sábado, 23 de fevereiro de 2019

Crítica - A Favorita (2018)

TítuloA Favorita ("The Favourite", EUA / Irlanda / Reino Unido, 2018)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principais: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, Nicholas Hoult, Joe Alwyn, James Smith, Mark Gatiss
Trio de atrizes é o melhor deste filme longo e cansativo

O último dos filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme 2019 é A Favorita, cuja história se passa no começo do século XVIII e conta sobre o relacionamento entre a Rainha Anne (Olivia Colman) e as primas Sarah (Rachel Weisz) e Abigail (Emma Stone). Ambas disputam para se tornar a favorita da Rainha; com a primeira das moças interessada em poder político, e a segunda interessada a recolocar a família em posição de riqueza.

O diretor de A Favorita, o grego Yorgos Lanthimos, tem como fama fazer filmes "diferentes"... portanto é de se estranhar que ele se interessasse em fazer um filme de época. E de fato, no final das contas, Lanthimos entrega um filme de época "diferente", mas não necessariamente de maneira positiva.

Uma das principais características dos filmes de época é sua caracterização histórica: reforçar datas e fatos para o espectador, para que ele veja "como as coisas aconteceram no passado". Mas o A Favorita de Yorgos ignora tudo isso, deixando a História como algo praticamente irrelevante. Pra começar, nenhuma data é citada, nenhuma apresentação de personagens é feita. Só sabemos que a história se passa na Inglaterra depois de mais de 20 minutos de filme. E os anos em que o filme se passa? Somente quem estudou previamente que a Rainha Anne governou entre os anos de 1702 a 1707 poderia saber, já que o filme não dá dica nenhuma. E a trama exibida é baseada bem levemente em fatos históricos... os personagens do filme são pessoas que realmente existiram, mas a relação apresentada entre elas está mais para especulação.

Outro aspecto "diferente" trazido pelo diretor são cenas com câmeras de 360º, ou ainda, cenas com a câmera em movimento acompanhando os atores por trás, mas não com visão de primeira pessoa (essa sendo uma característica comum de Yorgos, alias). Ainda que sejam soluções modernas e bonitas, não vi função narrativa nelas. A trilha incidental é bastante forte, incomum, e chama bastante atenção. Temos músicas clássicas e alegres toda vez que ocorrem diálogos entre os membros da corte (para dar-lhes um aspecto de pessoas idiotas e fúteis), e também fortes agudos e batidas quando um personagem está sofrendo uma "crise interior".

Se o filme não entrega História, e nem muita história, o que lhe resta são as ótimas atuações das ótimas três atrizes principais. As três, inclusive, foram indicadas ao Oscar; com Olivia para o prêmio de Melhor Atriz, e a dupla Emma e Rachel como Melhor Atriz Coadjuvante.

Contando com belíssimos design de produção, figurino e fotografia (não a toa todos estes também  indicados ao Oscar), o filme se preocupa basicamente em mostrar as maquinações de Sarah e Abigail na luta pela atenção e favores da Rainha. Honestamente, as intrigas e reviravoltas são interessantes, porém não o suficiente para entreter por longas 2h. Aliás, o "barulho" da trilha incidental também contribui para cansar o espectador.

A Favorita agrada os olhos, impressiona pelas atuações e produção, mas para se manter interessante para o público deveria ser bem mais curto. Sempre achei estranho Yorgos Lanthimos fazer um filme de época, e de fato não parece ser seu terreno. Nota: 6,0

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Crítica - Infiltrado na Klan (2018)

TítuloInfiltrado na Klan ("BlacKkKlansman", EUA, 2018)
Diretor: Spike Lee
Atores principais: John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier, Topher Grace, Jasper Pääkkönen, Ryan Eggold, Robert John Burke
Não é uma comédia

Infiltrado na Klan é um filme promovido como comédia, mas que não faz rir em nenhum momento. Embora tenha um tom "descolado" e sarcástico, o filme trata sobre racismo, e o assunto é tão pesado que em nenhum momento me peguei rindo durante a projeção.

Na história baseada em fatos reais, somos apresentados a Ron Stallworth (John David Washington), que se torna o primeiro policial negro da cidade estadunidense de Colorado Springs. O filme se passa nos anos 70, e conta a história de Ron se infiltrando dentro da Ku Klux Klan mesmo apesar de sua cor.

Infiltrado na Klan é em geral um bom filme, sem muitos altos nem muitos baixos. Por isso mesmo, das 6 indicações ao Oscar que o filme recebeu, não concordo com nenhuma. A indicação para Melhor Trilha Sonora é a que melhor aceito, já que as músicas são bacanas e compatíveis com o clima do filme. Spike Lee faz questão de dar uma ambientação Blaxploitation, o que não deixa de ser curioso e interessante.

