segunda-feira, 6 de junho de 2022

Crítica - Top Gun: Maverick (2022)

Título: Top Gun: Maverick (idem, China / EUA, 2022)
Diretor: Joseph Kosinski
Atores principaisTom Cruise, Jennifer Connelly, Miles Teller, Val Kilmer, Bashir Salahuddin, Jon Hamm, Charles Parnell, Monica Barbaro, Lewis Pullman, Glen Powell
Nota: 8,0

Tom Cruise continua sendo o maior nome do cinema de ação da atualidade

Tom Cruise sempre gostou de dispensar dublês nas cenas de ação, em especial na franquia Missão: Impossível. Mas foi a partir do Missão Impossível 4, em 2011, que o astro resolveu levar sua preferências a outro patamar, quando escalou o maior prédio do mundo, em Abu Dhabi, se pendurando do lado de fora a mais de 800m de altura. A partir daí o ator estadunidense começou, para cada novo filme, inventar uma nova peripécia diferente e transformar suas atuações de perigo na principal campanha promocional de suas produções. E - a melhor notícia para seu público - é que suas "loucuras" foram acompanhadas de filmes de ótima qualidade.

Com Top Gun: Maverick a história não foi diferente. Desta vez Tom Cruise levou vários atores junto com ele para dentro do cockpit dos jatos de guerra atuais, e todas as cenas de batalha e acrobacia áreas do filme são reais. Foram meses de treinamento, e ainda que os atores na vida real não "pilotem" os caríssimos caças, eles estão de fato lá dentro, sofrendo os devastadores efeitos de variação de direção e aceleração. Assistir Top Gun: Maverick nos cinemas dá uma sensação muito grande de realismo, e é um deleite para fãs de aviação e de filmes de guerra.

Na história desta continuação do filme de 1986 (sim, se passaram 36 anos), Maverick (Tom Cruise) continua na ativa como piloto, já que não conseguiu evoluir na carreira militar devido seu histórico de indisciplinas, e então é convocado pelo Almirante Iceman (Val Kilmer) para ser o professor de uma nova equipe de pilotos prodígio para prepará-los em um ataque quase impossível contra uma base inimiga. Dentre os alunos se encontra Rooster (Miles Teller), que odeia Maverick e é filho do falecido Goose, o antigo melhor amigo do protagonista.

Os dois primeiros atos de Top Gun: Maverick até são interessantes, possuem boas cenas de ação aérea, e se baseiam no treinamento dos pilotos. Mas ao mesmo tempo, é uma parte do filme que usa bastante (até demais) da nostalgia, flashbacks e homenagens ao filme anterior. O roteiro consegue ser bem sucedido ao nos fazer importar com a história dos personagens principais, mas ao mesmo tempo, perde pontos ao "elogiar" a atmosfera machista e arrogante dos anos 80. O mundo evoluiu, mas o pensamento dos personagens e roteiristas de Top Gun, não.

Já o ato final de Top Gun: Maverick é simplesmente espetacular. As lutas entre os caças são realmente muito emocionantes, fora outros fatos extras que não vou citar aqui para não dar spoiler. Se prepare para ficar pelo menos 20 minutos grudado na poltrona, tenso, preocupado e ao mesmo deslumbrado com tudo o que está vendo.

Top Gun: Maverick é um filmão e um dos melhores filmes do ano até agora. E, claro, é um filme que só faz sentido ser assistido nos Cinemas. Não cravo como "o" melhor filme do ano como muitos têm feito justamente pelo roteiro digamos "antiquado" dos dois primeiros atos. Ainda assim, todo o filme é melhor que o Top Gun original, do começo ao fim. Talvez a única coisa que esse novo Top Gun seja inferior ao primeiro filme é a trilha sonora, mas ainda assim ela é boa, não há nenhum demérito nela... pelo contrário.

Top Gun: Maverick já é uma das melhores bilheterias da bem sucedida carreira de Tom Cruise e ele certamente merece esse retorno. Não apenas pelo que ele continua fazendo pelos filmes de ação, e por continuar a dar motivos convincentes as pessoas para sair de casa e ir até os cinemas. Mas também pela oportunidade dada a Val Kilmer. Tom só aceitou voltar se Val tivesse um papel importante no filme, e Kilmer - que teve câncer na garganta na vida real - após tratamentos e traqueostomia, praticamente não consegue mais falar (as vozes dele no filme são feitas foram simulações por computador). Um gesto muito bonito de Cruise, que merece ser citado. Nota: 8,0

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #010 - DEZ estrelas de Hollywood que já escreveram Quadrinhos

Sabiam que no final de Março chegou ao Brasil uma minissérie em quadrinhos escrita por Keanu Reeves? Pois é... isso me motivou a trazer para vocês essa surpreendente lista. Mas não foi somente nosso eterno Neo que já se aventurou a escrever HQs, a lista de atores que já tiveram seus momentos de escritor chega a dezenas. Nesta lista, trago para vocês 10 deles. Confiram!


Keanu Reeves - o ator é co-criador e co-roteirista da minissérie BRZRKR (lê-se "Beserker"). A obra está programada para ter 12 edições, com a primeira lançada nos EUA em Março de 2021. A saga ainda não foi concluída, e o oitavo volume está programado para este mês na terra do Tio Sam. O quadrinho conta a história de um semideus aparentemente imortal de nome Berserker (e visualmente com a cara do Keanu Reeves) ao longo dos séculos. Por enquanto a saga tem sido muito bem vendida, já em termos de críticas é considerada "mediana", com destaque para as (boas) cenas de muita violência. No Brasil a história será lançada em 4 volumes. Ah, e tem brasileiro nos quadrinhos de BRZRKR: o desenhista Rafael Grampá é quem faz as capas das revistas. Atualmente estão em desenvolvimento pela Netflix um filme (com Keanu estrelando) e uma série de animação sobre BRZRKR, porém ainda sem nenhuma previsão de lançamento.



