sábado, 18 de fevereiro de 2023

Crítica Netflix - Nada de Novo no Front (2022)

Título: Nada de Novo no Front ("Im Westen Nichts Neues", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2022)
Diretor: Edward Berger
Atores principais: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic, Daniel Brühl, Thibault de Montalembert, Devid Striesow
Nota: 8,0

Adaptação não tão adaptação traz boas surpresas

Nada de Novo no Front é um filme baseado em um livro de 1929 de mesmo nome, do alemão Erich Maria Remarque. Curiosamente, esta não é a primeira adaptação desta obra, que virou filme já em 1930 (e inclusive foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme naquele ano) e também foi lançado para a TV dos EUA em 1979. Em sua terceira versão para as telas, esta é a primeira vez que ela é feita por alemães.

A história acompanha as aventuras do jovem soldado alemão Paul Bäumer (Felix Kammerer), em batalhas pelo último ano da Primeira Guerra Mundial. O filme (assim como o livro), mostra os terrores e a completa falta de sentido do conflito.

A nova versão de Nada de Novo no Front começa com cenas fortes e violentas em pleno combate, e vemos de maneira chocante como tudo na guerra é tratado como se fosse uma linha de produção, de maneira industrial, e com completa indiferença dos chefes militares pela vida humana. Com literalmente cerca de um século de filmes sobre guerra sendo feitos por aí, eu mesmo não me animo quando surge outra produção do gênero, e então, o que um filme de guerra poderia acrescentar aos dias de hoje são eventuais visões diferentes. Este paralelo com uma linha industrial é uma delas (e bem vinda). Ao longo do texto comentarei sobre outras.

É só depois destas primeiras cenas de violência que nosso protagonista Paul Bäumer aparece, e ele só alista para a guerra devido a um misto de inocência com despeito aos pais. No filme a propaganda feita pelo governo/exército alemão convocando os jovens para a batalha aparece apenas de maneira bem sutil, uma diferença em relação ao livro que inspirou ao filme.

Aliás, esta adaptação de Nada de Novo no Front não é tão fiel ao livro, ela até segue boa parte das ocorrências principais, porém, se destaca por duas grandes mudanças: uma ausência e uma adição. A ausência é que no livro temos um trecho onde a o soldado Bäumer volta para casa em meio ao conflito, e lá fica por algumas semanas, em período de folga. É quando percebe que não só não tem a recepção que gostaria, como também, o mundo cotidiano passou a ser algo totalmente alienígena perto de tudo o que ele passou nas vidas em batalhas. Por outro lado, para compensar, temos um arco completamente novo, onde vemos Matthias Erzberger (Daniel Brühl) negociando a rendição da Alemanha para colocar fim a guerra. Ao contrário da grande maioria dos personagens do filme, Erzberger foi uma pessoa real, o político de fato nomeado pelos germânicos para negociar a paz.

Com o acréscimo das partes de Erzberger, a história é montada de um jeito onde podemos ver que mesmo sabendo que a derrota era inevitável, e que a rendição seria assinada em questão de dias, o alto escalão do exército alemão continuava a mandar seus soldados para morrer inutilmente na guerra. Sim, isso são fatos que sabemos pela História que aconteceram, mas vê-los de uma maneira bem explicitada pela montagem das cenas faz diferença, o impacto e a revolta é bem maior.

Por falar em História, o roteiro não se preocupa em nenhum momento em contextualizar o espectador historicamente com o que está acontecendo. Certamente os alemães e até mesmo os estadunidenses sentirão bem menos falta disso que nós, brasileiros. Saber em que dia a Primeira Guerra acabou, e quem estava lutando contra quem antes de ver o filme, ajudará o seu entendimento.

Em geral, este Nada de Novo no Front também é muito bom tecnicamente. Ótima fotografia, ótimo som, tudo realmente excelente e digno das indicações do Oscar recebidas. Entretanto, em comparação, na parte técnica ele fica abaixo do espetacular e recente filme 1917, também sobre a Primeira Guerra.

Nada de Novo no Front traz muitas cenas de ação violentas, realistas e bem feitas, porém como no livro original, seu forte é criticar a estupidez e inutilidade dos conflitos bélicos. Portanto as cenas mais marcantes acabam ocorrendo em situações nada heroicas, e muitas delas não presentes no livro, foram criadas para esta adaptação. Comparando novamente Nada de Novo no Front com 1917, o segundo é melhor. Mas ainda assim, não só o primeiro ainda é muito bom, como também pode ser assistido de sua casa sem perder muito de sua experiência, o que não acontece com 1917. Nota: 8,0

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Dupla Crítica Séries Netflix - O Mundo Por Philomena Cunk (1ª temporada) e That' 90s Show (1ª temporada)

Analisando duas séries de comédia que estrearam bem recentemente na Netflix, e que no mínimo já servem para dar alguns sorrisos. Mas será que elas vão além disto? Leia sobre cada uma delas aqui abaixo! ;)


O Mundo Por Philomena Cunk - 1ª temporada

O Mundo Por Philomena Cunk é um mocumentário de 5 episódios que tenta, de maneira bem resumida, contar a historia da humanidade. Ele é protagonizado e narrado pela personagem Philomena Cunk (Diane Morgan), que seria uma jovem repórter dos dias de hoje, porém absurdamente desinformada sobre todos os assuntos... como se tudo que ela "soubesse" ou "pensasse" viesse das mídias sociais.

