muitos prós e alguns contras, a conclusão para Oppenheimer é que Nolan enfim deixou a descendente que vinha em seus filmes e parece reencontrar o bom caminho. Que continue assim. E independente de tudo que falei sobre Nolan nesta crítica (e falei bastante rs), para quem gosta de História, Política, ou simplesmente de um bom filme, Oppenheimer é uma escolha certa. Nota: 7,0


PS: tudo começou como piada, porém o meme Barbenheimer, que ria do fato que os filmes de BarbieOppenheimer tiveram lançamento mundial no mesmo dia, e até "convidava" as pessoas a ter a experiência de assistirem os dois filmes no mesmo fim de semana de estréia, acabou tendo um efeito bastante inesperado e lucrativo. Com isso, a bilheteria de ambas as produções catapultaram e tiveram ótimos resultados (cerca de US$ 800 milhões somados na primeira semana), o que por sua vez, infelizmente, acabou virando "prejuízo" principalmente para Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte UmIndiana Jones e a Relíquia do Destino.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #017 - Conheça o "Ângulo Holandês" ("Dutch Angle")


Hoje vamos conhecer sobre uma técnica bastante utilizada nos cinemas, mas que muita gente não repara, ou até repara, mas não sabe seu nome ou sua função. Trata-se do Ângulo Holandês (Dutch Angle), que como veremos a seguir, foi bastante usado no recente Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, e foi isto que me motivou a escrever este texto. ;)

O Ângulo Holandês é uma técnica cinematográfica onde ao filmar a câmera é levemente girada (ou "tombada") de modo que a linha do horizonte da tomada não fique paralela à parte inferior do quadro do filme. Isso produz um ponto de vista semelhante a inclinar a cabeça para o lado. O objetivo do uso de um Ângulo Holandês é causar uma sensação de mal-estar, desorientação ou tensão para o espectador.

Por exemplo, na imagem escolhida acima, como título deste artigo para ilustrar o Ângulo Holandês, retirada de Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (2011), o diretor David Yates optou por "entortar" a câmera para que o espectador pudesse compartilhar de uma maneira mais forte o medo / mal-estar que o trio de personagens está sentindo.

Os primeiros usos desta técnica surgem no Movimento Expressionista do cinema alemão dos anos 1920 e 1930. Pois é... alemão e não holandês: o nome "Dutch" (holandês) que acabou ficando famoso nada mais é que um erro ortográfico / corruptela do termo original "Deutsch" (alemão), este sim o correto.

Como exemplo emblemático do uso nos antigos filmes alemães, vemos na imagem acima um exemplo do Ângulo Holandês em Das Cabinet des Dr. Caligari (O Gabinete do Dr. Caligari, de 1920), filme este, aliás, que o personagem de Nicolas Cage elogia aos montes em seu O Peso do Talento (2022).

Voltando então ao que eu disse anteriormente, há várias cenas usando o Ângulo Holandês em Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um. E isto acontece por um motivo extra, aliás: trata-se de uma homenagem ao primeiro filme da franquia, Missão Impossível (1996), onde o então diretor Brian De Palma usou muito deste recurso. Neste Acerto de Contas - Parte Um você pode ver o Ângulo Holandês por exemplo em muitos momentos da sequência da negociação dentro da boate em Veneza (que representa o desconforto dos personagens no local, e/ou que aquilo é uma armadilha), ou ainda, vemos este recurso de imagem em algumas das vezes em que se dá um close no vilão Gabriel (para sugerir que ele não é confiável, ou está mentindo).

Em Missão: Impossível (1996), a câmera gira imediatamente após Ethan Hunt perceber que seu chefe desconfia que ele causou o ataque terrorista, refletindo a tensão / incômodo do personagem

E se você chegou até aqui, lá vai um presente: vá no Google, escreva dutch angle no campo de pesquisa, clique em pesquisar e veja o que acontece. É bem divertido! ;)



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

quinta-feira, 20 de julho de 2023

Crítica - Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um (2023)

Título: Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um ("Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One", EUA, 2023)
Diretor: Christopher McQuarrie
Atores principaisTom Cruise, Hayley Atwell, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Vanessa Kirby, Esai Morales, Pom Klementieff, Henry Czerny, Shea Whigham, Cary Elwes, Greg Tarzan Davis
Nota: 7,0

A melhor franquia de ação da atualidade está de volta

Depois de cinco anos, Missão Impossível está de volta! O sétimo filme da franquia se chama Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, e como o próprio título diz, é a primeira parte de uma trama que terá continuação (o Parte Dois está previsto para daqui um ano, porém com a atual greve de roteiristas e atores em Hollywood, poderá sofrer atrasos).