John Cleese - provavelmente o nome mais famoso do grupo de comediantes britânico Monty Python, o também ator e escritor John Cleese foi co-escritor de uma graphic novel do Super-Homem de 2004 intitulada Superman: True Brit, uma história alternativa que mostra o que aconteceria se a nave do bebê Kal-El tivesse caído na Inglaterra, ao invés dos EUA. Publicada pela DC Comics, a obra recebeu opiniões divididas pela crítica. Com várias piadas e críticas contra a polícia e tablóides britânicos, há nela entretanto algumas idéias que eu gosto, como por exemplo, o fato de que Colin Clark (sim, aqui não é Clark Kent) começar a usar óculos na adolescência para evitar acidentes com sua visão de calor (as lentes foram feitas de um vidro que veio de sua nave).


Mark Hamill - nosso amigo Luke Skywalker aparece aqui com a publicação mais antiga desta lista. Em 1996 ele lançou, como co-escritor, uma minissérie em 5 edições de nome The Black Pearl publicada pela Dark Horse Comics. Aqui temos outra HQ que critica fortemente os tablóides e seu sensacionalismo. A história é sobre Luther Drake, um homem comum que resolve se tornar um vigilante. Hamill escreveu o roteiro pensando em transformá-lo em um filme; como não conseguiu investidores, a história ficou mesmo só nos quadrinhos.


Patton Oswalt - o comediante e ator Patton Oswalt é o primeiro desta lista que escreveu não uma, mas várias obras em quadrinhos. Para a DC ele escreveu JLA: Welcome to the Working Week (2003), que aparece na imagem acima, e é uma história de humor mostrando um adolescente que foi teletransportado acidentalmente dentro da Torre da Liga da Justiça, e, por uma semana, observa em segredo o que os heróis aprontam. Já para a Marvel, Oswalt co-escreveu o recente M.O.D.O.K.: Head Games (2020), minissérie em 4 edições que ajudou a promover e complementar a série de animação de TV M.O.D.O.K., que saiu pela Star+ no ano seguinte. Dentre outras publicações, ele escreveu uma das histórias dentro de Bart Simpson's Treehouse of Horror nº 13 (2007), e uma das histórias incluídas em The Goon: Noir (2006).


Rashida Jones - a filha de Quincy Jones é bem mais conhecida atuando em seriados (Parks and Recreation, The Office), mas também já apareceu em diversos filmes, e foi uma das roteiristas de Toy Story 4 (2019)! Portanto não é lá grande surpresa vê-la se arriscar como roteirista de quadrinhos. Sua criação é Frenemy of the State, uma minisérie de 5 edições publicada em 2010 pela Oni Press, como parte de um projeto de trazer mais quadrinhos de artistas femininos para público feminino. A história conta de forma bem humorada as aventuras de Ariana Von Holmberg, uma jovem e rica socialite que resolver virar agente da CIA. Os direitos de Frenemy of the State foram comprados pela Universal Studios antes mesmo da história ser publicada, mas até hoje não houve nenhum indício de produção de um filme.



Rosario Dawson - a atriz é co-criadora e co-roteirista da minissérie de 4 edições O.C.T. - Occult Crimes Taskforce, publicada pela Image Comics em 2006. A história acompanha a policial Sophia Ortiz (que é desenhada igual a Dawson) dentro de uma unidade da Polícia de Nova York especializada em crimes ligados ao "oculto". A obra é outra que já teve os direitos de adaptação comprados tanto para filmes como para série de TV, mas também nada de concreto até hoje. Em 2019 saíram rumores de que o canal A&E planejava lançar um seriado de O.C.T. mas nenhuma outra notícia foi dita desde então.


Samuel L. Jackson - claro que um ator que lucra em cima da fama de ser "fodão" não iria apenas (co)escrever sua HQ, mas também ter o personagem principal dela com a sua cara. Publicada como minissérie em 4 edições pela Boom! Studios em 2010, em Cold Space temos um quadrinho futurista onde vemos Mulberry, um criminoso espacial em fuga, caindo em um planeta em meio à uma guerra civil. Seu objetivo: sobreviver e se manter badass, claro!


Thomas Jane - talvez o ator menos conhecido desta lista, Thomas interpretou o super-herói Frank Castle no filme O Justiceiro (2004) e nesta época ficou amigo do ilustrador Tim Bradstreet, que não somente criou os pôsteres do filme, mas também era quem desenhava as capas da HQ do Justiceiro naquele momento. No ano seguinte a dupla lançou a minissérie Bad Planet pela Image Comics, com Jane sendo um dos roteiristas. A história conta sobre um meteorito que cai na Terra atual, mas que possuía organismos alienígenas "aracnídeos" que começam a atacar os humanos e se multiplicar. É então que também chega a nosso planeta um outro extraterrestre, um guerreiro de outra espécie alien, que age tentando impedir a terrível invasão. A publicação de Bad Planet é bastante conturbada. O volume 1 saiu em 2005, mas o volume 6 (que encerra o primeiro arco) saiu apenas em 2008. Os criadores iniciaram a publicação do segundo arco de histórias com mais 6 edições (a saga foi prevista em 12 revistas desde o começo), porém até hoje apenas os números 7 (em 2012) e 8 (em 2013) saíram. Tim e Thomas dizem que ainda procuram financiadores para finalizar a história...


Tyrese Gibson - além de cantor e ator da longa franquia de filmes Velozes e Furiosos, Tyrese também já foi co-roteirista de quadrinhos. Em 2009 ele criou o super-herói Mayhem e lançou uma minissérie de mesmo nome em 3 edições pela Image Comics. A história é sobre Dante, um vigilante afrodescendente mascarado que atua na cidade de Los Angeles lutando contra o crime, representado principalmente pelo chefe do crime local Big X. Mayhem! teve vendas ruins e foi mal avaliado pela crítica, sendo o quadrinho de pior desempenho desta lista.


Brian Posehn - embora já tenha atuado em vários filmes - sempre em pequenas participações - imagino que você só reconhecerá Brian como o geólogo Bert no seriado The Big Bang Theory, seu mais famoso personagem em live-action (já que ele também deu vozes a vários personagens de animação). Porém, há um motivo muito especial para que ele encerre essa lista: Brian Posehn é de longe dentre os atores que citei quem mais escreveu obras em quadrinhos... afinal ele foi "o" escritor das revistas de Deadpool, da Marvel Comics, de 2012 a 2015. Foram 45 edições mensais, e mais a minissérie de 7 edições Deadpool: Dracula's Gauntlet. Você sabia disso? Deixe nos comentários se foi o caso!





PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

quarta-feira, 20 de abril de 2022

Top 10: os melhores seriados originais Netflix que já assisti - parte 2 (Edição 2022)


Meu Top 10 Netflix está de volta! Em maio de 2019, após eu ter assistido 25 seriados originais da famosa empresa de logotipo vermelho, optei por listar as 10 que mais gostei, e o resultado foi esse aqui (clique).

E agora, quase exatos 3 anos depois, acabo de completar mais 25 novos seriados originais assistidos, então segue um novo Top 10, considerando esta nova safra de assistidos (para saber quais foram os 25 seriados que vi e entraram nesta avaliação, é só olhar na imagem acima). Vamos a eles, do "menos bom" para o melhor":


10. Filmes Que Marcaram Época (3 temporadas)

Uma série de que traz de maneira muito bem humorada os bastidores da produção de filmes famosos de Hollywood. Cada episódio é um documentário completo com pouco mais de 30 min que conta a história de um único filme... como ele foi criado, suas dificuldades de produção e curiosidades. Até agora foram 16 episódios em 3 temporadas. Dentre os filmes mostrados tivemos Esqueceram de Mim, Os Caça-Fantasmas, De Volta Para o Futuro, Uma Linda Mulher, A Hora do Pesadelo, Robocop, etc. O que se pode aprender nessa divertida série é que mesmo para os grandes sucessos do cinema, SEMPRE temos uma correria absurda repleta de improviso e sorte.


9. Você Radical (1 temporada)

Você Radical foi a primeira experiência "pra valer" da Netflix de aventura interativa. Nesta série você acompanha Bear Grylls, britânico conhecido por apresentar o programa de sobrevivência À Prova de Tudo do canal Discovery. Em cada episódio Grylls é "abandonado" em algum lugar remoto diferente do planeta, e tem o desafio de chegar até um local de resgate programado. Ao longo do episódio você é obrigado a tomar várias decisões, escolhendo uma dentre duas opções, e muitas vezes sua escolha pode levar Bear a morte. Ainda que bem simples, para uma experiência interativa inicial considerei algo bem interessante e instrutivo. Tivemos apenas uma temporada, infelizmente, com 8 episódios bem curtos. Quem não conhece ainda, experimente, é bem rapidinho!


8. Losers (1 temporada)

Um excelente seriado sobre esporte e bastante injustiçado... certamente mereceria mais público e novas temporadas. Mais uma vez temos aqui uma série-documentário, e o nome Losers ("Perdedores") da série revela bastante sobre o que ela se trata... ou não. Explico: porque as pessoas retratadas aqui na verdade são famosas e venceram muitas vezes, porém apenas não atingiram o topo do mundo, ou falharam em algum momento crítico. Eu já comentei mais a respeito desta série nesta lista de "Melhores Documentários de Esporte". Clique nela para saber mais detalhes sobre Losers, vale a pena. 


7. A Máfia dos Tigres (2 temporadas)

Assisti apenas a primeira temporada de A Máfia dos Tigres e ela foi mais que suficiente não só para entrar nessa lista, como também para desejar não querer assistir a temporada seguinte. É porque esta série-documentário é insana demais, pro bem e pro mal. Nela conhecemos o mundo dos criadores de tigres nos EUA: são pessoas que criam e exibem estes gigantes felinos em pequenos zoológicos e outros tipos de eventos para ganhar dinheiro e prestígio. E ela não choca apenas pelos maus tratos aos animais, mas principalmente pelo nível de loucura de todos os humanos envolvidos. Há crime de todos os tipos, e comportamentos estranhíssimos de todos os tipos também. Para se ter uma idéia, a pessoa mais "sensata" dos entrevistados no documentário é um cuidador de animais que perdeu um braço para um tigre e encara o evento como se fosse algo totalmente comum, como se tivesse ido a um salão cortar o cabelo.


6. Criminal (5 temporadas somados 4 programas diferentes)

Eis outra produção que gostei tanto que já falei sobre ela antes aqui no Cinema Vírgula. Cada episódio (com cerca de 30 a 40 min cada) traz uma investigação policial de um caso diferente, com começo, meio e fim, e tudo isso se passando apenas dentro de uma sala de interrogatório. Da época que escrevi sobre Criminal pela primeira vez até o dia de hoje, acabei assistindo o Criminal: Espanha, que também aprovo; e agora só me falta o Criminal: França. Para quem quiser saber mais detalhes sobre esse excelente seriado de detetive repleto de atores famosos, só clicar aqui para ler o meu texto completo a respeito.


5. The Witcher (2 temporadas)

O seriado que é baseado em uma famosa franquia de Videogames que por sua vez é baseado em uma (longa) franquia de livros continua sendo uma das maiores apostas de catálogo da Netflix. Além do salário astronômico para sua maior estrela Henry Cavill (o atual ator dos filmes de Superman), e a futura 3ª temporada já confirmada, ainda existirão filmes e minisséries derivados. Se passando em um mundo medieval de fantasia, em The Witcher acompanhamos principalmente as aventuras de três personagens: Geralt de Rivia (Cavill) um "Bruxo" (classe de humanos modificada e aperfeiçoada fisicamente através de poções) que atua como caçador de monstros, a princesa Ciri de Cintra (Freya Allan) que por possuir poderes antigos é perseguida e cobiçada por vários Reinos e grupos, e Yennefer de Vengerberg (Anya Chalotra) uma feiticeira metade Elfa que se destaca perante seus pares pela inteligência e força de vontade.

A primeira temporada é boa, conta várias histórias curtas, mas é um pouco confusa e irregular já que se passa em três linhas temporais distintas, e não apresenta isso de maneira clara para o espectador. Já a segunda temporada é bem melhor, com apenas uma linha temporal e uma única grande história a ser contada. Desde que Game of Thrones acabou, The Witcher tem sido um bom substituto.


4. Mindhunter (2 temporadas)

Dentre todos os seriados que a Netflix começou e parou, Mindhunter foi o segundo "cancelamento" que mais me chateou (o primeiro foi Santa Clarita Diet, vencedor da minha lista anterior de TOP 10 Netflix).

