Diretor: Christopher Nolan
Atores principais: John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Kenneth Branagh, Dimple Kapadia, Michael Caine
Bem vindo ao Cinema Vírgula! Com foco principal em notícias e críticas de Cinema e Filmes, este blog também traz informações de Séries de TV, Quadrinhos, Livros, Jogos de Tabuleiro e Videogames. Em resumo, o melhor da Cultura Pop.
Sem publicações no Brasil há alguns anos (a Panini obteve os direitos de publicação para o Brasil na metade de 2019 mas até hoje não publicou nada... aliás sequer fez comunicado oficial a respeito), é assustador perceber que Asterix sumiu também da mídia nacional. Cabe então ao Cinema Vírgula deixar os brasileiros atualizados sobre o tema (e não custa relembrar que eu publiquei um artigo com 3 novidades de Asterix também no ano passado. Clique aqui para rever).
E o meu "resumão" de notícias de Asterix para 2020 também conta com três itens.
O primeiro dele, muito triste, é que em Março o desenhista de quadrinhos Albert Uderzo nos deixou após um ataque cardíaco enquanto dormia, aos 92 anos, e se juntou no Céu com grande amigo, o escritor René Goscinny, falecido em 1977.
A dupla, mundialmente famosa pela criação e publicação de Asterix o Gaulês, teve seu último trabalho conjunto publicado em 2009, naquele que seria o 34º álbum da série, intitulado O Aniversário de Astérix e Obélix - O Livro de Ouro. Uma obra, aliás, bem diferente de todas as outras edições, já que mal tinha uma história em quadrinhos, era mais uma grande homenagem e resumo de todos os principais personagens das aventuras anteriores. Tudo indicava que não veríamos mais nada de novo da dupla... o que nos leva a segunda notícia:
Em Outubro de 2020 foi publicado na Europa o livro Le Menhir d' Or (O Menir de Ouro, em tradução livre). Não se trata de uma quadrinização, e sim de um livro ilustrado, assim como já aconteceu em outras obras de Asterix, como Os 12 Trabalhos de Asterix (1976) e O Segredo da Poção Mágica (2019).
Se trata da transcrição de um áudio-livro de 1967 (em disco de vinil), cuja foto se encontra lá em cima, abrindo o artigo. Na trama, o bardo Chatotorix resolve participar do concurso anual dos músicos gauleses, cujo prêmio principal se chama "Menir de Ouro" e cuja cerimônia será na Floresta dos Carnutes. Chatotorix é acompanhado por Asterix e Obelix e, após sua apresentação, é sequestrado pelos romanos, pois eles têm um general que gostaria de ouvir músicas gaulesas. Ou seja, de certa forma temos uma história que mistura elementos de HQs anteriores: Asterix e os Godos (1963) e Asterix Gladiador (1964). Mas mesmo sendo uma trama "reciclada", não importa: são textos de Goscinny e desenhos de Uderzo que ninguém tem contato há mais de 50 anos, e isso merece ser comemorado pelos os fãs!
Ah, e a experiência planejada pelos autores em 1967 pode ser revivida em 2020: no site oficial de Asterix você pode baixar e ouvir o áudio-livro (em Francês). Só clicar aqui.
A revista contém uma historia de quadrinhos inédita, com Ideiafix como protagonista! O conto é escrito por Matthieu Choquet e desenhado por Jean Bastide (este último é o atual desenhista de Bill, o cachorrinho de Boule & Bill, que já apresentei e recomendei por aqui). Ah: e a história é sobre uma epidemia de soluços(!??) que está acontecendo na Lutécia (como Paris se chamava na época dos gauleses).
E tem mais: o quadrinho surgiu para promover Idéfix et les Irréductibles, uma animação em 3D que irá estrear em 2021 em algum dos canais públicos de TV da France Télévisions. Já existem 52 episódios programados, e surpreendentemente o programa promete mostrar as aventuras de Ideiafix antes de conhecer Obelix... o desenho começará 2 anos antes do primeiro encontro da dupla!
