sábado, 27 de janeiro de 2024

Dupla Crítica Filmes Netflix - A Sociedade da Neve (2023) e Maestro (2023)


Hoje vamos de dois lançamentos da Netflix, que somados têm NOVE indicações ao Oscar 2024. Mas será que apesar do prestígio entre os críticos, eles são mesmo assim tão bons? Confira a seguir!


A Sociedade da Neve (2023)
Diretor: J.A. Bayona
Atores principais: Enzo Vogrincic, Matías Recalt, Agustín Pardella, Felipe González Otaño, Luciano Chatton, Valentino Alonso, Francisco Romero, Agustín Berruti, Andy Pruss

A história (real) do avião de passageiros uruguaio, que 1972 caiu na Cordilheira dos Andes e mesmo assim deixou alguns sobreviventes é inspiradora. E exatamente por isto já inspirou alguns filmes, documentários, e séries de TV. O mais famoso deles até então fora produzido por Hollywood, trata-se de Vivos, de 1993, com direção de Frank Marshall (Congo) e Ethan Hawke (Antes do Amanhecer) como principal protagonista.

Agora, via Netflix, temos pela primeira vez uma adaptação desta história com produção de apenas países de língua espanhola (no caso Espanha, Chile e Uruguai) que conseguiu alcançar fama mundial. Na direção temos a presença de J. A. Bayona, diretor espanhol que já dirigiu filmes famosos (e Hollywoodianos) como O Impossível (2012) e Sete Minutos Depois da Meia-Noite (2016).

A Sociedade da Neve é bem feito tecnicamente, e se não temos efeitos especiais "espetaculares" ou cenas de ação "grandiosas", ao menos todas elas são bem críveis. O roteiro é bom, e a própria história real do acidente ajuda, pois é uma história incrível de amizade, cooperação, coragem, generosidade e superação.

Porém há um ponto famoso da história deste acidente do Força Aérea Uruguaia 571 que sempre causa divisões, e aqui também ele trouxe prós e contras. É a questão de que, para sobreviver, as pessoas tiveram que se alimentar dos restos dos falecidos. E o lado positivo disso em A Sociedade da Neve é que isso é comentado de maneira bastante respeitosa, nada sensacionalista, e o impacto psicológico deste ato nos personagens não é ignorado (e nem poderia, dado sua importância). O lado negativo é que em nome desse "respeito" as consequências desse problema / dilema foram atenuadas, diminuindo sua carga dramática. Alguns debates religiosos que ocorreram durante e após o acidente, que entendo serem histórica e culturalmente relevantes, foram completamente ignorados. Em suma, o filme foi alterado para ficar mais "leve" para o público em geral.

E claro, mesmo sendo "amenizado", este A Sociedade da Neve continua sendo uma história pesada, mas ao mesmo tempo inspiradora, e certamente que o fará refletir. Para quem gosta deste tipo de filme, é uma ótima pedida. Recebeu indicações aos Oscar de "Melhor Filme Estrangeiro" e de "Melhor Maquiagem e Penteados". Nota: 7,0.



Maestro
 (2023)
DiretorBradley Cooper
Atores principais: Bradley Cooper, Carey Mulligan, Matt Bomer, Vincenzo Amato, Greg Hildreth, Sarah Silverman, Maya Hawke

Maestro deveria contar a biografia de Leonard Bernstein (1918 – 1990), que ao assumir a direção da Filarmônica de Nova York, conseguiu se tornar o primeiro maestro estadunidense a receber reconhecimento mundial, além de também ser um prolífico e famoso compositor.

E o filme até faz isso, mas o deixa em segundo plano duplamente. Primeiro, porque aqui o que mais se mostra da vida de Leonard (Bradley Cooper), são seus relacionamentos, em especial a sua tumultuada relação com sua esposa Felicia Montealegre (Carey Mulligan). E segundo porque Maestro não foi feito realmente para contar a história de Bernstein, e sim, para que o egocêntrico Bradley Cooper pudesse se exibir imitando Leonard Bernstein.

Sendo também produtor e diretor do filme, Bradley Cooper também quis se exibir na parte técnica do filme: Maestro é exibido o tempo todo no formato 4:3, o formato mais "quadradão" que tínhamos nos cinemas até a década de 50 e nas TVs de tubo. Além disso, os 50 primeiros minutos, onde temos o Bernstein "jovem", são em branco-e-preto. Depois, há um corte, e pulamos para os anos 70, onde vemos um Leonard "cinquentão" e o filme passa a ser colorido (porém bastante carregado nas cores, também tentando imitar os filmes da respectiva época), e vamos assim até o final.

Sim, apesar das próteses no nariz e nas orelhas, a atuação de Bradley Cooper está muito boa, de fato. Ele se esforça para imitar os mesmos trejeitos e gestos, e até mesmo o timbre de voz do Leonard Bernstein real. Ainda assim, não considero uma imitação perfeita: ao imitar a voz mais grave do Bernstein "velho", Cooper acaba falando como se estivesse "com o nariz entupido" - coisa que o verdadeiro Leonard não fazia - prejudicando a dicção do personagem, e o tornando muito irritante.

Outra limitação na atuação de Cooper é que ela praticamente não varia, as emoções são sempre as mesmas, não variam. O mesmo não pode ser dito de Carey Mulligan, está sim o grande e único brilho de Maestro, ela consegue variar entre a menina fofa apaixonada e a mulher desesperada de maneira brilhante e convincente.

Com uma carreira extremamente bem sucedida, vencedor de dezenas de prêmios importantes, uma personalidade narcisista porém carismática e popular, a história de Leonard Bernstein deveria ser naturalmente interessante de se ouvir. Porém Bradley Cooper e seu ego conseguiram a enorme façanha de torná-la insuportavelmente chata. E pior, via filme não aprendi praticamente nada da obra deste artista... basicamente, o roteiro me ensinou que ele foi "um cara famoso por coisas que não vi, e que maltratou bastante a esposa com seus casos extraconjugais". Será que esse deveria ser o legado para Bernstein nesta suposta "homenagem"?

Maestro está concorrendo ao Oscar em 7 indicações, dentre elas a de Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Filme e Melhor Roteiro. Sendo que para mim estas duas últimas estão mais para uma piada. Nota: 4,0.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Bomba! Bomba! A História do Mundo - Parte I terá continuação, e estréia agora em Março!