Aqui temos uma série policial que mistura ficção e realidade, que se passa em 1977, e supostamente conta a história de como o FBI aprendeu (e criou um departamento para isso) a capturar assassinos em série. Além de contar com interessantes histórias pessoais para o trio principal de investigadores, a série também apresenta vários criminosos reais (interpretados por atores, claro), como por exemplo Edmund Kemper, David Berkowitz e Charles Manson. A "desculpa" para o encerramento de Mindhunter foi que o cineasta David Fincher - principal produtor e diretor da série - teve que se afastar para tocar outros projetos. Tanto Fincher quanto a Netflix falam em retomar a série daqui alguns anos... Tomara.


3. Arremesso Final (1 temporada)

Primeira minissérie desta lista, porém outro documentário esportivo, Arremesso Final repassa por toda a carreira de Michael Jordan, mas principalmente, traz tudo de bastidores do que aconteceu nos anos em que seu Chicago Bulls conseguiu ser 6 vezes campeão. Jordan nos revela seus "causos" sem se preocupar com a repercussão de suas falas, mas ao mesmo tempo, percebemos que suas histórias são bem, digamos... parciais. Ele se porta como Brás Cubas fez no Memórias Póstumas, de Machado de Assis. Obrigatório para todo fã de basquete, Arremesso Final acabou gerando várias polêmicas, e Scottie Pippen, um dos mais criticados por MJ no documentário, ainda hoje continua bem irritado com este documentário de seu ex-companheiro de time. É curioso ver que para se tornar a estrela máxima que foi, Jordan teve que abrir mão de ter amigos; e de maneira melancólica, vemos que isso ainda é realidade para ele em 2022. Querem saber mais? É só continuar lendo neste texto aqui, presente na mesma lista de documentários sobre esporte que citei antes (porém nela Arremesso Final ficou em 1º lugar).


2. Arcane: League of Legends (1 temporada)

Arcane é um desenho baseado na franquia de jogos para computador League of Legends, a qual aliás não conhecia absolutamente nada. E isso foi até bom, pois acabei tendo algumas surpresas ao longo da história que não teria se conhecesse o game. Mas em suma, tanto faz... não importa se seu conhecimento sobre League of Legends é 0 ou 100%, você vai admirar muito essa produção porque ela é excelente. Seus aspectos técnicos são acima da média (desenho, animação, música); porém o que é realmente especial em Arcane é sua história: temos aqui uma trama política que mistura ação e relacionamentos muito bem construída, e o melhor de tudo, que desenvolve seus personagens de maneira primorosa, quase perfeita. Arcane é muito, mas muito bom mesmo! Porém, vou fazer uma confissão a vocês: apesar de sua enorme qualidade, não irei assistir a segunda temporada, e por dois motivos. Primeiro porque esperava de Arcane um mundo com mais fantasia; e segundo que esperava que essa primeira temporada fosse uma história fechada... ela até encerra um "arco", mas está longe de encerrar o destino dos personagens.


1. O Gambito da Rainha
(1 temporada)

O que mais dizer do número um da minha lista que eu já não disse neste texto - e repleto de curiosidades - antes? Clique aqui para ler! O Gambito da Rainha leva a primeira posição pela enorme qualidade de roteiro e produção, além de conseguir agradar todos os tipos de gostos e público. E, claro, revela para todo o mundo o quão charmosa e talentosa Anya Taylor-Joy pode ser. Esta minissérie possui apenas 7 episódios e dá para assisti-la bem rapidamente. Se você ainda não a assistiu, faça esse favor a si mesmo e corra vê-la!




E aí? Quais séries vocês já assistiram dessa lista? Respondam nos comentários!

terça-feira, 5 de abril de 2022

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Projeto Adam (2022) e A Bolha (2022)

Mais dois filmes lançados bem recentemente na Netflix cuja crítica trago aqui no Cinema Vírgula.  Ambos misturam ação, comédia e vários atores famosos. Mas serão idênticos também em qualidade? Leiam abaixo para descobrir a resposta!



O Projeto Adam
 (2022)
Diretor: Shawn Levy
Atores principais: Ryan Reynolds, Walker Scobell, Mark Ruffalo, Jennifer Garner, Catherine Keener, Zoe Saldaña, Alex Mallari Jr

Não vejo nada demais em Ryan Reynolds como ator, mas quando ele fez Deadpool em 2016 sua carreira mudou totalmente. Meio que misturando a vida real com a ficção, desde então Reynolds passou a fazer apenas filmes de ação misturado com comédia, e mais ainda, passou a entregar sempre produções bem divertidas. É uma fórmula que pelo jeito ainda renderá vários frutos e está longe de se desgastar. Por exemplo, ano passado ele lançou o bom Free Guy: Assumindo o Controle, e depois Alerta Vermelho, um filme bem meia boca, mas que ainda assim também diverte bastante. E 2022 começa com outra comédia de ação de Ryan, O Projeto Adam. Mais uma vez, diversão garantida.

A história de ficção científica e viagem no tempo começa em 2050, onde vemos Adam (Reynolds) voltando do futuro para 2022 em uma missão misteriosa. Mas algo dá errado e ele acaba precisando de sua versão de 12 anos (Walker Scobell) para completá-la. A história então "brinca" com a relação e traumas do Adam adolescente e adulto com eventos relacionados aos seus pais (interpretados por Mark Ruffalo e Jennifer Garner).

Ainda que não seja o foco de O Projeto Adam, o filme traz efeitos especiais bem interessantes e respeitáveis. Como disse antes, a história está mais interessada no relacionamento entre os personagens, e misturando drama com humor (e várias referências a cultura pop), resulta em uma produção que se não é brilhante nem original, pelo menos emociona e diverte.

Ah, e para quem não entendeu a piada (muito boa, aliás) da camiseta que tem uma foto do Nicolas Cage mas com o nome John Travolta embaixo, trata-se de uma referência ao bom filme de ação A Outra Face, de 1997. Nota: 7,0.