Não sei quando (e se) os desenhos de Ideiafix serão distribuídos para o Brasil e o restante do mundo. Mas seria uma excelente maneira de fazer as pessoas de fora da Europa (re-)conhecerem Asterix, e também se divertirem com um cachorrinho bem inteligente que chora desesperadamente cada vez que vê uma árvore derrubada. Querem um símbolo melhor que esse para os tempos atuais?
Duas críticas. Dois filmes que estrearam em Dezembro na Netflix brasileira e que têm como protagonista uma atriz famosa e mega-talentosa. Ah, e de quebra um destes filmes é o último trabalho em vida do ator Chadwick Boseman, o eterno Pantera Negra, que faleceu em Agosto deste ano vítima de um câncer no cólon.
Soa promissor? Confira o que eu achei de cada um destes dois lançamentos:
Infelizmente Seinfeld não fez tanto sucesso aqui no Brasil. Talvez por não se encaixar nas comédias padrão adoradas por aqui, ao trazer um humor mais inteligente e apenas com personagens adultos; ou talvez porque no começo a série era apenas mediana: demorou algum tempo para Seinfeld se encontrar e consolidar como algo realmente muito bom. Nas duas primeiras temporadas a série ainda estava se conhecendo, se testando... e só a partir da terceira temporada ela começa a se mostrar diferenciada... e a partir daí, foi melhorando ano a ano!
O público também foi aumentando ao longo dos anos, junto com a qualidade da série. Foi apenas na sexta temporada que Seinfeld alcançou o topo do ranking dos programas mais assistidos na TV estadunidense. E o sucesso da série nos últimos anos foi estrondoso: para se ter uma idéia, para aceitar fazer a nona e última temporada, Jerry Seinfeld recebeu salários de US$ 1 milhão por episódio: ele foi o primeiro ator de TV da história a chegar nessa marca.
Do que se trata?
Como a própria série gosta de se chamar, é um "programa sobre o nada". E de fato, o grande foco do programa são os pequenos incidentes do cotidiano de quatro amigos: Jerry, George, Elaine e Kramer, que vivem na Nova York dos anos 90.
Mas o que faz Seinfeld ser especial em relação as outras séries? Principalmente, porque embora vários comediantes tenham feito sucesso baseado em um humor ácido focado em criticas no comportamento cotidiano da sociedade, Seinfeld foi quem melhor transportou isso para o formato da TV.
Claro, assim como toda comédia, também há muitas piadas feitas em cima das maluquices de seus próprios personagens (e como eles são malucos!), porém em várias situações temos comentários universais... se aplicariam a qualquer cidadão comum. Outra característica incomum deste seriado é que embora os protagonistas até sejam pessoas bem intencionadas (todos menos o George), ele frequentemente estão fazendo coisas de "ética duvidosa"... Sim, é comum ter algum personagem com este comportamento em sitcoms... mas TODOS ao mesmo tempo? Muito difícil.
E finalmente, outro ponto que me faz considerar Seinfeld genial foi a habilidade dos roteiristas em criar histórias onde as ações isoladas dos 4 protagonistas interferem acidentalmente na vida dos outros, em um verdadeiro "efeito borboleta"; além disso, o seriado constantemente nos faz rir pelo inesperado. Há muita coisa maluca e engraçada acontecendo de maneira surpreendente o tempo todo.
Os personagens principais
Jerry Seinfeld (Jerry Seinfeld): interpreta ele mesmo na série, um comediante solteirão em começo de carreira, que mora em um apartamento em Nova York.
George Costanza (Jason Alexander): baixinho, neurótico, e sempre evitando trabalhar, é o melhor amigo de Jerry. Convivem juntos desde o colegial, e é o "loser" da série.
Elaine Benes (Julia Louis-Dreyfus): mesmo sendo ex-namorada de Jerry, continuou a andar com o grupo normalmente, como grande amiga. Esperta e independente, é de longe a pessoa mais bem intencionada do quarteto, mas ainda assim, ela não é lá um modelo de pessoa.
