quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Não se despeça de 2020 antes de saber de grandes novidades no universo de Asterix!


O genial Asterix está entre minhas franquias de quadrinhos favoritas, e certamente é uma das melhores obras escritas "para todas as idades" de todos os tempos. Se você tem criança, apresente Asterix a ela. Os intrépidos gauleses foram importantíssimos para eu adquirir o gosto na leitura que perdura até hoje.

Sem publicações no Brasil há alguns anos (a Panini obteve os direitos de publicação para o Brasil na metade de 2019 mas até hoje não publicou nada... aliás sequer fez comunicado oficial a respeito), é assustador perceber que Asterix sumiu também da mídia nacional. Cabe então ao Cinema Vírgula deixar os brasileiros atualizados sobre o tema (e não custa relembrar que eu publiquei um artigo com 3 novidades de Asterix também no ano passado. Clique aqui para rever).


E o meu "resumão" de notícias de Asterix para 2020 também conta com três itens.

O primeiro dele, muito triste, é que em Março o desenhista de quadrinhos Albert Uderzo nos deixou após um ataque cardíaco enquanto dormia, aos 92 anos, e se juntou no Céu com grande amigo, o escritor René Goscinny, falecido em 1977.

A dupla, mundialmente famosa pela criação e publicação de Asterix o Gaulês, teve seu último trabalho conjunto publicado em 2009, naquele que seria o 34º álbum da série, intitulado O Aniversário de Astérix e Obélix - O Livro de Ouro. Uma obra, aliás, bem diferente de todas as outras edições, já que mal tinha uma história em quadrinhos, era mais uma grande homenagem e resumo de todos os principais personagens das aventuras anteriores. Tudo indicava que não veríamos mais nada de novo da dupla... o que nos leva a segunda notícia:


Em Outubro de 2020 foi publicado na Europa o livro Le Menhir d' Or (O Menir de Ouro, em tradução livre). Não se trata de uma quadrinização, e sim de um livro ilustrado, assim como já aconteceu em outras obras de Asterix, como Os 12 Trabalhos de Asterix (1976) e O Segredo da Poção Mágica (2019).

Se trata da transcrição de um áudio-livro de 1967 (em disco de vinil), cuja foto se encontra lá em cima, abrindo o artigo. Na trama, o bardo Chatotorix resolve participar do concurso anual dos músicos gauleses, cujo prêmio principal se chama "Menir de Ouro" e cuja cerimônia será na Floresta dos Carnutes. Chatotorix é acompanhado por Asterix e Obelix e, após sua apresentação, é sequestrado pelos romanos, pois eles têm um general que gostaria de ouvir músicas gaulesas. Ou seja, de certa forma temos uma história que mistura elementos de HQs anteriores: Asterix e os Godos (1963) e Asterix Gladiador (1964). Mas mesmo sendo uma trama "reciclada", não importa: são textos de Goscinny e desenhos de Uderzo que ninguém tem contato há mais de 50 anos, e isso merece ser comemorado pelos os fãs!

Ah, e a experiência planejada pelos autores em 1967 pode ser revivida em 2020: no site oficial de Asterix você pode baixar e ouvir o áudio-livro (em Francês). Só clicar aqui.


A terceira e última novidade é que Ideiafix, o simpático cachorrinho de Obelix, foi um dos assuntos da revista Asterix Max! deste mês de Dezembro (revista que é publicada de maneira semestral na França desde 2016 pela editora Hachette).

A revista contém uma historia de quadrinhos inédita, com Ideiafix como protagonista! O conto é escrito por Matthieu Choquet e desenhado por Jean Bastide (este último é o atual desenhista de Bill, o cachorrinho de Boule & Bill, que já apresentei e recomendei por aqui). Ah: e a história é sobre uma epidemia de soluços(!??) que está acontecendo na Lutécia (como Paris se chamava na época dos gauleses).

E tem mais: o quadrinho surgiu para promover Idéfix et les Irréductibles, uma animação em 3D que irá estrear em 2021 em algum dos canais públicos de TV da France Télévisions. Já existem 52 episódios programados, e surpreendentemente o programa promete mostrar as aventuras de Ideiafix antes de conhecer Obelix... o desenho começará 2 anos antes do primeiro encontro da dupla!

Não sei quando (e se) os desenhos de Ideiafix serão distribuídos para o Brasil e o restante do mundo. Mas seria uma excelente maneira de fazer as pessoas de fora da Europa (re-)conhecerem Asterix, e também se divertirem com um cachorrinho bem inteligente que chora desesperadamente cada vez que vê uma árvore derrubada. Querem um símbolo melhor que esse para os tempos atuais?

 




Atualização 03/01: o atual escritor de Asterix, Jean-Yves Ferri, anunciou hoje mesmo a data para o novo álbum, que será o 39ª da coleção: 21 de Outubro de 2021. O nome da futura edição não foi revelado, mas sabemos que será uma aventura de "viagens", ou seja, não se passará na aldeia.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Crítica Netflix - Era Uma Vez Um Sonho (2020)

Título:
 Era Uma Vez Um Sonho (Hillbilly Elegy, EUA, 2020)
Diretor: Ron Howard
Atores principais: Amy Adams, Glenn Close, Gabriel Basso, Haley Bennett, Freida Pinto, Bo Hopkins, Owen Asztalos
Nota: 6,0

Massacrado pela crítica especializada devido motivos políticos

Em um mundo ocidental atual extremamente dividido entre conservadores e liberais, o livro Hillbilly Elegy no qual se baseia o filme Era Uma Vez Um Sonho é um prato cheio para polêmicas e brigas. Publicado em 2016, e ficando entre os livros mais vendidos dos EUA por dois anos (sendo bem quisto especialmente pelos eleitores do Trump), ele se trata de um livro de memórias do hoje advogado e investidor J. D. Vance. Vance, que teve uma infância bem pobre em uma cidade pequena de Ohio, e repassa sua vida difícil até chegar ao "sucesso".

Antes de prosseguir, é necessário explicar o título do livro/filme, cuja tradução feita para o Brasil (Era Uma Vez Um Sonho) é uma das piores dos últimos tempos... simplesmente deplorável... um título genérico que ignora completamente o sentido original da obra. Hillbilly é um termo pejorativo para descrever as pessoas que moram na região dos Apalaches, sudeste dos EUA: são pessoas brancas, boa parte pobres, de vida rural, e de estereótipo violento e ignorante. Já "elegia" significa um poema ou canção triste, melancólica. Então pelo nome, o livro/filme deveria ser uma narrativa triste e contemplativa da cultura dos hillbillies. Mas embora esse seja certamente o objetivo do autor, de certa forma a obra entregue faz com que o título seja mais uma propaganda enganosa, como veremos a seguir.

O problema é que história de Era Uma Vez Um Sonho pouco conta sobre a cultura Hillbilly... a menos que ela signifique se viciar em entorpecentes, ter explosões irracionais de fúria a qualquer momento, ou ainda, ter como lema "família acima de tudo". Esta descrição está longe de representar todo estadunidense rural, e ao mesmo tempo, são características que podem ser encontradas em diversos grupos sociais bem diferentes do deles. Na verdade a história está mais preocupada em mostrar a visão de J. D. Vance, e nela, de maneira sutil, há a crença em que o "sistema" funciona (no que inclui a polícia estadunidense) e também, já de maneira bem explícita, há a mensagem de que não importa se você é pobre: se você se dedicar, se você se esforçar, você vai melhorar de vida. A própria definição da "meritocracia".

Era Uma Vez Um Sonho foi outra produção original que a Netflix certamente investiu para ganhar prêmios no Oscar. Com um orçamento alto para o tipo de produção (US$ 45 milhões), roteiro contando uma história de superação (coisa que a Academia adora), duas atrizes de peso (Glenn Close e Amy Adams) e um diretor renomado (Ron Howard), a empresa de streaming só esqueceu de um fato: que a crítica especializada é em sua maioria liberal. Resultado, o filme foi enormemente rejeitado pelos críticos. Em um mundo tão politizado como o atual, dificilmente Hollywood se permitirá aprovar um filme com este tipo de mensagem.

E embora eu também não goste muito da mensagem política que o filme traz (ou sendo mais explícito: que colocaram nele), mais uma vez temos algo tratado com visões extremistas, sendo que como quase tudo na vida, não deveria ser nem 8 nem 80. Vejam: a "meritocracia" é a visão de Vance, e faz sentido ele acreditar nisso porque é a sua história real, ela aconteceu. Certamente o mundo não dá as mesmas oportunidades para todos (ainda mais quando você é negro, sendo que J.D. é branco), mas não vejo porque criticar uma história que reforça que você precisa se esforçar para vencer, que você precisa abandonar álcool e drogas para vencer. E mais ainda: tanto a avó quanto a mãe do protagonista, mesmo ambas sendo hillbillies, educam seus filhos para a direção da educação, de abandonar a "ignorância".