Cunk acaba sendo bem engraçada, e seu nonsense somado a absoluta seriedade com que lida as situações mais absurdas (o que me faz lembrar John Cleese em Monty Python) torna o programa uma ótima indicação pra quem curte humor britânico e História.

Curiosamente, este não é o primeiro seriado em que o personagem de Philomena aparece. Ela surgiu no programa humorístico Charlie Brooker's Weekly Wipe (2013-2015), que ironizava / comentava notícias e programas da TV britânica. Depois surgiram o filme Cunk on Shakespeare (2016), e a séries Cunk na Grã-Bretanha (2016) e Cunk & Other Humans on 2019 (2019), tudo isso nos canais de TV da BBC.

Gostei bastante de O Mundo Por Philomena Cunk, e torço para que os outros materiais da personagem também cheguem à Netflix. Alías, isso meio que já aconteceu, pois nos mocumentários de final de ano 2020 Nunca Mais e 2021 Nunca Mais, Diane Morgan apareceu em ambos com a personagem Gemma Nerrick, que é a mesma coisa que Cunk, com a diferença que ao invés de ser uma repórter, ela é apresentada como a "cidadã britânica comum".


 That' 90s Show - 1ª temporada

A série That' 70 Show, uma sitcom que estreou em 1998 e teve 8 temporadas, foi um enorme sucesso. Ela mostrava o cotidiano de 6 amigos nos anos 70, em uma cidade fictícia no estado de Wisconsin, e acabou tornando famosos vários atores, como por exemplo Topher Grace, Mila Kunis, Ashton Kutcher, Debra Jo Rupp e Kurtwood Smith. Eu mesmo coloco That' 70 Show entre os melhores seriados dos anos 2000.

Tentando repetir seu sucesso, em 2002, os produtores de That '70s Show tentaram emplacar um novo projeto, e lançaram That '80s Show, contando com elenco totalmente novo. O resultado, uma verdadeira porcaria que todos odiaram, e durou apenas 1 temporada e 13 episódios. Portanto, foram mais duas décadas para que os teimosos produtores se arriscassem mais uma vez, agora com That' 90 Show.

Porém, desta vez, os criadores da franquia foram mais espertos e arriscaram bem menos. Para começar, eles tiveram o apoio da gigante Netflix no desenvolvimento; e além disto, resolveram trazer quase todo o elenco do seriado original de volta. Aliás, Debra Jo Rupp (como Kitty Forman) e Kurtwood Smith (como Red Forman) fazem parte do elenco principal de That' 90 Show, cuja história é focada em um novo grupo de jovens encabeçado pela neta Leia Forman (Callie Haverda), filha, claro, de Eric e Donna, que fazem breves aparições. Também fazem aparições nos episódios: Fez, Leo, Jackie, Kelso, Bob e Fenton... ou seja, quase a turma toda.

E é aí que temos o dilema de That' 90 Show: sua força está nos seus atores do seriado original e na nostalgia que eles trazem; nenhum dos novos integrantes se destaca. Alguns até não são ruins... são razoáveis, mas ainda assim, longe se serem atrativo suficiente para a série. E para piorar, a série também comete alguns outros deslizes, como por exemplo, o uso excessivo (e muito irritante) de claques.

Em resumo, That' 90 Show está bem abaixo de That' 70 Show (embora seja uma cópia do mesmo), mas muito acima de That' 80 Show, e enquanto eles conseguirem trazer os personagens do seriado antigo, a série será um passatempo aceitável. A dúvida é se eles vão conseguir fazer isso na segunda temporada (que já está confirmada)... Descobriremos em breve.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Crítica - Tár (2022)

TítuloTár (idem, EUA, 2022)
Diretor: Todd Field
Atores principaisCate Blanchett, Noémie Merlant, Nina Hoss, Sophie Kauer, Mark Strong, Mila Bogojevic
Nota: 6,0

Cate Blanchett se transforma mais uma vez para outra grande atuação

Tár é um filme de drama ficcional que nos apresenta Lydia Tár (Cate Blanchett), música e compositora estadunidense que há vários anos é a condutora da prestigiada Orquestra Filarmônica de Berlim. O filme traz Lydia retomando sua carreira "pública" interrompida pela pandemia de Covid, com ela se preparando para fazer uma apresentação e gravação ao vivo da Sinfonia No. 5 de Mahler. Acompanhamos então algumas semanas da vida de Tár a partir daí, onde ela passa por problemas profissionais e pessoais.

De longe, a melhor coisa de Tár é a atuação de Cate Blanchett. Uma das melhores e mais versáteis atrizes de seu tempo, não só Cate está incrível como sempre, mas também para este papel ela teve que reaprender a tocar piano, falar alemão, e também a conduzir orquestras; sim, as cenas em que ela conduz orquestras são reais, impressionante. Das seis indicações ao Oscar que Tár recebeu, a de Melhor Atriz para Blanchett é a mais justa.