Apresentando aos mais jovens, Mel Brooks (o moço da foto acima) já foi um dos maiores nomes do humor estadunidense entre os anos 60 e 80, seja como produtor, diretor, roteirista ou ator. É dele, por exemplo, o seriado Agente 86; e também grandes filmes da comédia nonsense, como por exemplo Banzé no Oeste (1974), O Jovem Frankenstein (1974) e S.O.S. - Tem um Louco Solto no Espaço (1987).

Mas há outro filme muito engraçado e curioso feito por Mel Brooks, tema deste artigo. Trata-se de A História do Mundo - Parte I, de 1981.

A História do Mundo - Parte I é dividida em cinco capítulos (e totalmente independentes entre eles) de eras famosas da História humana. São elas: Idade da Pedra, "Antigo Testamento", Império Romano, Inquisição Espanhola e Revolução Francesa. E o objetivo, claro, é zoar ao máximo com os envolvidos de cada época.

Pode-se verificar pelos temas que uma das características de Mel Brooks foi de nunca ter medo de fazer piadas com religiões (uma das mais famosas do filme é justamente quando Moisés recebe 3 tábuas com os "15 Mandamentos", tropeça, quebra uma delas, e então anuncia ter recebido "10 Mandamentos").

Sim! Originalmente tínhamos 3 tábuas!

Outra característica de Brooks é que ele adora musicais, e portanto, praticamente todo o segmento da Inquisição Espanhola é uma apresentação musical, o que pra mim se torna de longe a parte mais fraca e chata do filme.

Mas apesar de conter um "Parte 1" no nome, e inclusive encerrar o filme com um (falso) trailer anunciando o A História do Mundo - Parte II, Brooks já confessava nas entrevistas da época do lançamento da produção que nunca pensou em fazer uma continuação... esta história de "Parte 1 e Parte 2" era mais uma de suas piadas malucas.

Mas eu, como bom fã de suas loucuras, sempre sonhava que ele mudasse de idéia e este Parte II fosse um dia realizado...

... e eis então que este dia chegou!


A História do Mundo - Parte 2 (a Série)

E não é que 43 anos depois do filme, e agora com 97 anos de idade, o "jovem" Mel Brooks nos presenteia com A História do Mundo - Parte 2, e ainda trabalhando como ator, co-produtor e co-roteirista?

Só que não será um filme, e sim uma série de TV, sendo que a primeira temporada, composta de 8 episódios, tem estréia marcada no Brasil para 6 de Março no Star+.

A lista de atores e comediantes que aparecem em A História do Mundo - Parte 2 é gigantesca. Dentre alguns nomes, posso citar: Wanda Sykes, Nick Kroll, Will Sasso, Danny DeVito, Jack Black, Kumail Nanjiani, Florence Pugh, Taika Waititi, Zazie Beetz, David Duchovny, J. B. Smoove, Seth Rogen, Sarah Silverman, Josh Meyers, Jason Alexander e Timothy Simons.

Abaixo você pode conferir o trailer da produção (e ora, ora... nele temos piadas com religião e musicais... é mesmo um Mel Brooks!). Mesmo apresentando vários trechos um bocado específicos da história estadunidense, estou bem empolgado. E vocês, o que acharam da novidade?



PS: Lembram que na crítica de Tar, eu comentei que a espetacular Viola Davis tinha acabado de se tornar a 18ª pessoa na História a se tornar um EGOT (ou seja, vencedora de pelo menos um prêmio Emmy (TV), Grammy (Música), Oscar (Cinema) e Tony (Teatro))? Pois bem, Mel Brooks foi o 8º ser humano a atingir este feito, em 2001. ;)

sábado, 13 de janeiro de 2024

DOZE filmes que estou esperando para assistir em 2024


Muito bem, se no post anterior falei de 2023, agora é hora de falar do futuro! Segue a lista de 12 filmes que estou bem curioso para assistir em 2024. A ordem apresentada é a data prevista de lançamento no Brasil.

Anotem aí na sua agenda as datas e vamos a eles! (ah, e recomendo que você não perca meu PS ao final do texto)

Anatomia de Uma Queda (25 de janeiro nos Cinemas)

Filme francês bastante premiado - inclusive levou a Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023 - e certamente estará presente com indicações no Oscar. Mistura elementos de filme de suspense com de tribunal, e conta a história onde uma escritora tenta provar sua inocência na morte do marido.


Pobres Criaturas (1º de fevereiro nos Cinemas)

Filme de fantasia e ficção científica do diretor Yorgos Lanthimo (de O Lagosta), ele conta a história de Bella Baxter (Emma Stone), uma jovem trazida de volta à vida pelo cientista Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Em outras palavras, uma reinvenção do clássico Frankenstein. O filme levou o prêmio máximo do Festival de Veneza, e já ganhou os Globos de Ouro tanto de "Melhor Filme - Musical ou Comédia" e "Melhor Atriz". Certamente também receberá múltiplas indicações ao Oscar.


O Menino e a Garça (22 de fevereiro nos Cinemas)

Nada menos que o primeiro Anime a vencer o Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação, este filme dos Estúdios Ghibli é outro anunciado como sendo "o último" do mestre Hayao Miyazaki (só que talvez dessa vez seja mesmo). A história mostra a jornada de um menino que encontra uma estranha garça que o leva a um mundo mágico.


Duna: Parte 2 (29 de fevereiro nos Cinemas)

Continuando a ótima Parte 1 lançada em 2021, Duna 2 tem tudo para ser ainda melhor que o primeiro, por não ter que "gastar" tanto tempo apresentando o próprio universo, e focar mais na história em si, que no caso desta franquia, trata-se do arco inicial do personagem Paul Atreides. É torcer para que o diretor Denis Villeneuve continue fazendo um ótimo trabalho, e que o filme tenha bilheteria suficiente para animar seu estúdio a lançar um futuro Duna 3 (que iniciaria outro arco de história).


Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (28 de março nos Cinemas)

Continuação direta do muito bom Ghostbusters: Mais Além (2021), ao contrário do filme anterior, o desafio agora é que a franquia abandone um pouco da nostalgia e parta para uma trama totalmente inédita. Isso será crucial para o sucesso ou fracasso desta que é uma de minhas franquias favoritas na cultura Pop. Mais uma vez "clássico" retorna ao lado do elenco "novo".


