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quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Assassino (2023) e As Ladras (2023)

Mais dois filmes bem recentes da Netflix, ambos do mundo dos "assassinos" ou "ladrões" de aluguel, e com mais semelhanças entre eles do que pode parecer em um primeiro momento. Um filme é estadunidense, o outro, francês. Qual dos países levou esta disputa? Confira abaixo!


O Assassino (2023)
Diretor: David Fincher
Atores principais: Michael Fassbender, Tilda Swinton, Charles Parnell, Arliss Howard, Sophie Charlotte, Sala Baker

Após fracassar em público com seu primeiro filme na Netflix, Mank (2020), o ótimo diretor David Fincher está de volta ao streaming com O Assassino, baseado em uma pouco conhecida série de quadrinhos franceses de mesmo nome (Le Tueur, no original).

Na história, o personagem vivido por Michael Fassbender é apresentado como um frio e ultra competente assassino profissional, que mata as vítimas apenas pelo dinheiro, sem se importar com qualquer condição ética ou moral. Porém, após falhar em uma de suas missões, e ser penalizado por isso, o Assassino sai em busca de vingança contra todos que participaram de sua punição.

Para quem gosta de filmes policiais que misturam ação e suspense, O Assassino é um programa que vai certamente agradar, sem dúvidas. As cenas de tensão são bem feitas, as cenas de ação idem (e como bônus, de uma forma bastante realista), e tecnicamente o filme também é muito bom, contando com boa fotografia, locações e ângulos de câmeras bem variados.

Repito, para quem gosta de filmes do gênero, assistir O Assassino não tem erro. Porém, apesar de várias qualidades, a produção também tem seus defeitos. Para começar, seu roteiro não é lá essas coisas... a "vingança" aplicada contra o Assassino não faz sentido; a personalidade oscilante do protagonista não combina com a imagem de "máquina perfeita" que o próprio filme tenta nos apresentar. Michael Fassbender também não ajuda muito, sendo pouco expressivo, e mais fazendo caretas de "cansado" e "assustado" do que qualquer outra coisa.

E, encerrando os pontos ruins, O Assassino não traz nada realmente novo. Se o filme tivesse sido feito por um diretor de pouca expressão ele receberia mais elogios, porém, como ele foi feito pelo mesmo diretor que já nos entregou Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995), Clube da Luta (1999), Zodíaco (2007) e Garota Exemplar (2014) dentre outros, dele eu espero bem mais, então apesar de ser um bom filme a sensação final é de uma leve decepção. Conclusão: a melhor maneira de desfrutar O Assassino é gostar de filmes de ação de vingança e esquecer que ele foi feito por Fincher. Nota: 6,5.

PS: Sophie Charlotte, a atriz que faz o papel de Magdala, a namorada do Assassino, é brasileira e já participou de várias novelas por aqui, como por exemplo Malhação, Babilônia e Todas as Flores.



As Ladras (2023)
Diretora: Mélanie Laurent
Atores principaisAdèle Exarchopoulos, Mélanie Laurent, Manon Bresch, Isabelle Adjani, Félix Moati, Philippe Katerine

Se o filme anterior pecou pela falta de originalidade, felizmente não podemos dizer o mesmo deste francês As Ladras. O filme, que traz um grupo de assaltantes para fazer seu "roubo da vez", mistura ação, humor, aventura, mas foge do comum por ter como protagonistas um grupo de mulheres. O filme é mais voltado para o público feminino, e também traz algumas cenas mais tocantes; a troca de homens por mulheres é realmente bem vinda, com piadas e situações engraçadas e curiosas.

Mélanie Laurent, que é uma das protagonistas, também dirige As Ladras, este que é seu nono longa metragem como diretora. E assim como O Assassino, este filme também é uma adaptação de história em quadrinhos, no caso, da história A Grande Odalisca (2012), de Jérôme Mulot. Na trama, Carole (Melanie Laurent) e Alex (Adèle Exarchopoulos) são competentes ladras que há muito tempo trabalham para a Madrinha (Isabelle Adjani), e agora querem se aposentar, pedido rejeitado pela chefona. A dupla topa fazer um "último trabalho", onde outras coisas além da futura aposentadoria estão em jogo.

Apesar de ter várias cenas de ação, tiroteios e mortes, o forte de As Ladras acaba sendo mesmo o humor e a relação entre as ladras Carole, Alex e Sam (Manon Bresch), sendo assim, dá para dizer que é um filme "leve". Com bastante diálogos (como boa parte dos filmes franceses), a qualidade e carisma das atrizes também contribui para a produção funcionar bem. As Ladras também conta com uma trilha sonora curiosa, com várias músicas latinas cantadas.