Sem abrir mão da postura política, a crítica especializada deixa de reconhecer que Era Uma Vez Um Sonho traz um drama humano contado de maneira emocionante, que certamente agradará e interessará o espectador imparcial. Tecnicamente o filme também merece vários elogios, com boa fotografia, bom design de produção, e boa maquiagem (impressiona ver alguns atores "engordando e emagrecendo" de maneira tão crível ao longo das cenas exibidas em décadas distintas). E principalmente, é outro filme que traz ótimas atuações, em especial do trio de atrizes que aparece na foto acima, e que justamente por isso a escolhi para ilustrar este artigo.

Longe de ser algo diferente ou de grande qualidade, Era Uma Vez Um Sonho entretanto merece um reconhecimento maior, e foi injustiçado pela crítica. Sua história é sim interessante a ponto de valer a pena assistí-la. Em um mundo que quer ditar o que você deve ver, continua sendo muito importante você assistir e chegar a suas próprias conclusões e pensamentos... ou simplesmente lembrar que nem tudo na vida é discussão política. Nota: 6,0

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Crítica Netflix - O Céu da Meia-Noite (2020)

Título
O Céu da Meia-Noite ("The Midnight Sky", EUA, 2020)
Diretor: George Clooney
Atores principais: George Clooney, Felicity Jones, David Oyelowo, Tiffany Boone, Demián Bichir, Kyle Chandler, Caoilinn Springall
Tom emocional é a melhor parte deste filme mediano

Desta vez foi George Clooney, que seguindo a moda de diversos atores e atrizes famosos, fechou com a Netflix para dirigir e estrelar um filme. A produção Netflix da vez é O Céu da Meia-Noite, lançado no Brasil no dia 23 especialmente para aproveitar o clima Natalino. Embora de Natal o filme não tenha nada, a data do lançamento foi apropriada, já que o tom emocional do filme é seu ponto forte.

Baseado em um livro de mesmo nome escrito em 2016 por Lily Brooks-Dalton, na história de O Céu da Meia-Noite estamos em 2049, e diversas naves já saíram para o espaço para "testar" a colonização da lua K-23 de Júpiter (que é fictícia), cujas condições para abrigar a vida humana foi descoberta pelo cientista Augustine Lofthouse (George Clooney). Porém algo deu muito errado na Terra e o ar do planeta todo virou veneno. Ao descobrir que uma das naves que estava em Júpiter está retornando para nosso planeta, Augustine faz seus últimos esforços para alertar os astronautas a não descerem mais aqui.

A trama já de cara não faz muito sentido... como o próprio filme mostra em sua parte final, assim que a nave visualiza a Terra eles já percebem que não conseguirão voltar. A história se divide em 3 partes, cuja montagem também não é muito boa e as vezes confunde, que são a vida dos astronautas dentro da nave, flashbacks do passado de Augustine, e a situação presente do cientista, que já bastante velho e debilitado ainda tem que tomar conta de uma criança, Iris (Caoilinn Springall). As atuações de Clooney e da garota Springall são muito boas, e é mais impressionante ao sabermos que é a estréia da menina em filmes.

O Céu da Meia-Noite é repleto de clichês do gênero e nem tenta fugir deles. Como já aconteceu em milhares de filmes, claro que tanto a viagem dos astronautas como a vida do cientista na Terra serão repletas de desastres e dificuldades. Apenas o desfecho da trama é um pouco diferente. Ainda que um pouco piegas, o final é bonito e salva a produção.

Em termos técnicos temos uma trilha sonora genérica, uma boa fotografia, bons efeitos de computador, e um design de produção com altos e baixos. Por exemplo, embora estamos em 2049, não há praticamente nada nos cenários e figurinos da Terra que mostrem se tratar do "futuro"... parece os tempos de hoje. Por outro lado, reforçado pelos bons efeitos especiais, a nave Æther (onde estão os 5 astronautas voltando pra casa) é bem bacana, sendo bonita, futurista na maneira adequada, e convencendo em ser "funcional".

Em resumo O Céu da Meia-Noite acaba sendo um filme mediano, que pode agradar quem gosta de filmes com finais emotivos, ou quem seja fã de George Clooney ou Felicity Jones. Se fosse mais curto (ele tem 2h de duração mas poderia facilmente ser reduzido pra menos de 1h30) e tivesse se dedicado um pouco mais nas explicações da trama, receberia uma nota maior. Como não o fez, leva Nota 5,0

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Dupla Crítica Filmes Netflix - Ava (2020) e A Voz Suprema do Blues (2020)

Duas críticas. Dois filmes que estrearam em Dezembro na Netflix brasileira e que têm como protagonista uma atriz famosa e mega-talentosa. Ah, e de quebra um destes filmes é o último trabalho em vida do ator Chadwick Boseman, o eterno Pantera Negra, que faleceu em Agosto deste ano vítima de um câncer no cólon.

Soa promissor? Confira o que eu achei de cada um destes dois lançamentos:



Ava (2020)
Diretor: Tate Taylor
Atores principais: Jessica Chastain, John Malkovich, Common, Geena Davis, Colin Farrell, Joan Chen

Filme de ação sobre espionagem, Ava não deixa de ser um pequeno fenômeno. Afinal, reunir na tela vários atores famosos com um diretor que até já teve filme indicado ao Oscar, e sair essa porcaria, não é algo esperado.

Na história, Ava (Jessica Chastain) trabalha como matadora profissional para uma agência mundial de assassinos. Após alguns incidentes, ela passa a ser alvo de seus próprios empregadores. As cenas de ação até são boas, embora muitas vezes bem exageradas (Ava é mais letal que Rambo).

Porém não há muito mais o que elogiar no filme. Ele começa bem, mas depois de uns 15 minutos vira uma tragédia enfadonha. O roteiro é fraquíssimo, sem nenhum sentido, os personagens não convencem com suas motivações. Clichês do gênero estão aos montes, e tudo misturado em uma infeliz salada: abandono da mãe, vício em drogas, vício em apostas, amor mal correspondido, mestre e aprendiz, máfias... é de chorar. Soma-se à isso uma trilha sonora de música eletrônica que não tem nada a ver com o que é exibido na tela e acaba de vez com qualquer esperança das cenas causarem alguma emoção.

Gosto muito da Jessica Chastain, ela inclusive tem a única atuação que se salva em Ava, mas esse é facilmente o pior filme dela que já vi. Ava é um filme tão picareta que não tem a decência de encerrar completamente a história em seu final. Nota: 4,0.



A Voz Suprema do Blues (2020)
Diretor: George C. Wolfe
Atores principaisViola Davis, Chadwick Boseman, Colman Domingo, Glynn Turman, Michael Potts, Jeremy Shamos, Jonny Coyne, Taylour Paige

A Voz Suprema do Blues foca nos eventos da conturbada passagem da lendária "Mãe do Blues" Ma Rainey (Viola Davis) em Chicago, 1927, onde ela se reuniu com sua banda em um estúdio para gravar músicas para uma gravadora. O filme, co-produzido por Denzel Washington, teve sua produção anunciada vários anos atrás, junto com a do filme Um Limite Entre Nós (2016), sendo que ambos filmes são baseados em peças escritas para o teatro e foram vencedoras do Prêmio Pulitzer.

Fazendo jus ao fato de vir do teatro e falar sobre Blues, o filme tem muuuuitos diálogos e um bocado de música. Apesar do personagem de Viola estar até no título do filme (Ma Rainey’s Black Bottom, no original), o maior destaque é para o drama do personagem de Chadwick Boseman, o trompetista de nome Levee.

Boseman, que não me impressionou em Pantera Negra, faz aqui provavelmente sua maior atuação, realmente excelente. Visivelmente mais magro e abatido devido a doença que só foi revelada para o público no dia de sua morte, a aparência do falecido ator impressiona um pouco.

Até podemos dizer que o melhor de A Voz Suprema do Blues são as atuações de Viola Davis e Chadwick Boseman, e de fato o são (Boseman, inclusive, é forte candidato a levar o Oscar de Melhor Ator em 2021). Porém o filme tem outra grande qualidade, seu roteiro. Misturando fatos e pessoas reais com fictícias (o personagem de Chadwick é 100% fictício), a história retrata com precisão como os músicos negros eram explorados naquela época. E os "causos" contados pelos integrantes da banda ao longo da trama também acrescentam bastante, sendo fortes e marcantes.

