domingo, 28 de abril de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #021 - Saiba o que é Typecasting e conheça atores que sofreram com ele


Reparem nas quatro pessoas da imagem acima. Qual o nome das duas primeiras? Embora elas sejam as fotos dos atores Ralph Macchio e Matt Leblanc, e não as dos seus personagens, aposto que ao vê-las você não pensou nos nomes reais deles, e sim, em "Daniel San" e "Joey".

E agora, vamos as duas pessoas seguintes. Não importa em que filme ou seriado você viu Michael Cera atuar, mas aposto que o personagem dele era alguém tímido que em qualquer cena aparece constrangido e louco para sair de lá; e não importa em que filme você assistiu Michelle Rodriguez... ela fazia o papel de uma mulher corajosa / valentona / boca-suja (e que tem boas chances de morrer no final). Tudo isso é Typecasting.

Typecasting é o nome que se dá ao processo em que um ator ou atriz se torna fortemente identificado a um determinado personagem, ou a um tipo de personagem com as mesmas características.

Há quem consiga aceitar o ocorrido e lucrar milhões com isto. Porém, muitas vezes isto nem é opção... temos vários exemplos em que um determinado ator ou atriz fica tão fortemente associado com certo papel, que depois dele fica muito difícil encontrar trabalho para atuar com qualquer outro personagem. Ou seja, é praticamente uma aposentadoria forçada.


O elenco clássico de Star Trek. Acima, da Esq. para Dir: George Takei (Sr. Sulu), Nichelle Nichols (Tenente Uhura) e James Doohan (Scotty); E Abaixo: Walter Koenig (Sr. Chekov), DeForest Kelley (Dr. McCoy), William Shatner (Capitão Kirk) e Leonard Nimoy (Sr. Spock)

O elenco clássico de Jornada nas Estrelas (Star Trek)

Um exemplo muito famoso de Typecasting é o elenco do seriado original de Star Trek. Após a fama, todos eles ficaram enormemente associados aos personagens que fizeram. Com exceção de William Shatner e Leonard Nimoy, nenhum outro ator conseguiu emprego que não fosse associado a Jornada nas Estrelas. E mesmo sendo uma exceção, Leonard Nimoy se incomodava demais com a fama de seu personagem, e por isso em 1975 ele até chegou a lançar, como sua primeira autobiografia o livro intitulado "Eu Não Sou Spock".

Shatner conseguiu trabalhar em vários seriados, mini-séries e filmes. Por exemplo na década de 80 ele foi um policial na série Carro Comando (5 temporadas) e nos anos 2000 um advogado em Justiça Sem Limites (também 5 temporadas). Mas os outros integrantes do grupo... Walter Koenig teve uma participação relevante em uma temporada no também seriado de ficção espacial Babylon 5 e mais nada; George Takei acabou encontrando espaço sendo dublador de animações. E foi só isto... o restante do grupo viveu apenas com o dinheiro vindo de convenções, homenagens e participações especiais relacionadas a Jornadas nas Estrelas.


Cena do excelente Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças

Jim Carrey e Adam Sandler

O maior exemplo que vivenciei de uma pessoa lutando contra o Typecasting foi Jim Carrey. A primeira metade dos anos 90 serviu para consolidar Carrey como o melhor e maior astro da comédia mundial da época, e com isso veio a fama, o dinheiro, o prestigio. Mas aparentemente isso não era tudo... após alguns anos no topo, Jim queria também ser reconhecido pela sua habilidade na atuação, e quis provar para o mundo que era capaz de papéis que não fossem com o objetivo de fazer rir. Então ele tentou mudar o rumo de sua filmografia atuando em vários filmes de drama, como por exemplo: O Show de Truman - O Show da Vida (1998), O Mundo de Andy (1999), Cine Majestic (2001) e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2004). E ele até conseguiu levar dois Globos de Ouro para casa, um por O Show de Truman e outro por O Mundo de Andy. Mas nunca foi sequer indicado ao Oscar e, em geral, não foi muito elogiado e admirado pela imprensa em sua fase "séria", o que lhe gerou uma decepção que perdura até hoje.

Um outro comediante que tenta ser reconhecido pelo seu talento como ator é Adam Sandler. E vejam como são as coisas... embora Sandler seja notadamente inferior a Carrey tanto atuando em comédias como em dramas, eu não duvido que em breve ele receba a indicação ao Oscar que Jim nunca recebeu. É que Adam Sandler tem seus trunfos. Primeiro, uma lista enorme de amigos que estão sempre fazendo "lobby" a seu favor: David Spade, Kevin James, Drew Barrymore, Chris Rock, Steve Buscemi, Rob Schneider, Salma Hayek e Maya Rudolph são algum deles. E segundo, nada menos que a poderosa Netflix. Seus 3 filmes "sérios" até agora foram produzidos por ela: Jóias Brutas (2019), Arremessando Alto (2022) e O Astronauta (2024).

 

The Rock, Dave Bautista e John Cena

Brutamontes apenas em filmes de ação

Os dois maiores astros "brutamontes" dos Cinemas nos anos 80 foram certamente Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone. Pelo físico invejável de ambos, eles basicamente participavam de filmes de ação. Acho curioso que quando os dois tentaram sair do Typecasting, eles tomaram caminhos completamente diferentes. Schwarzenegger sequer tentou o drama e foi pra comédia... e até não foi mal (por exemplo Irmãos Gêmeos (1988) e Um Tira no Jardim de Infância (1990)). Já Stallone quando enveredou na comédia foi um retumbante fracasso, disparadamente os piores filmes de sua carreira (lembram de Pare! Senão Mamãe Atira (1992)?). Ele se deu melhor nos dramas, principalmente com as franquias Rocky e Creed, e inclusive ganhou duas indicações de atuação a Oscar por isso.