Cosmo Kramer (Michael Richards): responsável pelo humor físico e as maiores bizarrices da série, Kramer é o maluco vizinho de Jerry, sempre se vestindo com roupas antigas, acreditando em todas as teorias da conspiração, e sempre tentando inventar esquemas para enriquecer ou burlar a lei.
Da esquerda para a direita: George, Elaine, Jerry e Kramer |
O fantástico time de personagens coadjuvantes
Outro grande fator para o sucesso da série é sua enorme relação de personagens coadjuvantes bizarros e divertidíssimos. E alguns deles eram baseados em pessoas reais da cidade de Nova York, como por exemplo o aventureiro J. Peterman (John O'Hurley), o Soup Nazi (Larry Thomas), ou maluco George Steinbrenner, cujo ator sempre aparecia de costas e as vozes eram feitas pelo Larry David. O verdadeiro Steinbrenner era de fato o presidente do New York Yankees.
Como em cada episódio o quarteto principal sempre conhecia novas pessoas, o seriado acabou exibindo uma quantidade enorme de comediantes e atores famosos (ou que se tornariam famosos depois) ao longo dos anos. Boa parte desses nomes eram atrizes que eram a "paquera da vez" de Jerry.
Olhem só esta lista: Jerry Stiller, Wayne Knight, Liz Sheridan, Bryan Cranston, Courtney Cox, Jon Favreau, Denise Richards, Debra Messing, Sarah Silverman, Molly Shannon, Peter Krause, James Spader, Amanda Peet, Patton Oswalt, Brad Garrett, Kathy Griffin, Lauren Graham, Rob Schneider, Teri Hatcher Lori Loughlin, Catherine Keener, Jane Leeves, Jon Lovitz, Ben Stein, French Stewart, Christine Taylor, Brenda Strong e Debra Jo Rupp são apenas alguns dos nomes que apareceram no seriado ao longo de seus 180 episódios.
E ainda muitos outros apareceram interpretando "eles mesmos", como por exemplo David Letterman, Fred Savage, Rudy Giuliani (na época o prefeito da cidade), George Wendt, Marisa Tomei, Rachel Welch, Jon Voight, Bette Midler e o astro do baseball Keith Hernandez.
Gostei! Como começar a assistir Seinfeld?
Para os viajantes de primeira viagem, devido a toda explicação que escrevi lá na introdução, sugiro começar a assistir Seinfeld pelo 3º episódio da Terceira temporada, intitulado "A Esferográfica" ("The Pen" no original). Ainda que não seja um grande episódio, ele apresenta bem os 4 personagens principais e a relação entre eles.
Atualmente Seinfeld ainda é exibido no Brasil pelo canal de TV a cabo Warner Channel. E as temporadas completas em DVD ainda podem ser encontradas para se comprar na Internet. E desde o dia 01/10/21 ele passou a estar disponível na Netflix.
8) The Playbook: Estratégias para Vencer (2020) - Netflix
Lançado mundialmente há pouco tempo, em Setembro desse ano, The Playbook foi uma grande decepção para mim. A idéia do seriado seria entrevistar grandes treinadores do mundo do Esporte e conhecer suas táticas, seus ensinamentos para o sucesso.
E o que vemos em The Playbook está bem longe disto. Em uma primeira temporada com apenas 5 episódios os técnicos apresentados foram "Doc Rivers" (NBA), "Jill Ellis" (Futebol Feminino), "José Mourinho" (Futebol Masculino), "Patrick Mouratoglou" (Tênis) e "Dawn Staley" (WNBA), e o tom apresentado foi muito mais de "louvor" a eles próprios do qualquer coisa didática.
Por exemplo, no caso de Doc Rivers quase toda a entrevista é sobre ele falando das dificuldades de trabalhar pelo Clippers após o então dono do time Donald Sterling ter áudios racistas vazados. No caso de Jill Ellis, é basicamente ela se elogiando mostrando seus sucessos e conquistas, porém sem explicar qual seu segredo para alcançar as vitórias. E assim vai... O melhor dos 5 episódios, e de longe o mais interessante, acaba sendo o do Mouratoglou, onde ele dá vários exemplos de como foi "moldando" o comportamento explosivo da tenista Serena Williams e a fez retomar ao topo do mundo.