A Voz Suprema do Blues é um bom filme, e outro que deveria ser visto por todos, em tempos onde inacreditavelmente (e muito infelizmente) o racismo ainda ocorre diariamente. E se Chadwick Boseman já tinha deixado sua marca na história como um símbolo da cultura negra, agora também acrescenta a ela uma memorável atuação. Nota: 7,0

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Conheça um pouco sobre Seinfeld, a melhor Sitcom de todos os tempos!


Pensando em recomendações, não dá para deixar de apresentar a vocês aquela que considero a melhor sitcom de todos os tempos: Seinfeld. Criada por Larry David e Jerry Seinfeld, a série teve 9 temporadas, de 1989 a 1998, e ainda hoje é considerada a melhor série de comédia de todos os tempos por diversas entidades, como por exemplo as revistas Rolling Stone e TV Guide, ou ainda, o Sindicato de Roteiristas dos Estados Unidos.

Infelizmente Seinfeld não fez tanto sucesso aqui no Brasil. Talvez por não se encaixar nas comédias padrão adoradas por aqui, ao trazer um humor mais inteligente e apenas com personagens adultos; ou talvez porque no começo a série era apenas mediana: demorou algum tempo para Seinfeld se encontrar e consolidar como algo realmente muito bom. Nas duas primeiras temporadas a série ainda estava se conhecendo, se testando... e só a partir da terceira temporada ela começa a se mostrar diferenciada... e a partir daí, foi melhorando ano a ano!

O público também foi aumentando ao longo dos anos, junto com a qualidade da série. Foi apenas na sexta temporada que Seinfeld alcançou o topo do ranking dos programas mais assistidos na TV estadunidense. E o sucesso da série nos últimos anos foi estrondoso: para se ter uma idéia, para aceitar fazer a nona e última temporada, Jerry Seinfeld recebeu salários de US$ 1 milhão por episódio: ele foi o primeiro ator de TV da história a chegar nessa marca.


Do que se trata?

Como a própria série gosta de se chamar, é um "programa sobre o nada". E de fato, o grande foco do programa são os pequenos incidentes do cotidiano de quatro amigos: Jerry, George, Elaine e Kramer, que vivem na Nova York dos anos 90.

Mas o que faz Seinfeld ser especial em relação as outras séries? Principalmente, porque embora vários comediantes tenham feito sucesso baseado em um humor ácido focado em criticas no comportamento cotidiano da sociedade, Seinfeld foi quem melhor transportou isso para o formato da TV.

Claro, assim como toda comédia, também há muitas piadas feitas em cima das maluquices de seus próprios personagens (e como eles são malucos!), porém em várias situações temos comentários universais... se aplicariam a qualquer cidadão comum. Outra característica incomum deste seriado é que embora os protagonistas até sejam pessoas bem intencionadas (todos menos o George), ele frequentemente estão fazendo coisas de "ética duvidosa"... Sim, é comum ter algum personagem com este comportamento em sitcoms... mas TODOS ao mesmo tempo? Muito difícil.

E finalmente, outro ponto que me faz considerar Seinfeld genial foi a habilidade dos roteiristas em criar histórias onde as ações isoladas dos 4 protagonistas interferem acidentalmente na vida dos outros, em um verdadeiro "efeito borboleta"; além disso, o seriado constantemente nos faz rir pelo inesperado. Há muita coisa maluca e engraçada acontecendo de maneira surpreendente o tempo todo.

 

Os personagens principais

Jerry Seinfeld (Jerry Seinfeld): interpreta ele mesmo na série, um comediante solteirão em começo de carreira, que mora em um apartamento em Nova York. 

George Costanza (Jason Alexander): baixinho, neurótico, e sempre evitando trabalhar, é o melhor amigo de Jerry. Convivem juntos desde o colegial, e é o "loser" da série.

Elaine Benes (Julia Louis-Dreyfus): mesmo sendo ex-namorada de Jerry, continuou a andar com o grupo normalmente, como grande amiga. Esperta e independente, é de longe a pessoa mais bem intencionada do quarteto, mas ainda assim, ela não é lá um modelo de pessoa.

Cosmo Kramer (Michael Richards): responsável pelo humor físico e as maiores bizarrices da série, Kramer é o maluco vizinho de Jerry, sempre se vestindo com roupas antigas, acreditando em todas as teorias da conspiração, e sempre tentando inventar esquemas para enriquecer ou burlar a lei.

Da esquerda para a direita: George, Elaine, Jerry e Kramer


O fantástico time de personagens coadjuvantes

Outro grande fator para o sucesso da série é sua enorme relação de personagens coadjuvantes bizarros e divertidíssimos. E alguns deles eram baseados em pessoas reais da cidade de Nova York, como por exemplo o aventureiro J. Peterman (John O'Hurley), o Soup Nazi (Larry Thomas), ou maluco George Steinbrenner, cujo ator sempre aparecia de costas e as vozes eram feitas pelo Larry David. O verdadeiro Steinbrenner era de fato o presidente do New York Yankees.

Como em cada episódio o quarteto principal sempre conhecia novas pessoas, o seriado acabou exibindo uma quantidade enorme de comediantes e atores famosos (ou que se tornariam famosos depois) ao longo dos anos. Boa parte desses nomes eram atrizes que eram a "paquera da vez" de Jerry.

Olhem só esta lista: Jerry Stiller, Wayne Knight, Liz Sheridan, Bryan Cranston, Courtney Cox, Jon Favreau, Denise Richards, Debra Messing, Sarah Silverman, Molly Shannon, Peter Krause, James Spader, Amanda Peet, Patton Oswalt, Brad Garrett, Kathy Griffin, Lauren Graham, Rob Schneider, Teri Hatcher Lori Loughlin, Catherine Keener, Jane Leeves, Jon Lovitz, Ben Stein, French Stewart, Christine Taylor, Brenda Strong e Debra Jo Rupp são apenas alguns dos nomes que apareceram no seriado ao longo de seus 180 episódios.

E ainda muitos outros apareceram interpretando "eles mesmos", como por exemplo David Letterman, Fred Savage, Rudy Giuliani (na época o prefeito da cidade), George Wendt, Marisa Tomei, Rachel Welch, Jon Voight, Bette Midler e o astro do baseball Keith Hernandez.


Gostei! Como começar a assistir Seinfeld?

Para os viajantes de primeira viagem, devido a toda explicação que escrevi lá na introdução, sugiro começar a assistir Seinfeld pelo 3º episódio da Terceira temporada, intitulado "A Esferográfica" ("The Pen" no original). Ainda que não seja um grande episódio, ele apresenta bem os 4 personagens principais e a relação entre eles.

Atualmente Seinfeld ainda é exibido no Brasil pelo canal de TV a cabo Warner Channel. E as temporadas completas em DVD ainda podem ser encontradas para se comprar na Internet. E desde o dia 01/10/21 ele passou a estar disponível na Netflix.

E para quem já assistiu tudo de Seinfeld e ainda quer mais, ainda há duas possibilidades: o programa Comedians in Cars Getting Coffee é apresentado por Jerry, e também está disponível na Netflix, assim como alguns de seus especiais de stand up. Já Larry David emplacou na HBO a sitcom Curb Your Enthusiasm (traduzida no Brasil como Segura a Onda), que já tem 10 temporadas. É como se fosse um Seinfeld com piores atores e humor menos "refinado", com muitos palavrões e histórias menos verossímeis.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

8 documentários sobre Esporte da Netflix e Amazon Prime para se conhecer (e + 1 bônus)


O Esporte é uma das atividades mais incríveis criada pela humanidade, a qual sou muito fã. Assisti vários documentários sobre o tema neste ano, seja em seriados ou filmes, e resolvi compartilhar eles com vocês. Na lista abaixo cito 8 títulos que assisti (e mais um bônus no final da lista, não perca!), ordenados do pior para o melhor. Confiram!


8) The Playbook: Estratégias para Vencer (2020) - Netflix

Lançado mundialmente há pouco tempo, em Setembro desse ano, The Playbook foi uma grande decepção para mim. A idéia do seriado seria entrevistar grandes treinadores do mundo do Esporte e conhecer suas táticas, seus ensinamentos para o sucesso.

E o que vemos em The Playbook está bem longe disto. Em uma primeira temporada com apenas 5 episódios os técnicos apresentados foram "Doc Rivers" (NBA), "Jill Ellis" (Futebol Feminino), "José Mourinho" (Futebol Masculino), "Patrick Mouratoglou" (Tênis) e "Dawn Staley" (WNBA), e o tom apresentado foi muito mais de "louvor" a eles próprios do qualquer coisa didática.

Por exemplo, no caso de Doc Rivers quase toda a entrevista é sobre ele falando das dificuldades de trabalhar pelo Clippers após o então dono do time Donald Sterling ter áudios racistas vazados. No caso de Jill Ellis, é basicamente ela se elogiando mostrando seus sucessos e conquistas, porém sem explicar qual seu segredo para alcançar as vitórias. E assim vai... O melhor dos 5 episódios, e de longe o mais interessante, acaba sendo o do Mouratoglou, onde ele dá vários exemplos de como foi "moldando" o comportamento explosivo da tenista Serena Williams e a fez retomar ao topo do mundo.