Um exemplo bem recente de "brucutus" que sofrem com Typecasting e também reagiram de forma diferente a isto são Dwayne "The Rock" Johnson, Dave Bautista e John Cena, todos eles ex-lutadores de Luta Livre profissional dos EUA (WWE). Dwayne tentou atuar em filmes de ação, em comédias, em dramas, e apesar das atuações pífias em geral fez bastante bilheteria e dinheiro... então, hoje em dia parece que nem se preocupa mais em atuar, só é ele mesmo nos filmes... Já John Cena, após fracassar em vários filmes de ação "sérios", parece ter enfim se encontrado nas comédia de ação, com o ótimo seriado Pacificador.

E finalmente, Dave Bautista é um dos mais famosos e recentes casos de alguém de encarar a difícil missão de brigar contra o Typecasting. Após alguns papéis como brutamontes, seja em ação ou comédias de ação (vide a trilogia dos Guardiões da Galáxia) ele também tem tentado filmes de outros gêneros, como de drama (Batem à Porta (2023)) e ficção científica (Blade Runner 2049 (2017) e Duna (2021)), e continua tentando cada vez mais fugir do papel de "valentão burro". Será que ele vai conseguir algum dia? Só o tempo dirá...



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

PS 2: Para conhecer outros termos interessantes do mundo do cinema, clique aqui.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Assisti Bombástica: A História de Hedy Lamarr (2017)


Um dos artigos deste ano que mais me impressionou quando fiz minhas pesquisas para escrevê-lo, foi o que contou um resumo da história da atriz e inventora Hedy Lamarr, que publiquei no dia 8 de Março, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

No final daquele texto, comentei que havia um documentário feito sobre ela há alguns anos atrás, mas que não ficou famoso, nem chegou aos cinemas. Trata-se de Bombástica: A História de Hedy Lamarr, de 2017 (Bombshell – The Hedy Lamarr Story no original).

Pois bem, eu acabei assistindo este documentário no Youtube dias atrás e posso dizer que ele é ótimo! Recomendo muito para todos assistirem! E, porque assisti-lo, duas coisas aconteceram. A primeira, foi a criação deste texto, onde irei contar muito rapidamente sobre o que o filme se trata. E a segunda, é que aprendi coisas novas sobre Hedy Lamarr e com isso revisei meu texto escrito em Março. Ele recebeu algumas pequenas correções, novas fotos, mas principalmente, foi ampliado em 3 parágrafos, contando novas passagens muito interessantes.

Portanto, quem já leu, convido a ler novamente meu texto Especial Dia Internacional da Mulher: Atriz e inventora, conheça a incrível (e conturbada) história de Hedy Lamarr. E quem ainda não leu, se prepare para ler e se surpreender!



Sobre o documentário Bombástica: A História de Hedy Lamarr

Apesar de ser uma produção modesta para os padrões de um filme atual (US$ 1,5 milhões), o documentário Bombástica: A História de Hedy Lamarr (veja o trailer oficial - em inglês - no vídeo acima) teve o envolvimento de alguns nomes famosos de Hollywood. Por exemplo, a atriz Susan Sarandon é uma das produtoras executivas; a atriz Diane Kruger e os cineastas Peter Bogdanovich e Mel Brooks são alguns que aparecem em vários momentos dando opiniões.

Seus filhos Anthony Loder e Denise Loder-DeLuca também aparecem bastante e dão importantes depoimentos. E enquanto as pessoas contam a história de Hedy, como em todo bom documentário, há diversas filmagens e fotos ilustrando o que está sendo falado.

E por falar nos filhos de Hedy, o documentário cita apenas a primeira metade daquele que provavelmente é o aspecto mais sombrio de Lamarr. No segundo casamento dela, em 1939, com o roteirista e produtor Gene Markey, o casal acabou adotando um bebê ao qual deram o nome de James Markey; mas a dupla mal se via e eles se separaram pouco mais de dois anos depois. Em 1943 Hedy já estava com seu terceiro marido, o ator britânico John Loder, com quem ela teria Anthony e Denise.

Um novo divórcio viria em 1947, e quando James completou 11 anos, ele foi enviado para uma escola militar pois era "muito indisciplinado", e posteriormente o treinador de esportes de lá ligou para Lamarr perguntando se o menino poderia ficar morando com ele e a esposa. E ela, em teoria magoada por não ser mais "querida" pelo filho, aceitou mas cortou contato com ele. A partir de então James falou algumas vezes com a mãe por telefone e só. O filme Bombástica vai até aí. O que ele não conta é que em 2001 se descobriu que James Markey na verdade era filho biológico de Hedy com John Loder, ou seja, James foi fruto de um caso amoroso anos antes de Lamarr e Loder se casarem. Em outras palavras, hoje dá para arriscar a dizer que o casamento de Hedy Lamarr com John Loder foi uma tentativa dela de "arrumar as coisas erradas do passado", mas infelizmente não deu certo.