Furiosa: Uma Saga Mad Max (23 de maio nos Cinemas)

Filme derivado do espetacular Mad Max: Estrada da Fúria (2015), agora contando a história das origens da personagem Imperatriz Furiosa, estava ansiosíssimo para ver o novo capítulo da franquia Mad Max. Porém, quando seu primeiro trailer saiu, fiquei bastante decepcionado e preocupado: primeiro porque a atriz Anya Taylor-Joy, embora excelente, não pareceu lembrar a Furiosa interpretada por Charlize Theron no filme de 2015; mas principalmente, porque as imagens mostraram efeitos especiais em excesso e malfeitos. É torcer para que a má impressão não se concretize, e o diretor George Miller nos surpreenda positivamente mais uma vez.


Um Lugar Silencioso: Dia Um (27 de junho nos Cinemas)

Longe de ser uma franquia brilhante ou inovadora, ao menos os dois primeiros filmes de Um Lugar Silencioso entregaram uma mistura de ficção científica com suspense / terror de bastante respeito. Por isso, é natural que me interesse por mais filmes deste universo. Desta vez, entretanto, só os produtores dos primeiros filmes permaneceram, o resto é tudo novo: diretor, personagens e atores. Pouco se sabe da trama, apenas que se trata do "dia um" da invasão alienígena, ou seja, será um filme cronologicamente anterior aos dois primeiros.


Deadpool 3 (25 de julho nos Cinemas)


Deadpool 1 e 2 foram muito bons, engraçadíssimos, e tenho bastante esperança que a qualidade se mantenha para o filme 3. Afinal, a produção teve um tempo bem grande para desenvolvimento, além de que desta vez Ryan Reynolds terá pela primeira vez alguém para co-estrelar ao seu lado, Hugh Jackman, o eterno Wolverine, que já mostrou que também é bom em comédias.



Os Fantasmas Se Divertem 2 (5 de setembro nos Cinemas)


Besouro Suco! Besouro Suco! Está aí algo que ninguém esperava. Depois de mais de 35 anos, eis que surge uma continuação de Os Fantasmas Se Divertem (1988). O diretor Tim Burton está de volta, juntamente com dois dos atores mais importantes da franquia (Michael Keaton e Winona Ryder). A novidade foi trazer para o filme a atriz Jenna Ortega, atualmente ultra popular devido o seriado Wandinha.



Um Tira da Pesada 4: Axel Foley (entre julho e setembro, na Netflix)


Aqui temos outra franquia dos anos 80 sendo ressuscitada, e não deixa de ser bacana (e um pouco surpreendente) conseguirem trazer de volta boa parte de seus principais atores depois de tanto tempo. Eddie Murphy foi genial e uma grande estrela no passado, mas há muito tempo não consegue ser engraçado. Porém encaro esse filme como a oportunidade ideal para ele mudar isso. E um "vai ou racha" pra mim, e exatamente por isto estou bem ansioso para ver qual será o resultado.



Coringa 2 (3 de outubro nos Cinemas)


Sabe-se tão pouco a respeito deste novo Coringa, que ainda nem temos seu nome oficial para o Brasil. No original o filme se chama Joker: Folie à Deux, e por aqui não sabemos como isso será traduzido. Basicamente só se sabe que teremos a volta de Joaquin Phoenix como Coringa e a estréia de Lady Gaga como Arlequina. E aí que as coisas se complicam, pois junto com o anúncio da chegada de Lady Gaga, foi dito que o filme seria um musical. Se por um lado, musicais estão longe de ser um dos meus gêneros favoritos, por outro, não deixa de ser uma escolha bastante inusitada (que desperta minha curiosidade), além de que o primeiro Coringa foi tão bom, que não dá pra deixar de ver sua continuação.



O Auto da Compadecida 2 (em dezembro, nos Cinemas)

Sim! Chicó e João Grilo estão de volta 25 anos depois de protagonizarem um dos melhores filmes de comédia nacionais já feitos. Lembrando que o primeiro filme era uma adaptação de uma peça de teatro de mesmo nome, escrita por Ariano Suassuna, e que agora temos uma história totalmente inédita. Mas O Auto da Compadecida 2 conta com o mesmo Diretor / Roteirista do primeiro filme (Guel Arraes), e também com o aval da família de Suassuna, portanto, tenho esperança de que veremos coisa boa.



PS: por essa vocês não esperavam, certo?? Se você chegou até aqui, agora viu que os 4 filmes que aparecem na foto-título deste artigo NÃO estão na minha lista do top 12 de desejados do ano! Ainda assim, trouxe a imagem deles só para vocês saberem que eles existem, transformando meu top 12 em uma lista de 16. Em ordem, na imagem lá do topo, temos da esquerda para a direita: Guerra Civil (25 de abril), Planeta dos Macacos: O Reinado (23 de maio), Divertida Mente 2 (13 de junho) e Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa (27 de junho).

domingo, 7 de janeiro de 2024

Retrospectiva Cinema Vírgula 2023: confira os Melhores e Piores filmes e séries do ano que passou!


Feliz 2024! Feche os olhos, respire fundo, e antes de encarar mais um novo ano que vem pela frente, vamos relembrar o que tivemos de melhor e pior em 2023 em termos de filmes e seriados. Lembrando que o critério para entrar neste artigo são as produções lançadas no Brasil no ano passado, e que eu assisti, é claro.


Os filmes de 2023

Melhores: acabei escrevendo a crítica de apenas um do meu "Top 5" de 2023: Guardiões da Galáxia 3. Os demais foram: Os Banshees de Inisherin, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, Assassinos da Lua das Flores e Pinóquio (do Guillermo del Toro). Preciso comentar sobre os últimos dois.

Com seu Assassinos da Lua das Flores, Martin Scorsese mostra que mesmo com seus 81 anos ele ainda faz filmes tão bons quanto dos seus clássicos dos anos 70 a 90. E seu filme é muito atual e relevante para nós brasileiros, que em pleno 2024 continuamos com notícias diárias de crimes contra indígenas. O único problema é que assistir esta produção nos cinemas não faz mais sentido. Não há quem aguente 3h30 seguidas (e sem descanso) de crueldade em tela. Assim como fez para o seu bom O Irlandês (2019), Assassinos da Lua das Flores deveria ter saído direto pra TV, e melhor ainda se fosse no formato de minissérie.

Já Pinóquio (o Guillermo del Toro, não confundir com o novo Pinóquio da Disney e Tom Hanks, que saiu no mesmo ano), conseguiu ser diferente o suficiente de versões anteriores e me emocionar. Lembrando que o Pinóquio original veio de um livro de contos de 1883 do italiano Carlo Collodi. Esta animação de Pinóquio mistura coisas da obra original, com coisas da versão Disney, e com coisas totalmente novas.