A Bolha
 (2022)
Diretor: Judd Apatow
Atores principaisKaren Gillan, Iris Apatow, Fred Armisen, Maria Bakalova, David Duchovny, Keegan-Michael Key, Leslie Mann, Kate McKinnon, Pedro Pascal, Guz Khan, Peter Serafinowicz

Filme que estreou mundialmente neste 1º de Abril, A Bolha é uma comédia com elenco numeroso, estrelando dezenas de atores e comediantes famosos, e como se isso já não bastasse a produção ainda acrescenta algumas participações especiais, como a dos atores James McAvoy, Daisy Ridley e John Cena, e o cantor Beck dentre outros.

Geralmente um filme não encontraria espaço para tanta gente na tela, e o problema deste A Bolha é justamente o contrário: ele dá minutos para todos. Portanto, para ter cenas de todos seus personagens, a produção é desnecessariamente longa, desconexa, e com graves problemas de ritmo.

Na história, a maior parte do elenco são atores de uma famosa franquia de ação, a fictícia "Feras do Abismo" e eles estão "presos" dentro de um estúdio durante a fase mais grave da pandemia de Covid-19 para gravar o sexto filme da série. A comédia faz piadas sobre como os atores são "mimados" e deslocados do mundo real, além de piadas sobre a indústria do entretenimento como um todo, e de eventuais absurdos no combate à pandemia.

E olha, algumas piadas são até engraçadas - dei algumas risadas - e o carisma do elenco ajuda. Porém temos muitas piadas e cenas praticamente idênticas repetidas o tempo todo à exaustão, o que faz de A Bolha algo que vai muito mais pro chato do que pro divertido. Uma pena, já que gosto de Karen Gillan e ela - que seria o mais próximo de uma protagonista deste filme - merecia algo de mais qualidade para demonstrar seu talento de atriz. Nota: 5,0.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

Dupla Crítica Filmes Netflix - Sorte de Quem? (2022) e O Páramo (2021)

Bom dia, boa tarde, boa noite. Tudo bem? Trago mais duas críticas de filmes de dois lançamentos originais Netflix deste ano de 2022. O primeiro deles aliás é recente, estreou em terras brasileiras mês passado, em Março. Confiram!



Sorte de Quem? (2022)
Diretor: Charlie McDowell
Atores principais: Jason Segel, Lily Collins, Jesse Plemons, Omar Leyva

Mais um filme original Netflix que aposta em atores famosos para fazer sucesso, Sorte de Quem? é um drama policial que nos mostra um ladrão interpretado por Jason Segel furtando tranquilamente uma casa de férias de um rico casal interpretado por Jesse Plemons e Lily Collins. Porém, quando a dupla aparece de surpresa na casa e pega o personagem de Jason em flagra, ele acaba transformando o casal em reféns, e tudo começa a fugir rapidamente de controle.

A história começa interessante e com um clima mais de nonsense do que de drama ou violência. Entretanto, ao longo do tempo isto não muda, e temos muita repetição dramática na tela. Na verdade acabamos presenciando um filme de suspense que ao mesmo tempo é tão "anti-suspense" que a maior dúvida que o espectador tem enquanto o assiste é se teremos ou não alguma surpresa no final. Felizmente a surpresa é entregue, e de maneira condizente com o que o filme apresentou. Porém, muito pouco para "salvar" dezenas de minutos da trama que foram pura enrolação. Apenas a personagem de Lily Collins recebe um desenvolvimento interessante, assim como também é ela quem entrega a melhor atuação.

Sorte de Quem? até não é ruim, mas seria muito melhor se tivesse 30 minutos a menos e se Jason Segel tivesse uma atuação mais enérgica. Ah, e mais uma vez os tradutores do título do filme erraram feio... O título original "Windfall" é uma gíria para "grande quantidade de dinheiro recebido de maneira inesperada", e faz muito mais sentido aqui. Nota: 6,0.



O Páramo (2021)
Diretor: David Casademunt
Atores principaisInma Cuesta, Roberto Álamo, Asier Flores, Alejandra Howard

Filme espanhol de terror que mistura temas como o horror da guerra, terror sobrenatural, paranóia, e as consequências de alimentar seu medo interior. A história nos mostra a família do menino Diego (Asier Flores), que vive com seu pai (Roberto Álamo) e sua mãe (Inma Cuesta) no campo. A história se passa no século XIX, e a família mora isolada de tudo e todos para fugir de qualquer conflito armado.

Com ótima fotografia e com cenas de suspense muito bem construídas, O Páramo entretanto peca por não variar nas maneiras em que traz tensão e terror ao longo do filme. Por não se aprofundar muito nem na mitologia criada dentro do universo do filme, ou na história de seus personagens, O Páramo não tem uma história muito interessante para contar, e como resultado apesar da boa produção acaba sendo apenas mediano. Os maiores destaques ficam mesmo pela ambientação trazida e a atuação de Inma Cuesta. Nota 5,0.

domingo, 27 de março de 2022

Curiosidades Cinema Vírgula #009 - Tudo sobre a estatueta do Oscar!

Hoje é dia da cerimônia dos Oscars 2022, onde literalmente centenas de pessoas estarão disputando a honra de levar para casa sua cópia da tão sonhada estatueta da foto acima. Momento melhor para aprendermos tudo sobre este tão cobiçado objeto não há, não é mesmo? Então bora conhecer.