A provável "cereja do bolo" de Bombástica: A História de Hedy Lamarr são os áudios de uma entrevista inédita e até então "perdida", que ela deu ao repórter Fleming Meeks da Forbes Magazine, em 1990, repassando sobre toda sua vida em 4 fitas cassetes de gravação. Então, temos a oportunidade de também ouvir a própria Lamarr através de sua voz dar a sua versão em boa parte dos acontecimentos.

E ainda que Hedy tenha se despedido desta vida de um jeito um bocado triste e melancólico, me emocionei com as últimas palavras dela nesta entrevista, as quais reproduzirei aqui. Ela recita partes de um poema de nome The Paradoxical Commandments ("Os Mandamentos Paradoxais"), escrito em 1968 por Kent M. Keith, professor e escritor estadunidense.

A seguir, com tradução minha para o português, os trechos que ela recitou. Se você quiser ler o poema completo no idioma original, basta clicar neste link. Fiquem então com estes conselhos de Hedy Lamarr. ;)


As pessoas são ilógicas, irracionais e egocêntricas.
Ame-as mesmo assim.

Se você fizer o bem, as pessoas irão te acusar de segundas intenções egoístas.
Faça o bem mesmo assim.

Os maiores homens e mulheres com as maiores ideias podem ser derrubados pelos menores homens e mulheres com as menores mentes.
Pense grande mesmo assim.

O que você gasta anos construindo pode ser destruído durante uma noite.
Construa mesmo assim.

Dê ao mundo o melhor que você tem e você levará um chute nos dentes.
Dê ao mundo o melhor que você tem mesmo assim.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Crítica - Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (2024)

TítuloGhostbusters: Apocalipse de Gelo ("Ghostbusters: Frozen Empire", Canadá / EUA, 2024)
Diretor: Gil Kenan
Atores principaisMckenna Grace, Paul Rudd, Carrie Coon, Finn Wolfhard, Kumail Nanjiani, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Bill Murray, William Atherton, Emily Alyn Lind, James Acaster, Logan Kim, Celeste O'Connor, Patton Oswalt, Annie Potts
Nota: 6,0

Caça-Fantasmas continua a divertir, mas precisa parar de querer ser 10 filmes em um

Três anos depois do ótimo Ghostbusters: Mais Além (2021), temos uma sequência para o semi-reboot da franquia Ghostbusters, misturando a "clássica" e a "nova" geração, e trazendo muitas homenagens e saudosismos.

Sendo continuação direta do filme anterior, desta vez as formações novas e antigas dos Caça-Fantasmas precisam se unir para impedir que uma antiga e poderosa entidade de nome Garraka, cujos poderes vêm do frio, liberte e lidere um exército de fantasmas para destruir a humanidade.

Vamos primeiro às boas notícias: mais uma vez temos aventura, humor e fantasmas de maneira divertida como todo Caça-Fantasmas. E pensando no futuro da franquia, temos novidades, como o agora rico Winston (Ernie Hudson) ter secretamente criado uma equipe de pesquisadores para estudar e aperfeiçoar novos equipamentos para a luta contra os espíritos. Além disso, pela primeira vez vemos um fantasma aparentemente "humano e bonzinho", Melody (Emily Alyn Lind), o que leva o filme a um importante questionamento: o que acontece com os fantasmas enquanto eles estão aprisionados? É ruim? Eles sofrem?

E, como no filme anterior, o melhor dele é a neta de Egon, Phoebe Spengler (Mckenna Grace), não só pelo carisma e delicadeza da jovem atriz, mas principalmente, porque seu personagem parece ser o único que realmente entende o legado de ser uma Caça-Fantasmas e o levar a sério.

Mas apesar da diversão de sempre, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo é ao mesmo tempo o filme mais sério, menos engraçado e menos assustador de toda a franquia. Um dos motivos disso é seu excesso de diálogos e personagens. A foto do início deste artigo dá uma pequena amostra da quantidade de atores que precisam dividir a tela...

Porém mais que isso, o verdadeiro problema é que Ghostbusters: Apocalipse de Gelo quer contar muitas histórias ao mesmo tempo. Ao invés de focar apenas na história de aventura de "salvar o mundo do fantasma da vez", o roteiro ao mesmo tempo também quer comentar sobre adolescentes ficando adultos, o personagem de Paul Rudd querer ser aceito como pai, a "nova" geração com dificuldades em assumir o cargo enquanto a "velha" geração não quer aceitar a aposentadoria, fora as muitas homenagens aos filmes dos anos 80 (além do monte de personagens que voltaram em Ghostbusters: Mais Além, desta vez também voltou o prefeito Walter Peck (William Atherton)).

É muito assunto para um filme só... e o resultado é um roteiro um bocado cansativo que acaba não discutindo nenhum dos temas com nenhuma profundidade.