A história em si até é interessante, e contada de um jeito incomum. Por exemplo, não temos em Tár qualquer trilha sonora incidental. Outro aspecto atípico é que mesmo estando nós, espectadores, "bem perto" de Lydia por 2 horas, a história é contada com tal distanciamento que se torna difícil fazer algum julgamento da protagonista, seja positivo ou negativo. Pelo comportamento de Tár vemos que ela não é uma boa pessoa, e portanto quase certamente culpada de todas as coisas que lhe acusam... mas ela é acusada do que exatamente? O filme não fala nem mostra. Trazer muitos termos e detalhes do universo das orquestras e maestros também é outro aspecto que afasta Tár do público, gerando até uma certa indiferença para quem assiste.

Portanto, mesmo sendo um drama, Tár acaba se tornando uma experiência bem mais intelectual e filosófica do que dramática, questionando o quanto devemos separar a pessoa de sua obra, mas sem dar nenhuma resposta, e nem se preocupar em nos fazer ter qualquer desejo ou sentimento de procurar por ela.

Tár acaba não ganhando nota muito alta minha devido sua "frieza" como história, ainda que interessante. E mais uma vez, é outro filme que vale a pena especialmente por causa de Cate Blanchett. Nota: 6,0


PS: como curiosidade, no filme (e também no trailer) é dito que Lydia Tár é a 15ª pessoa a se tornar um EGOT, ou seja, vencedora de pelo menos um prêmio Emmy (TV), Grammy (Música), Oscar (Cinema) e Tony (Teatro). No mundo real, o 15º a atingir este feito foi John Legend, em 2018. Atualmente, a lista de EGOTs do mundo é composta de 18 pessoas, sendo o mais novo membro a fantástica Viola Davis, que entrou na lista ONTEM (5 de Fev de 2023), ao levar um Grammy na categoria Melhor Gravação de Audio Book ou Storytelling por seu livro Finding Me.

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Oscar 2023!! Conheça mais sobre os principais indicados aqui no Cinema Vírgula!


Ok, a lista dos indicados ao Oscar 2023 já saiu faz um tempinho (no dia 24 de Janeiro), e começo meu texto trazendo a lista dos indicados a Melhor Filme, ordenado pelo número de total de indicações, e aonde vocês podem assisti-los:

Dentre os outros filmes com mais de uma indicação (mas não de Melhor Filme), e que você irá ler a crítica aqui no Cinema Vírgula, temos: Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (6 indicações), Babilônia, Batman e A Baleia (cada um destes com 3 indicações).

Note que considerando todos os filmes listados acima, até o presente momento, 9 já tiveram sua crítica publicada por aqui. E amanhã sairá a crítica de Tár! Não perca!

A cerimônia de premiação será no dia 12 de Março, e até lá vários outros filmes citados aqui terão sua crítica publicada. Conforme novas críticas forem surgindo, este artigo será atualizado. Continue acompanhando tudo por aqui!


E antes de eu ir... alguns breves comentários:

Pela primeira vez na história do Oscar tivemos mais de um candidato a Melhor Filme ultrapassando a barreira de 1 Bilhão de dólares em bilheteria, mostrando que desta vez a Academia resolveu valorizar um pouco mais os cinemas comercialmente.

Talvez também por isso, pela primeira vez um ator (no caso uma atriz) foi indicada por um filme da Marvel, trata-se de Angela Bassett, como Atriz Coadjuvante em Pantera Negra: Wakanda Para Sempre.

Não fiquei surpreso em ver Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo na lista dos indicados a Melhor Filme. Mas fiquei muito feliz e surpreso ao ver que esta produção alcançou 11 indicações, dentre elas a de Melhor Ator Coadjuvante para Ke Huy Quan. Não sabe quem é ele??? Você PRECISA ler este meu artigo.


Escreva nos comentários o que achou dos indicados! E acompanhe de perto a cobertura do Oscar 2023 aqui no Cinema Vírgula!

sábado, 28 de janeiro de 2023

Crítica - Avatar: O Caminho da Água (2022)

TítuloAvatar: O Caminho da Água ("Avatar: The Way of Water", EUA, 2022)
Diretor: James Cameron
Atores principaisSam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang, Kate Winslet, Cliff Curtis, Joel David Moore, CCH Pounder, Edie Falco, Jemaine Clement, Jamie Flatters, Britain Dalton, Trinity Jo-Li Bliss, Jack Champion, Bailey Bass, Filip Geljo, Duane Evans Jr.
Nota: 7,0

Avatar 2 = Avatar 1 na água + Star Wars

E não é que o diretor James Cameron conseguiu outra vez (e meio que literalmente)? Treze anos depois, com seu Avatar: O Caminho da Água, ele traz para toda uma nova geração de espectadores um filme Avatar de nível e qualidades muito similares ao da obra original de 2009.

Os Na'vi Jake (Sam Worthington) e Neytiri (Zoe Saldana) estão de volta como protagonistas, em uma continuação que na prática são dois filmes em um (não a toa temos longas 3h e 12min de projeção): o primeiro deles é continuar a história original, onde os humanos voltam para se vingar da derrota, e o outro é repetir a deslumbrante apresentação do mundo de Pandora, porém agora explorando seu universo aquático.

Assim como no filme de 2009, aqui temos uma história bem clichê, com nada de novo ou inspirador. Porém ela funciona, e apesar de suas mais de 3h de duração, o filme não cansa. Contribui para isso que este Avatar 2 tem mais e melhores cenas de ação que seu antecessor.