Pioresum dos principais diretores dos filmes de terror atuais, Ari Aster foi bem com seu Hereditário (2018), melhor ainda com seu Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019), mas esse seu Beau Tem Medo (2023) é de longe o pior filme que assisti em 2023. Por várias vezes eu pensei em parar e nem ir até o fim, mas acabei fazendo o sacrifício. Fechando o pódio de grandes porcarias do ano passado, cito Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo (para a surpresa de zero pessoas), e Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (este sim uma surpresa pra mim, a Marvel não está em boa fase há tempos, mas não esperava um filme tão ruim vindo dela).

A surpresa: acho que a maior surpresa positiva foi ver um filme de Dungeons & Dragons bom. Trata-se de Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, em que me diverti muito. O que me preocupa é que até agora nada foi anunciado para continuações...

A decepção: encerro os comentários de filmes trapaceando um pouco. Pois aqui vou citar Indiana Jones e a Relíquia do Destino. Ele foi uma "decepção" entre aspas. Porque é um filme legal, onde me diverti, e o principal: é certamente melhor que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), justificando então sua existência, já que torna a "despedida" final do herói bem melhor para seus fãs. Porém, a parte "decepção" é que já que seria a despedida, o roteiro poderia (e merecia) ser um pouco mais caprichado, e a parte comercial deveria ser mais trabalhada... Indiana Jones (assim como Missão Impossível 7) foram engolidos em marketing e bilheteria pelo Barbenheimer... o que custava lançar o filme alguns meses depois?



As séries de 2023

Melhores: não assisti muitas séries no ano que passou. Dito isto, duas delas se destacam como as melhores que vi, com certa folga: a engraçadíssima O Mundo por Philomena Cunk, da Netflix, e o ótimo drama pós-apocalítico The Last of Us, da HBO.

Como destaques, ainda vou citar o bom A Queda da Casa de Usher, da Netflix, e uma surpreendente comédia polonesa (que ainda estou na metade), de nome 1670. Se esta comédia continuar me divertindo até o final da temporada, ganhará um artigo próprio daqui algumas semanas.

Piores: após uma 2ª temporada empolgante, a 3ª temporada de The Witcher foi de doer. Com uma trama confusa e repetitiva, seus 8 episódios poderiam ser contados em 3 ou 4 no máximo. Sendo esta a última temporada de Henry Cavill na produção, estou desconfiado que a 4ª temporada de The Witcher vai ser ainda pior.

A surpresa: ainda que não tenha sido excelente, a adaptação live action de One Piece pela Netflix foi uma enorme e positiva surpresa. Já nasce brigando pelo título de uma das melhores adaptações de um Mangá/Anime feita pelo Ocidente em todos os tempos.

A decepção: e a minha decepção do ano foi com o derivado de The Boys, o Gen V, da Amazon Prime Video. A série não é ruim, é ok, mas faltou originalidade... digamos que ela é exatamente igual ao The Boys (com muita violência, loucura e genitálias), porém sem a parte do humor. E como é justamente o humor a maior qualidade de The Boys, fica complicado... 



Top 5: os mais lidos do Cinema Vírgula em 2023

Ah o Barbenheimer! Eu tinha certeza que eles iriam aparecer no meu Top 5 deste ano. Porém, achava que um deles dois seria o Top 1, e errei... e essa nem foi a maior surpresa. O número 4 da lista me surpreendeu MUITO. Até agora não entendo o motivo dele ter tantos cliques rs... mas o filme é bom, então vocês fizeram uma boa escolha! Segue a lista dos 5 artigos mais acessados neste ano que passou:

Lista dos filmes que assisti em 2023

E mantendo a tradição, como sempre segue a lista de todos os filmes que assisti no ano que passou; novos ou antigos, sendo a primeira vez que os vi ou não. No total foram 88.

Abaixo segue a lista. Os filmes em laranja negrito e com um (*) são aqueles a que dou uma nota de no mínimo 8,0 e portanto, recomendo fortemente.