Para este novo Missão Impossível, Tom Cruise e o diretor / roteirista Christopher McQuarrie resolveram trazer como "novidade" o exagero. Com isso, temos um elenco com um número bem grande de personagens relevantes (a foto acima é um exemplo disto), e uma história que durará dois filmes.

E como tem sido desde Missão Impossível 4, temos aqui mais uma vez um filme excepcional em termos de ação e aventura. São muitas as qualidades de Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um, e elas vão além da ação: novamente temos ótima fotografia, os mais belos e diversos figurinos e localidades, e atores excelentes, muito competentes e carismáticos.

Os filmes de Missão Impossível também costumam ter algumas piadas e cenas de humor, mas neste Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um isso é aumentado, para minha surpresa. Provavelmente estamos diante do filme mais "piadista" da série. Na trama da vez, Ethan Hunt (Tom Cruise) é retirado da aposentadoria pela IMF para encontrar um par de chaves que pode deter "A Entidade", uma Inteligência Artificial que está prestes a "dominar o mundo". Porém a corrida para obter as chaves é mundial, e em seu caminho o agente também cruza com a ladra Grace (Hayley Atwell) e vilão terrorista o Gabriel (Esai Morales), que apesar de nunca ter aparecido nos filmes antes, é apresentado como "o maior rival / inimigo" de Ethan.

Acerto de Contas - Parte Um traz uma sequencia de ação melhor que a outra (e todas bem diferentes entre elas). A primeira é uma batalha de submarinos; a segunda um tiroteio em plena tempestade de areia... E então também começam os problemas. Duas das melhores e mais difíceis cenas de ação do filme - a da perseguição de carros em Roma, e a fuga do trem - são longas, longas demais.

Apesar deste Missão Impossível ser muito bom, aquela palavrinha que disse no começo deste texto - exagero - também é responsável por diminuir a qualidade do filme. Acerto de Contas - Parte Um tem problemas de ritmo, às vezes até cansa, e portanto acaba sendo inferior que os dois filmes anteriores, Nação Secreta (2015) e Efeito Fallout (2018). O próprio filme é muito longo, 2h e 43min, e olha que isto é apenas metade de uma história completa... Um clássico exemplo de quando o "mais" vira "menos".

Acerto de Contas - Parte Um também derrapa no roteiro quando resolve trocar a ação e explorar os sentimentos de Ethan com Grace e Ilsa (Rebecca Ferguson). O roteiro é ótimo na ação e na comédia, mas ruim no drama e no romance. E o duelo de Ilsa contra o vilão Gabriel é péssimo, mal coreografado, é a pior coisa do filme.

Com muitas virtudes e alguns defeitos, Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um mostra pela quarta vez seguida que Tom Cruise e seu Missão Impossível continuam a ser uma das melhores - senão a melhor - franquia de ação dos últimos tempos. E o bom é que já sabemos que a diversão vai continuar e logo logo poderemos desfrutar uma Parte DoisNota: 7,0


PS1: quando Missão: Impossível - Acerto de Contas nasceu, esta história dividida em 2 partes foi anunciada como a última aventura da franquia nos cinemas. Não à toa, o Parte 1 trouxe várias referências / homenagens aos filmes anteriores, como por exemplo, os agentes usando máscaras. Porém, hoje, este cenário é incerto. Tom Cruise, semanas atrás na estréia de Indiana Jones e a Relíquia do Destino, "invejou" ver Harrison Ford atuando com mais de 80 anos e disse que gostaria de estar fazendo filmes de Missão Impossível até a idade dele; e Christopher McQuarrie afirmou nesta semana que não será o fim da franquia e já tem idéias para um filme 9. Dadas estas declarações eu até iria cravar que teríamos mais filmes, porém, por enquanto a bilheteria de Acerto de Contas Parte 1, embora boa, está um pouco abaixo do esperado pelo estúdio. Então veremos o que o futuro aguarda.