Em termos de atuação, a dupla principal John David Washington e Adam Driver não entregam nada demais. Aliás, John David é bem fraco... e olhe que ele é filho do excelente ator Denzel Washington! As melhores atuações ficam por conta dos coadjuvantes Laura Harrier e Jasper Pääkkönen.

Até mesmo em termos de roteiro - um dos pontos fortes de Spike Lee - o filme derrapa. A história é de média para boa, porém seu ato final é meio absurdo... tem sua pitada de Deus ex machina.

Dentre todos os filmes indicados ao Oscar de 2019 que denunciam o racismo, Infiltrado na Klan é o que menos gostei, e que também para mim menos defende sua causa. O foco aqui não é tanto mostrar o preconceito sofrido pelos Afro-americanos, mas sim, em mostrar o quanto os brancos racistas são idiotas, estúpidos.

Dizem que quando ofereceram este filme para Spike Lee dirigir, ele respondeu que toparia sob duas condições: que pudesse fazer comédia, e que pudesse relacionar o filme com o mundo atual. Bem, então primeiramente acho que Lee tem um humor realmente diferente; já da parte de relacionar o filme com o atual, é aí que reside a maior força de Infiltrado na Klan. Assim que o filme acaba, vemos imagens reais dos protestos pró-racismo ocorridos nos EUA no ano passado. A comparação dos "longínquos anos 70" com 2018 (em que vemos que nada mudou afinal) é um soco no estômago. Apenas por essa mensagem, Infiltrado na Klan deve ser visto e divulgado.

Para quem quiser ver um filme de razoável a bom sobre o assunto racismo, mas que NÃO é comédia, Infiltrado na Klan acaba sendo uma boa pedida. Mas não vai além disto. Nota: 6,0

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Crítica - Vice (2018)

TítuloVice (idem, EUA, 2018)
Diretor: Adam McKay
Atores principais: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill, Lily Rabe, Jesse Plemons, Tyler Perry, Justin Kirk
Para quem curte História e Política, este filme é imperdível

Vice é um drama político / comédia sobre o ex-Vice Presidente estadunidense Dick Cheney. Sendo o vice de George W. Bush, este republicano esteve neste cargo entre 2001 a 2009. Recheado de atores e atrizes famosos (e consequentemente de boas atuações), embora ser baseado em fatos reais, e tentar "ensinar História" para o espectador o tempo todo, Vice tem um tom bem irônico, e em vários momentos se aproxima de uma comédia. Neste aspecto, o filme lembra por exemplo os bem-humorados Prenda-me se For Capaz (2002) e O Lobo de Wall Street (2013).

A história (em longas 2h 12min de projeção) mostra toda a carreira política de Cheney, dando enfase, claro, ao período em que ele foi Vice-Presidente. No que deve ser surpreendente para muitos, o filme afirma que quem verdadeiramente mandava nos EUA na gestão Bush Filho era Dick Cheney. E mais, também deixa claro que somente devido ao desejo (e posteriormente realização) de Dick em invadir o Iraque para "roubar" seu petróleo é que o monstruoso Estado Islâmico foi criado.

Vice é divertidíssimo. E para quem curte História e Política, este filme é um deleite. Embora não seja um primor técnico, o filme se sustenta nos ótimos roteiro e elenco. Christian Bale é competente como Dick Cheney, entretanto mais do que pela atuação, este ator camaleão (mais uma vez) impressiona pela transformação física.

Apesar de ser diversão garantida, Vice tem seus problemas. A começar pelo fato de ser tão exagerado que fica difícil acreditar o tempo todo no mesmo. Além disso, narrativa e edição são confusas. O filme possui um narrador em terceira pessoa que de maneira estranha as vezes adota um tom coloquial e as vezes um tom documental; o filme não é cronologicamente sequencial, e algumas cenas simplesmente falham em explicar o contexto do que está acontecendo.

Contando com 8 indicações ao Oscar, e sendo dentre todos os indicados a Melhor Filme o que mais gostei, mesmo assim não consideraria justo que Vice levasse muitos destes prêmios. Talvez o mais justo seria o de Melhor Maquiagem. É que Vice não chega a ser "o melhor" em quase nada... sua força é mais no "conjunto da obra" e na diversão. Nota: 8,0

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Crítica - Roma (2018)

TítuloRoma (idem, EUA / México, 2018)
Diretor: Alfonso Cuarón
Atores principais: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira, Fernando Grediaga, Jorge Antonio Guerrero, Nancy García, Verónica García, Marco Graf, Daniela Demesa
Alfonso Cuarón e Netflix exorcizam seus fantasmas

De um lado a maior empresa de Streaming do mundo, ávida por obter reconhecimento da Academia  (a instituição que promove o Oscar); de outro um excelente diretor que já levou um Oscar pra casa, e que gostaria de relembrar sua infância em um filme que teria pouco apelo comercial para os grandes estúdios de Hollywood.