007 Contra Goldfinger ("Goldfinger", Reino Unido, 1964)
7 Dias no Inferno ("7 Days in Hell", EUA, 2015)
Air: A História Por Trás do Logo ("Air", EUA, 2023)
Amsterdam (idem, EUA / Japão, 2022)
Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu ("Airplane!", EUA, 1980)
Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu 2 ("Airplane II: The Sequel", EUA, 1982)
Assassinato por Morte ("Murder by Death", EUA, 1976)
O Assassino ("The Killer", EUA, 2023)
Assassinos da Lua das Flores ("Killers of the Flower Moon", EUA, 2023)   (*)
Aqua Teen Forever: Plantasm (idem, EUA, 2022)
Asterix & Obelix: O Reino do Meio ("Astérix & Obélix: L'Empire du Milieu", França, 2023)
Asteroid City (idem, EUA, 2023)
Avatar (idem, EUA, 2009)
Avatar: O Caminho da Água ("Avatar: The Way of Water", EUA, 2022)
Azul é a Cor Mais Quente ("La Vie d'Adèle", Bélgica / Espanha / França, 2013)
Babilônia ("Babylon", EUA, 2022)
A Baleia ("The Whale", EUA, 2022)
Os Banshees de Inisherin ("The Banshees of Inisherin", EUA / Irlanda / Reino Unido, 2022)   (*)
Barbie (idem, EUA / Reino Unido, 2023)
A Batalha de Natal ("Candy Cane Lane", EUA, 2023)
Batem à Porta ("Knock at the Cabin", China / EUA, 2023)
Beau Tem Medo ("Beau Is Afraid", Canadá / EUA / Finlândia / Reino Unido, 2023)
Between Two Ferns: O Filme ("Between Two Ferns: The Movie", EUA, 2019)   (*)
Camaleões (Reptile, EUA, 2023)
Certas Pessoas ("You People", EUA, 2023)
O Conde ("El Conde", Chile, 2023)
Creed III (idem, EUA, 2023)
Dark Star (idem, EUA, 1974)
O Detetive Desastrado ("The Cheap Detective", EUA, 1978)
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura ("Doctor Strange in the Multiverse of Madness", EUA, 2022)
As Duas Faces de Zorro ("Zorro: The Gay Blade", EUA / México, 1981)
Duna ("Dune: Part One", Canadá / EUA, 2021)   (*)
Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes ("Dungeons & Dragons: Honor Among Thieves", Austrália / Canadá / EUA / Irlanda / Islândia / Reino Unido, 2023)
Encanto (idem, EUA, 2021)
Elementos ("Elemental", EUA, 2023)
Estranha Forma de Vida ("Extraña Forma de Vida", Espanha / França, 2023)
Explorando o Desconhecido: A Pirâmide Perdida ("Unknown: The Lost Pyramid", EUA, 2023)
Fantasmas do Abismo ("Ghosts of the Abyss", EUA / França, 2003)
A Fera do Mar ("The Sea Beast", EUA, 2022)
The Flash (idem, Austrália / Canadá / EUA / Nova Zelândia, 2023)
Fuga Para a Vitória ("Victory", EUA / Itália / Reino Unido, 1981)
O Gabinete do Dr. Caligari ("Das Cabinet des Dr. Caligari", Alemanha, 1920)   (*)
Guardiões da Galáxia Vol. 3 ("Guardians of the Galaxy Vol. 3", Canadá / França / EUA / Nova Zelândia, 2023)   (*)
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso ("Spider-Man: Across the Spider-Verse", EUA, 2023)   (*)
Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023)
Isto é Spinal Tap ("This Is Spinal Tap", EUA, 1984)
Kung-Fu Futebol Clube ("Siu Lam Juk Kau", China / Hong Kong, 2001)
As Ladras ("Voleuses", França, 2023)
Leo (idem, Austrália / EUA, 2023)
Loucas em Apuros ("Joy Ride", EUA / Reino Unido, 2023)
O Mágico de Oz ("The Wizard of Oz", EUA, 1939)
A Maravilhosa História de Henry Sugar ("The Wonderful Story of Henry Sugar", EUA / Reino Unido, 2023)O Menu ("The Menu", EUA, 2022)
O Milagre ("The Wonder", EUA / Irlanda / Reino Unido, 2022)
Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um ("Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One", EUA, 2023)
Mistério em Paris ("Murder Mystery 2", EUA, 2023)
O Mundo Depois de Nós ("Leave the World Behind", EUA, 2023)
Nada de Novo no Front ("Im Westen Nichts Neues", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2022)   (*)
Napoleão ("Napoleon", EUA / Reino Unido, 2023)
O Natal do Pequeno Batman ("Merry Little Batman", EUA / Finlândia / Itália, 2023)
Nem Tudo é o Que Parece ("Layer Cake", Reino Unido, 2004)
A Noite das Bruxas ("A Haunting in Venice", EUA / Itália / Reino Unido, 2023)
A Noite do Jogo ("Game Night", EUA, 2018)
Noites Alienígenas (idem, Brasil, 2022)
One Piece: Aventura em Nebulândia ("One Piece: Adventure of Nebulandia", Japão, 2015)
Oppenheimer (idem, EUA / Reino Unido, 2023)
O Pálido Olho Azul ("The Pale Blue Eye", EUA, 2022)
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre ("Black Panther: Wakanda Forever", EUA, 2022)
Paprika (idem, Japão, 2006)
Para Maiores ("Movie 43", EUA, 2013)
Pinóquio ("Guillermo del Toro's Pinocchio", EUA / França / México, 2022)   (*)
Pornhub: Sexo Bilionário ("Money Shot: The Pornhub Story", EUA, 2023)
Puro-Sangue ("Thoroughbreds", EUA, 2017)
Que Horas Eu Te Pego? ("No Hard Feelings", EUA, 2023)
Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo ("Rebel Moon: A Child of Fire - Part One", Dinamarca / EUA / Hungria / Reino Unido / Suécia, 2023)
Renfield - Dando o Sangue Pelo Chefe ("Renfield", EUA, 2023)
Resgate 2 ("Extraction II", EUA, 2023)
Retratos Fantasmas (idem, Brasil, 2023)
RRR: Revolta, Rebelião, Revolução ("RRR (Rise Roar Revolt)", Índia, 2022)
Ruído Branco ("White Noise", EUA / Reino Unido, 2022)
Sly (idem, EUA, 2023)
Super Mario Bros. - O Filme ("The Super Mario Bros. Movie", EUA / Japão, 2023)
Tár (idem, EUA, 2022)
Taylor Swift: Miss Americana ("Miss Americana", EUA, 2020)
Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan ("Les Trois Mousquetaires: D'Artagnan", Alemanha / Bélgica / Espanha / França, 2023)
Triângulo da Tristeza ("Triangle of Sadness", Alemanha / Dinamarca / França / Reino Unido / Suécia, 2022)
Vingança & Castigo ("The Harder They Fall", EUA, 2021)
Viridiana (idem, Espanha / México, 1961)
X - A Marca da Morte ("X", Canadá / EUA, 2022)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Os dois melhores álbuns musicais que ouvi em 2023


Como diria o grande Advogado Paloma: "Povo brasileiro, eu resolvi ousar mais uma vez", e então estréio aqui no Cinema Vírgula meu primeiro artigo sobre música. Gosto bastante destes dois álbuns, e como presente de final de ano, queria compartilhar estes sons com vocês.



That! Feels Good! - Jessie Ware (Abr 2023)

Vamos começar pelo melhor dos dois. Antes de 2023 nunca tinha ouvido falar de Jessie Ware, mas quando reparei que seu novo álbum That! Feels Good! começava a figurar com frequência nas listas dos "melhores discos do ano" já no primeiro semestre, ela chamou minha atenção.

That! Feels Good!
 mistura (muito) disco com pop e R&B contemporâneos, e o resultado é um som contagiante, muito dançante, e uma das melhores coisas que ouvi nos últimos anos.

Sendo o quinto álbum de estúdio de Jessie Ware, cantora e compositora inglesa de atualmente 39 anos, That! Feels Good! é tão bom que de suas 10 canções, apenas uma eu não "gostei bastante". Me empolguei tanto com o álbum que comecei a ouvir os outros discos de Jessie. A conclusão é que esta mistura de muitos estilos musicais (e sempre com a presença de jazz / blues com batidas dançantes) é sua marca registrada. Sua discografia em geral é muito boa, mas That! Feels Good! é de fato (e por enquanto) seu ápice.

Curiosidade, a música-título That! Feels Good! inclui vocais de várias celebridades cantando a frase-tema, como por exemplo a cantora Kylie Minogue e a atriz Gemma Arterton. Abaixo segue o vídeo da música "Shake The Bottle" para vocês conhecerem, uma das minhas favoritas do álbum.



Dawn FM - the Weeknd (Jan 2022)

Diferentemente de Jessie Ware, eu já conhecia the Weeknd, cantor e compositor canadense de 33 anos. Eventualmente ele faz participações em músicas pop, mas é mais associado ao hip hop e música eletrônica, que não costumo ouvir. De qualquer forma, seu disco Starboy de 2016 é um que conhecia, gosto, e recomendo.