Ainda sobre o roteiro, Avatar: O Caminho da Água leva vantagem no filme anterior ao desenvolver melhor alguns de seus personagens; por outro lado, também apresenta um número bem maior deles, o que prejudica o desenvolvimento de quem não é protagonista. Aqui a mensagem em defesa da natureza e do anti-imperialismo leva menos tempo na tela, porém, é mais forte. Não é a primeira vez que temos um filme mostrando o quanto é chocante e cruel a caçada de uma baleia (afinal nada em Avatar 2 é original), mas provavelmente é a primeira vez que vemos isto em um filme "pra família", o que deve causar um certo impacto nas pessoas.

E ainda que os efeitos especiais deste Avatar: O Caminho da Água não irão impressionar tanto o público como fizeram com o Avatar de 2009, é notável o quanto eles evoluíram de um filme para o outro, tanto em qualidade quanto em quantidade. Agora os seres alienígenas estão muito mais detalhados e "reais", com muito mais textura de pele, movimentação perfeita. Mas talvez o mais impressionante de tudo, são as cenas aquáticas... cenas na água são muito mais difíceis de serem feitas com perfeição, e Avatar 2 o faz com maestria. Uma realização técnica simplesmente maravilhosa.

Infelizmente, entretanto, nem tudo de Avatar: O Caminho da Água são flores, e há deslizes graves do roteiro que não consigo entender ou perdoar. Por exemplo, se pensarmos na premissa de que a humanidade agora quer colonizar Pandora como sendo o único refúgio possível para nós humanos, isto é incompatível com a (pouca) quantidade de recursos destinados que vemos no filme. Mas nada é pior ou mais sem sentido do que "ressuscitar" o vilão do filme anterior. A desculpa que arrumaram para isso simplesmente não funciona, e empobrece muito roteiro, que já não é brilhante.

A demora de 13 anos para lançar sua continuação tem várias explicações, e uma delas é que Avatar 2 e Avatar 3 foram filmados juntos. Com as filmagens já prontas - mas com a pós-produção, que é bem cara, ainda não finalizada - Avatar 3 só não seria lançado caso Avatar: O Caminho da Água desse prejuízo. E com as bilheterias mundiais já tendo batido a barreira dos 2 bilhões de dólares no momento que posto esse texto, o 3º filme já está garantido (a previsão inclusive é lançar em Dezembro de 2024). Portanto, a dúvida sobre o futuro da franquia Avatar é o que vai acontecer depois do capítulo três... afinal, James Cameron planejou CINCO filmes.

Foi por isso que disse no subtítulo desta crítica que este Avatar 2 é muito Star Wars. Afinal, está bem claro que a franquia se transformará na história de uma família Sully (assim como Star Wars acabou virando a história da família Skywalker), e também é um filme que apresentou para o público sua própria versão do Imperador Palpatine e seu própria versão do Luke Skywalker (e como isso é nojento e preguiçoso, aliás...). Só torço para que o final da franquia de Avatar não seja tão horrível como foi a da franquia que eles resolveram imitar... Nota: 7,0.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Pálido Olho Azul (2022) e Glass Onion: Um Mistério Knives Out (2022)


Estreando as críticas de filmes de 2023, dois filmes recentes sobre intrigas e assassinatos... que não poderiam ser mais diferentes entre si, aliás. Confiram o que achei destas duas produções Netflix repletas de atores famosos:



O Pálido Olho Azul
 (2022)
Diretor: Scott Cooper
Atores principais: Christian Bale, Harry Melling, Simon McBurney, Timothy Spall, Toby Jones, Lucy Boynton, Gillian Anderson

Baseado em um livro de mesmo nome de 2003, escrito por Louis Bayard, O Pálido Olho Azul é uma história de ficção que se passa em uma academia militar estadunidense, em 1830, onde o atualmente decadente e aposentado detetive Augustus Landor (Christian Bale) é chamado para investigar um estranho caso de suicídio. Outros crimes continuam a acontecer no local, e Landor recruta como "assistente" o cadete Edgar Allan Poe (Harry Melling), que demonstra bastante interesse e conhecimento sobre o caso.

Como filme, O Pálido Olho Azul é bem feito. As atuações são sólidas, a fotografia é boa e a trama interessante. Porém, como filme de investigação / detetive, ele não convence, já que poucas pistas são dadas ao espectador. O fato de fazer Edgar Alan Poe como um personagem também traz resultados mistos... se por um lado é um atrativo ver suas esquisitices e poesias, por outro, o fato de o descartarmos de cara como suspeito enfraquece a história... fora de que vê-lo se comportar como um boboca apaixonado é um pouco decepcionante se pensarmos no Poe real.

Ainda assim, em seu desfecho, O Pálido Olho Azul impressiona ao revelar todos os detalhes da trama de maneira muito detalhada, verossímil, e até um pouco surpreendente. Somando altos e baixos, acaba sendo um bom passatempo, ainda que bizarramente me fez lembrar ao mesmo tempo dos filmes O Nome da Rosa (1986) e O Enigma da Pirâmide (1985). Nota: 6,0.