Ainda assim, apesar de seus excessos, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo deve agradar os fãs da franquia e, se tiver boa bilheteria mundial, deverá receber mais uma continuação, a qual eu espero REALMENTE, tenha menos personagens, e abracem de vez o tempo presente. Nota: 6,0

O filme tem tantos personagens que a principal e melhor deles, Phoebe Spengler pela Mckenna Grace, não estava na cena da foto-título deste artigo. E como é bacana ver que ela é fã da franquia desde criança. Deve ser muito bom fazer parte do seu sonho.


domingo, 21 de abril de 2024

Crítica - Guerra Civil (2024)

TítuloGuerra Civil ("Civil War", EUA / Reino Unido, 2024)
Diretor: Alex Garland
Atores principaisKirsten Dunst, Wagner Moura, Cailee Spaeny, Nick Offerman, Jefferson White, Stephen McKinley Henderson, Nick Offerman, Sonoya Mizuno, Nelson Lee, Jesse Plemons
Nota: 7,0

Road movie bom e tenso, mas falta um algo mais

Acaba de estrear no mundo todo o filme Guerra Civil, que promete causar polêmica principalmente nos EUA, afinal, ele se baseia em um fictício futuro próximo onde os Estados Unidos estão em plena guerra interna: as "Forças Ocidentais Separatistas", composta por alguns estados e lideradas pelo Texas e Califórnia, lutam para derrubar do poder o atual governo dos EUA. Não é detalhado em nenhum momento os motivos para o conflito, porém é citado que o atual Presidente age como um ditador, não respeita a democracia, e se encontra atualmente no terceiro mandato seguido.

Na história, o conflito está caminhando para o fim, e a dupla de jornalistas de guerra Lee Smith (Kirsten Dunst) e Joel (nosso brasileiro Wagner Moura) planejam se deslocar de Nova York até a capital Washington DC para conseguir uma entrevista exclusiva com o Presidente (Nick Offerman), antes que ele seja morto ou deposto. Junto a eles se juntam Sammy (Stephen McKinley Henderson) um velho jornalista do The New York Times, e Jessie (Cailee Spaeny), uma jovem e inexperiente fotógrafa que sonha ser uma fotojornalista de guerra tão famosa quanto Lee.

Porém a jornada não será fácil, primeiro, claro, por estarmos em plena guerra; mas para piorar, o exército do governo estadunidense não tem sido muito tolerante com a imprensa. Estamos então diante de um road movie bem tenso, com várias cenas de violência, e com um sentimento de angústia, urgência e tensão muito bem executados.

Para minha surpresa, mais do que focar no conflito em si, Guerra Civil foca na vida dos profissionais de imprensa que fazem a cobertura de dentro dos conflitos. É realmente chocante e surpreendente constatar como é o trabalho destas pessoas. O perigo que elas se expõe é quase igual a dos soldados em batalha, e para você também sentir isso com as ótimas sequencias de ação e imagem que temos no filme, recomendo fortemente que você vá ver Guerra Civil nos cinemas, e não na sua casa.

Vamos agora as minhas primeiras ressalvas. Claro que os jornalistas de guerra podem morrer a qualquer momento. Mas será que é mesmo como está mostrado no filme? Lee dá bronca na novata várias vezes que ela tem que se cuidar, usar capacete e colete; porém, o grupo todo faz isso poucas vezes... capacetes? Uma vez no filme todo. Aliás, em Guerra Civil não faria mesmo diferença, pois assim como em muitos filmes do gêneros, mesmo estando de colete, para qualquer soldado, basta um tiro e eles morrem instantaneamente. Outra coisa que não me convence são os soldados permitirem o pessoal de imprensa caminhar o tempo todo ao lado deles. Eles não fazem barulho? Não atrapalham movimentação? Linha de tiro? Uma coisa é, você como jornalista estar a metros da ação, ou há segundos depois da ação. Agora, estar o tempo todo dentro da ação... não faz muito sentido.

Cada local onde o grupo passa durante sua jornada rende imagens e situações bem fortes e interessantes, de fato, o filme é bom tanto quanto em roteiro quanto em imagens. A fotografia é excelente, tanto que sou obrigado a fazer outra crítica... para mim há um certo fetiche pelas cenas de guerra, armas, violência... ok, entendo que houve a tentativa do diretor de demonstrar o valor e a beleza no trabalho de um fotógrafo ao conseguir a "imagem perfeita", porém, entendo que haveria outras maneiras de se explorar isto.

Guerra Civil acaba sendo visual demais, a meu ver. Há poucos diálogos, pouco debate sobre o que realmente está acontecendo. Nas entrelinhas, a mensagem até é simples, que aquele conflito é o resultado final de tudo que a extrema direita vêm plantando ao longo de anos nos EUA e mundo... mas o roteiro é bastante cuidadoso em não levantar esse debate. Até a escolha dos estados líderes da "insurgência": Texas (tradicionalmente conservador) e Califórnia (tradicionalmente liberal) estarem do mesmo lado é proposital para não haver polarizações. É como se o filme fosse criado para trazer esse assunto à tona, mas na hora de sua entrega, saísse a francesa...

O mais fraco de Guerra Civil é seu desfecho, a meu ver. O final é clichê e o comportamento de seus personagens um pouco incoerente. Como pontos altos, temos suas várias cenas de ação e tensão, e a atuação de Kirsten Dunst. Como ela está excelente aqui... ela parece mesmo ser a tal fotojornalista Lee, de tão convincente.

Eu estava com uma alta expectativa por Guerra Civil e talvez por isso tenha ficado um pouco decepcionado. Ele teve oportunidade de fazer algo marcante, mas na hora "h" se esquivou ou apelou para o senso comum. De qualquer forma, é uma experiência cinematográfica bem impressionante e um filme muito bom. Se não saí do cinema extremamente satisfeito, pelo menos é como dizem, mais importante que o destino é a viagem. Nota: 7,0

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Breaking news! Golden Axe e Quentin Tarantino são as grandes surpresas da semana!