7) Fangio: o Rei das Pistas (2020) - Netflix
Filme argentino que conta a história do genial Juan Manuel Fangio, que nos primórdios da Fórmula 1 venceu 5 títulos, e é considerado um dos maiores pilotos de todos os tempos.
Ainda que Fangio seja um filme interessante, a impressão que fica é que ele foi feito "tarde demais". Explico: por ter corrido nos anos 50, praticamente não há imagens de suas conquistas. E como ele faleceu em 1995, o material basicamente se compõe de depoimentos atuais de jornalistas e amigos. Há alguns trechos de entrevistas do próprio Fangio à televisões argentinas... mas é pouco. Se este mesmo documentário tivesse sido gravado com Fangio vivo, certamente teríamos "causos" em maior número e mais impactantes.
Apesar destes problemas, o filme consegue trazer histórias e imagens suficientes para deixar claro que Fangio era realmente diferenciado, e que o automobilismo daquela época tinha um nível de perigo que beirava a loucura.
6) The Carter Effect (2017) - Netflix
Filme contando com cerca de 1h, sobre a história e carreira do jogador da NBA Vince Carter. O foco não é bem sobre o jogador, e sim o impacto que sua ida para o Toronto Raptors causou naquela cidade canadense, dentro e fora das quadras. É interessante ver como apenas uma pessoa pode transformar a imagem e os hábitos de uma cidade inteira.
Como pontos negativos, o documentário é curto demais e deveria ter aproveitado melhor a oportunidade de apresentar para o público bem mais sobre a pessoa e a carreira de Vince Carter, que foi um personagem bem interessante para o basquete.. Outro fato que não gostei é que o rapper Drake (que também é um dos produtores do filme) recebe os holofotes para si mais do que deveria.
5) A Era do Peixinho (2018) - Amazon Prime
Com este péssimo nome para um filme, A Era do Peixinho não é sobre astrologia, ou pesca, ou natação, e sim, um documentário que conta a história do Voleibol no Brasil, desde seus primórdios até os dias atuais.
A história contada é interessante. Eu mesmo fiquei bastante surpreso com o nível de amadorismo do esporte nos anos 70/80. Além disto, ex-atletas e treinadores contam "causos" bem curiosos. E é sempre importante lembrar que o Brasil não é só o "país do futebol", mas também o país do Vôlei: inventamos os saques "Viagem" e "Jornada nas Estrelas", e dentre todas as dezenas de esportes disputados nas Olimpíadas, é no Vôlei onde o Brasil é de longe mais bem sucedido.
A lamentar que esta produção não está a altura da grandeza do Vôlei nacional. A produção é bem simples, feita por produtores independentes, e por isso mesmo parece carecer de recursos. A relação de entrevistados é pequena, o filme conta com poucas imagens das partidas, e justamente por isso boa parte das imagens mostradas não tem a ver com a história sendo contada pelas entrevistas.
4) Guillermo Vilas - Esta Vitória é Sua (2020) - Netflix
A Argentina sempre liderou a América do Sul no tênis, e ao pensar em tenistas desse país, em geral nós pensamos em nomes como Del Potro, David Nalbandian ou Gabriela Sabatini. É um pouco injusto, pois o primeiro nome que deveria vir em mente é o de Guillermo Vilas.
A história deste documentário é surpreendente: Vilas, que foi um dos melhores jogadores do tênis mundial na década de 70, nunca alcançou o topo do ranking da ATP. Entretanto isto é um grave erro: naquela época esta associação mundial de tênis tinha critérios de pontuação bem "estranhos", e então eles não computavam todos os jogos disputados. O filme mostra a luta de um jornalista argentino, que conseguiu provas de que Guillermo de fato conseguiu pontos suficiente para ser o Número 1 em alguns momentos da carreira, para que a ATP reconheça o fato.