7) Fangio: o Rei das Pistas (2020) - Netflix

Filme argentino que conta a história do genial Juan Manuel Fangio, que nos primórdios da Fórmula 1 venceu 5 títulos, e é considerado um dos maiores pilotos de todos os tempos.

Ainda que Fangio seja um filme interessante, a impressão que fica é que ele foi feito "tarde demais". Explico: por ter corrido nos anos 50, praticamente não há imagens de suas conquistas. E como ele faleceu em 1995, o material basicamente se compõe de depoimentos atuais de jornalistas e amigos. Há alguns trechos de entrevistas do próprio Fangio à televisões argentinas... mas é pouco. Se este mesmo documentário tivesse sido gravado com Fangio vivo, certamente teríamos "causos" em maior número e mais impactantes.

Apesar destes problemas, o filme consegue trazer histórias e imagens suficientes para deixar claro que Fangio era realmente diferenciado, e que o automobilismo daquela época tinha um nível de perigo que beirava a loucura.


6) The Carter Effect (2017) - Netflix

Filme contando com cerca de 1h, sobre a história e carreira do jogador da NBA Vince Carter. O foco não é bem sobre o jogador, e sim o impacto que sua ida para o Toronto Raptors causou naquela cidade canadense, dentro e fora das quadras. É interessante ver como apenas uma pessoa pode transformar a imagem e os hábitos de uma cidade inteira.

Como pontos negativos, o documentário é curto demais e deveria ter aproveitado melhor a oportunidade de apresentar para o público bem mais sobre a pessoa e a carreira de Vince Carter, que foi um personagem bem interessante para o basquete.. Outro fato que não gostei é que o rapper Drake (que também é um dos produtores do filme) recebe os holofotes para si mais do que deveria.


5) A Era do Peixinho (2018) - Amazon Prime

Com este péssimo nome para um filme, A Era do Peixinho não é sobre astrologia, ou pesca, ou natação, e sim, um documentário que conta a história do Voleibol no Brasil, desde seus primórdios até os dias atuais.

A história contada é interessante. Eu mesmo fiquei bastante surpreso com o nível de amadorismo do esporte nos anos 70/80. Além disto, ex-atletas e treinadores contam "causos" bem curiosos. E é sempre importante lembrar que o Brasil não é só o "país do futebol", mas também o país do Vôlei: inventamos os saques "Viagem" e "Jornada nas Estrelas", e dentre todas as dezenas de esportes disputados nas Olimpíadas, é no Vôlei onde o Brasil é de longe mais bem sucedido.

A lamentar que esta produção não está a altura da grandeza do Vôlei nacional. A produção é bem simples, feita por produtores independentes, e por isso mesmo parece carecer de recursos. A relação de entrevistados é pequena, o filme conta com poucas imagens das partidas, e justamente por isso boa parte das imagens mostradas não tem a ver com a história sendo contada pelas entrevistas.


4) Guillermo Vilas - Esta Vitória é Sua (2020) - Netflix

A Argentina sempre liderou a América do Sul no tênis, e ao pensar em tenistas desse país, em geral nós pensamos em nomes como Del Potro, David Nalbandian ou Gabriela Sabatini. É um pouco injusto, pois o primeiro nome que deveria vir em mente é o de Guillermo Vilas.

A história deste documentário é surpreendente: Vilas, que foi um dos melhores jogadores do tênis mundial na década de 70, nunca alcançou o topo do ranking da ATP. Entretanto isto é um grave erro: naquela época esta associação mundial de tênis tinha critérios de pontuação bem "estranhos", e então eles não computavam todos os jogos disputados. O filme mostra a luta de um jornalista argentino, que conseguiu provas de que Guillermo de fato conseguiu pontos suficiente para ser o Número 1 em alguns momentos da carreira, para que a ATP reconheça o fato.

Se no documentário de Fangio não pudemos tê-lo participando efetivamente do filme, aqui este "problema" é minimizado, pois Vilas continua vivo e dá algumas entrevistas atuais sobre o tema. Entretanto, infelizmente, o craque argentino já está com a saúde debilitada e sofre de Alzheimer. Suas entrevistas ainda foram lúcidas, mas ele claramente não está mais 100%.


3) Champs: nas carreiras de Tyson, Holyfield e Hopkins (2014) - Amazon Prime

Mais do que um filme sobre a carreira destes 3 grandes nomes do Boxe, Champs apresenta como o Boxe impacta a vida dos seus lutadores. Nos anos 80 e 90 o Boxe era uma das únicas chances de um negro da periferia sair do crime e ganhar algum dinheiro honesto em vida. Porém, mesmo se você conseguisse ser um dentre milhares a ter algum sucesso, a total falta de proteção a estes lutadores (pois ao contrário dos outros esportes profissionais dos EUA como a NBA, NHL, NFL e etc, no Boxe não há nenhum sindicato de atletas ou entidade nacional) fazia que após ficarem milionários, os atletas rapidamente perdiam todo o dinheiro, por falta de orientação e por serem enganados por "empresários". Foi exatamente o que aconteceu com o trio do título deste documentário.

Champs também é interessante para as pessoas relembrarem o quanto o Boxe foi um esporte gigante nos EUA até meados dos anos 90, muito maior que o atual UFC é ou já sonhou em ser.


2) Losers (2019) - Netflix

Eis um seriado simplesmente incrível, mas que pelo jeito não foi muito assistido já que quase dois anos após seu lançamento, não há nenhuma notícia de uma futura nova temporada.

Contando com 8 episódios com cerca de 30 minutos cada, cada "capítulo" traz a história de um ex-esportista diferente que teve uma carreira de sucesso, mas que acabou sendo "esquecido" porque simplesmente não chegou a ser o "número um" do mundo, ou então, porque teve alguma derrota muito marcante.

É impressionante - e um pouco triste - que pessoas incríveis como essa não alcançaram o devido reconhecimento só porque não alcançaram o topo. Ou até alcançaram, mas não ficaram lá por muito tempo. E são todos vitoriosos, porém não são vistos desta maneira pela sociedade. Então é bastante importante que estes atletas tenham seu espaço e desfrutem de um pouco de fama via Netflix.

São várias histórias bem interessantes, de superação, e de decepções. Têm atletas do Boxe, Curling, Patinação Artística, Atletismo, Golfe, Basquete... Muito interessante! Gostaria que Losers ganhasse muitas outras temporadas. Quem sabe se você assistir, a Netflix toma alguma atitude a respeito? ;)


1) Arremesso Final (2020) - Netflix

Chegamos a cereja do bolo: não só o melhor dos documentários desta lista, como também um dos documentários mais surpreendentes e polêmicos sobre esportes dos últimos anos: Arremesso Final (The Last Dance, no original - aliás péssima tradução de título). São 10 episódios com pouco mais de 50 min cada. É bastante coisa pra ver, para deleite dos fãs.

Trazendo Michael Jordan como grande estrela, este documentário apresenta a carreira do jogador, um pouco da história do Chicago Bulls, e principalmente, tudo envolvendo a última temporada de Jordan pelo Bulls, a de 1997-98, contando com várias horas de imagens de bastidores da época: um material raro e incrível.

Este documentário é muito importante para relembrar para o público atual o quanto Michael Jordan foi grande... ele não é considerado o maior de todos à toa. E de quebra agora compreendo bem melhor o porquê dele ter "abandonado" a carreira por dois anos em pleno auge. A mente perfeccionista e obsessiva de MJ, que simplesmente se recusava a perder, também tem suas desvantagens: ele não era lá muito querido por vários jogadores do seu time.

Há várias histórias contadas e que me surpreenderam. Por exemplo, desconhecia a falta de profissionalismo de Pippen nos seus últimos anos de Bulls, ou ainda, o "ódio" que os jogadores tinham do Kukoc antes dele entrar na NBA.

Uma das coisas mais divertidas da série são os próprios depoimentos de Jordan, que como um Brás Cubas moderno, supostamente está sendo sincero e só vai falar a verdade mas... não é bem assim. Momentos polêmicos e outras "mentiras" do eterno camisa 23 do Bulls não faltam.

Por exemplo, Jordan afirma categoricamente que nunca pediu para que Isiah Thomas ficasse de fora das Olimpíadas de 1992, fato esse "desmentido" por algumas testemunhas (que não aparecem no documentário, claro) e que afirmam que Jordan disse que não iria para os Jogos caso Isiah fosse convocado.