  • Presente desde a primeira cerimônia, o nome oficial da estatueta é Academy Award of Merit, sendo que seu nome foi oficialmente aceito como Oscar em 1939. Sua imagem foi criada por Cedric Gibbons, então diretor de arte da MGM, e esculpida pelo artista George Stanley.
  • O prêmio mede cerca de 34 centímetros de altura e pesa cerca de 3,8 quilos. Desde sua primeira aparição em 1929 ele não sofreu alterações, com exceção de sua base que sofreu leves mudanças de forma e tamanho até 1945, quando se chegou no formato atual.
  • A imagem retrata um cavaleiro medieval (que representaria os valores da Indústria do Cinema) empunhando uma espada e em pé sob um rolo de filme com cinco raios. Estes representam os ramos originais da Academia: Atores, Escritores, Diretores, Produtores e Técnicos.
  • Em seus primeiros anos, as estátuas eram de bronze sólido e banhadas a ouro, porém logo seu material foi substituído por uma liga de metal banhada a ouro, formato que permaneceu por muitas décadas... até um recente 2016, quando a Academia resolveu retornar o bronze como principal material da estatueta. Curiosidade: durante a Segunda Guerra Mundial a escassez de metais fez com que por três anos os vencedores do Oscar recebessem estatuetas de gesso. Alguns anos após a guerra, a Academia se propôs a trocar as estátuas dos vencedores pelos prêmios de metal banhados a ouro tradicionais.
  • Em alguns anos dentro do intervalo entre 1935 e 1961, doze atores receberam o prêmio especial Academy Juvenile Award, ou "Oscar Juvenil", um prêmio honorário a quem "contribuiu excepcionalmente para o cinema com menos de 18 anos". E o vencedor levava para casa uma bizarra estatueta versão miniatura do Oscar!! Dentre os vencedores do prêmio tivemos Shirley Temple, Mickey Rooney e Judy Garland. A foto abaixo mostra Judy segurando sua cópia da estranha premiação, com Mickey Rooney ao seu lado.
  • Não há uma explicação oficial do porquê o Oscar tem este nome, embora existam três versões concorrendo. A primeira e mais conhecida vêm de Margaret Herrick, então bibliotecária da Academia, que ao ver a estatueta pela primeira vez disse que ela se parecia com seu "Tio Oscar", um de seus primos. Já a atriz Bette Davis relatou outra história, e em sua versão a estátua ganhou esse nome pois ela a fazia se lembrar de seu marido Harmon Oscar Nelson Jr saindo do banho. Finalmente, o jornalista Sidney Skolsky também diz ser o "criador" do nome Oscar, inspirado em um antigo bordão "Will you have a cigar, Oscar?". Embora seja a versão menos provável das três, o fato é que foi em um artigo de 1934 de Sidney que o termo "Oscar" foi publicado pela primeira vez na história como sinônimo do famoso prêmio da Academia.
  • O vencedor do Oscar não pode vender sua estatueta. Ou melhor, pode: a Academia obriga que os vencedores assinem um contrato que exige que eles ofereçam a estatueta à Academia por US$ 1,00 (um dólar!) antes de vendê-la a qualquer outra pessoa. Se você não assinar o acordo, nada de levá-lo pra casa! A regra vale "apenas" para os prêmios a partir de 1950, respeitando a data em que ela entrou em vigor.
  • A regra acima foi criada para que não exista um mercado de pessoas lucrando com a premiação, mas ela não impediu a continuação das já existentes (e muitas) transações para as estatuetas anteriores à 1950: o ilusionista David Copperfield por exemplo pagou US$ 232 mil pelo Oscar de Melhor Direção de Casablanca (1944), e 10 anos depois o vendeu por mais de US$ 2 milhões; Michael Jackson comprou o Oscar de Melhor Filme de E o Vento Levou (1939) por US$ 1,5 milhão; infelizmente após sua morte o paradeiro da peça é desconhecido.
  • Já Steven Spielberg seguiu o caminho "contrário" deste mercado e em pelo menos três vezes "resgatou" estatuetas antigas em leilões, comprando-as para posteriormente doá-las para a Academia. Ele fez isso com um Oscar de Melhor Ator de Clark Gable (de 1934) e com dois Oscars de Melhor Atriz de Bette Davis, um de 1935 e outro de 1938. O total do dinheiro gasto pelo diretor nestas compras supera um milhão de dólares (e relembro que Bette Davis é justamente uma das três pessoas que dizem ter dado o nome de Oscar à estatueta).
  • E a regra "anti-venda" também não impediu o mercado ilegal. A revista Forbes publicou uma matéria em 2006 estimando que cerca de 75 Oscars pós-1950 haviam sido vendidos ilegalmente até então.
  • Em 2000, todas as 55 estatuetas encomendadas para o prêmio daquele ano foram roubadas no porto de Los Angeles, antes mesmo de desembarcarem. Dias depois elas foram encontradas abandonadas em uma lixeira próxima.
  • O compositor Oscar Hammerstein II foi a primeira pessoa - e até hoje a única - de nome Oscar a receber um prêmio Oscar da Academia. Foram duas vezes, e faz muito tempo! A primeira vez em 1942 e a segunda em 1946.
  • E por falar em nomes, sabiam que todos Oscars entregues no palco permanecem totalmente sem nome? Isto é feito para garantir o segredo dos vencedores antes que os apresentadores os revelem de dentro dos envelopes. São criadas as plaquetas para todos os nomes finalistas e, somente após a cerimônia os vencedores pegam sua plaqueta e a colam no seu troféu.

Ufa! Enfim acabou! Agora bora assistir o Oscar de hoje!




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 26 de março de 2022

Crítica - Drive My Car (2021)

Título: Drive My Car ("Doraibu Mai Kâ, Japão, 2021)
Diretor: Ryûsuke Hamaguchi
Atores principaisHidetoshi Nishijima, Toko Miura, Masaki Okada, Reika Kirishima, Park Yoo-rim, Jin Dae-yeon
Nota: 6,0

Difícil para assistir, emocionalmente recompensador em seu final

Encerrando minhas críticas da safra de filmes do Oscar antes do acontecimento da premiação acontecer, desta vez escrevo sobre Drive My Car, filme japonês indicado a 4 Oscars, incluindo o de Melhor Filme. A trama é uma adaptação de uma história de mesmo nome de uma coletânea de contos do livro Onna no Inai Otokotachi, escrito em 2014 por Haruki Murakami. Estes contos possuem um tema em comum, que são homens que perderam suas mulheres, sejam por que elas o trocaram por outro ou porque faleceram.

Nesta história conhecemos o casal Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), ator, e sua esposa Oto Kafuku (Reika Kirishima), roteirista. Percebemos que ambos se dão bem, vivem a princípio felizes, mas algo aparenta estar errado e em um primeiro momento não sabemos o porquê. Após o repentino falecimento de Oto, o filme avança 2 anos e encontramos Yusuke contratado como diretor de uma futura peça de teatro em um importante festival; ele trabalha com a jovem Misaki (Toko Miura), que é sua motorista para levá-lo do hotel ao trabalho, e com o tempo ambos acabam se tornando amigos, e discorrendo sobre suas respectivas dores do passado. É assim que as respostas são então reveladas.

