“Animação com história genérica se salva com visual incomum
e piadas imprevisíveis”
Recentemente comentei sobre “Ted”, estréia nos cinemas de Seth
MacFarlane (criador de American Dad e Family Guy) como diretor. Embora
divertido em alguns momentos, um filme apenas razoável. Seguindo esta mesma
linha, “Hotel Transilvânia” é a animação onde estréia como diretor Genndy
Tartakovsky, criador dos bem interessantes “O Laboratório de Dexter” e “Samurai
Jack”, dentre outros. E da mesma forma, seu filme faz rir com algumas boas
piadas, mas possui uma história comum e desinteressante.
Se em “Ted” seu principal defeito é ser parecido demais com
as outras criações de MacFarlane, aqui o principal problema é que pouco vemos o
dedo de Tartakovsky no resultado final do próprio filme. O ponto alto da
animação são as piadas espalhadas ao longo da história – bem engraçadas e
totalmente imprevisíveis (porém, pouco
relacionadas à trama). Ao contrário dos roteiros dinâmicos de “Dexter” e “Samurai
Jack”, aqui Genndy Tartakovsky sequer é roteirista e o resultado é uma história
monótona, que não ganha o interesse do expectador.
Olhem só: em “Hotel Transilvânia”, vemos o Conde Drácula (Adam
Sandler) como dono do hotel-título do filme, que nada mais é do que um refúgio
que os monstros têm dos “temíveis” humanos. Super-protetor, Drácula mantém sua
filha Mavis (Selena Gomez) dentro do Hotel, que sempre sonhou conhecer o mundo exterior.
Quando o hotel é invadido por um garoto humano (Andy Samberg), a vida dos três
se transforma. Parece sessão da tarde, não?
Por outro lado, além as boas piadas citadas anteriormente, o
visual do filme também é um atrativo. Ainda que os monstros não deixem totalmente
de serem “bonitinhos”, um visual mais dark e realista (que lembra “A Noiva Cadáver”
de Tim Burton, por exemplo) torna a animação um pouco diferente do que vemos
atualmente nos cinemas.
Também me chamou a atenção os monstros escolhidos para
aparecer no fime. Temos vampiros, múmias, Frankenstein... mas também
personagens que não deveriam fazer parte deste “panteão”, como por exemplo, a
Hidra, versões zumbis de Einstein e Beethoven, ou mesmo Quasímodo, com suas
características totalmente deturpadas como “chef” de cozinha. Esta “salada” não
é prejudicial ao filme, felizmente, e é parte do material utilizado pelas
piadas.
Por fazer boa bilheteria nos EUA, talvez ainda tenhamos a
chance futura de ver Genndy Tartakovsky fazer algo mais autoral. Em Hotel
Transilvânia vemos apenas um pouco de seu rápido humor e só. É pouco. Nota: 5,5.
PS: para os papais, classificaria esta animação para faixa
etária de crianças de uns 8, 9 anos pra cima... o visual mais “dark” (boa parte
do filme é dentro do escuro hotel) e personagens bem mais insanos que “fofinhos”
contribuem para isto.