PS2: a loucura da vez de Tom Cruise, para promover o filme, foi saltar de um penhasco, com uma moto, soltar a moto e continuar o caminho de paraquedas. Totalmente insano! Você pode ver o vídeo de bastidores aqui abaixo. E caso você ache que este completo maluco pulou deste jeito apenas uma vez... acho melhor assistir as imagens... vale a pena ;)

domingo, 9 de julho de 2023

Crítica - Elementos (2023)

Título: Elementos ("Elemental", EUA, 2023)
Diretor: Peter Sohn
Atores principais (vozes): Leah Lewis, Mamoudou Athie, Ronnie del Carmen, Shila Ommi, Wendi McLendon-Covey, Catherine O'Hara
Nota: 7,0

Pixar faz reciclagem, mas retoma seu encanto

Com a Pixar já há alguns vários anos fazendo filmes medianos e nada inovadores - os dois últimos que avaliei aqui tiveram notas ruins (Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica e Lightyear) e o filme anterior do diretor Peter Sohn idem (O Bom Dinossauro) - não estava muito animado para ver Elementos, que pelo título me parecia uma cópia de Divertida Mente. Afinal, se este último apresentava e antropomorfizava os sentimentos humanos, Elementos faz o mesmo com os 4 elementos base da natureza: ar, terra, água e fogo.

E de fato essa cópia de filmes acontece, mas de um modo diferente, já que a história de Elementos é bem distinta de Divertida Mente. Na trama, vemos uma família do elemento fogo acabando de se mudar para a grande Cidade Elemento. Após instalarem com sucesso uma loja de conveniência, um acidente causado pela jovem de fogo Faísca faz com que a loja seja interditada. É então que ela se une ao jovem de água Gota, e ambos correm contra o tempo que a interdição da loja não vire um fechamento definitivo.

O roteiro de Elementos é um bocado caótico, e fala de tudo um pouco. Ele aborda racismo, imigração, família, herança, crescimento, primeiro amor... e resta à protagonista Faísca lidar com tudo isto de uma vez só. Mas como leve defesa à essa bagunça que é o roteiro, assim também é a vida, não?

Portanto é neste ponto que digo que Elementos acaba reciclando filmes anteriores. Ele pega muitos dramas distintos, coloca em um só filme, e pronto: em termos de história, nada de novo. Porém, o surpreendente é que de algum jeito toda esta mistura funciona! E muito bem! Elementos consegue trazer vários momentos de emoção para a tela, e a história me emocionou e cativou como há muitos anos a Pixar não fazia.

Se em termos de roteiro o filme não inova, não se pode dizer o mesmo em som e imagem. Quanto a animação, é muito impressionante e diferente ver os personagens de água e fogo na tela. Principalmente os de fogo... é uma constante mutação de cores e formas, muito bonito, muito diferente... parece até algo meio místico... O que me leva a trilha sonora... em geral uma música instrumental "pesada", que traz muito mais um clima de meditação ou psicodélico do que comédia ou ação; algo realmente muito incomum para um filme infantil.

Aliás, Elementos tem várias piadas espalhadas ao longo da trama, mas em geral o filme trata temas sérios, como se pode constatar pelo meu terceiro parágrafo acima. Acho que é o filme da Pixar com menos humor que já assisti. Ainda assim, vi o filme com minha sobrinha de 7 anos e ela adorou. Acho que o deslumbre visual de Elementos, somado ao carisma e "fofura" de seus personagens, acaba tornando o filme universalmente bem agradável.

Elementos recebeu até agora apenas uma leve aprovação de crítica e bilheteria, mas eu gostei muito. Ainda que não seja espetacular, é uma das melhores coisas da Pixar dos últimos anos. Ah, e se for mesmo assistir, leve sua caixa de lenços. Nota: 7,0


PS: antes do filme há o curta-metragem O Encontro de Carl, continuação de Up: Altas Aventuras (2009). É a Pixar voltando a sua tradição de curtas inéditos antes de seus longas nos cinemas, coisa que não fazia desde 2018.