No começo do ano passado, em 2022, ele lançou seu quinto álbum de estúdio, Dawn FM, porém acabei descobrindo-o só bem recentemente, nos últimos meses. Me surpreendi. Achei este Dawn FM tão bom (e até melhor) que Starboy.

O conceito para Dawn FM é um bocado curioso... segundo o próprio the Weeknd, se trata de uma "Rádio FM Psicodélica". E a descrição é bem apropriada. Afinal, o disco de 16 faixas simula uma rádio FM, com direito a, em alguns momentos, um "DJ" anunciar o nome da "rádio Dawn FM" e falar com você, o ouvinte. E, claro, embora o estilo das músicas sejam variados (mas predominantemente "eletrônicas"), as melhores do álbum são justamente aquelas que são mais... "psicodélicas".

Abaixo segue o clipe de uma de minhas músicas preferidas do disco, "Sacrifice", que curiosamente é uma das que incorpora em seu começo um dos "momentos rádio" que citei anteriormente.



Espero que tenham curtido meu primeiro artigo sobre música, e principalmente, curtido pelo menos uma das minhas duas indicações musicais. Feliz ano novo a todos vocês. Obrigado por acompanhar o Cinema Vírgula! Nos vemos em 2024!

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Dupla Crítica Filmes de Natal Amazon Prime - A Batalha de Natal (2023) e O Natal do Pequeno Batman (2023)


Ho! Ho! Ho! O Natal está chegando, e para quem vai passar as festas em casa, segue a análise de duas estréias natalinas exclusivas do Amazon Prime Vídeo para vocês irem entrando no clima. Um dos filmes me surpreendeu e vale a pena. O outro, nem tanto. Leiam abaixo para saber qual é qual.

Ah, ambos os filmes receberam a classificação de "para maiores de 10 anos" no Brasil, porém, se no caso do A Batalha de Natal eu concordo devido a linguagem utilizada, no caso dO Natal do Pequeno Batman não. Em alguns outros países a classificação foi para a partir de 7 anos, e eu entendo já estar ok.



A Batalha de Natal (2023)
Diretor: Reginald Hudlin
Atores principais: Eddie Murphy, Tracee Ellis Ross, Jillian Bell, Genneya Walton, Thaddeus J. Mixson, Madison Thomas, Nick Offerman , Chris Redd, Lamplighter Gary, Robin Thede, Ken Marino

Por tudo que fez nos anos 80 e 90, ainda hoje Eddie Murphy chama muita atenção. Portanto, não é lá tão grande surpresa que este seu A Batalha de Natal foi o filme de maior estréia do ano no Prime Vídeo. É uma pena, entretanto, que seu prestígio e talento não seja mais sinônimo de qualidade há muito tempo.

A trama de A Batalha de Natal mistura um "preciso crescer como pai" e mitologia natalina, e apesar de ser uma comédia, pouco faz rir. Mesmo assim o filme tenta fazer graça, e curiosamente temos mais piadas físicas do que faladas.

Não que A Batalha de Natal seja ruim, mas uma ótima definição para ele, é que estamos diante de um filme mediano da Sessão da Tarde. Pelo menos serve sim como passatempo para se assistir junto com a família na época do Natal. Nota: 5,0.



O Natal do Pequeno Batman (2023)
Diretor: Mike Roth
Atores principais (vozes)Luke Wilson, Yonas Kibreab, James Cromwell, David Hornsby, Brian George

Animação cujo roteiro foi escrito pelo pessoal do desenho infanto-juvenil Os Jovens Titãs em Ação!, já no começo da história Batman (Luke Wilson) é obrigado a sair da Mansão Wayne para lutar contra o crime, deixando seu filho de 8 anos Damian (Yonas Kibreab) em casa junto com um já bem idoso mordomo Alfred (James Cromwell), na véspera do Natal. E, de maneira um pouco surpreendente, a trama fica bastante parecida com o filme Esqueceram de Mim (1990).

Porém, a partir do segundo ato, novos personagens aparecem e aí de fato temos uma história que mistura Natal com super-heróis. E, claro, bastante humor. O Natal do Pequeno Batman acaba sendo uma atração leve, divertida, e ainda consegue trazer o clima "família" graças a relação pai e filho entre Bruce e Damian.

Para os fanáticos de Batman, não esperem que o filme seja 100% fiel em relação aos quadrinhos (aliás, que bom que não seja, porque não suporto o Damian das HQs e aqui ele é divertidíssimo)... apenas sentem no sofá e se preparem para sorrir. Em tempos em que filmes de super-herói estão em decadência, este O Natal do Pequeno Batman é uma grata exceção. Nota: 7,0.

domingo, 10 de dezembro de 2023

Seis anos depois... Os Jogos de Tabuleiro e Cartas Modernos continuam em alta no Brasil e no Mundo!


Há exatamente 6 anos, escrevi aqui no Cinema Vírgula sobre como os Jogos de Tabuleiro estavam crescendo no Brasil. De lá pra cá, muita coisa mudou... por exemplo, os 6 jogos que citei naquele artigo já não estão mais entre os mais populares. Mais uma coisa permanece: os jogos de tabuleiro continuam crescendo no Brasil e no Mundo!

Comparando com os dados de 6 anos atrás... o Board Game Geek ( https://boardgamegeek.com ) possuía cerca de 95 mil jogos cadastrados, e hoje passou da marca de 150 mil; já o brasileiro Ludopedia ( https://ludopedia.com.br ), que antes tinha cerca de 15 mil jogos cadastrados, hoje conta com mais de 40 mil. E, até o momento que escrevo estas linhas, em 2023 tivemos no Brasil nada menos que 439 lançamentos em jogos de tabuleiro, sendo 301 jogos base e 138 expansões.

Para você que ainda não conhece esse mundo, recomendo ler meu post anterior, em que explico o que são jogos modernos. Lá você vai aprender a diferença dos jogos de tabuleiro "clássicos" que você conhece (como Banco Imobiliário, War, etc) e os jogos modernos, além de conhecer 6 jogos como exemplos / indicações. Para lê-lo (e recomendo fortemente antes de continuar este), você pode clicar aqui, ou simplesmente clicar na imagem abaixo, tirada do artigo original.

Não deixem de ler o artigo introdutório de exatos 6 anos atrás!