Se no documentário de Fangio não pudemos tê-lo participando efetivamente do filme, aqui este "problema" é minimizado, pois Vilas continua vivo e dá algumas entrevistas atuais sobre o tema. Entretanto, infelizmente, o craque argentino já está com a saúde debilitada e sofre de Alzheimer. Suas entrevistas ainda foram lúcidas, mas ele claramente não está mais 100%.
3) Champs: nas carreiras de Tyson, Holyfield e Hopkins (2014) - Amazon Prime
Mais do que um filme sobre a carreira destes 3 grandes nomes do Boxe, Champs apresenta como o Boxe impacta a vida dos seus lutadores. Nos anos 80 e 90 o Boxe era uma das únicas chances de um negro da periferia sair do crime e ganhar algum dinheiro honesto em vida. Porém, mesmo se você conseguisse ser um dentre milhares a ter algum sucesso, a total falta de proteção a estes lutadores (pois ao contrário dos outros esportes profissionais dos EUA como a NBA, NHL, NFL e etc, no Boxe não há nenhum sindicato de atletas ou entidade nacional) fazia que após ficarem milionários, os atletas rapidamente perdiam todo o dinheiro, por falta de orientação e por serem enganados por "empresários". Foi exatamente o que aconteceu com o trio do título deste documentário.
Champs também é interessante para as pessoas relembrarem o quanto o Boxe foi um esporte gigante nos EUA até meados dos anos 90, muito maior que o atual UFC é ou já sonhou em ser.
2) Losers (2019) - Netflix
Eis um seriado simplesmente incrível, mas que pelo jeito não foi muito assistido já que quase dois anos após seu lançamento, não há nenhuma notícia de uma futura nova temporada.
Contando com 8 episódios com cerca de 30 minutos cada, cada "capítulo" traz a história de um ex-esportista diferente que teve uma carreira de sucesso, mas que acabou sendo "esquecido" porque simplesmente não chegou a ser o "número um" do mundo, ou então, porque teve alguma derrota muito marcante.
É impressionante - e um pouco triste - que pessoas incríveis como essa não alcançaram o devido reconhecimento só porque não alcançaram o topo. Ou até alcançaram, mas não ficaram lá por muito tempo. E são todos vitoriosos, porém não são vistos desta maneira pela sociedade. Então é bastante importante que estes atletas tenham seu espaço e desfrutem de um pouco de fama via Netflix.
São várias histórias bem interessantes, de superação, e de decepções. Têm atletas do Boxe, Curling, Patinação Artística, Atletismo, Golfe, Basquete... Muito interessante! Gostaria que Losers ganhasse muitas outras temporadas. Quem sabe se você assistir, a Netflix toma alguma atitude a respeito? ;)
1) Arremesso Final (2020) - Netflix
Chegamos a cereja do bolo: não só o melhor dos documentários desta lista, como também um dos documentários mais surpreendentes e polêmicos sobre esportes dos últimos anos: Arremesso Final (The Last Dance, no original - aliás péssima tradução de título). São 10 episódios com pouco mais de 50 min cada. É bastante coisa pra ver, para deleite dos fãs.
Trazendo Michael Jordan como grande estrela, este documentário apresenta a carreira do jogador, um pouco da história do Chicago Bulls, e principalmente, tudo envolvendo a última temporada de Jordan pelo Bulls, a de 1997-98, contando com várias horas de imagens de bastidores da época: um material raro e incrível.
Este documentário é muito importante para relembrar para o público atual o quanto Michael Jordan foi grande... ele não é considerado o maior de todos à toa. E de quebra agora compreendo bem melhor o porquê dele ter "abandonado" a carreira por dois anos em pleno auge. A mente perfeccionista e obsessiva de MJ, que simplesmente se recusava a perder, também tem suas desvantagens: ele não era lá muito querido por vários jogadores do seu time.
Há várias histórias contadas e que me surpreenderam. Por exemplo, desconhecia a falta de profissionalismo de Pippen nos seus últimos anos de Bulls, ou ainda, o "ódio" que os jogadores tinham do Kukoc antes dele entrar na NBA.