Glass Onion: Um Mistério Knives Out (2022)
Diretor: Rian Johnson
Atores principaisDaniel Craig, Edward Norton, Kate Hudson, Dave Bautista, Janelle Monáe, Kathryn Hahn, Leslie Odom Jr., Jessica Henwick, Madelyn Cline

Sendo o segundo filme da franquia iniciada com o interessante Entre Facas e Segredos (2019), este Glass Onion: Um Mistério Knives Out é um ótimo exemplo de filme cuja propaganda é melhor que o produto. Após gastar uma fortuna para poder fazer 2 novos filmes "Knives Out", a Netflix aproveitou para divulgar bastante seu lançamento e também, além de contratar um elenco estrelado, trazer várias personalidades para pequenos papéis: Hugh Grant, Natasha Lyonne, Kareem Abdul-Jabbar e Serena Williams, dentre outros. E antes do filme chegar no Brasil, vi que a crítica internacional elogiava a produção, dizendo que ela era "certamente" melhor que o filme original. Pois bem: não é.

Deixando claro, Glass Onion: Um Mistério Knives Out é um filme legal, divertido, mas no máximo empata em qualidade com o filme de 2019. Em alguns pontos ele é sim melhor; aqui o enredo é menos confuso, e os personagens são bem melhores desenvolvidos. Porém, como trama de assassinato, o primeiro filme é melhor: lá ficamos realmente em dúvida sobre quem é o culpado o tempo todo; já aqui... sinceramente... nem tem como ter muitas dúvidas.

Mas a maior história desse Glass Onion: Um Mistério Knives Out é que ele tem como um dos personagens principais Miles Bron (Edward Norton), um bilionário do mundo da tecnologia, bastante egocêntrico e que, embora o mundo o considere um "gênio", no fundo ele é bem burro. E o diretor Rian Johnson teve que responder com frequência se isso seria uma analogia a Elon Musk, o que ele negou totalmente. E de fato, eu acredito que o diretor não teve essa intenção. Aliás, Miles Bron me fez me lembrar mais do próprio Rian Johnson que de Elon Musk. Será que Johnson teria a audácia de fazer esta autocrítica?? Jamais, seria o cúmulo da contradição.

Glass Onion: Um Mistério Knives Out, assim como o filme inicial, é interessante para os fãs de livros de detetive. Mas vale mais pelas piadas internas e pelos próprios atores do que pela trama em si. Nota: 6,0.

sábado, 31 de dezembro de 2022

Retrospectiva Cinema Vírgula 2022: confira meu Top de melhores e piores filmes e séries do ano!


Salve salve, prezados leitores do Cinema Vírgula! Para a Retrospectiva desse 2022, resolvi mudar um pouco o formato dos anos anteriores, fazendo-o menos descritivo e mais objetivo.

Meu resumo do ano trará tanto para as categorias "Filmes" e "Séries" quatro categorias: os melhores, os piores, "a" surpresa, e "a" decepção. Note que este último não necessariamente significa que foi ruim... pode até ser bom... apenas ficou longe das minhas expectativas. Vamos então aos nomes!


Os filmes de 2022

Melhores: vou de um "Top 5": Batman, O Beco do Pesadelo, Top Gun: Maverick, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e Elvis. Como já escrevi a crítica dos 4 primeiros aqui (só clicar no link em cada um dos nomes para ler), comento agora só sobre o último: ainda que com uma história muito mais leve do que deveria ser, Elvis é excelente tanto visualmente quanto musicalmente, além de conseguir condensar bem a vida inteira do famoso artista em 2h40min de exibição.

Piores: Spiderhead - esse filme da Netflix que conta com Chris Hemsworth e Miles Teller como protagonistas é simplesmente horroroso, o pior que vi no ano. Como menções honrosas, trago também mais dois filmes cortesias da péssima Disney: Lightyear (da sua subsidiária Pixar), e Thor: Amor e Trovão (da sua subsidiária Marvel).

A surpresa: O Predador: A Caçada - confesso que não esperava que em pleno 2022 esta franquia poderia ser ressuscitada com um filme bom. E com direito a homenagens aos nativos norte-americanos. Clique aqui para ler a crítica.

A decepção: não poderia ser outro nome. É de todo ruim? Não. Mas Matrix Resurrections prova de uma vez por todas que no espectro entre genialidade e picaretagem, as Wachowski estão mais para este último.


As séries de 2022

Melhores: o trio de séries que mais gostei em 2022 disparadamente foi Wandinha (Netflix - 1ª temporada), Sandman (Netflix - 1ª temporada) e Pacificador (HBO - 1ª temporada). Sobre Wandinha, eu escrevi este texto aqui; sobre Sandman, confesso que não esperava que a obra fosse tão fiel aos quadrinhos originais de Neil Gaiman como foi; e sobre Pacificador, ele empata com Guardiões da Galáxia 1 e 2 entre as melhores produções já feitas por James Gunn.

Em um quarto lugar, coloco Lakers: Hora de Vencer (HBO - 1ª temporada), embora esta divertidíssima série quase foi minha escolha para estar na categoria de "surpresa" do ano. Ah, e faço questão de dizer que embora The Boys (Amazon Prime - 3ª temporada) e Rick and Morty (6ª temporada) também mereçam estar na lista dos melhores, a dupla quase não entrou aqui esse ano, porque embora ambos continuam bons shows, suas histórias se repetiram muito mais do que eu gostaria. 