Outro causo pitoresco é a versão que o jogador conta sobre como ele ficou doente antes do famoso Flu Game, a 5a partida das finais da NBA de 1997, onde Jordan jogou visivelmente debilitado e com febre alta. A versão do MJ pode até ser verdade, mas é tão absurda que virou piada no mundo da NBA nos dias seguintes à exibição do episódio. E ainda há mais algumas outras mentiras de Jordan no documentário, mas nem citarei aqui... assistam rs.

Se você gosta um mínimo de NBA, Arremesso Final é simplesmente imperdível. Simples assim!


Bônus: Ícaro (2017) - Netflix

Finalmente, como bônus, recomendo aqui mais uma vez o filme vencedor do Oscar de Melhor Documentário de 2018, e que principalmente, foi o gatilho para a descoberta do maior escândalo de doping do esporte mundial nas últimas décadas.

Se interessou e quer mais detalhes? É só clicar aqui e ler sobre o que escrevi sobre ele no começo deste ano.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

TMNT: The Last Ronin - Você sabia que as Tartarugas Ninja estão vivendo seu próprio momento "Cavaleiro das Trevas" nas HQs?

Em 1986 o estadunidense Frank Miller surpreendeu o mundo dos quadrinhos e lançou a HQ minissérie O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight Returns no original), que mostrava um futuro onde o Batman, já aposentado e com 55 anos, resolve voltar a combater o crime. O "futuro" criado por Miller era um mundo muito triste, escuro, degradado. E foi especificamente graças a esta obra - uma das melhores histórias de super-heróis de todos os tempos - que os roteiristas do Batman passaram a descrever desde então o "Morcegão" como um personagem violento, sério e sombrio.

Mais ou menos na mesma época (mais especificamente em 1984), a dupla Kevin Eastman e Peter Laird iniciava a publicação de sua maior (e muito estranha) criação: as Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles no original, e ainda mais conhecida pelas iniciais TMNT). A obra, bastante violenta e ainda em branco-e-preto (publicada por uma pequena editora criada por eles mesmos) sofreu para se manter viva inicialmente. Porém em 1987 tudo começou a mudar: as Tartarugas viraram brinquedos, depois ganharam desenho na TV, e a partir deste momento virou sucesso mundial, aparecendo em tudo quanto é tipo de produto, incluindo jogos de videogame de ótima qualidade.

O sucesso não fez tão bem para a parcela de quadrinhos dos criadores originais, já que a visão deles foi eclipsada por adaptações licenciadas mais "família" das Tartarugas, que representavam mais o clima infanto-juvenil que era mostrado e acompanhado nos desenhos da TV. Eastman e Laird escreveram até 1993, mas a franquia continuou sob diversos outros estilos e autores. Em 2011 Kevin Eastman voltou a escrever TMNT, através do reboot feito pela editora IDW Publishing. Esta série, que continua até hoje, é excelente. Talvez a melhor dentre todas as versões destes famosos quelônios.

E enfim - ufa - chegamos ao assunto do título. Em outubro deste ano, também via editora IDW, Kevin Eastman e Peter Laird voltaram a trabalhar juntos - o que causou grande hype nos fãs - e iniciaram uma minissérie em quadrinhos de nome TMNT: The Last Ronin (Tartarugas Ninja: O Último Ronin, em tradução livre). A série terá 5 edições, e até agora só saiu o primeiro número, mas ele foi um grande sucesso de vendas e crítica!

Na história, que se passa em um futuro indeterminado, vemos uma Nova York sombria, destruída, em que a ilha de Manhattan virou uma fortaleza protegida por altos muros e governada pelo Clã do Pé (Foot Clan no original). Então, uma das Tartarugas, já bem envelhecida, chega sozinha à cidade procurando justiça pela morte de seus outros 3 irmãos. Não demora muito para revelar o "culpado" pelas mortes: Oroku Hiroto, o neto do Destruidor!

Pelo tema, e pelo ambiente criado nesta HQ, TMNT: The Last Ronin está sendo bastante comparada com O Cavaleiro das Trevas. Se ao final da minissérie a obra continuará digna desta comparação, saberemos daqui alguns meses. Mas o que mais importa é o recado: esta é uma época excelente para voltar a ler Tartarugas Ninjas!!




segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Considerações, dicas e curiosidades sobre O Gambito da Rainha, excelente minissérie da Netflix


Minissérie de 7 capítulos produzida e exibida pela Netflix desde o final de Outubro, O Gambito da Rainha é um enorme sucesso de crítica e público, e por exemplo está até hoje liderando as exibições desta empresa de streaming tanto nos EUA quanto no Brasil.

Estrelado pela jovem e talentosa Anya Taylor-Joy - que já havia se destacado nos filmes A Bruxa (2015), Fragmentado (2016) e na continuação Vidro (2019) - a minissérie agradou tanto que renovou o interesse do mundo no Xadrez, o que é uma notícia muito bem vinda.

Na trama conhecemos a história de Beth Harmon (Isla Johnston, e posteriormente Anya Taylor-Joy), que se tornou órfã bem jovem e então enviada a um orfanato feminino. Lá ela acabou aprendendo xadrez com o zelador e se revelou um verdadeiro prodígio... vencendo em pouco tempo (mesmo apesar de ter mal entrado na adolescência) os melhores jogadores profissionais de xadrez do seu país.

A história contada ao longo dos capítulos é sobre o mundo do xadrez; mas também é sobre as dificuldades da protagonista no orfanato, sua transformação em uma mulher, sua obsessão pela vitória, sua dependência em comprimidos e álcool, e... família. Aliás, a maneira com que ela entra em contato com as drogas é chocante, triste, e uma considerável crítica social. Outra crítica presente, e muito bem vinda para os tempos atuais, é a exposição da opressão vivida pelas mulheres em geral.

O Gambito da Rainha é uma produção de altíssimo nível. Situada nos anos 60, o design de produção é simplesmente impecável. Fotografia, figurino... tudo de encher os olhos. Por falar em figurino, Beth quase sempre está muito elegante, maquiada, e usando uma roupa mais chique que a outra. Isto não está presente no livro original, porém certamente é outro grande atrativo para o público da Netflix, além de - segundo a produção - propositalmente quebrar o estereótipo e mostrar que um enxadrista também pode ser elegante e "bacana".

Também impressionam a enormidade de localidades mostradas, a presença de uma trilha sonora excelente e variada, com vários "hits" daquele tempo. O valor gasto na produção ainda não foi revelado... mas não deve ter ficado nada barato. Parabéns a Netflix por investir esse dinheiro em algo tão bom.

Voltando ao Xadrez, o seriado não apenas retrata o altamente estressante mundo deste esporte com veracidade, como também um pouco do preconceito recebido pelas mulheres neste meio. Eu reforço o "pouco" pois esse é o maior (e talvez único) defeito da série: a história é "leve" demais na maneira com que os adversários homens tratam Beth. No mundo real - mesmo nos dias atuais - haveria muito mais sexismo e desrespeito. Também é um bocado irreal o quão bem a protagonista é recebida pelo povo russo. Entretanto, parte destes "erros" vêm do livro, que traz abordagem parecida. Livro e seriado são, por sinal, muito parecidos.

Outra enorme qualidade de O Gambito da Rainha é conseguir apresentar diversas partidas deste jogo de tabuleiro (que na vida real costumam ser bem monótonas para o público comum) sempre de maneira empolgante, e também sempre variando no formato de captação das imagens e montagem.

Finalizando meus comentários sobre esta excelente minissérie - uma das melhores produções de 2020 - em resumo Beth tem dois grandes rivais: o soviético e campeão mundial Vasily Borgov, e seus fantasmas internos. Recomendo O Gambito da Rainha fortemente para quem ainda não assistiu!