Drive My Car tem sem dúvida uma história muito bonita e emocionante. A história de vida de Yusuke, Misaki, e até de outros personagens menores é bem comovente. O próprio desfecho do filme é belo e marcante. Dito tudo isso, a maneira com que o filme foi contado não me agradou.

Isso porque Drive My Car é bem difícil para se assistir. É um filme lento, com 3h de duração, praticamente sem trilha sonora, repleto de diálogos e inicialmente bem confuso. Apenas na metade do filme, ou seja, com pouco menos de 1h e 30 min, é que Yusuke e Misaki começam a verdadeiramente se interagir e a história começa a fazer sentido como um todo. Isso sem contar que temos muitas cenas de ensaio e produção da peça de teatro... são cenas longas e repetitivas que se fossem removidas não fariam falta nenhuma ao enredo... só estão aí para testar a paciência do espectador.

Outro ponto que me incomoda são inclusões feitas no filme que eu interpreto terem como maior objetivo de agradar os festivais ocidentais, principalmente o Oscar (e se foi isso mesmo, funcionou como se pode ver...): a presença de falas em vários idiomas (e vários em inglês), ou a de uma personagem muda. Não, eu não li o conto original que deu origem ao filme; mas li sua sinopse e pelo que tudo indica estes elementos não estão mesmo lá. Aliás, relembro a vocês que a obra original é um conto, ou seja, um texto curto, e para dele se criar 3h de filme certamente temos muita coisa inventada.

Mas como disse no subtítulo deste texto, o final de Drive My Car é tão tocante que é recompensador. Portanto, é mais uma questão de se preparar para o que você vai assistir. Se você está disposto a encarar mais de uma hora de pura monotonia para depois se emocionar e ter algumas surpresas, Drive My Car vale a pena. Eu certamente não me arrependi de tê-lo assistido. Nota: 6,0.

sexta-feira, 18 de março de 2022

Crítica - Batman (2022)

Título: Batman ("The Batman", EUA, 2022)
Diretor: Matt Reeves
Atores principaisRobert Pattinson, Zoë Kravitz, Colin Farrell, Jeffrey Wright, Andy Serkis, John Turturro, Peter Sarsgaard, Paul Dano
Nota: 8,5

Um Batman verdadeiramente diferente, e por isso merece ser assistido

Depois de muita expectativa (e um pouco de controvérsia) é lançado o Batman do "vampiro"  Robert Pattinson. Particularmente, depois de tantos filmes já lançados do Morcegão, me questionava se não era uma atitude precipitada já lançar um novo reboot do personagem nas telonas. E a resposta, felizmente, é um não: este novo Batman traz novidades em muitos sentidos, atualiza o herói para a nova geração, e é uma grande contribuição (e recomeço) na mitologia deste personagem nos cinemas.

Na história deste Batman, que é uma história de origem, vemos um Bruce Wayne (Robert Pattinson) que acaba de completar 2 anos atuando como Batman em Gotham City. Porém, frustrado e perdido, ele já pondera sobre a eficácia de suas ações, enquanto ao mesmo tempo surge na cidade um serial killer que se intitula Charada, que começa a matar políticos e policiais importantes. Em suas investigações, Batman acaba contando com a ajuda de pessoas como Selina Kyle (Zoë Kravitz) e o policial "Jim" Gordon (Jeffrey Wright), aprendendo segredos obscuros sobre Gotham e até sobre sua família, enquanto se descobre como pessoa e herói.

A trama trazida pelo diretor e co-roteirista Matt Reeves mistura com bastante eficiência e coesão várias histórias em quadrinhos, dentre as principais: Batman: Terra Um (maior referência, e que aliás não é considerada cânone das HQs), Batman: O Longo Dia das Bruxas e Batman: Ano Um (destes dois vêm principalmente a ambientação e os personagens). E não só isso! A história também mistura / homenageia vários filmes, como por exemplo Zodíaco (2007), Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995) e Taxi Driver (1976).

O personagem Batman - criado em 1937 - mudou muito ao longo das décadas. E este Batman de Matt Reeves segue a tendência das últimas décadas de ser alguém sombrio e violento. Porém não é "a" versão mais violenta e sombria que já tivemos nos filmes; mas certamente é a versão mais melancólica de todas. Além de (finalmente!) termos pela primeira vez nos cinemas um Batman detetive!

Sim, pois na prática nada mais temos que um policial buscando pistas em busca de um assassino em série que, seguindo o costume, deixa "pistas" de suas intenções ou paradeiro. E mais ainda, este Batman de Robert Pattinson é também a versão mais realista já trazida para as telonas: o personagem erra várias vezes, apanha bastante, e principalmente, não conta com nenhum grande aparato tecnológico.

E se o personagem Batman trazido aqui é diferente das outras versões de todos os filmes anteriores, a maneira com que ele é filmado também. Em Batman a câmera está quase sempre bem perto do herói, é quase como se estivéssemos ao seu lado o tempo todo dividindo com ele sua visão e pensamentos. Nas poucas vezes que isso muda, e então temos filmagens com planos mais abertos, os ângulos das câmeras são um pouco "incomuns", em geral capturando as cenas de cima pra baixo, como se fossem nos jogos de videogames. Aliás, há um bocado dos videogames atuais de Batman neste filme: da maneira com que as lutas são coreografadas até a sua vestimenta; afinal, o fato do Morcegão vestir uma armadura é algo muuuito mais presente em jogos do que nas HQs.

A história em Batman não parou nas mudanças apenas em seu personagem principal e também mudou vários personagens, como por exemplo a Mulher Gato, o Comissário Gordon, o próprio Charada... porém o mais importante é que em todos esses casos a essência dos personagens está lá, intacta (fora os atores estarem muito bem). Sinceramente não vejo nenhum motivo de reclamação nessas mudanças. Ou melhor, vejo uma, em relação ao Alfred, que aqui não é um mordomo e sim um guarda-costas: é a única modificação do filme que realmente reprovo e a meu ver distorce algo central de um personagem.