Semana com duas notícias bem surpreendentes, tanto que resolvi divulgá-las por aqui! Vamos para as bombas?

Golden Axe: o desenho!?

Uma das minhas franquias favoritas de videogame quando eu era criança era Golden Axe, um dos primeiros jogos de  beat 'em up de "capa e espada" da história, feita pela SEGA. Eu até já escrevi um artigo sobre ele.

Pois eis que foi anunciado no começo desta semana que o canal Comedy Central encomendou uma temporada de animação com 10 episódios de Golden Axe. A série terá produção conjunta da CBS Studios, Sony Pictures Television e Original Film. A SEGA, por sua vez, está dando seu aval ao desenho e atua na produção executiva.

A série animada de Golden Axe será uma criação de Mike McMahan (criador e roteirista de Star Trek: Lower Decks) e Joe Chandler (roteirista de American Dad!). O tom do desenho será de comédia, e ele foi apresentado como: "acompanhe os guerreiros veteranos Axe Battler, Tyris Flare e Gilius Thunderhead enquanto eles mais uma vez lutam para salvar Yuria do gigante malvado Death Adder, que aparenta nunca se manter morto. Felizmente, desta vez eles têm o inexperiente e despreparado Hampton Squib ao seu lado.".

Então, além de confirmar os três personagens mais clássicos da franquia - o anão Gilius Thunderhead, a feiticeira Tyris Flare e o bárbaro Ax Battler - durante o anúncio também foram citados os personagens Chronos Lait, a pantera antropomórfica que apareceu apenas no jogo Golden Axe III, e um inexperiente e otimista aventureiro de nome Hampton Squib criado especificamente para esta animação.

Empolgados? Eu estou... curioso.


E não teremos mais Críticas...

O cineasta Quentin Tarantino anunciou em 2022 que seu próximo filme - seu décimo como diretor - seria também seu último. O filme se chamaria The Movie Critic (O Crítico de Cinema, em tradução livre), se passaria em 1977 e teria Brad Pitt como protagonista.

A história se basearia em um crítico de cinema real, que escrevia em uma seção de uma revista adulta que Tarantino gostava de ler quando adolescente. Além da premissa curiosa, havia boatos que o diretor gostaria de ter o elenco de Pulp Fiction de volta, o que significaria a presença de John Travolta e até de Bruce Willis, que devido sua doença atual, talvez aparecesse apenas em imagens de arquivo. A produção estava prevista para começar em Agosto deste ano, para lançar o filme em 2025.

Estava... pois nesta quarta-feira o site Deadline anunciou com exclusividade que Tarantino desistiu oficialmente de The Movie Critic. Ainda insatisfeito com o roteiro, ao invés de reescrevê-lo (mais uma vez), o diretor / roteirista resolveu abandonar o projeto de vez e agora passa a procurar uma nova idéia para sua despedida nos cinemas...

sábado, 6 de abril de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #020 - O que é um filme Blockbuster? Conheça a história da origem desta expressão e outras curiosidades associadas

Filmes Blockbuster (também traduzidos no Brasil como Arrasa-quarteirão) são filmes de longa-metragem feitos por grandes estúdios que se tornam muito populares e bem-sucedidos financeiramente. Porém com o passar do tempo o termo também passou a significar filmes em que se espera ter estes resultados, ou seja, que são criados para ser um Blockbuster, contando com um enorme orçamento para sua produção e uma gigantesca campanha de marketing associada.

Como exemplos de filmes Blockbusters deste século, podemos citar os filmes da franquia Harry Potter, Star WarsMissão: Impossível e Os Vingadores.


A origem do termo e sua associação com filmes

A origem do termo blockbuster é triste, pois foi criado como apelido para um tipo de bomba usada pelas Forças Aliadas na Segunda Guerra Mundial. Eram uma das bombas convencionais mais fortes até então, lançadas por aviões bombardeiros ingleses, e tinham o poder de "destruir um quarteirão inteiro", daí o seu nome / apelido.

A primeira vez que o termo blockbuster foi usado para filmes foi em 1943, para promover o filme Bombardeio (Bombardier no original), um filme de guerra sobre... bombardeiros. "O arrasa-quarteirão de todos os programas de ação e suspense!" ("The block-buster of all action-thrill-service shows!"). Em outras palavras, o termo ainda era um trocadilho, e não tinha o sentido atual.

Com o fim da guerra, a palavra blockbuster havia sumido do vocabulário das pessoas. Até que em 1948 a famosa revista Variety voltou a usar o termo em um artigo sobre filmes de grande orçamento. A partir daí, então, os estúdios passaram a usar esta palavra para promover seus filmes "épicos", ou seja, obras espetaculares, grandes em custo e escala. Como exemplos, filmes como Sansão e Dalila (1949), Quo Vadis (1951), Ben-Hur (1959) e Cleópatra (1963) foram produções propagandeadas na época como blockbusters.


O primeiro Blockbuster moderno

O termo blockbuster sofreria nova atualização em 1975, com o filme Tubarão (Jaws no original), de Steven Spielberg. Agora, também se adicionava ao termo sua relevância no cotidiano das pessoas, que passavam a comentar sobre o filme em todos os lugares. E mais ainda, pela primeira vez também o termo passou a significar filas de pessoas dando volta no quarteirão para entrar nos cinemas.