PioresBoneca Russa (Netflix - 2ª temporada) - tudo que eu AMEI na 1ª temporada foi jogado fora aqui, em uma trama cansativa que não leva a lugar nenhum. Se antes tínhamos um loop temporal ao estilo Feitiço do Tempo, agora temos os protagonistas viajando décadas no passado dentro de corpos de outras pessoas (??!!), uma bela porcaria.

Outra série que não gostei foi Sexo, Sangue & Realeza (Netflix - 1ª temporada): esta mistura de documentário com novela conta a história de Ana Bolena e sua relação com o rei Henrique VIII. Repleta de diálogos piegas e trocadilhos remetendo a sexo (também com várias cenas de beijo sob trilha sonora de soft porn), e com direito a constantes quebras da quarta parede, o formato escolhido mais me constrangeu do que qualquer outra coisa, dada a baixíssima qualidade do roteiro (e olha que gosto de História e, neste sentido, até aprendi um bocado com o que assisti).

E finalmente, comecei Homem x Abelha - A Batalha (Netflix - 1ª temporada) mas achei o primeiro episódio tão chato que nem continuei assistindo. A série melhora depois? Não sei e nem quero saber.

A surpresa: Inside Man (Netflix - 1ª temporada) - depois de nos deixar órfãos do seriado Mindhunter, a Netflix trouxe esta pequena obra (são apenas 4 episódios) de suspense policial que me fez lembrar da mesma. Criada por Steven Moffat (o mesmo que criou o seriado Sherlock, da BBC), a trama possui alguns exageros e falhas... mas me deixou tenso e curioso o tempo todo. Gostei e aguardo pelo próximo ano.

A decepçãoO Pentavirato, mini-série da Netflix criada e estrelada por Mike Myers é até legalzinha... mas eu esperava muito mais de Myers após tanto tempo longe da função de criador / produtor. É uma espécie de Austin Powers mediano adaptado para os anos 2020.



Top 5: os mais lidos do Cinema Vírgula em 2022

Ah! Mas essa parte tradicional da minha Retrospectiva tinha que ser mantida! Segue a lista dos 5 artigos mais acessados neste ano:
Lista dos filmes que assisti em 2022

E a parte final também! Como sempre, segue a lista de todos os filmes que assisti no ano que passou; novos ou antigos, sendo a primeira vez que os vi ou não. No total foram 70.

Abaixo segue a lista. Os filmes em laranja negrito e com um (*) são aqueles a que dou uma nota de no mínimo 8,0 e portanto, recomendo fortemente.

7 Prisioneiros (idem, Brasil, 2021)   (*)
Adoráveis Mulheres ("Little Women", EUA, 2019)
Apresentando os Ricardos ("Being the Ricardos", EUA, 2021)
Arremessando Alto ("Hustle", EUA, 2022)
Asas do Desejo ("Der Himmel über Berlin", Alemanha Ocidental / França, 1987)
Um Banho de Vida ("Le Grand Bain", Bélgica / França, 2018)
Batman ("The Batman", EUA, 2022)   (*)
O Beco do Pesadelo ("Nightmare Alley", Canadá / EUA / México, 2021)   (*)
A Bolha ("The Bubble", EUA, 2022)
Casa Gucci ("House of Gucci", Canadá / EUA, 2021)
O Cavaleiro Verde ("The Green Knight", Canadá / EUA / Irlanda, 2021)
Cidade Perdida ("The Lost City", EUA, 2022)
A Crônica Francesa ("The French Dispatch", Alemanha / EUA, 2021)
Curtas dos Minions 1 ("Minions & More 1", EUA, 2022)
Curtas dos Minions 2 ("Minions & More 2", EUA, 2022)
Django & Django (idem, Itália, 2021)
Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses ("Dragon Ball Z: Doragon bôru Z - Kami to Kami", Japão, 2013)
Drive My Car ("Doraibu Mai Kâ, Japão, 2021)
Eles Vivem ("They Live", EUA, 1988)
Elvis (idem, Austrália / EUA, 2022)   (*)
Emma. (idem, China / Reino Unido, 2020)
Enola Holmes 2 (idem, EUA / Reino Unido, 2022)
Federica Pellegrini - Underwater (idem, Itália, 2022)
A Filha Perdida ("The Lost Daughter", EUA / Grécia, 2021)
Ghostbusters: Mais Além ("Ghostbusters: Afterlife", Canadá / EUA, 2021)   (*)
Glass Onion: Um Mistério Knives Out ("Glass Onion: A Knives Out Mystery, EUA, 2022)
Hereditário ("Hereditary", EUA, 2018)
Heróis de Ressaca ("The World's End", EUA / Japão / Reino Unido, 2013)
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa ("Spider-Man: No Way Home", EUA, 2021)   (*)
O Homem do Norte ("The Northman", EUA, 2022)
The House (idem, EUA / Reino Unido, 2022)
Imperdoável ("The Unforgivable", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2021)
John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo ("Running with the Devil: The Wild World of John McAfee", Reino Unido, 2022)
A Jovem Rainha Vitória ("The Young Victoria", EUA / Reino Unido, 2009)
King Richard: Criando Campeãs ("King Richard", EUA, 2021)
The Letter Room (idem, EUA, 2020)   (*)
Lightyear (idem, EUA, 2022)
As Linhas Tortas de Deus ("Los Renglones Torcidos de Dios", Espanha, 2022)
Lou (idem, EUA, 2022)
As Loucuras de Dick & Jane ("Fun With Dick and Jane", EUA, 2005)
Mães Paralelas ("Madres Paralelas", Espanha / França, 2021)
Matrix Resurrections ("The Matrix Resurrections", EUA, 2021)
Minari (idem, EUA, 2020)
O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas ("The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes", EUA, 2022)
Morte no Nilo ("Death on the Nile", EUA / Reino Unido, 2022)
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos ("Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios", Espanha, 1988)
Mundo em Caos ("Chaos Walking", Canadá / EUA / Luxemburgo / Hong Kong, 2021)
Naquele Fim de Semana (The Weekend Away, EUA, 2022)
Não! Não Olhe! ("Nope", Canadá / EUA / Japão, 2022)
Noite Passada em Soho ("Last Night in Soho", Reino Unido, 2021)
O Páramo ("El Páramo", Espanha, 2021)
O Peso do Talento ("The Unbearable Weight of Massive Talent", EUA, 2022)
Pokémon: Detetive Pikachu ("Pokémon: Detective Pikachu", Canadá / EUA / Japão / Reino Unido, 2019)
O Predador: A Caçada ("Prey", EUA, 2022)
O Projeto Adam ("The Adam Project", EUA, 2022)
Renoir (idem, França, 2012)
No Ritmo do Coração ("CODA", Canadá / EUA / França, 2021)
Samaritano ("Samaritan", EUA, 2022)
O Soldado Que Não Existiu ("Operation Mincemeat", EUA / Reino Unido, 2021)
Sorte de Quem? ("Windfall", EUA, 2022)
South Park: Pós-Covid - A Volta Da Covid ("South Park: Post Covid - Covid Returns", EUA, 2021)
Spencer (idem, Alemanha / Chile / EUA / Reino Unido, 2021)
Spiderhead (idem, EUA, 2022)
Thor: Amor e Trovão ("Thor: Love and Thunder", Austrália / EUA, 2022)
Top Gun: Maverick (idem, China / EUA, 2022)   (*)
Trem-Bala ("Bullet Train", EUA / Japão, 2022)
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo ("Everything Everywhere All at Once", EUA, 2022)   (*)
Uncharted - Fora do Mapa ("Uncharted", Espanha / EUA, 2022)
A Vida Eletrizante de Louis Wain ("The Electrical Life of Louis Wain", Reino Unido, 2021)
Os Violentos Vão Para o Inferno ("Il Mercenario", Espanha / EUA / Itália, 1968)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Conheçam dois interessantes especiais de Natal 2022: Guardiões Da Galáxia e Murderville