Uma das coisas mais divertidas da série são os próprios depoimentos de Jordan, que como um Brás Cubas moderno, supostamente está sendo sincero e só vai falar a verdade mas... não é bem assim. Momentos polêmicos e outras "mentiras" do eterno camisa 23 do Bulls não faltam.
Por exemplo, Jordan afirma categoricamente que nunca pediu para que Isiah Thomas ficasse de fora das Olimpíadas de 1992, fato esse "desmentido" por algumas testemunhas (que não aparecem no documentário, claro) e que afirmam que Jordan disse que não iria para os Jogos caso Isiah fosse convocado.
Outro causo pitoresco é a versão que o jogador conta sobre como ele ficou doente antes do famoso Flu Game, a 5a partida das finais da NBA de 1997, onde Jordan jogou visivelmente debilitado e com febre alta. A versão do MJ pode até ser verdade, mas é tão absurda que virou piada no mundo da NBA nos dias seguintes à exibição do episódio. E ainda há mais algumas outras mentiras de Jordan no documentário, mas nem citarei aqui... assistam rs.
Se você gosta um mínimo de NBA, Arremesso Final é simplesmente imperdível. Simples assim!
Bônus: Ícaro (2017) - Netflix
Finalmente, como bônus, recomendo aqui mais uma vez o filme vencedor do Oscar de Melhor Documentário de 2018, e que principalmente, foi o gatilho para a descoberta do maior escândalo de doping do esporte mundial nas últimas décadas.
Se interessou e quer mais detalhes? É só clicar aqui e ler sobre o que escrevi sobre ele no começo deste ano.
Em 1986 o estadunidense Frank Miller surpreendeu o mundo dos quadrinhos e lançou a HQ minissérie O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns no original), que mostrava um futuro onde o Batman, já aposentado e com 55 anos, resolve voltar a combater o crime. O "futuro" criado por Miller era um mundo muito triste, escuro, degradado. E foi especificamente graças a esta obra - uma das melhores histórias de super-heróis de todos os tempos - que os roteiristas do Batman passaram a descrever desde então o "Morcegão" como um personagem violento, sério e sombrio.
Mais ou menos na mesma época (mais especificamente em 1984), a dupla Kevin Eastman e Peter Laird iniciava a publicação de sua maior (e muito estranha) criação: as Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles no original, e ainda mais conhecida pelas iniciais TMNT). A obra, bastante violenta e ainda em branco-e-preto (publicada por uma pequena editora criada por eles mesmos) sofreu para se manter viva inicialmente. Porém em 1987 tudo começou a mudar: as Tartarugas viraram brinquedos, depois ganharam desenho na TV, e a partir deste momento virou sucesso mundial, aparecendo em tudo quanto é tipo de produto, incluindo jogos de videogame de ótima qualidade.
O sucesso não fez tão bem para a parcela de quadrinhos dos criadores originais, já que a visão deles foi eclipsada por adaptações licenciadas mais "família" das Tartarugas, que representavam mais o clima infanto-juvenil que era mostrado e acompanhado nos desenhos da TV. Eastman e Laird escreveram até 1993, mas a franquia continuou sob diversos outros estilos e autores. Em 2011 Kevin Eastman voltou a escrever TMNT, através do reboot feito pela editora IDW Publishing. Esta série, que continua até hoje, é excelente. Talvez a melhor dentre todas as versões destes famosos quelônios.
E enfim - ufa - chegamos ao assunto do título. Em outubro deste ano, também via editora IDW, Kevin Eastman e Peter Laird voltaram a trabalhar juntos - o que causou grande hype nos fãs - e iniciaram uma minissérie em quadrinhos de nome TMNT: The Last Ronin (Tartarugas Ninja: O Último Ronin, em tradução livre). A série terá 5 edições, e até agora só saiu o primeiro número, mas ele foi um grande sucesso de vendas e crítica!