Tubarão, claro, foi o filme de maior bilheteria daquele daquele ano, e dois anos depois Star Wars de George Lucas faria algo ainda muito maior, com seu filme ficando em cartaz nos cinemas por mais de um ano. Estava criada a "era do Blockbuster", ou ainda, a era dos "Blockbusters de verão", já que estes filmes eram lançados nesta época do ano, para aproveitar o maior público nas ruas. A partir de então os blockbusters passaram a ir além das telas, sendo culturais, e recebendo investimento massivo de produtos e propaganda.

Desde Tubarão e até os dias atuais os grandes estúdios tentam todo ano lançar e lucrar centenas de milhões com seu "novo blockbuster", escolhendo e reservando um grande-mega lançamento cinematográfico... embora se formos pensarmos literalmente no tempo de "hoje", a indústria do Cinema tenha sofrido um certo golpe em suas pretensões após a pandemia do Covid-19.


E houve outro...

Ah, e Blockbuster também já foi o nome da maior rede de locadora de filmes e videogames do mundo, dominando o mercado por cerca de duas décadas, passando pelas eras do VHS ao DVD. Porém com o surgimento da Netflix e sites aluguéis on-line (sim, a empresa do som "tudum" começou assim), e posteriormente com a Netflix inaugurando os serviços de streaming, que virariam o novo padrão deste segmento de entretenimento, a empresa entrou em um rápído declínio global a partir do final dos anos 2010. MAS ainda existe UMA loja Blockbuster em atividade (sim, em pleno 2024!), e ela inclusive se aproveita bastante do fato para ser, ela mesma, um ponto turístico e lucrar com isso.

A "última Blockbuster" fica em uma cidade de 100 mil habitantes de nome Bend, estado de Oregon, nos EUA. É dela a foto que aparece no topo deste artigo. E inclusive a loja chegou até a ganhar um filme-documentário, The Last Blockbuster, de 2020.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

quinta-feira, 28 de março de 2024

Jerry Seinfeld está de volta!! Saiba mais sobre seu novo filme, que esteará na Netflix em Maio


Sim! Jerry Seinfeld está de volta com novo material de comédia. Mas ao invés de trazer um novo show de stand-up, ele está lançando um filme, de nome Unfrosted (como acabou de ser anunciado, ele ainda não tem um nome "em Português", e nem sei se terá).

Unfrosted promete contar a história de como o Pop-Tarts foi criado pela Kellogg's, em 1964. Desconhecido para nós brasileiros, o Pop-Tarts é uma espécie de biscoito pré-cozido e recheado (geralmente seus recheios são doces e com sabores de frutas) para ser consumido como se fossem torradas, e no café da manhã.

Jerry Seinfeld já se arriscou a fazer filmes uma vez no passado, com seu Bee Movie: A História de uma Abelha (2007), onde ele foi produtor, roteirista e ator... mas não foi o diretor. Porém desta vez Seinfeld também está na direção, ou seja, estará fazendo sua estréia nesta profissão.

Além dele, o elenco conta com vários outros comediantes e/ou atores conhecidos, como por exemplo Melissa McCarthy, Jim Gaffigan, Hugh Grant, Amy Schumer, Peter Dinklage, Christian Slater e James Marsden. Unfrosted está previsto para estrear na Netflix em 3 de Maio de 2024.

Abaixo confira o trailer oficial que acabou de sair!


PS.: não sabe quem é Jerry Seinfeld? Já escrevi alguns artigos sobre ele aqui no Cinema Vírgula... o mais importante foi este aqui, onde comento que ele criou a Melhor Sitcom de todos os tempos!!

sábado, 23 de março de 2024

1670 e Poker Face - Duas séries de TV estreantes que você ainda não viu, mas deveria conhecer!


E o Cinema Vírgula segue recomendando boas séries de TV. Desta vez, são duas que estrearam em 2023 e que ficaram entre as minhas favoritas do ano passado. E felizmente, ambas já foram renovadas para uma segunda temporada. Vamos conhecer mais cada uma delas!



1670 (Netflix)

Esta série de comédia polonesa é uma produção original Netflix, e trata-se de um mocumentário que nos mostra a vida em uma pequena vila de nome Adamczycha (que por incrivel que pareça é um vilarejo que existe mesmo na Polônia), no ano de 1670.

O "documentário" existe pois o nobre que governa o local, Jan Pawel (Bartłomiej Topa), contrata pessoas para registrar sua vida, já que ele se acha merecedor de se tornar o "João Paulo" polonês mais famoso da história (em uma piada-referência ao futuro Papa João Paulo II).

A série ironiza os costumes medievais (eu sei que em 1670 já não estamos na Idade Média, mas espero que vocês tenham me entendido), religiões, a nobreza e os costumes poloneses, mas também faz piadas trazendo temas cotidianos e atuais em geral. Por exemplo os personagens tem sua versão "medieval" de um "celular", e a personagem Aniela (Martyna Byczkowska), filha de Jan Pawel, é feminista e bastante preocupada com o meio ambiente.

1670 lembra um bocado o seriado Norsemen, produção original Netflix norueguesa. Porém Norsemen, até por ter tema Viking, tem bastante cenas violentas, nudez, piadas com sexo. Já 1670 não. Seu humor é bem mais leve, menos chocante, e melhor. Sei que o humor polonês não é parecido com o humor britânico, porém, de certa forma, esta série também lembra um pouco as comédias "de história" do Monty Python, como Em Busca do Cálice Sagrado (1975) e A Vida de Brian (1979).