Do casamento de Netflix e Alfonso Cuarón nasceu Roma, que mesmo que não dê um Oscar relevante à Netflix, já levou incríveis 10 indicações; e Roma também permitiu que o diretor mexicano pudesse enfim dar sua visão sobre as mazelas da América Latina e fazer uma grande homenagem à empregada índia (que na vida real era apelidada de "Libo") que o criou durante a infância.

Roma - que assim se chama pois é o nome do bairro de classe média/alta da Cidade do México onde se passa a trama - é um filme em branco-e-preto, que se passa nos anos de 1970-71 e que mostra principalmente a vida cotidiana de "Cleo" Gutiérrez (Yalitza Aparicio), que assim como a "Libo" da vida real, é uma descendente indígena que trabalhava como doméstica para uma família de classe média. O filme também não deixa de ser um recordatório de todo o ambiente vivido pelo diretor em sua primeira década de vida.

Dá para dividir Roma em três principais qualidades: a primeira é técnica, principalmente em termos de fotografia. As imagens do filme todo são belíssimas, impressionantes. E além das imagens, também temos algumas cenas brilhantes, cinematograficamente falando, como por exemplo, a cena onde Cleo corre apressada com a amiga pelas ruas, ou ainda, na bastante impactante cena onde Cleo fica sozinha na praia com os filhos da patroa.

As outras duas qualidades vêm do roteiro: mostrar as dificuldades da vida de Cleo (e no caso do México isso se expande para praticamente todo descendente indígena), e mostrar também as dificuldades de se viver na América Latina, independentemente de classe social: constante violência nas ruas, instabilidade política, e uma sociedade pobre materialmente como um todo.

Apesar de todas estas qualidades, Roma não é um filme fácil de se assistir. Ele é longo, lento, com poucos diálogos e com quase total ausência de trilha sonora. A protagonista Cleo também não ajuda: a atuação de Yalitza é excelente e em alguns momentos comove genuinamente; porém em geral Cleo é uma personagem que embora seja uma excelente pessoa, é eternamente ingênua, submissa, que não evolui ao longo do filme, nem alcança qualquer redenção.

Entendo que Roma também perca pontos com o expectador brasileiro em geral, afinal as "denúncias sociais" feitas por Cuarón certamente impressionaram os estadunidenses... porém elas também são o dia-a-dia do Brasil. Estamos tão acostumados com o que Roma mostra que inevitavelmente já estamos um pouco "anestesiados" perante o que vemos.

Além disso, em termos gerais, Roma é um drama muito mais sutil do que poderia (deveria?) ser. Cleo, por exemplo, é bem tratada pela patroa o tempo todo. E a fotografia é tão bela que até as cenas em bairros pobres são lindíssimas.

Resumindo, Roma é mais um espetáculo técnico de Cuarón, que traz uma história forte e interessante. Ao mesmo tempo, o filme perde pontos por "chocar" pouco (especialmente a nós Brasileiros) e por ser um filme difícil de assistir, até monótono.

Somando prós e contras, entretanto, tanto Alfonso Cuarón quanto a Netflix foram muito bem sucedidos em seus respectivos interesses e deixam para a história do Cinema um filme consideravelmente impressionante para os cinéfilos (mas não para o espectador comum). Nota: 7,0

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Crítica - Green Book: O Guia (2018)

TítuloGreen Book: O Guia ("Green Book", EUA, 2018)
Diretor: Peter Farrelly
Atores principais: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini, Sebastian Maniscalco, Dimiter D. Marinov, Mike Hatton
Belo road movie contra o racismo

Costumo gostar de road movies e, para ganhar ainda mais minha simpatia, Green Book: O Guia foi o filme desta safra de indicados ao Oscar que mais me comoveu na luta contra o racismo. O título desta produção já é um soco no estômago de todos: "Green Book" é o nome de um livro que realmente existiu, e que de 1936 to 1966 foi publicado e atualizado anualmente com dicas de onde os Afro-americanos poderiam comer e se hospedar sem terem problemas nos EUA.