Curiosidades:

  • Surpreendentemente, O Gambito da Rainha não é um roteiro original, e sim baseado em um livro pouco conhecido de mesmo nome, escrito em 1983 pelo estadunidense Walter Tevis. 
  • Ex-campeão mundial por mais de uma década - e que me inspirou a jogar Xadrez na infância - o russo Garry Kasparov é um dos consultores da série. Originalmente ele foi convidado para interpretar Borgov, mas recusou. Kasparov também foi o responsavel por ensinar aos atores os "trejeitos" dos enxadristas jogando Xadrez.
  • O nome do seriado foi pessimamente traduzido aqui no Brasil. The Queen's Gambit (no original) deveria ser traduzido para O Gambito da Dama, pois em português a peça do Xadrez "Queen" se chama "Dama", e não "Rainha". Em Portugal este erro não foi cometido.
  • A atriz Anya Taylor-Joy não sabia jogar Xadrez antes do seriado, e incorporou a experiência em seu personagem, que também ia conhecendo e se aprofundando no esporte ao longo do tempo. Aliás, todas as partidas da série foram jogadas do começo ao fim pelos atores; e então, na edição, apenas uma pequena fração destas imagens é aproveitada.
  • Ficou olhando para a cara do enxadrista "cowboy" Benny e tentando se lembrar aonde já viu essa pessoa antes? Pois é, você o viu pela primeira vez como Jojen Reed, em Game of Thrones.
  • Antes de virar série, houve várias tentativas de adaptar o livro para os cinemas. Um dos que tentaram foi o ator Heath Ledger (morto por overdose em 2008), e que alguns anos antes de sua morte tentou fazer de O Gambito da Dama sua estréia como diretor em cinemas, algo que nunca aconteceu.
  • A partida final da série é baseada em um jogo real de 1993, entre o ucraniano Vasily Ivanchuk e o estadunidense Patrick Wolff. Na série a partida segue igual à real até a jogada 37. Depois disso fato e ficção mudam completamente, e a partida real inclusive termina em empate. Notem que embora nesta partida tenha sido utilizada a abertura do "Gambito da Dama" - e justamente por isso ela foi escolhida pelos produtores - ela nada têm a ver com o livro, que foi escrito 10 anos antes.
  • A maior enxadrista de todos os tempos foi a húngara Judit Polgár, hoje "aposentada" de campeonatos, e com 44 anos. Quer saber mais sobre ela? Só clicar aqui. A melhor enxadrista brasileira da atualidade é Juliana Terao, de 29 anos. Quer saber mais sobre ela? Então clique aqui!

Dica bacana:
  • Se interessou pelo Xadrez? Apresento-lhes uma excelente opção para iniciar no esporte (mas só depois de ter aprendido as regras). O site Chess.com teve a grande sacada de desenvolver um jogo que "simula" você jogando contra Beth Harmon. Você pode jogar contra ela em 7 níveis diferentes de dificuldade, contra a Beth de 8, 9, 10, 15, 17, 20 e 22 anos. Clique aqui para saber mais desta excelente idéia e obter os links para poder jogar e aprender.

domingo, 13 de dezembro de 2020

2020 ainda não acabou. E ele reservou o melhor para o fim! (+ MUITAS notícias da semana)


Se você entrou aqui para ler, saberá da boa novidade do Cinema Vírgula. Como não postei tantos artigos quanto gostaria ao longo do ano, vou dar uma "compensada" e publicar bastante neste restinho de ano.

Nas próximas 3 semanas publicarei novos posts toda segunda, quarta e sextas à noites. Ou seja, serão 9 artigos novos no total. 2 sobre quadrinhos, 1 sobre videogames, e os 6 restantes serão sobre filmes e TV.

Já coloquem o Cinema Vírgula nos seus favoritos do navegador para não esquecer. ;)


Notícias da Semana!

E aproveitando que este texto é sobre notícias, listo aqui muitas notícias do universo Pop/Geek que chamaram atenção nesta última semana e você precisa ficar sabendo. Como grande destaque, nesta 5a feira dia 10 tivemos o "Dia do Investidor Disney", um dos principais eventos anuais onde a empresa do Mickey anuncia seus futuros lançamentos. Foi uma enxurrada de novidades de Marvel e Star Wars. Confiram:

  • Star Wars ainda não acabou nos cinemas, pois foram anunciados dois novos lançamentos: Star Wars: Rogue Squadron para 2023 com direção da Patty Jenkins (dos filmes Mulher Maravilha 1 e 2), e também um filme ainda sem data e nome escolhidos, a ser dirigido por Taika Waititi (Jojo Rabbit, Thor: Ragnarok).
  • Já em termos de seriados, quase uma dezena de novas produções foram confirmadas, com destaque para Obi wan Kenobi, série que contará com a dupla Ewan McGregor e Hayden Christensen revivendo seus personagens dos filmes Episódios de 1 a 3.
  • Dentre mais de 10 seriados Marvel anunciados para os próximos 2 anos, meu destaque vai para os seriados do Gavião Arqueiro, Loki e do baby Groot, sendo este último em desenho animado.
  • Meses atrás eu já havia antecipado que a Ms. Marvel será uma das novas estrelas do Universo Marvel. Eles voltaram a confirmar seu seriado para 2021 e aproveitaram para apresentar a novata protagonista, a atriz Iman Vellani A grande novidade é que a Ms. Marvel também estará no novo filme da Capitã Marvel (Brie Larson), anunciado para 11 de novembro de 2022.
  • Dentre os vários filmes apresentados, as maiores surpresas foram o anúncio de que Pantera Negra 2 será lançado em 2022 e o ex-protagonista Chadwick Boseman (falecido este ano) não será substituído; e que a Marvel vai fazer novo reboot do Quarteto Fantástico, mas ainda sem data anunciada.
  • Acreditem, vão fazer nova continuação de Mudança de Hábito. O terceiro filme será exclusivo do Disney+ e terá a volta de Whoopi Goldberg. Mas a GRANDE continuação anunciada foi o novo e quinto Indiana Jones, agora confirmado para Julho de 2022. James Mangold (Logan, Ford vs Ferrari) será o diretor; e quando o filme for lançado Harrison Ford terá 80 anos de idade!!!
  • Encerrando as notícias do estúdio Disney, infelizmente ela vai sugar ainda mais sangue da franquia Toy Story: depois do apenas bom Toy Story 4, agora o personagem Buzz Lightyear ganhará filme solo pela Pixar. A animação chegará em 17 de junho de 2022.
  • Videogames: a Capcom surpreendeu ao anunciar que vai reiniciar a obscura franquia Ghosts 'n Goblins (prequel de Ghouls 'n Ghosts, que foi o jogo que ficou famoso) com jogo inédito e modernizado para Nintendo Switch, a ser lançado em Fevereiro de 2021.
  • Quase 8 anos após ter sido anunciado, o jogo Cyberpunk 2077 enfim foi lançado, nesta semana, para alegria dos Gamers mais hardcore. Sendo um jogo de ação e RPG em primeira pessoa e de mundo aberto, o jogo foi lançado para Google Stadia, Microsoft Windows, PlayStation 4 e Xbox One. Sendo uma das maiores superproduções de todos os tempos, em seus primeiros dias o jogo recebeu um misto de aclamações (pela sua qualidade) e críticas (pelo número de bugs).

quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

The Boys - conheça um pouco da HQ e as principais diferenças com a Série de TV


Já disse aqui em posts passados que The Boys, série exclusiva do Amazon Prime, é um dos melhores seriados da atualidade, e merecidamente vem ganhando cada vez mais público.

Ainda que a segunda temporada tenha sido pior que a primeira, The Boys continua bem acima da média das produções de séries atuais. Após assistir todos os episódios no Prime, li os sete primeiros encadernados de história dos quadrinhos que originaram a série (ou seja, as revistas do número 01 a 47 mais a minissérie Herogasm). E agora trago aqui minhas impressões gerais sobre as HQs e as suas principais diferenças em relação à Serie de TV.


The Boys: os quadrinhos

Começo já falando sobre o elefante na sala: os quadrinhos de The Boys são bem inferiores em qualidade comparando com a série de TV. A trama apresentada pelas duas mídias é bastante diferente e vocês já saberão porquê.

Os quadrinhos não são ruins, mas ao mesmo tempo estão longe de ser uma grande obra. As HQs são piores, primeiramente, por ter muito (mesmo) mais apelo sexual, violência, machismo e um bocado de homofobia. É um título que escorre testosterona pelas páginas. Billy Bruto (ou melhor, Billy Butcher) é o "machão dos sonhos": "comedor", violento, sempre está certo, sempre se dá bem.

Quando a revista foi criada por Garth Ennis e Darick Robertson em 2006, o mundo era outro: mais preconceituoso e menos politicamente correto. Seria inimaginável alguém se arriscar a transcrever este espirito para a TV dos dias atuais. Além disso, o tom do humor escolhido para a TV é bem mais leve, baseado em piadas, no bizarro e no inesperado; já nas HQs o humor é menos frequente, e quando ocorre, geralmente é mais "pesado" e até escatológico.

Uma característica das HQs - pouco presente na TV até agora - é trazer referencias históricas do mundo real à trama. Por exemplo, nos quadrinhos a empresa vilã Vought-American é na verdade a uma evolução da empresa Vought do mundo real, uma empresa de aeronaves que surgiu em 1917 e produziu vários modelos militares para o exército dos EUA; seus aviões foram bastante usados na 2ª Guerra Mundial e na Guerra do Vietnã. Comprada nos anos 90 pelo grupo empresarial Carlyle, hoje a Vought apenas produz componentes para aviões, tanto militares quanto comerciais.