Outro ponto positivo importante deste filme é que mesmo sendo um filme de origem, ele apresenta Gotham City e seus personagens de uma maneira bem natural, sutil, mas ao mesmo tempo eficiente. Não tem nada daquele costumeiro didatismo chato onde o roteiro fica explicando explicitamente coisas ao espectador. E mais ainda: não, não há cenas dos pais do Batman sendo mortos (milagre!)... todo mundo já sabe disso, então pra que colocar no roteiro novamente?

O filme tem quase 3 horas de duração e é tão bom - tanto como filme de ação como filme de drama e suspense - que nem vi a hora passar. Contribui com isso a boa fotografia (e a ótima aplicação da iluminação e sombras) e a ótima trilha sonora, que apesar de um pouco pesada e repetitiva, deixa o espectador dentro do universo do filme o tempo todo. Faço questão de mencionar seu compositor: Michael Giacchino.

Mas apesar de tantas qualidades e de um roteiro redondinho, Batman perde um pouco a mão em seu ato final. Se uma de suas maiores qualidades é ter sido o tempo todo "realista e pés-no-chão", em seus últimos 30 minutos o diretor joga um pouco disso fora, uma pena. E o curioso, entretanto, é que esse ato final teria que acontecer de alguma maneira, porque ele é essencial para concluir o ciclo de aprendizado do protagonista (lição aliás muito atual e importante no mundo de fanáticos extremistas atual). Em outras palavras, o que acontece no ato final é dramaticamente imprescindível, porem para mim o diretor falhou ao não encontrar uma forma de apresentá-lo de um jeito mais crível.

E finalmente, o que falar sobre o tão questionável Robert Pattinson? Como Batman ele foi bem; mesmo bastante coberto pela máscara e armadura, com sua boa atuação e postura corporal conseguimos entender bem suas expressões e sentimentos. Já como Bruce Wayne... não gostei... temos aqui um Bruce "emo" e com atuação contida. De certa forma, é a pior maneira possível de retratá-lo já que reforça todo o estereótipo ganho por Pattinson fazendo o Edward da saga Crepúsculo. Só que acho que a escolha foi proposital... para agradar justamente o público que veio assistir ao filme por ser fã deste ator.

Batman é um filme que pela mistura de gêneros e diversas novidades deverá agradar tanto aos que curtem filmes de super-heróis quanto aos que curtem filmes policiais ou de suspense. E em nome das inovações, por favor, que um futuro Batman 2 NÃO traga mais uma vez uma história com o Coringa. Nota: 8,5.



PS: o filme possui uma "pequena" cena pós-créditos, que nada mais é que um texto escrito "Good bye", e após isso, a exibição do link https://www.rataalada.com/ , que realmente existe e te convida a responder 3 enigmas (em inglês). Acertando-os, você como brinde ganha acesso a algumas imagens extras. Nem vale a pena o esforço rs.

domingo, 13 de março de 2022

Crítica - O Beco do Pesadelo (2021)

Título: O Beco do Pesadelo ("Nightmare Alley", Canadá / EUA / México, 2021)
Diretor: Guillermo del Toro
Atores principaisBradley Cooper, Cate Blanchett, Toni Collette, Willem Dafoe, Richard Jenkins, Rooney Mara, Ron Perlman, Mary Steenburgen, David Strathairn, Holt McCallany, Tim Blake Nelson
Nota: 8,0

Um filme "clássico" com grande elenco e produção impecável

O Beco do Pesadelo é um filme Neo-noir dirigido, produzido e adaptado por Guillermo del Toro, baseado em um livro de mesmo nome escrito em 1947. Ele não chega a ser um filme noir "padrão" por não ser em preto-e-branco (embora seja bem escuro e com poucas variações de cores), e não ser uma aventura de detetive/policial (mas têm crimes envolvidos), mas certamente preserva muitas características deste subgênero de filmes, como o pessimismo e os personagens de caráter questionável. Para quem está acostumado com os filmes deste grande diretor mexicano (Hellboy, O Labirinto do Fauno, A Forma da Água), irá reconhecer de imediato seu estilo visual, mas irá estranhar a falta de elementos fantásticos.

Na história, que se passa em 1941, acompanhamos a vida de Stan Carlisle (Bradley Cooper), um "ninguém" que não tem nada e resolve começar sua vida trabalhando em um circo itinerante. O filme se divide em duas partes: a vida de Stan no circo, onde ele conhece e se apaixona por Molly (Rooney Mara) e começa a aprender truques de Mentalismo; e a parte final, onde ele e Molly deixam o circo e saem em tour pelos EUA para viver dos seus truques. É em uma destas viagens que Stan conhece a psicóloga Lilith Ritter (Cate Blanchett), que o ajuda a tornar seus "golpes" mais sofisticados e lucrativos.

Mesmo sendo um filme bom e interessante, entendo que o maior encanto em O Beco do Pesadelo vai para o cinéfilo, já que a produção é realmente espetacular. A fotografia é excelente, assim como o design de produção, a maneira com que a câmera passeia em meio dos personagens e objetos, apresentando-os. Tudo muito bom! Fora o verdadeiro desfile de vários atores e atrizes famosos; a lista é bem grande, e embora não tenhamos aqui nenhuma atuação de "tirar o fôlego", é um prazer ver que  temos várias boas atuações, e que todos os atores são bastante competentes e críveis no que fazem, especialmente a genial Cate Blanchett.

Mas apesar de tantas qualidades, e de um roteiro bem escrito, acredito que o espectador em geral não vá sair de O Beco do Pesadelo "bastante empolgado" com o que viu. A história é boa, mas é um bocado previsível, além de melancólica e demorada, sem qualquer alívio cômico ou ironia. Temos aqui um conto interessante, porém sem muita ousadia, e sem o dinamismo presente nos filmes de hoje no qual os espectadores estão acostumados. É como se um diretor e roteirista dos anos 50 pegasse um bom texto da época e filmasse com a tecnologia atual.

Em resumo, como história e diversão O Beco do Pesadelo é bom; e tecnicamente ele é ótimo. Fazendo um balanço entre estas duas coisas, e com meu lado cinéfilo sendo bem ouvido, o filme leva Nota 8,0.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...