A história, baseada em fatos reais, nos mostra uma viagem de carro feita em 1962, através de um racista sudeste estadunidense, onde o genial pianista negro Don Shirley (Mahershala Ali) aceitou o desafio de fazer uma turnê musical. Ciente dos perigos contra sua pessoa, Shirley contrata Tony Vallelonga (Viggo Mortensen) - um valentão descendente de Italianos que trabalhava como segurança de boates - para ser seu motorista e guarda-costas.

Green Book: O Guia não se destaca muito na parte técnica - com exceção da trilha sonora, já que contém algumas músicas de Don Shirley e outras músicas bacanas de Jazz e Blues - mas tem como principais virtudes o roteiro e a atuação dos atores principais Mahershala Ali e Viggo Mortensen.

Quanto ao trabalho da dupla de atores, bem, simplifico dizendo que é bem provável que esta tenha sido a melhor atuação que já assisti de ambos. Já quanto ao roteiro, que fala sobre racismo e amizade, o ponto que mais me agradou foi tratar a questão racial de maneira um pouco diferente do padrão.

Don Shirley não é o negro coitadinho, e sim, um homem bem sucedido, rico, genial, e o "patrão" da dupla. Ele sofre racismo em diversas situações, mas em Green Book: O Guia vemos a hipocrisia dos milionários brancos "intelectuais" que dizem apoiar os negros mas no fundo são tão racistas como muitos dos "caipiras ignorantes" do centro-sul estadunidense.

Green Book: O Guia traz uma bela história que deveria ser assistida e conhecida por todos. Considero também importantíssimo fazerem este filme para que o grande público possa enfim conhecer este extremamente talentoso músico que foi Don Shirley. Sua família, entretanto, criticou a produção, dizendo conter muitos erros históricos: o carro não era aquele, Shirley nunca foi tão afastado da família e da comunidade negra, comia frango frito muito antes de conhecer Tony Lip, e, principalmente, conforme as palavras do irmão de Don, Maurice, "Don Shirley nunca foi amigo de Tony Lip, este último era apenas seu motorista e empregado".

É verdade que Green Book: O Guia traz a visão de Tony sobre a história - seu filho, Nick, é um dos roteiristas do filme e garante que o que foi contado aconteceu exatamente do jeito que seu pai lhe contou. Mas quanto da história estaria mesmo "errada", afinal? Nunca saberemos pois a dupla retratada no filme faleceu em 2013. A questão é que em nenhum momento o filme ofende Don Shirley e traz uma mensagem bonita e poderosa contra o racismo. Green Book: O Guia é fraterno, inspirador e otimista. Talvez esteja faltando esses mesmos sentimentos aos descontentes da família Shirley. Nota: 8,0

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Começa agora a cobertura do Cinema Vírgula para o Oscar 2019


Bem vindos a um dos Oscars (já!?) mais conturbados da história

Começa aqui a cobertura do Cinema Vírgula para o Oscar 2019. A partir de hoje, até a chegada da cerimônia do 91st Academy Awards marcada para o Domingo dia 24 de Fevereiro, teremos posts diários aqui no blog. A cada dia teremos críticas inéditas dos principais filmes indicados, e no final desta série de textos, teremos o tradicional post com meus palpites para os vencedores e opinião de quem merece ganhar a famosa estatueta.

Ainda falta pouco mais de uma semana para o Oscar 2019, e mesmo assim ele já acumula um considerável número de grandes polêmicas. Com uma nova dupla de produtores - os anteriores pediram demissão devido à baixa crítica e audiência dos dois últimos anos - várias tentativas fracassadas de mudança no evento foram feitas desde meados de 2018.

A primeira delas, em Agosto de 2018, foi o anúncio da nova categoria "Melhor Filme Popular". Após uma enxurrada de críticas vinda de todos os lugares, a Academia anunciou no mês seguinte o "adiamento" dessa idéia para ser retomada futuramente.

Outra grande confusão foi relativa a quem seria o apresentador principal da noite do evento. Em Dezembro foi anunciado o nome do comediante Kevin Hart, que passou a ser criticado nas mídias sociais por piadas supostamente homofóbicas feitas por ele no passado. Hart se recusou a pedir desculpas pelas piadas e então dispensou o convite, alegando não querer ser uma distração para a cerimônia. Em Janeiro de 2019 a Academia anunciou de forma surpreendente que a cerimônia não teria mais apresentador principal. É a primeira vez que isto acontece desde 1989.

Ainda em Janeiro, outra mudança malvista: sob desculpa de tornar a cerimônia menos longa, foi feito o anúncio de que apenas 2 dos 5 indicados a Melhor Canção Original se apresentariam ao vivo durante o programa. Graças a muitos protestos do público e de cantores, 6 dias depois do atrapalhado anúncio a Academia voltou atrás na sua decisão.