Agora volto apresentando 6 novos jogos que atualmente fazem sucesso entre os jogadores brasileiros. Mas... antes disso, uma observação... estão vendo os jogos da foto no título deste artigo? Trata-se da caixa de todos os jogos que foram indicados em 2023 para o prêmio do Spiel des Jahres, premiação alemã considerada o "Oscar" dos tabuleiros mundiais. Ah, uma outra coisa que mudou, de 2017 pra cá é que até tivemos brasileiros concorrendo ao Spiel des Jahres, em 2020.

Sem mais delongas, vamos conhecer mais 6 jogos modernos. A ordem de apresentação é alfabética, e ao lado do nome mostro a data em que o jogo teve seu lançamento mundial.


Azul (2017)

Jogo lançado por Michael Kiesling, baseado nos azulejos azuis usados nos palácios portugueses, é um jogo de 2 a 4 jogadores para toda a família (é o jogo que mais joguei com meus pais, por exemplo). Com regras simples, o objetivo é em sua vez, escolher ladrilhos de dentro das "fábricas" (os mini tabuleiros redondos) e colocá-los no seu tabuleiro de forma a fazer o máximo de pontos.

Azul fez tanto sucesso por aqui e pelo mundo que virou uma franquia muito lucrativa, com direito a várias expansões, jogos derivados (com regras e peças completamente diferentes), e versões alternativas do jogo original, como a versão "gigante", a versão "mini", e a versão "chocolate" (onde as peças representam chocolates ao invés de azulejos).

Estas versões alternativas (menos a "gigante") são facilmente encontradas para vender aqui no Brasil, e a "mini" - que não é tão mini assim - tem obviamente o menor preço de todos.


Brass: Birmingham (2018)

O principal motivo para que Brass: Birmingham esteja nesta lista é porque ele atualmente é o "número 1" do ranking de "melhor board game de todos os tempos", tanto no Board Game Geek quanto na Ludopedia. Curiosamente o posto anterior era o "dungeon crowlerGloomhaven (2017), e mesmo ambos estando no mercado há vários anos, foi somente agora em 2023 que este Brass assumiu a primeira posição.

Também para 2 a 4 jogadores, entretanto ao contrário do jogo Azul, este aqui é bem mais complexo. Estamos em um cenário de Primeira Revolução Industrial, e como empresários, ganha quem lucrar mais com suas usinas de carvão, ferro e cerveja. Aqui planejamento e estratégia fazem bastante diferença, tanto econômica como espacial (na hora de planejar suas rotas de barcos e trem). Um jogo "normal" de Brass: Birmingham costuma durar mais de 2 horas, mas apesar de sua longa duração e complexidade, também passa longe da lista dos jogos "mais difíceis de se jogar".


Fantasy Realms (2017)

Apesar de já ter alguns anos de idade, Fantasy Realms só chegou ao Brasil em 2023. Trata-se de um jogo de cartas bem simples, de 2 a 6 jogadores, com temática de mundos de fantasia medieval / RPG. Na partida cada jogador começa com 7 cartas, e em sua vez compra uma nova carta e descarta outra. Ao final do jogo, a pessoa que estiver com mais pontos somados nas 7 cartas que tiver em mãos vence.

O "segredo" do jogo é que cada carta tem uma pontuação e efeito específico, que combinando com outras cartas que podem ou não estar em sua mão, podem aumentar seus pontos ou até mesmo diminuí-los. Está aí a graça... se adaptar para que os "combos" de cartas que você têm posse a cada rodada sejam o mais benéfico (ou menos danoso) possível ao jogador.

Por ser um jogo pequeno de cartas, barato, simples e rápido de jogar (cada partida demora de 10 a 15 min), Fantasy Realms entra na lista por ter sido um dos jogos mais jogados no Brasil (em número de partidas) em 2023.


Marvel United (2020)

A série de jogos de tabuleiro Marvel United chegou ao Brasil em 2022, e seus (muitos) novos produtos continuam saindo lá fora e por aqui. Ele tem duas grandes diferenças em relação aos outros jogos apresentados nesta lista: ser um jogo cooperativo, e apostar bastante no colecionismo.

Afinal, como se pode ver pela foto acima, o jogo traz muitas miniaturas. Uma caixa base (e existem várias), permite o jogo de 1 a 4 jogadores, e traz cerca de 10 miniaturas, somando heróis e vilões. Porém, cada caixa diferente (seja outra caixa base ou caixa de expansão), traz novos heróis, novos vilões (novas miniaturas!), e novas maneiras de se jogar o jogo (por exemplo, pode se expandi-lo e jogar de modo competitivo - um time vs outro) e dependendo do novo módulo jogado, aumentar os participantes para 5, 6 e até 7 jogadores.


E como o jogo funciona? É consideravelmente simples, você coloca os "locais" da partida na mesa, formando um "círculo" (ver foto acima), e então vilão e heróis brigam nestes locais, sejam golpeando uns aos outros, ou colocando fichas para "dominar" cada local. Cada herói e vilão possui seu próprio baralho, com ações normais ou poderes, e o jogador joga duas de suas cartas em cada turno para fazer as ações de seu personagem.


Terra Nova (2022)

Diferentemente de todos os outros jogos desta lista, este eu ainda não joguei... e tem um motivo, ele é um lançamento bem recente, chegou há apenas 2 meses no Brasil. E o que ele tem de especial é que Terra Nova promete ser uma versão simplificada do jogo Terra Mystica (que foi o jogo número 1 do ranking do BGG antes do Gloomhaven e do Brass: Birmingham).

Eu joguei Terra Mystica apenas uma vez, e a partida durou... 3h. Porém Terra Nova promete a mesma experiência de jogo entre 60 a 90 min para 2 a 4 jogadores, e pelo que vi em reviews até agora, tem cumprido bem o anunciado. Mesmo simplificado, o jogo tem certa complexidade, e o objetivo é pontuar ao máximo dominando áreas do tabuleiro antes de seus adversários. Porém, cada área do seu tabuleiro possui um tipo diferente de terreno, e dependendo de qual for, você não conseguirá ocupá-lo, e terá que antes transformá-lo para seu tipo de terreno nativo. Sua característica marcante, herdada do Terra Mystica, é que cada jogador joga com uma raça distinta, e cada raça possui um poder exclusivo. Portanto, com raças diferentes, sua estratégia para jogar e vencer precisa ser diferente. Terra Nova vêm com 10 raças diferentes, sendo que seu "pai" Terra Mystica vem com 14.


Wingspan (2019)

Fechando a lista, depois de citar 2 jogos para jogadores avançados, volto a trazer um jogo que, assim como o Azul, é simples, diverte toda a família, e encanta a todos com seus componentes. Aqui somos "colecionadores" de pássaros, e pontuamos conforme cada pássaro que conseguimos trazer para nossa área de criação.

