Diretor: Steve McQueen
Atores principais: Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender, Lupita Nyong'o
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=xSL_sCHDsHc
Nota: 8,0
Nota: 8,0
A boa história de sempre contada de maneira um pouco
diferente
Quando bem feito, não há como não se comover, se revoltar,
se envolver com filmes de escravidão. Seus oprimidos personagens ganham nossa
simpatia e nos emocionam. E isto não é diferente em 12 Anos de Escravidão, que
é um filme muito bem feito.
Entretanto, após mais de um século de cinema, filmes sobre escravismo
não faltam. É muito difícil fazer um filme sobre o tema sem mostrar “mais do
mesmo”. Felizmente, 12 Anos de Escravidão consegue um considerável sucesso em
ser diferente ao fugir de alguns clichês e de utilizar bem de alguns recursos
cinematográficos.
Na história baseada em fatos reais, estamos nos EUA dos anos
1840, e Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um homem livre negro do estado de
Nova York. Enganado e sequestrado eu uma viagem, ele é levado ao sul do país,
onde é vendido como escravo e passa por diversos “senhores”.
Há vários clichês em 12
Anos de Escravidão – o que enfraquece o filme - como por exemplo, o escravo
sendo obrigado a chicotear outro, o motim dentro do navio negreiro, a “senhora”
má; e o “senhor” que se apaixona pela escrava, especificamente neste caso, o
cruel branco Edwin Epps (Michael Fassbender) e a escrava Patsey (Lupita
Nyong'o).
Porém 12 Anos de Escravidão já começa a ser diferente da maneira em que se conta a
história. Por exemplo, com uma bela fotografia, o filme que se passa na zona
rural resiste a tentação de trazer cenas “épicas” com paisagens e cria um clima
muito mais intimista, mostrando sempre imagens a cerca de 3 a
5 metros dos atores. A trilha sonora também foge do convencional, por exemplo
trazendo em alguns momentos de tensão uma trilha incidental que lembra mais um
filme de suspense ou terror. E tudo isto funciona muito bem.
E há também alguns elementos novos: por ser um homem livre e
culto, Solomon é bastante inteligente e versátil. E mesmo com ele tentando
sempre se comportar para não ser punido, ele simplesmente não consegue
disfarçar que é “diferente”, o que lhe causa vários conflitos interessantes ao
longo da história.
Somando a estas gratas surpresas, o filme flerta com algumas curtas
cenas marcantes, como a do encontro dos escravos negros com índios, ou ainda,
como a cena de close onde, tomado por extremo desespero, Solomon olha por
fração de segundos no olho do espectador.
12 Anos de Escravidão foi indicado a 9 Oscars e é um dos
favoritos da premiação: Melhor Filme, Melhor Diretor (Steve McQueen), Melhor
Ator (Chiwetel Ejiofor), Melhor Ator Coadjuvante (Michael Fassbender), Melhor
Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong'o), Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino,
Melhor Montagem, Melhor Design de Produção.
Da parte das atuações, Chiwetel Ejiofor e Michael Fassbender
estão bem, mas não se destacam tanto. Lupita Nyong'o é quem brilha mais, porém ela
aparece pouco durante o filme.
Com uma boa história, e que consegue trazer alguns elementos
novos mesmo em um tema tão batido, 12 Anos de Escravidão consegue comover sem
ser apelativo, ou melhor dizendo, sem ser piegas. Méritos para a boa direção de
Steve McQueen, que indicado ao Oscar, tem a chance de ser o primeiro diretor
negro a levar a estatueta. Nota: 8,0.