E a última das controvérsias é bem recente, quando há 4 dias atrás, 11 de Fevereiro, a Academia anunciou que quatro categorias - Melhor Fotografia, Melhor Curta-metragem, Melhor Montagem e Melhor Maquiagem - apenas teriam os vencedores anunciados brevemente durante os intervalos comerciais, novamente com a justificativa de tornar a premiação menos demorada. Graças a uma nova onda de protestos - desta vez liderada por famosos Diretores e Atores de Hollywood - os produtores mais uma vez voltaram atrás, anunciando ontem, dia 15, que esta mudança também está descartada.

Os principais indicados

Três anos depois do polêmico #OscarsSoWhite, para o Oscar 2019 temos 8 indicados a Melhor Filme (de 10 possíveis), e 4 deles (50%) tem como assunto principal a discriminação de minorias: Pantera Negra, Infiltrado na Klan, Green Book: O Guia e Roma. Este número poderia até ser aumentado para 6, se lembrarmos que os dramas musicais Bohemian RhapsodyNasce Uma Estrela respectivamente têm como protagonista um gay e uma latina sem a beleza padrão exigida da indústria musical.

Abaixo segue a lista dos 8 indicados ao Oscar de Melhor Filme. Ao lado, entre parênteses, o número total de indicações de cada produção:

Roma (10)
Vice (8)

Conforme as críticas forem sendo publicadas no Cinema Vírgula, a lista acima vai ganhando os links para críticas já publicadas por aqui.

E é isso. Acompanhem o Cinema Vírgula em mais esta cobertura! Abraços a todos!


quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Crítica - Creed II (2018)

TítuloCreed II (idem, EUA, 2018)
Diretor: Steven Caple Jr.
Atores principais: Michael B. Jordan, Sylvester Stallone, Tessa Thompson, Phylicia Rashad, Dolph Lundgren, Florian Munteanu, Russell Hornsby, Wood Harris
Franquia regride sem Ryan Coogler

Desde o início de sua produção, as notícias para Creed II não me animaram. Primeiro, porque o diretor e roteirista do excelente Creed: Nascido para Lutar - Ryan Coogler - não voltaria para a continuação já que estava dirigindo Pantera Negra. Segundo, veio o anúncio que a história traria Ivan Drago (Dolph Lundgren) de volta, acompanhado de seu filho Viktor (Florian Munteanu). Teríamos então uma nova versão do fraco Rocky IV (1985), em meu entender o 2o pior filme da franquia do Garanhão Italiano?

A resposta, infelizmente, é sim. O roteiro de Creed II, co-escrito por Sylvester Stallone e Juel Taylor, é muito parecido com Rocky IV. Menos mal, entretanto, é que 34 anos de evolução nos cinemas trouxeram a este Creed várias melhorias em relação ao filme da década de 80.

A primeira evolução é técnica: fotografia, som, cenários e coreografia das lutas melhoraram muito. E o roteiro também é melhor, ao trazer certa discussão sobre o tema paternidade. Creed II não deixa de ser uma história de 3 pares de pai-filho.

Ainda assim, o roteiro imita de Rocky IV muita coisa ruim. Principalmente o fato dos russos serem todos inquestionavelmente malvados. Parece que Stallone não percebeu que a Guerra Fria acabou. Os atores também não ajudam: apenas as atrizes Tessa Thompson e Phylicia Rashad se salvam no meio de tanta canastrice e rostos inexpressivos.

Apesar de tudo, Creed II ainda diverte. As lutas do filme são verdadeiramente emocionantes, e temos também algumas boas sequencias, como por exemplo, a do treinamento de Creed (Michael B. Jordan) no deserto.

Teremos um Creed 3? Acho provável, mesmo com Sylvester Stallone jurando que neste Creed II seu personagem Rocky Balboa fez sua derradeira aparição. Michael B. Jordan ainda é jovem e os dois filmes de seu personagem não foram mal nas bilheterias. De qualquer forma, se formos ter um novo Creed, que seja feito com Ryan Coogler. Nota: 6,0

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Crítica - Vidro (2019)

TítuloVidro ("Glass", EUA, 2019)
Diretor: M. Night Shyamalan
Atores principais: Bruce Willis, Samuel L. Jackson, James McAvoy, Anya Taylor-Joy, Sarah Paulson, Spencer Treat Clark, Charlayne Woodard
Shyamalan quase encerra sua trilogia de maneira digna

Para quem ainda não sabe, Vidro é o último capitulo da trilogia do diretor Shyamalan, composta também por Corpo Fechado (2000) e Fragmentado (2016). Embora Vidro tenha explicações suficientes para que não seja necessário assistir os filmes anteriores, é muito recomendado que os dois primeiros títulos da série sejam vistos com antecedência para aproveitar totalmente a experiencia desta nova produção.