PS 2: não há cenas pós créditos... esta antiga tradição da Pixar ainda não voltou.

PS 3: Muito da história de Elementos é baseada em situações pelas quais passaram a família do diretor Peter Sohn (seus pais imigraram da Coréia do Sul para Nova York), e também de outros animadores e roteiristas da Pixar que também são imigrantes ou descendentes de imigrantes.

sábado, 1 de julho de 2023

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título: Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023)
Diretor: James Mangold
Atores principais: Harrison Ford, Phoebe Waller-Bridge, Mads Mikkelsen, Toby Jones, Boyd Holbrook, Ethann Isidore, Olivier Richters, John Rhys-Davies, Antonio Banderas
Nota: 6,0

Apesar de um meio de filme bem ruim, Indiana se despede de modo satisfatório

O maior dos heróis de aventura está de volta, e para seu 5º e último filme. Como em toda história de Indiana Jones, a trama é a busca por um antigo artefato, misturando ficção e realidade. E não poderia ser diferente em Indiana Jones e a Relíquia do Destino, claro: portanto, o MacGuffin da vez se trata da Máquina de Anticítera.

O filme começa em 1944, no final da Segunda Guerra Mundial, e neste ato que dura entre 20 a 30 minutos vemos um Indiana Jones (Harrison Ford) ainda consideravelmente jovem, com o rosto rejuvenescido por imagens de computador. É uma boa sequência, que copia bastante dos filmes clássicos, mas com imagens em geral meio escuras. Não sei se o objetivo foi deixar tudo propositalmente menos nítido, para deixar eventuais faltas de realismo no rosto de Ford mais evidentes... mas de qualquer forma, a Fotografia em Indiana Jones 5 não é muito boa em geral.

Imagens da Máquina de Anticítera real, cuja construção ter sido feita por Arquimedes é apenas especulação

Após esta introdução, vamos para o tempo presente da história - que neste caso é 1969 - onde somos apresentados aos demais personagens principais da trama. Temos então a afilhada de Jones, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), e o cientista nazista Jürgen Voller (Mads Mikkelsen), que estão em disputa para encontrar o famoso artefato primeiro.

E é neste momento que Indiana Jones e a Relíquia do Destino começa a degringolar. Primeiro temos uma nova e longa cena de perseguição pela cidade de Nova York, que até é boa. Mas depois a ação já corta para Marrocos, onde temos outra cena de perseguição, agora em carros, e que é péssima. Nada dela faz sentido, a lógica e a continuidade das cenas inexiste... é como se fosse uma união do pior de Missão Impossível com Velozes e Furiosos. Isso sem falar que o espectador teve que assistir duas longas seqüências de ação sem nenhuma pausa. Em termos de ritmo e estrutura narrativa, isso é péssimo.

Após esta parte, os heróis e vilões partem para a Grécia e aparentemente o ar europeu fez melhorar bem as idéias dos roteiristas, já que a partir de então, Indiana Jones e a Relíquia do Destino entra nos eixos e se mantém em bom nível até seu final. Não posso negar que pelo menos na meia hora final do filme, estive bem feliz e empolgado.

O desfecho de Indiana Jones 5 me surpreendeu positivamente por conseguir ser um pouco diferente dos demais filmes da franquia. Primeiro, pela sua estrutura, e segundo, porque ele resolve também debater sobre o envelhecimento. Parece que aqui enfim o diretor / co-roteirista James Mangold justificou sua contratação, já neste aspecto ele agradou bastante com seu filme Logan (2017).

Como conclusão, Indiana Jones e a Relíquia do Destino é pior que os três primeiros filmes da série, mas é melhor que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008). Portanto, para os fãs da franquia, a existência desse novo filme faz com que o ato final do Dr. Jones nos cinemas tenha um gosto mais palatável. Nota: 6,0.

Meu amigo John Rhys-Davies também está no filme, de volta como Sallah


PS 1: não há cenas pós créditos.

PS 2: sendo Indiana Jones minha franquia favorita, já escrevi vários artigos sobre ela no Cinema Vírgula. Clique aqui para vê-los!

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...