Para quem gosta de humor crítico e sarcástico, e também História, 1670 é uma ótima pedida. A segunda temporada está confirmada, porém só sairá em 2025. Por enquanto temos que nos contentar com seus 8 episódios de 30 minutos.



Poker Face (Universal+)

Poker Face poderia ser apenas mais um dentre os dezenas de seriados de detetive que existem por aí. Porém, dentre outras qualidades que citarei a seguir, ele possui uma característica bem diferente, que é a estrutura do seu roteiro. E talvez por isso, já na sua temporada de estréia a série recebeu muitas indicações nas principais premiações estadunidenses, como por exemplo o Emmy e o Globo de Ouro.

Na história de Poker Face, acompanhamos Charlie (Natasha Lyonne), garçonete em um cassino, e em cada episódio ela soluciona um crime diferente, geralmente um assassinato. O diferente aqui é que, com exceção do último dos 10 episódios da primeira temporada, primeiro vemos o crime acontecendo (e a protagonista Charlie sequer aparece em tela), e então, depois que o delito foi cometido, a história volta e iniciamos aquele dia sob a perspectiva de Charlie, acompanhando-a até que ela se depara com o crime e começa a resolve-lo.

Mas isto não quer dizer que não temos surpresas. Pois conforme Charlie vai entendendo o que aconteceu, o espectador pode passar pelas mais diversas reviravoltas... o que "vimos" pode não ter sido exatamente o que aconteceu... ou então o assassino não era tão mal assim... espere pelo inesperado!

Ah sim. Não podemos esquecer de Charlie / Natasha Lyonne. Na série, a personagem tem um "super poder", que é saber detectar sempre, com 100% de certeza, se uma pessoa está mentindo ou não. E isso ajuda Charlie nas mais diversas situações. E Natasha Lyonne, com seu jeito "louco / debochado", mais uma vez rouba a cena, sendo divertida mesmo estando em um programa sério. Assim como em Boneca Russa, ela é um grande atrativo em Poker Face.

Embora Poker Face tenha estreado na gringa no começo de 2023, a série só chegou no Brasil neste ano de 2024, através do streaming Universal+. E gostei muito da primeira temporada. Pela Natasha, e pelos roteiros, que não somente divertem na parte detetivesca, como também comovem na parte dramática.

Só tenho duas reclamações a fazer de Poker Face: não gostei do desfecho do episódio final, a "desculpa" para termos uma segunda temporada foi muito ruim, poderia ter sido bem melhor. E a outra reclamação - que nem é reclamação, é só um lamento - é que Poker Face foi criada (e teve inclusive alguns de seus episíodios dirigidos) por Rian Johnson, um diretor / roteirista que não gosto e que fez Star Wars: Os Últimos Jedi e a franquia Entre Facas e Segredos.

sábado, 16 de março de 2024

Você prefere explorar um calabouço (masmorra) ou um abismo (cratera)? Conheça os animes Made in Abyss e Dungeon Meshi


O ano de 2024 chegou e com ele tivemos a estréia de dois animes na Netflix com muitas semelhanças e paralelos. Tratam-se de Dungeon MeshiMade in Abyss. Ambos são baseados em mangás de mesmo nome lançados no Japão. Estou assistindo e gostando dos dois, e a seguir, baseado nos onze primeiros episódios que vi de cada um, segue um resumo do que eles se tratam, e minha opinião.




Dungeon Meshi

Dungeon Meshi (vendido nos EUA como Delicious in Dungeon) é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Ryōko Kui e que terminou recentemente no Japão, em setembro do ano passado. Sua conversão para anime é uma produção original Netflix. Os episódios estão sendo lançados semanalmente toda quinta-feira e a previsão é que toda a saga seja contada em uma única temporada de 24 episódios.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma dungeon (masmorra / calabouço) bem peculiar: em seus níveis mais profundos - ainda inexplorados - ela supostamente abriga o mítico Reino Dourado, antiga e gloriosa cidade, repleta de tesouros e poder. Então toda uma comunidade é criada em torno desta masmorra, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

A trama começa com... uma trágica derrota. Um grupo de seis exploradores tenta derrotar um Dragão Vermelho dentro da masmorra e, antes de ser devorada, em um último ato a feiticeira humana Falin teleporta os demais integrantes para fora. É então que três deles: Laios (um guerreiro humano e irmão de Falin), Chilchuck (um ladrão halfling) e Marcille (uma feiticeira élfica) decidem voltar a masmorra para resgatar o corpo de Falin das entranhas do Dragão, para posteriormente ressuscitá-la.

Dungeon Meshi é muito parecido com um jogo de RPG medieval, e neste sentido, morrer e voltar a vida através de encantamentos ou poções é comum. Por isso não estranhem a trama principal. Em cada episódio o grupo acaba avançando no interior do calabouço e enfrentando um tipo de monstro diferente, o que é bem interessante, pois requer bastante inventividade da equipe para derrotá-los. É bem gratificante ver que na masmorra cada personagem usa principalmente as habilidades de sua classe / profissão, ou seja, os heróis realmente triunfam como grupo, e não como indivíduos.