Com direito a ovinhos, comidinhas, e torre para rolar dados em forma de comedouro, Wingspan tem regras simples e ao longo de 4 rodadas os jogadores tentam pontuar ao máximo com as cartas de pássaro coletadas. Cada carta de pássaro é única, e representa um pássaro real da América do Norte (são 170 pássaros no jogo base).

O jogo comporta de 1 a 5 jogadores, e caso você não se importe de jogar em apenas 2 jogadores, existe uma versão levemente mais barata do jogo, o Wingspan: Ásia, que é exclusiva para se jogar em dois (mas também pode ser incorporada como expansão do jogo original, transformando-o em um jogo para até 7 jogadores).

 

Conheciam os jogos acima? Que tal entrar para este mundo?? O Natal está chegando! Que tal dar Jogos de Tabuleiro de presente? Se quiser iniciar, uma opção é começar pelos jogos modernos "pequenos e baratos", geralmente só de cartas. As editoras Papergames, Grok e Geeks n' Orks são exemplos de editoras nacionais grandes mais especializadas em jogos deste tipo. Outra dica é essa lista aqui, que escrevi em 2020. Divirtam-se!

domingo, 26 de novembro de 2023

Crítica - Napoleão (2023)

Título
Napoleão ("Napoleon", EUA / Reino Unido, 2023)
Diretor: Ridley Scott
Atores principaisJoaquin Phoenix, Vanessa Kirby, Tahar Rahim, Ben Miles, Ludivine Sagnier, Matthew Needham, Sinéad Cusack, Édouard Philipponnat, Rupert Everett
Nota: 6,0

Bastante irregular, filme consegue ser interessante nos pontos altos

Em 2004, com seu Alexandre, o diretor Oliver Stone entregou um épico longo, com muitos altos e baixos, escolheu um ator como protagonista que não combina muito com seu personagem principal, e como resultado final, mais desagradou que agradou os críticos. E em 2023 podemos fazer a mesma descrição para este Napoleão de Ridley Scott.

Apesar de ser um personagem bastante famoso e com farto material histórico, filmes sobre Napoleão não são tão frequentes, e este aqui opta por contar a história deste famoso líder francês a partir do início da Revolução Francesa. Vemos sua rápida ascensão: ainda um coronel do exército, mas que liderou o vitorioso Cerco de Toulon, e com o apoio do líder revolucionário Paul Barras (Tahar Rahim), Napoleão (Joaquin Phoenix) se catapultou a líder da França em poucos anos. E, antes mesmo de chegar ao topo do poder, iniciou seu relacionamento com a viúva aristocrata Joséphine de Beauharnais (Vanessa Kirby), com quem futuramente se casaria e seria o grande amor de sua vida.

A partir daí a relação entre Napoleão e Josephine acaba sendo o fio condutor da trama, e a história de Napoleão passa a ser, em sua grande maioria, ou sobre cenas do conturbado relacionamento do casal, ou com o estadista em batalhas, lutando com seu exército. As cenas de batalhas são todas excelentes, visualmente impressionantes, brutais, muito bem feitas, e que mostram o gênio estratégico-militar de Napoleão. Já as cenas dele com sua esposa alternam bons e maus momentos... e agora terei que falar dos atores.

Não há dúvidas que Joaquin Phoenix é um ótimo ator, porém em sua carreira ele sempre brilhou mais interpretando personagens confusos, medrosos... aspectos que ele traz moderadamente para seu Napoleão. É aceitável que ele seja assim diante de Josephine (afinal, como se mostra nas cartas reais que temos dele para ela, Napoleão se mostrava apaixonado e dependente emocionalmente), mas não em público, ou em batalhas. Fora cenas em que Joaquin ri, ou faz algumas ações "inesperadas", que a meu ver são improvisos e estragam a credibilidade da cena. Somente nas cenas finais vemos um Napoleão com comportamentos mais condizentes do que se esperaria, o que mostra que Phoenix até teria capacidade de fazer um bom Bonaparte, porém, na prática, ele passou a maior parte do filme interpretando um Joaquin Phoenix. Por outro lado, Vanessa Kirby está excelente. Não apenas consegue transmitir muita credibilidade em seu papel, como "se vira" bem nas reações perante os imprevistos de Joaquin.

Em termos de design de produção, Napoleão não é perfeito, mas não deixa de ser muito bom, reproduzindo muito bem os figurinos, e principalmente, as locações da época. Porém, historicamente falando, o filme fica muito aquém. Primeiro pelas suas ausências. As cenas são "jogadas" rapidamente ao espectador, sem praticamente nenhum contexto, nenhuma explicação, e muita coisa importante da história de Bonaparte foi deixada de lado (basicamente, como dito anteriormente, só temos Josephine e batalhas). Mas o pior, é que mesmo do "pouco" que é contado, temos várias distorções e erros históricos. Minhas maiores revoltas estão para o segmento em que Napoleão está no Egito. Não, ele não atirou nas Pirâmides, e não, ele não voltou para casa devido às traições da esposa (aliás, ele estava lá com uma amante). Estas duas "mentiras" distorcem bastante a imagem do Napoleão real, infelizmente.

Ah, e a palavra "pouco" ganhou aspas no meu parágrafo anterior pois apesar de cortar tanto da história de Napoleão, ainda assim o filme tem extensas 2h e 38min de duração. Mas ao fazer um filme bem dinâmico e indo sempre "direto ao ponto" (até demais), pelo menos Ridley Scott faz com que o espectador passe por essas horas rapidamente.

Como resultado final, volto ao meu parágrafo inicial: Napoleão é uma obra grandiosa e interessante, porém irregular, assim como foi o Alexandre de Oliver Stone. Porém, entre estes dois filmes, prefiro levemente o último, por ser mais exótico e ter menos erros históricos. Nota: 6,0.


PS: se Ridley Scott "contou pouco" de Napoleão em sua versão para os cinemas (e isso foi proposital, pois segundo ele mesmo as pessoas começam a ficar desconfortáveis após 2h de projeção, "bum ache factor" nas palavras de Scott, algo como "fator de dor na bunda"), é sabido que existe uma versão de pouco mais de 4 horas do filme. O que ainda não foi confirmado é se ela vai sair na Apple TV+. Cá entre nós, acredito ser questão de tempo... imagino que eles só estão esperando o filme sair de cartaz dos cinemas para anunciarem oficialmente.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...