Sabem aquele desastre de avião que aparece na série de TV e que Os Sete deixam cair de propósito para encobrir os erros que eles cometeram na tentativa de resgate? Pois bem, nos quadrinhos esse avião não é uma nave qualquer. É um dos aviões que foi usado nos atentados de 11 de Setembro, mais especificamente aquele que na vida real bateu no 2º prédio das Torres Gêmeas, mas que nos quadrinhos devido as atrapalhadas dos heróis derrubou a Ponte do Brooklyn.


As principais diferenças entre a Série de TV e os Quadrinhos

Uma enorme diferença, já de cara, é que desde o início dos quadrinhos os The Boys agem sob ordens e proteção da CIA; além disto, eles usam o Composto-V neles mesmos para enfrentar os supers de igual para igual. Este cenário traz uma explicação bem mais convincente do porquê o Capitão Pátria (Homelander) simplesmente não mata Billy Butcher: ele é um funcionário da CIA, conhece vários segredos sujos d'Os Sete, e se fosse morto seria um grande problema político tanto para ele quanto para a Vought.

Nos quadrinhos a Vought-American já está consolidada dentro do poder político dos EUA, sendo parceira do alto escalão governamental. Portanto os The Boys são como a nossa Polícia Federal, precisam agir discretamente, dentro da lei, e contra o sistema vigente.

A maioria dos fãs da série de TV que conhecem os quadrinhos acreditavam que na 2ª temporada o time iria oficialmente para a CIA, mas isto não aconteceu. Será que vai enfim acontecer na 3ª temporada? Eu diria que eles passarem a trabalhar para a CIA é muito provável... mas usarem o Composto-V iria exigir bem mais explicações e desculpas, pois na mitologia que criaram na série um adulto não pode usar a droga sem correr sérios riscos de morte.

O fato dos The Boys serem muito mais uma "polícia" do que um grupo de "justiceiros" independentes refletem em consideráveis diferenças entre as aventuras apresentadas nos Quadrinhos e na TV. Nas HQs os "Garotos" são menos preocupados com o "global", muitos de seus arcos de história são acontecimentos "locais"... ou seja, eles não estão contra os supers para salvar o mundo, estão mais preocupados com a tarefa do dia, realizando missão por missão, devagar e sempre, para um dia ter alguma oportunidade de chegar nos alvos principais: Os Sete. Não se trata de salvar o mundo, e sim, de "comer pelas beiradas" para um dia realizar uma vingança pessoal contra Os Sete e a Vought.

E finalmente, outra grande diferença é que nas HQs a esposa de Billy está de fato morta desde o início da série. Ela foi estuprada pelo Homelander e morta durante o parto pelo próprio bebê, que por sua vez é morto por Billy em um misto de espanto, desespero e raiva.

Já analisando as diferenças sobre como são os personagens nos quadrinhos e nas HQs, aí as duas obras são mais semelhantes, ainda que possuam algumas diferenças, claro:

A maneira com que Hughie Campbell perde a namorada e entra pros The Boys é igual... porém ele é menos "medroso" que na TV. Já a história da Luz-Estrela (Starlight) também é bem parecida nos quadrinhos e TV, inclusive a parte dela ser inocente e se envolver romanticamente com Hughie. Porém nas HQs ela não é abusada/chantageada sexualmente pelo Profundo (Deep), mas sim pelo trio Capitão Pátria (Homelander), Trem-Bala (A-Train) e Black Noir.

Ainda sobre Hughie e Luz-Estrela, uma diferença considerável para a TV é que nas revistas eles passam bastante tempo juntos sem um saber das atividades do outro... Hughie chega a surtar quando descobre que Annie é super-heroína, e isso não antes de Billy Butcher tentar matá-lo quando descobre o relacionamento da dupla, e acha que o rapaz é um infiltrado da Vought.

As divergências sobre a composição d'Os Sete também são consideráveis: nas HQs o Trem-Bala tem pele branca, o Black Noir tem basicamente os mesmos poderes do Capitão Pátria, e o Profundo é o personagem de pele negra, mas usa um escafandro, que cobre completamente seu rosto.

Mais ainda, o Translúcido simplesmente não existe nas HQs, em seu lugar aparece o "Jack from Jupiter", paródia do Caçador de Marte da DC Comics. E Hughie de fato mata um super já no começo de sua jornada, porém não se trata de ninguém d'Os Sete, e sim de um integrante do grupo "The Teenage Kix", que é um dos 4 outros grupos "B" de super-heróis patrocinados pela Vought dos quadrinhos.

Finalizando a lista de principais diferenças entre HQ e TV, lembram que eu disse que os quadrinhos são mais machistas? Pois é, lá a série é um mundo de homens e a quantidade de personagens masculinos é bem maior. Por exemplo o principal agente da Vought das HQs é James Stillwell (e não a Madelyn Stillwell da TV, interpretada por Elisabeth Shue).

Uma das diferenças mais gritantes é em relação a Stormfront, que ao contrário da "Tempesta" da TV, nos quadrinhos também é um personagem masculino. Nas HQs ele é um alemão que lutou na 2ª Guerra e é abertamente nazista; porém ele é praticamente desconhecido do grande público. Curiosamente, se suas características mudaram bastante, sua "saga" dentro da série não: tanto na TV quanto nos Quadrinhos ele/ela quase mata A Fêmea em seu primeiro encontro, e posteriormente leva uma surra do grupo, com direito a icônica cena de estar caído/caída ao chão e sendo chutado violentamente pelos  "mocinhos".

E por falar nA Fêmea, é sobre ela a última diferença que trago aqui. Nas HQs sua origem é abertamente uma homenagem aos quadrinhos de Asterix: sua mãe era funcionária da Vought e a levava escondida no trabalho quando criança, até que um dia, assim como Obelix caiu num "barril de Poção Mágica", A Fêmea caiu em um "barril de resíduos do Composto-V".


E você, já conhece The Boys? O da TV, o dos quadrinhos, ou ambos? Sabiam de todas estas diferenças? Escreva nos comentários!

domingo, 29 de novembro de 2020

Conheça "Se Algo Acontecer... Te Amo", o curta-metragem de 12 minutos da Netflix que está fazendo todo mundo se emocionar


Se Algo Acontecer... Te Amo, filme deste ano da Netflix (If Anything Happens I Love You no original), começou a fazer fama mundial cerca de 2 semanas atrás, quando viralizou principalmente com os usuários do TikTok e Instagram filmando suas próprias reações de choro após assistí-lo. Dias atrás ele alcançou o Top 10 de assistidos da Netflix Brasil e resolvi então fazer este post.

A produção na verdade é um curta-metragem de animação, com apenas 12 minutos de duração, em branco e preto e sem diálogos. E é, de fato, bem bonito emocionante. Não vou dizer muito mais que isto para não dar spoilers.

Escrito e dirigido pela dupla Michael Govier e Will McCormack, temos uma história universal sobre amor, tristeza, família, mas que ainda assim tem um significado especial para os estadunidenses, alvo principal da mensagem da obra. McCormack é o mais famoso da dupla, por ser um dos roteiristas de Toy Story 4.

Assistam que vale a pena! E depois comentem aqui no blog se choraram ou não. ;)

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

SEIS jogos de cartas bem melhores que UNO

Ainda que o Brasil e o mundo passem por grande expansão nos jogos de cartas e tabuleiros modernos, jogos clássicos como War, Banco Imobiliário, Perfil, Detetive e Uno continuam entre os jogos mais vendidos por aqui, mesmo estando completamente ultrapassados. Os motivos para isto são vários, dentre eles a quase inexistência dos jogos modernos em lojas físicas de brinquedos, e o grande desconhecimento do público consumidor comum.

Para apresentar a vocês novos jogos, optei em listar seis jogos para substituir o velho Uno, criado em 1971. Sendo o Uno um jogo pequeno, barato, só de cartas, que fica mais divertido jogando em muitas pessoas, e que tem uma boa dose de "sacanear os adversários", todos os jogos da minha lista obrigatoriamente têm estas características. Além delas, precisam ser jogos já lançados no Brasil e que aceitam pelo menos 5 pessoas. Vamos a eles, em ordem alfabética!


High Society (1995) - Editora no Brasil: Across the Board

OK, 1995 não é um ano tão recente... mas se comparar com o longínquo ano de 1971, é como se fosse uma criança. E isso sem contar que o jogo só chegou no Brasil ano passado, em 2019! Criação do famoso designer Reiner Knizia, High Society é por enquanto o MELHOR jogo de leilão (dentre os compostos apenas por cartas) já lançado no mercado nacional.

Regras simples, de 3 a 5 jogadores, cada partida dura de 15 a 20 minutos. Os jogadores apostam em cartas que valem pontos positivos e negativos e vence quem arrematou mais pontos totais no final. Ah, mas por quê eu iria apostar em cartas negativas? Simples, porque no final do jogo a pessoa que gastou menos dinheiro na soma das apostas é excluído da partida. ;)

Fique atento: High Society é um dos jogos que tiveram boa redução de preço nesta Black Friday de 2020.