Agora, o que é realmente curioso e incomum em Dungeon Meshi é que após derrotar seus adversários, o grupo sempre acaba se alimentando (??!!) dos monstros que matou. Já no primeiro episódio o trio conhece Senshi, um guerreiro anão que mora dentro da masmorra e é grande conhecedor dos monstros e de culinária. Ele se une a equipe e durante a jornada e vai cozinhando praticamente tudo o que é derrotado em batalha. Nada se desperdiça, e bons minutos de cada episódio bizarramente são gastos apenas exibindo essa culinária fictícia.

Por enquanto tenho gostado de Dungeon Meshi. É divertido, e a curiosidade perante o inesperado tem me agradado bem. E para quem gosta de RPG, e/ou franquias como Dungeons & DragonsCaverna do Dragão e Senhor dos Anéis, este anime fica ainda mais interessante.




Made in Abyss

Made in Abyss é baseado em um mangá escrito e ilustrado por Akihito Tsukushi. O mangá, que começou a ser escrito em 2012 e continua em andamento, mas é escrito em um ritmo bem lento, com apenas 12 volumes publicados até agora. O anime por enquanto tem duas temporadas, somando 25 episódios (todos disponíveis na Netflix) e mais um filme (Made in Abyss: O Amanhecer de uma Alma Profunda, de 2020, não presente na Netflix, e que deve ser assistido entre a 1ª e 2ª temporadas). Os 25 primeiros episódios do anime equivalem aos 10 primeiros volumes do mangá. Ao vencer o prêmio máximo de "Anime do Ano" do Crunchyroll Anime Awards de 2017 - evento do canal de streaming especializado em animes Crunchyroll - Made in Abyss ganhou projeção internacional.

A história se passa em um universo de fantasia, onde em uma ilha temos uma enorme cratera de nome "Abismo" e bem peculiar: com quilômetros de profundidade - muitos deles ainda inexplorados - ela abriga ruínas e relíquias de antigas civilizações, além de criaturas fantásticas e perigosas variadas. Então toda uma comunidade é criada em torno desta cratera, com aventureiros vivendo apenas de explorá-la.

(Viram como a premissa entre os dois mangás / animes é bem parecida, meio que só trocando a "masmorra" pelo "abismo"? Pois é! Quase repeti o mesmo texto para ambos! Porém vocês verão que as similaridades vão começar a diminuir a partir de agora...)

Começamos Made in Abyss conhecendo Riko, uma menina de doze anos, e exploradora iniciante. Em uma de suas primeiras descidas, ela encontra Reg, um robô com aparência e mente de garoto, sofrendo de amnésia, com quem faz amizade. Após alguns eventos ela e Reg partem sozinhos - e em segredo - ao fundo do Abismo, em busca da desaparecida mãe de Riko.

Como se pode ver nas duas imagens deste anime que coloquei neste artigo, mais acima, Made in Abyss parece ser "fofinho", até para público infantil. E é totalmente o oposto, pois o roteiro parece ter sido escrito por H. P. Lovecraft. A história tem vários elementos de drama, tensão, e principalmente, o tema "morte" está sempre presente. Por exemplo, na mitologia desta série, ao descer na cratera, o corpo humano sempre sofre, passando por tonturas, sangramentos, febres e alucinações até se adaptar. São efeitos da tal "Maldição do Abismo". Mas piora: a partir de uma certa profundidade, os efeitos no corpo para "subir" de volta são tão fortes que são mortais. Ou seja, as pessoas que descem nas camadas mais fundas são obrigadas a ficar lá para sempre. E é comum no anime vermos pessoas sofrendo os efeitos da "Maldição". Nada leve e agradável.

Assim como em Dungeon Meshi, a história me prende e fico bastante interessado no que vai acontecer no episódio seguinte. E também igualmente ao Dungeon Meshi, aqui tudo é muito surpreendente e inovador, e cada episódio apresenta um monstro ou uma dificuldade diferente. Mas Made in Abyss é ainda mais elaborado, com a adição de uma misteriosa e sinistra trama de plano de fundo, além de paisagens e trilha sonora deslumbrantes.

Porém, para Made in Abyss, sou obrigado a fazer um alerta: como disse anteriormente, escrevo este texto após assistir os 11 primeiros episódios, e a cada episódio que estou assistindo, o nível de violência e terror vêm aumentado de maneira considerável, além da presença de algumas desnecessárias piadinhas que insinuam temas sexuais (ainda nada grave ou explícito, apenas insinuações). Sendo os personagens principais todos crianças, e como a violência não para de escalar, estou me perguntando se isto vai chegar a um nível que irei desaprovar. Mas por enquanto não. O que posso dizer por agora é: estamos diante de um anime para público de no mínimo 16 anos (que é a indicação que está na Netflix).

Eu imagino que a série caminhe para trazer cada vez mais cenas goreao estilo de outras obras como por exemplo Berserk. Mas até agora sigo gostando e assistindo Made in Abyss e estou bem curioso para saber os grandes mistérios deste universo, e principalmente do passado de Reg e da mãe de Riko.




Obs.: ainda há uma ligação curiosa entre esses dois animes / mangás: a atriz Emily Rudd, que é quem interpreta Nami na série live-action de One Piece da Netflix. É que ela dubla a personagem Marcille em Dungeon Meshi na versão estadunidense, e já declarou que embora ame One Piece e ser grande fã de animes em geral, seu anime favorito é Made in Abyss.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...