Dando destaque principalmente à liberdade e força feminina, As Ladras é um filme divertido, que me surpreendeu positivamente, e só me decepcionou um pouco no seu final, mas não comprometendo o resultado como um todo. Nota: 7,0.

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

A Sete Palmos, uma das melhores séries de todos os tempos, agora está na Netflix (junto com outros 5 seriados da HBO)


Há poucos dias atrás estreou na Netflix o espetacular seriado A Sete Palmos (Six Feet Under no original), que na verdade se trata do relançamento de uma produção original HBO, série esta que foi originalmente exibida por lá em 5 temporadas, entre 2001 e 2005.

A trama acompanha a história da família Fisher a partir do momento em que seu patriarca morre; pois é quando ele deixa sua empresa - uma casa funerária - para que seja administrada pelos seus dois filhos: Nate (Peter Krause), o mais velho, que é obrigado a voltar as pressas de Seattle para assumir a missão, e David (Michael C. Hall - que futuramente iria protagonizar o seriado Dexter), e que ao longo da série vai se descobrindo (e assumindo) ser homossexual. Também completam a família a mãe Ruth (Frances Conroy), uma mulher infeliz que sempre foi reprimida em seu papel de mãe e esposa, e Claire Fisher (Lauren Ambrose), a filha mais nova, que por ser de outra geração e ter pensamentos mais progressistas entra em constante conflito com os demais familiares.

Não posso testemunhar se o começo de A Sete Palmos é realmente bom, pois comecei assistir a série a partir da terceira temporada (naquela época, no "tempo das cavernas", não existiam streamings, então você tinha que se programar para a série no dia e horário certo que os episódios passavam, na TV a cabo, e para assistir o que eles exibiam, e não o que você planejava assistir). Mas posso dizer, pelo que vi empolgadíssimo das três últimas temporadas que A Sete Palmos é uma obra diferenciada, muito acima da média, e até hoje uma das melhores séries que já vi na minha vida.

Além de uma qualidade técnica impressionante, e ótimos atores, seu verdadeiro diferencial é a surpreendente narrativa: cada episódio começa com a morte de uma pessoa diferente (que acaba sendo atendida pela casa funerária Fisher). Então, já aí temos, em cada capítulo, uma maneira diferente de ver a morte, seja pelo lado religioso, filosófico, ou ainda mais mundano, como de justiça, de sorte ou azar, de ironia... há sempre o "fantasma" da finitude humana pairando no ar de modo inteligente, profundo, e o que é melhor, não mórbido.


E em paralelo, claro, vamos acompanhando também a cada episódio os dramas da família Fisher e a evolução como pessoa de cada personagem. É aí que vemos temas como infidelidade, sociedade, religião, homossexualidade e feminismo. Outra curiosidade é que o episódio final de A Sete Palmos é amplamente reconhecido como um dos melhores finais de séries de todos os tempos, opinião que eu também assino embaixo.

Com seus 63 episódios, A Sete Palmos foi uma produção bastante elogiada e premiada, tendo recebido 9 Emmy Awards e 3 Globos de Ouros. Para quem curte série de drama familiar, e também quer refletir sobre a vida, o universo e tudo mais, digo que é uma produção quase obrigatória.


Seis séries da HBO na Netflix!

E o fã de seriados mais atento já deve ter reparado que A Sete Palmos não é a primeira série HBO que veio parar na Netflix nos últimos meses. As atuais concorrentes fizeram uma surpreendente pareceria onde alguns seriados antigos que hoje não constam mais no catálogo da HBO tiveram os direitos de transmissão vendidos para a empresa do logotipo vermelho. Isto, é claro, tem prós e contras para ambas as empresas.

De qualquer forma, além de A Sete Palmos também (re) estrearam recentemente na Netflix: o drama sobre vampiros True Blood, a comédia Insecure, uma série sobre futebol americano com o ator The Rock de nome Ballers, e as espetaculares (e recomendadíssimas) minisséries sobre a Segunda Guerra Mundial, Irmãos de Guerra (Band of Brothers) e O Pacífico (The Pacific), totalizando seis produções e fechando o pacote deste primeiro acordo HBO-Netflix.


O que este acordo irá significar para HBO e Netflix só o futuro dirá, assim também como se teremos ou não eventuais novos pacotes de séries para chegar. Enquanto isto, é aproveitar. Principalmente A Sete Palmos, Irmãos de Guerra e O Pacífico: as três têm minha aprovação máxima.

domingo, 22 de outubro de 2023

Crítica Netflix - A Queda da Casa de Usher (minissérie)


Médio como terror, bom como série, ótimo como homenagem a Poe

Mike Flanagan é "o cara" das séries de terror da Netflix. Como diretor, produtor e roteirista, ele fez para a empresa de streaming: A Maldição da Residência Hill (2018), A Maldição da Mansão Bly (2020), Missa da Meia-Noite (2021), e agora este A Queda da Casa de Usher.