Na história, que se passa em um futuro indeterminado, vemos uma Nova York sombria, destruída, em que a ilha de Manhattan virou uma fortaleza protegida por altos muros e governada pelo Clã do Pé (Foot Clan no original). Então, uma das Tartarugas, já bem envelhecida, chega sozinha à cidade procurando justiça pela morte de seus outros 3 irmãos. Não demora muito para revelar o "culpado" pelas mortes: Oroku Hiroto, o neto do Destruidor!
Pelo tema, e pelo ambiente criado nesta HQ, TMNT: The Last Ronin está sendo bastante comparada com O Cavaleiro das Trevas. Se ao final da minissérie a obra continuará digna desta comparação, saberemos daqui alguns meses. Mas o que mais importa é o recado: esta é uma época excelente para voltar a ler Tartarugas Ninjas!!
Estrelado pela jovem e talentosa Anya Taylor-Joy - que já havia se destacado nos filmes A Bruxa (2015), Fragmentado (2016) e na continuação Vidro (2019) - a minissérie agradou tanto que renovou o interesse do mundo no Xadrez, o que é uma notícia muito bem vinda.
Na trama conhecemos a história de Beth Harmon (Isla Johnston, e posteriormente Anya Taylor-Joy), que se tornou órfã bem jovem e então enviada a um orfanato feminino. Lá ela acabou aprendendo xadrez com o zelador e se revelou um verdadeiro prodígio... vencendo em pouco tempo (mesmo apesar de ter mal entrado na adolescência) os melhores jogadores profissionais de xadrez do seu país.
A história contada ao longo dos capítulos é sobre o mundo do xadrez; mas também é sobre as dificuldades da protagonista no orfanato, sua transformação em uma mulher, sua obsessão pela vitória, sua dependência em comprimidos e álcool, e... família. Aliás, a maneira com que ela entra em contato com as drogas é chocante, triste, e uma considerável crítica social. Outra crítica presente, e muito bem vinda para os tempos atuais, é a exposição da opressão vivida pelas mulheres em geral.
O Gambito da Rainha é uma produção de altíssimo nível. Situada nos anos 60, o design de produção é simplesmente impecável. Fotografia, figurino... tudo de encher os olhos. Por falar em figurino, Beth quase sempre está muito elegante, maquiada, e usando uma roupa mais chique que a outra. Isto não está presente no livro original, porém certamente é outro grande atrativo para o público da Netflix, além de - segundo a produção - propositalmente quebrar o estereótipo e mostrar que um enxadrista também pode ser elegante e "bacana".
Também impressionam a enormidade de localidades mostradas, a presença de uma trilha sonora excelente e variada, com vários "hits" daquele tempo. O valor gasto na produção ainda não foi revelado... mas não deve ter ficado nada barato. Parabéns a Netflix por investir esse dinheiro em algo tão bom.
Voltando ao Xadrez, o seriado não apenas retrata o altamente estressante mundo deste esporte com veracidade, como também um pouco do preconceito recebido pelas mulheres neste meio. Eu reforço o "pouco" pois esse é o maior (e talvez único) defeito da série: a história é "leve" demais na maneira com que os adversários homens tratam Beth. No mundo real - mesmo nos dias atuais - haveria muito mais sexismo e desrespeito. Também é um bocado irreal o quão bem a protagonista é recebida pelo povo russo. Entretanto, parte destes "erros" vêm do livro, que traz abordagem parecida. Livro e seriado são, por sinal, muito parecidos.
Outra enorme qualidade de O Gambito da Rainha é conseguir apresentar diversas partidas deste jogo de tabuleiro (que na vida real costumam ser bem monótonas para o público comum) sempre de maneira empolgante, e também sempre variando no formato de captação das imagens e montagem.
Finalizando meus comentários sobre esta excelente minissérie - uma das melhores produções de 2020 - em resumo Beth tem dois grandes rivais: o soviético e campeão mundial Vasily Borgov, e seus fantasmas internos. Recomendo O Gambito da Rainha fortemente para quem ainda não assistiu!
Curiosidades:
Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...