Love Letter Second Edition (2019) - Editora no Brasil: Galápagos Jogos

Talvez você ainda não tenha ouvido falar de Love Letter, mas se trata de uma franquia que é uma verdadeira mina de ouro. Sua primeira versão é um jogo de 2 a 4 pessoas que conta com apenas 16 cartas, e foi criado em 2012 pelo designer Seiji Kanai. De lá pra cá o jogo teve várias re-implementações temáticas: Batman, Hora da Aventura, Munchkin, Lovecraft, etc... cada um deles com leves diferenças do jogo original.

Em 2019 surgiu a segunda versão, que é a que recomendo fortemente, e se encontra disponível no Brasil para venda: com componentes mais luxuosos, o jogo agora foi expandido para 21 cartas e permite jogar até 6 jogadores.

Love Letter Second Edition é um jogo feito para "sacanear" o adversário, afinal ganha a partida o jogador que é o último a ser eliminado (em cada rodada). Muito divertido, e pra todas as idades.


No Thanks! (2004) - Editora no Brasil: PaperGames

Um dos meus jogos de cartas "apenas com números" favoritos, em No Thanks cada jogador recebe 11 fichas, e aguarda a sua vez para decidir o que fazer com a carta que está vindo para ele: ou ele "passa" (e paga uma ficha por isso), ou ele pega a carta (e junto com ela, todas as fichas que foram colocadas por outros jogadores anteriormente). As cartas vão de 3 a 35, e vence a partida quem tiver pego cartas com o menor número somado (ah, e se forem cartas consecutivas, você só considera a menor delas na conta).

Muito divertido, 15 a 20 minutos por partida, joga de 3 a 7 pessoas.


Pega em 6! (1994) - Editora no Brasil: PaperGames

O jogo mais antigo desta lista, criado pelo famoso designer alemão Wolfgang Kramer, Pega em 6! joga de 2 a 10 pessoas, porém ele fica melhor e mais emocionante se jogado entre 5 a 7 jogadores.

Cada jogador recebe 10 cartas (numeradas de 1 a 104) e no turno, todos jogadores jogam 1 delas simultaneamente na mesa, sendo que elas precisam ser agrupadas em até 4 linhas, em ordem crescente, como na imagem acima. Se uma carta for colocada na 6a coluna, o dono da carta é obrigado é pegar a fileira inteira pra ele. Vence a partida quem, ao final das rodadas, tiver pegado menos pontos.

Pega em 6! é bastante estratégico, muito divertido, porém desta lista é o que requer mais atenção para jogar, devido suas regras de posicionamento das cartas na mesa. O jogo chegou no Brasil pela primeira vez pela Copag, em uma edição mais simples em caixa cartão. A versão que tem hoje para se vender é a edição 25 anos, com várias mini-expansões (somando 28 novas cartas), e sinceramente, não ligo pra elas não... prefiro jogar apenas com as 104 cartas originais rs.


Piratas! 3ª Edição (2020) - Editora no Brasil: Geeks n' Orcs

Único jogo nacional da lista, também é o que tem o aspecto de "sacanear os amiguinhos" mais forte. De certa forma se parece com o Munchkin, porém de modo mais organizado e simplificado; e o melhor: se no Munchkin o jogo dura infinitamente, aqui ele dura cerca de 30 minutos e ponto final.

Piratas! joga de 2 a 6 jogadores, e o objetivo é ser o primeiro jogador a conquistar 5 tesouros. Para obtê-los? Ou pescando no monte, ou roubando dos adversários, seja através de cartas especiais ou de duelos um contra um. Para quem curte o tema, é um jogo bem divertido!

Fique atento para se for comprar, comprar a recente 3ª edição do jogo, com melhores desenhos e melhor qualidade dos componentes, que é esta versão de caixa azul da foto acima. As edições anteriores (de 2015 e 2017) são mais simplórias, e não têm incluso os playmats para colocar as cartas, que fazem bastante diferença.


Sushi Go! (2013) - Editora no Brasil: Devir


O jogo mais "fofinho" da lista, tanto pelos desenhos das cartas, mas também por vir em uma belíssima caixa de metal. Sushi Go! joga de 2 a 5 jogadores e as partidas duram apenas 15 minutos. Mas acreditem, o jogo é tão divertido que você não vai parar na primeira partida.

O objetivo dos jogadores é ser quem, depois de 3 rodadas, o maior pontuador de acordo com as cartas de comidinha japonesa obtidas. A mecânica do jogo é similar ao do premiadíssimo jogo 7 Wonders: cada jogador recebe de 7 a 10 cartas no começo, escolhe uma para si e passa as demais para o jogador da esquerda; todos fazendo isso simultaneamente. O processo se repete até todas as cartas que rodam entre os jogadores acabarem. Em geral, quanto mais cartas do mesmo tipo que você conseguir pegar, mais pontos você faz.

Como 7 Wonders é um dos meus jogos preferidos, esta sua versão "simplificada" chamada Sushi Go! só poderia mesmo também me agradar bastante.

domingo, 25 de outubro de 2020

Crítica Amazon Prime - Fita de Cinema Seguinte de Borat (2020)

Título: 
Fita de Cinema Seguinte de Borat (The Trial of the Chicago 7, EUA / Índia / Reino Unido, 2020)
Diretor: Jason Woliner
Atores principais: Sacha Baron Cohen, Maria Bakalova, Dani Popescu
Nota: 5,0

Borat volta menos inspirado, mas com uma bomba para a imagem de Rudy Giuliani

Sempre considerei o filme Borat (2006) muito superestimado. Até é um bom filme, que quebrou alguns paradigmas para filmes exibidos em cinemas, mas chegar a receber indicação do Oscar de Melhor Roteiro? Absurdo. Borat é muito bom nas cenas reais, porém bem fraco nas cenas ensaiadas, e estas ocupam quase metade do filme... deveras decepcionante.

Dezesseis anos depois o fictício repórter está de volta, agora no filme Fita de Cinema Seguinte de Borat, onde as cenas reais são ainda menos frequentes e menos chocantes. O resultado é meio óbvio: em termos de humor e denúncias culturais, Borat 2 é mais fraco que o original. Ainda assim, ele tem material para surpreender e chocar.

Se no primeiro filme o objetivo era denunciar a enorme ignorância, hipocrisia e racismo dos rednecks estadunidenses, em Fita de Cinema Seguinte de Borat o mesmo assunto continua presente. Entretanto, na verdade, desta vez o foco principal dos ataques do ator / roteirista Sacha Baron Cohen vão principalmente para o machismo e o governo de Donald Trump.

Na trama desta continuação, Borat é enviado de volta para os EUA pelo governo do Cazaquistão para presentear Trump, com o objetivo de que o líder estadunidense se aproxime do Primeiro Ministro cazaque, passando a reconhecê-lo, e então futuramente respeitá-lo como um "líder fodão" (badass no original), assim como são o russo Vladimir Putin, o norte-coreano Kim Jong-Un, e o brasileiro Jair Bolsonaro. Sim, é desta maneira que o ocidente vê o atual governo do Brasil atualmente.

Desta vez a trama mostra menos Borat e mais a sua filha Tutar (Maria Bakalova). E embora a atriz mande muito bem, ela ganha menos simpatia do público do que seu pai no primeiro filme, pois seu personagem parece bem mais artificial.

O grande escândalo trazido por Borat 2 são as cenas gravadas envolvendo Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York (de 1994 a 2001), que participou ativamente na campanha de eleição de Trump, e que atualmente faz parte do time de advogados do presidente estadunidense.

Nas imagens, Tutar aparece como uma jovem repórter de TV, que entrevista Rudy em seu gabinete. Depois de flertar um pouco com ele (o que fazia parte da "missão" de seu personagem), e no que aliás o político retribui, a filha de Borat convida Giuliani para entrar em um quarto assim que a entrevista acaba, para "ajudá-lo a remover os microfones grudados ao corpo". Ele aceita, os dois vão para o quarto (onde então só temos câmeras escondidas), e um determinado momento Giuliani deita na cama e coloca as mãos dentro da calça, no que Borat invade o quarto e interrompe tudo. Os advogados de Rudy juram que ele estava apenas "ajeitando a roupa", porém não é o que o filme insinua.

Com uma continuação de qualidade inferior, Borat pelo menos consegue entreter durante todo o filme. E principalmente, chega ao público em um momento bem apropriado, às vésperas das eleições presidenciais dos EUA, e tem de tudo para voltar a ser bastante comentado pelo mundo tudo, principalmente pela imprensa dos Estados Unidos. Nota: 5,0

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