Na história, que se passa algumas semanas após o final de Fragmentado, Kevin (James McAvoy) continua na ativa, recolhendo vítimas e as matando, enquanto David Dunn (Bruce Willis) passa a atuar como um vigilante, e em paralelo se mantém em seu encalço. Após alguns eventos, a dupla eventualmente acaba sendo presa e colocada em um instituto psiquiátrico, o mesmo onde o Sr. Vidro (Samuel L. Jackson) já se encontra confinado. É então que a doutora Ellie (Sarah Paulson) tenta "curar" o trio convencendo-os de que eles são seres humanos comuns.

Para um filme que deveria "unir" dois filmes passados bem distintos, o roteiro de Vidro me impressionou ao conseguir juntar os dois universos anteriores de maneira detalhada e convincente. O único ponto a desejar desta junção é Casey (Anya Taylor-Joy), cujo retorno à trama não parece fazer muito sentido, além de proporcionar momentos piegas.

Comparando Vidro com Corpo Fechado e Fragmentado, o novo filme do diretor indiano lembra muito mais o primeiro, ao ser mais lento, com poucas cenas de ação, e principalmente, por trazer no roteiro muitos diálogos sobre a mitologia das histórias de super-heróis dos quadrinhos.

Como ponto forte, mais uma vez as cenas de suspense são filmadas com maestria por M. Night, que por sua vez, tem como seu grande erro em Vidro o exagero: o filme é longo demais, há diálogos e explicações demais. O ponto fraco do filme acaba sendo mais uma vez - assim como já foi em Fragmentado - o desfecho de sua história. Após uma tradicional "revelação surpreendente" que achei bacana, logo em seguida vem o exagero de mostrar outra "revelação-bomba", que considerei pretensiosa demais.

Voltando as qualidades de Vidro, se na média a atuação dos personagens não empolga, acho que Samuel L. Jackson e James McAvoy estão ainda melhores em seus papéis neste filme. McAvoy consegue se transformar de maneira mais evidente e impressionante entre seus diversos alter-ego.

Vidro não é um filme ruim, pelo contrário é até bom. Entretanto seus defeitos o tornam certamente o filme mais fraco da trilogia. Tivesse sido filmado há uns 10 anos atrás e com um final mais inspirado, talvez a trilogia de Shyamalan entrasse para história como algo mais memorável. Nota: 6,0

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Retrospectiva Cinema Vírgula 2018: Os melhores, os piores, e a lista de filmes assistidos

Feliz 2019!!! E para começar o ano, mantendo a tradição do Cinema Vírgula, vamos aos melhores e piores do anterior.

O ano cinematográfico iniciou com os "filmes do Oscar" mais fracos dos últimos anos, sendo seguido do super blockbuster Vingadores: Guerra Infinita, sucesso de bilheteria e crítica. No meio do ano tivemos várias continuações de baixa qualidade, como por exemplo Han Solo: Uma História Star WarsCírculo de Fogo: A Revolta.

Os filmes de super-herói continuaram dominando os lançamentos, com a DC acertando em Aquaman, a Marvel errando com Homem-Formiga e a Vespa, e a Sony só acertando com Deadpool 2 e produzindo seus lixos de sempre, sendo o da vez, Venom. Por falar em super-heróis, tivemos com O Doutrinador o primeiro filme nacional de super-herói live-action; e outro lançamento brasuca bem bacana foi a cinebiografia de Eder Jofre: 10 Segundos para Vencer.

O final de 2018 foi bem morno nos cinemas, sem grandes lançamentos. Mas certamente encerrou no imaginário popular de maneira bem musical, com os muito elogiados pelo público Bohemian Rhapsody e Nasce uma Estrela, que certamente vão brigar por oscars neste ano.

E, para encerrar o resumo do ano, destaco o lançamento pela Netflix do "filme perdido" de Orson Welles, O Outro Lado do Vento; aquele que foi seu último longa-metragem, filmado nos anos 70 e que nunca foi finalizado principalmente por problemas legais.


E vamos as listas! Segue abaixo meus 10 melhores filmes de 2018, os 5 piores, os 5 posts de 2018 mais lidos no Cinema Vírgula e finalmente, a lista de todos os filmes que assisti no ano passado (com indicações dos melhores).