Fim de ano chegando, e as produtoras de conteúdo fazem questão de lotar nosso Natal com novas produções sobre o tema. 2022 não poderia ser diferente e resolvi comentar sobre duas delas aqui pra vocês. Confiram!


Guardiões da Galáxia: Especial de Festas (Disney+)

Com apenas 44 min de duração, e se passando cronologicamente entre Guardiões da Galáxia Vol. 2 e o futuro Guardiões da Galáxia Vol. 3, a história deste especial natalino é bem simples: Drax (Dave Bautista) e Mantis (Pom Klementieff) resolvem ir a Terra buscar o ator Kevin Bacon para dá-lo de presente (sim, é isso mesmo) a Peter Quill (Chris Pratt).

Assim como qualquer obra dos Guardiões dirigido e roteirizado por James Gunn, a produção é bem divertida e repleta de situações "malucas", embora este especial seja bem mais fraco que os dois filmes até agora lançados para a franquia.

Para aproveitar o especial, você obrigatoriamente precisa conhecer os personagens anteriormente (o especial não se preocupa em contextualizar nada para eventuais "novatos"), e melhor ainda, se você ainda tiver a trama do Vol 2 fresca na memória.

No final das contas, eu esperava mais de Guardiões da Galáxia: Especial de Festas (tanto em qualidade quanto em duração), mas ainda assim, para quem curte o universo dos heróis da Marvel, é um bom programa para passar o tempo. Como maior virtude, aqui enfim temos espaço para Drax e Mantis poderem atuar mais e demonstrar seus poderes.


Murderville: Quem Matou o Papai Noel? (Netflix)

Para quem não conhece Murderville (que aliás, era meu caso quando assisti este especial), se trata de um seriado da Netflix que debutou em 2022, e que por enquanto possui apenas 6 episódios de sua primeira temporada.

Neste seriado que mistura comédia, investigação policial e reality show, em cada episódio temos uma história completa e independente, onde ocorre um assassinato e o detetive Terry Seattle (Will Arnett) tenta resolvê-lo com a ajuda de um ator convidado diferente. O diferencial é que o ator convidado da vez não sabe absolutamente nada do que está acontecendo (ele não recebe o roteiro do episódio), então cabe a ele, juntamente com o telespectador, tentar descobrir no final quem foi o assassino.

E este Murderville: Quem Matou o Papai Noel? também segue a mesma fórmula, como se fosse um episódio normal da série, com apenas duas diferenças: ele tem tema de Natal (afinal quem morre é uma pessoa fantasiada de Papai Noel), e desta vez são dois os atores/ajudantes convidados: Jason Bateman e Maya Rudolph.