Top 10: Melhores filmes lançados no Brasil em 2018 (em ordem alfabética)

Bottom 5: Piores filmes lançados no Brasil em 2018 (em ordem alfabética)

Top 5: Artigos de 2018 mais lidos no Cinema Vírgula
Me chamou a atenção de que este ano os posts sobre lançamentos da Netflix ganharam bem mais cliques que no ano anterior. E outro destaque, claro, é que a crítica de Viva - A Vida é Uma Festa foi disparado o artigo mais acessado, graças a propaganda feita pela minha amiga Melissa em seu ótimo blog Viviendo en el México Mágico!.


Todos os filmes que assisti em 2018 (com indicações dos melhores)

E finalmente, a lista de todos os filmes que assisti em 2018; novos ou antigos, sendo a primeira vez que os vi ou não. Novamente não cumpri minha meta de assistir pelo menos 104 filmes no ano (o que significa uma média de 2 filmes por semana), porém desta vez assisti bem mais filmes que o ano passado (92 agora contra 73 de 2017).

Abaixo seguem os filmes. Como sempre, os filmes em laranja negrito e com um (*) são aqueles a que dou uma nota de no mínimo 8,0 e portanto, recomendo fortemente.

  • 10 Segundos para Vencer (idem, Brasil, 2018)
  • Além da Ilusão ("Planetarium", Bélgica / França, 2016)
  • Aniquilação ("Annihilation", EUA, 2018)   (*)
  • Ano Um ("Year One", EUA, 2009)
  • Aquaman (idem, Austrália / EUA, 2018)
  • ARQ (idem, Canadá / EUA, 2016)
  • Artista do Desastre ("The Disaster Artist", EUA, 2017)
  • Atlantis: O Reino Perdido ("Atlantis: The Lost Empire", EUA, 2001)
  • Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Ultimate Edition) ("Batman v Superman: Dawn of Justice (Ultimate Edition)", EUA, 2016)
  • Bird Box (idem, EUA, 2018)
  • Bohemian Rhapsody ("Bohemian Rhapsody", EUA / Reino Unido, 2018)
  • O Castelo de Vidro ("The Glass Castle", EUA, 2017)
  • Chaos on the Bridge (idem, Canadá / EUA, 2014)
  • Cheech e Chong Atacam Novamente ("Cheech and Chong's Next Movie", EUA, 1980)
  • O Cidadão Ilustre ("El Ciudadano Ilustre", Argentina / Espanha, 2016)
  • Círculo de Fogo: A Revolta ("Pacific Rim: Uprising", China / EUA / Reino Unido, 2018)
  • Com Amor, Van Gogh ("Loving Vincent", EUA / Polônia / Reino Unido, 2017)   (*)
  • Deadpool 2 ("Deadpool 2", EUA, 2018)
  • O Destino de uma Nação ("Darkest Hour", EUA / Reino Unido, 2017)
  • Deus Não Está Morto ("God's Not Dead", EUA, 2014)
  • O Doutrinador (idem, Brasil, 2018)
  • Drácula de Bram Stoker ("Bram Stoker's Dracula", EUA, 1992)
  • Ele Está de Volta ("Er ist wieder da", Alemanha, 2015)
  • Em Pedaços ("Aus dem Nichts", Alemanha / França, 2017)
  • Estrelas Além do Tempo ("Hidden Figures", EUA, 2016)   (*)
  • Eu, Tonya ("I, Tonya", EUA, 2017)   (*)
  • O Experimento de Milgram ("Experimenter", EUA, 2015)
  • Os Farofeiros (idem, Brasil, 2018)
  • A Força de Grayskull: A História de He-Man e os Mestres do Universo ("Power of Grayskull: The Definitive History of He-Man and the Masters of the Universe", Canadá / EUA, 2017)
  • A Forma da Água ("The Shape of Water", EUA, 2017)
  • For the Love of Spock (idem, Canadá / EUA, 2016)
  • A Guerra dos Sexos ("Battle of the Sexes", EUA / Reino Unido, 2017)
  • O Homem das Cavernas ("Early Man", EUA / França / Reino Unido, 2018)
  • Handia (idem, Espanha, 2017)
  • Homem-Formiga e a Vespa ("Ant-Man and the Wasp", EUA, 2018)
  • Ícaro ("Icarus", EUA, 2017)
  • Ilha dos Cachorros ("Isle of Dogs", Alemanha / EUA, 2018)   (*)
  • Os Incríveis 2 ("Incredibles 2", EUA, 2018)
  • Infiltrado na Klan ("BlacKkKlansman", EUA, 2018)