Em geral nos episódios de Murderville não é muito difícil adivinhar quem foi o assassino. Aliás, quanto mais você vai assistindo a série, e mais você vai entendendo como o programa é estruturado, mais fácil a experiência vai ficando. Por isso mesmo, começar pelo especial de Natal torna a experiência melhor. E pra quem gosta de brincar de detetive, é um bom passatempo, com o bônus das cenas de improviso. 



É isso. Aproveito o momento para desejar um enorme Feliz Natal aqui do Cinema Vírgula para todos vocês!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Crítica Netflix - Wandinha (Wednesday) - Primeira Temporada


Lançada no final de Novembro, a série Wandinha (Wednesday, no original) é o novo sucesso mundial da Netflix, sendo a nova série recordista de horas assistidas mundialmente em sua semana de estréia, superando a 4a temporada de Stranger Things, a recordista anterior.

Trazendo como protagonista a famosa filha da Família Addams, já maratonei a série (são 8 episódios com cerca de 50 min cada) e gostei bastante! Embora, como explicarei a seguir, o que vi é bem diferente do que eu esperava em vários aspectos.

Minha primeira surpresa é que eu estava esperando que esse fosse "um seriado de Tim Burton"... porém é não é bem assim. Aqui, este genial diretor é um dos vários produtores executivos da série, e também o diretor dos 4 primeiros episódios; porém ele não é roteirista e nem um dos showrunners. A meu ver isto tem uma consequência: toda as loucuras, humor e bizarrices de Burton estão presentes em Wandinha, porém, de modo mais diluído.

A outra surpresa é que embora eu já soubesse pelas notícias que li antes de ver a série, que a trama se passaria em uma escola e que Wandinha iria investigar uma série de assassinatos, na minha mente nunca se passou que teríamos um clima muito mais próximo de Harry Potter do que dos filmes da Família Addams da década de 90, fato este que eu poderia ter desconfiado se tivesse assistido o trailer antes (clique aqui para vê-lo).

Mas é isso mesmo: se no universo clássico da Família Addams eles são os únicos "esquisitos" - e também os únicos com (poucas e limitadas) habilidades sobrenaturais - em um mundo repleto de humanos normais e "chatos"; aqui dentro do universo da Netflix os Addams estão longe de ser os únicos sobre-humanos: temos um universo 100% fantasia, digno de J. K. Rowling. Afinal, Wandinha é enviada para uma escola onde convive apenas com seres mágicos: lobisomens, vampiros, górgonas, sereias, etc; e com os alunos se dividindo entre casas e fazendo competições entre eles.

Gomez, Wednesday e Morticia em sua nova versão na Netflix

E para completar minha lista de surpresas, apesar de contar com alguns nomes famosos no elenco, como Luis Guzmán (Gomez Addams), Catherine Zeta-Jones (Morticia Addams), Gwendoline Christie e Christina Ricci, a série foca muito pouco na família Addams, dando mais espaço para o elenco adolescente e principalmente para Wandinha (Jenna Ortega). Mas isso não chega a ser um problema...

.... Afinal Jenna Ortega é simplesmente espetacular!! Com apenas 20 anos de idade, a atriz consegue sustentar a série sozinha, entregando uma Wednesday (Wandinha) diferente das encarnações de outras obras anteriores, mas que ao mesmo tempo, nos é bastante familiar e coerente com o personagem original.

Jenna Ortega é muito talentosa, carismática e versátil. Para o papel ela teve que aprender esgrima, aprender a tocar violoncelo, além de que foi ela quem criou a própria coreografia na dança apresentada no baile dos alunos. Jenna convence bastante como Wednesday; e só (ainda) não alcançou a perfeição porque faltou trazer um lado mais "assustador" para o personagem; ainda assim ela já é ótima em se manter o tempo toda séria, distante, e com ótimo timing cômico.

A Família Addams original, que estreou em charges da revista The New Yorker em 1937

Wandinha começa como uma série sobre "escola de adolescentes", depois se torna uma investigação policial, e por fim se torna uma historia de monstro. Mas apesar de tantas metamorfoses acaba sendo entretenimento de primeira para todos os públicos a partir dos 12 anos.

Há algumas críticas sobre uma suposta falta de fidelidade do seriado com a Família Addams original. Bobagem. A principal crítica desta obra sempre foi defender as minorias, os "rejeitados", e atacar as hipocrisias da sociedade "civilizada". E aqui, em Wandinha, tudo isso continua muito presente o tempo todo. Aliás, é até o contrário: a racista Internet chegou a criticar a escolha de Luis Guzmán para o papel de Gomez, por supostamente não ser "parecido" com o personagem. Mas como vocês podem ver pelas duas fotos anteriores (primeiro a de Guzmán no seriado, e depois a dos quadrinhos originais da obra), ele é bem parecido!

Se tem algo para eu criticar em Wandinha, é que a primeira temporada tem um começo, meio, e fim... MAS, tem ganchos demais para uma segunda temporada. Esta ainda não está confirmada, mas certamente vai acontecer. E já estou aguardando com bastante ansiedade!


PS: Christina Ricci, que neste Wandinha está fazendo o papel da professora Marilyn Thornhill, é a mesma atriz que fez a Vandinha dos filmes da Família Addams nos anos 90! E confesso que não a reconheci quando a vi nos primeiros episódios. Mas foi um deleite de fã ver duas versões de "Vandinhas" atuando juntas ;)

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...