  • Os Intocáveis ("The Untouchables", EUA, 1987)
  • Jogador Nº 1 ("Ready Player One", EUA, 2018)
  • Jumanji: Bem-Vindo à Selva ("Jumanji: Welcome to the Jungle", EUA, 2017)
  • Lady Bird: É Hora de Voar ("Lady Bird", EUA, 2017)
  • Uma Longa Viagem ("The Railway Man", Australia / Reino Unido / Suíça, 2013)
  • A Louca! Louca História de Robin Hood ("Robin Hood: Men in Tights", EUA / França, 1993)
  • Um Lugar Silencioso ("A Quiet Place", EUA, 2018)   (*)
  • Making Fun: The Story of Funko (idem, EUA, 2018)
  • Manifesto (idem, Alemanha, 2015)
  • A Marca da Maldade ("Touch of Evil", EUA, 1958)
  • Maria Sharapova: The Point (idem, EUA, 2017)
  • Me Chame pelo Seu Nome ("Call Me by Your Name", Brasil / EUA / França / Itália, 2017)
  • Meninas Malvadas ("Mean Girls", EUA / Canadá, 2004)
  • Meu Ex é um Espião ("The Spy Who Dumped Me", Canadá / EUA, 2018)
  • Os Meyerowitz: Família Não Se Escolhe ("The Meyerowitz Stories (New and Selected)", EUA, 2017)
  • O Mínimo para Viver ("To the Bone", EUA, 2017)
  • Missão: Impossível - Efeito Fallout ("Mission: Impossible - Fallout", EUA, 2018)   (*)
  • A Morte te dá Parabéns! ("Happy Death Day", EUA, 2017)
  • Nasce uma Estrela ("A Star Is Born", EUA, 2018)
  • Nocaute ("Southpaw", EUA / Hong Kong, 2015)
  • Noite de Lobos ("Hold the Dark", EUA, 2018)
  • Em Nome da Lei ("Jing cha gu shi", China / Hong Kong, 2013)
  • Nossas Noites ("Our Souls at Night", EUA, 2017)
  • Oblivion (idem, EUA, 2013)
  • Um Olhar do Paraíso ("The Lovely Bones", EUA / Nova Zelândia / Reino Unido, 2009)
  • O Outro Lado do Vento ("The Other Side of the Wind", EUA / França / Irã, 2018)
  • Pantera Negra ("Black Panther", EUA, 2018)
  • O Paradoxo Cloverfield ("The Cloverfield Paradox", EUA, 2018)
  • Pare! Senão Mamãe Atira ("Stop! Or My Mom Will Shoot", EUA, 1992)
  • Pequena Miss Sunshine ("Little Miss Sunshine", EUA, 2006)
  • The Ballad of Buster Scruggs (idem, EUA, 2018)   (*)
  • The Post: A Guerra Secreta ("The Post", EUA / Reino Unido, 2017)
  • O Primeiro Homem ("First Man", EUA, 2018)
  • Projeto Flórida ("The Florida Project", EUA, 2017)
  • Roma (idem, EUA / México, 2018)
  • Serei Amado Quando Morrer ("They'll Love Me When I'm Dead", EUA, 2018)
  • O Shaolin do Sertão (idem, Brasil, 2016)
  • Shiki Oriori - O Sabor da Juventude ("Si shi qing chun", China / Japão, 2018)
  • Sinbad, a Lenda dos Sete Mares ("Sinbad: Legend of the Seven Seas", EUA, 2003)
  • A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata ("The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society", EUA / França / Reino Unido, 2018)
  • Sombras da Vida ("A Ghost Story", EUA, 2017)   (*)
  • Spectral (idem, EUA, 2016)
  • Tá Dando Onda ("Surf's Up", EUA, 2007)
  • Te Peguei! ("Tag", EUA, 2018)
  • Tomb Raider: A Origem ("Tomb Raider", EUA / Reino Unido, 2018)
  • Três Anúncios Para um Crime ("Three Billboards Outside Ebbing, Missouri", EUA / Reino Unido, 2017)   (*)
  • Tudo Por um Furo ("Anchorman 2: The Legend Continues", EUA, 2013)
  • Tully ("Tully", EUA, 2018)
  • Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha ("Victoria & Abdul", EUA / Reino Unido, 2017)
  • Vingadores: Guerra Infinita ("Avengers: Infinity War", EUA, 2018)   (*)
  • Viva: A Vida é uma Festa ("Coco", EUA, 2017)
  • De Volta ao Jogo ("John Wick", China / EUA, 2014)
  • Your Name ("Kimi no na wa", Japão, 2016)   (*)

E que 2019 seja um ano melhor para todos! Com mais e melhores filmes! E com mais Cinema Vírgula! Grande abraço!

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...