Destes, assisti apenas A Maldição da Residência Hill, que é realmente muito bom. Aliás, foi mesmo um trabalho tão bom e impressionante que garantiu a Flanagan ser, no ano seguinte, o diretor e roteirista do filme Doutor Sono (2019), continuação de O Iluminado (1980).

Mais do que qualquer coisa, este A Queda da Casa de Usher, que conta com 8 episódios com cerca de uma hora cada, é uma grande homenagem aos trabalhos do escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809 – 1849). Em teoria a série é uma adaptação do conto de mesmo nome, porém, o conto de Poe é curto, de algumas poucas páginas, e embora reproduzido com alguma fidelidade, toda uma nova trama foi criada para esta série de modo a preencher tantos capítulos.

É aí, então, que entra a tal homenagem que disse anteriormente. Literalmente todos os personagens do seriado têm seu nome retirados de algum conto de Edgar Allan Poe. E com exceção do primeiro episódio, os demais têm como título o nome de algum conto do escritor, sendo que a trama de cada capítulo também segue levemente os acontecimentos da obra original de mesmo nome. Os nomes dos episódios/contos são: A Máscara da Morte Rubra, Os Assassinatos na Rua Morgue, O Gato Preto, O Coração Delator, O Escaravelho de Ouro, O Poço e o Pêndulo, e O Corvo.

Como fio condutor de tudo isto, temos a trama da série, que são as mortes que estão acontecendo com a família Usher. A história mostra os milionários irmãos Madeline Usher (Mary McDonnell) e Roderick Usher (Bruce Greenwood), donos da gigantesca empresa farmacêutica Fortunato vendo os filhos de Roderick morrendo em estranhos acidentes, um a um. Há mais dois personagens muito importantes na trama: o procurador da justiça Auguste Dupin (Carl Lumbly), e uma mulher que se apresenta como Verna (Carla Gugino), que aparenta estar por trás de todas as mortes. Desde o começo fica claro que ambos possuem um passado com os irmãos Usher, e vamos entendendo, através de flashbacks ao longo da série, tudo o que aconteceu.

Assim como tem sido constante em seus trabalhos em termos de produção - e principalmente fotografia - A Queda da Casa de Usher é excelente. Porém, como terror a obra falha. Sim, temos várias cenas de corpos em pedaços, ou outras coisas desagradáveis... mas a série não consegue gerar tanta tensão. Um dos motivos é que para cada uma das diversas mortes que acontecem, temos que Roderick Usher visualiza os mortos antes... o que não deixa de ser um desanimador spoiler do que acontecerá mais para a frente naquele episódio. Achei uma decisão muito ruim de roteiro esta.

Outra coisa que A Queda da Casa de Usher não alcança é a empatia com seus personagens, pois todos eles são seres humanos terríveis, pavorosos... mas isso na verdade não deixa de ser uma qualidade... afinal, que ótimo elenco temos aqui! E eles conseguem nos "convencer" que são detestáveis. Aliás, vários dos atores aqui também estão presentes em todas as outras séries de Mike Flanagan na Netflix, como por exemplo a própria (e sempre excelente) Carla Gugino, mas também Henry Thomas (o eterno menino Elliott, de E.T.), Rahul Kohli, Katie Parker e Kate Siegel. Esta última aliás é casada com Flanagan na vida real. E uma participação bastante relevante, que não posso deixar de citar, em seu primeiro trabalho com Mike, é nosso Luke Skywalker, Mark Hamill, que aqui faz um papel bem diferente, como um sinistro advogado da família Usher.

Kate Siegel e Mike Flanagan

Resumindo meu sentimento com A Queda da Casa de Usher: o primeiro episódio é bastante instigante, mas depois a série perde bastante em termos de suspense e terror. Não demora muito para percebermos que cada capítulo terá uma morte cuja surpresa é "estragada" rapidamente com a visão premonitória de Roderick Usher. Mesmo assim, a série continua prendendo seu interesse, seja pelas boas atuações, ou principalmente, porque você quer entender o passado dos Usher, que é contado aos poucos. Agora, se você der sorte de conhecer os contos originais de Poe, aí sim terá um prazer extra, que é observar, a cada episódio, como ele foi alterado para os tempos modernos.

Mas A Queda da Casa de Usher deixa seu melhor para o fim, que é realmente muito bom! O último episódio junta todas as pontas soltas de maneira muito satisfatória, além de fazer críticas sociais, políticas, comportamentais... e emocionar. Aliás, é também principalmente neste último episódio em que a grande maioria do conto A Queda da Casa de Usher é "de fato" adaptado.

Dentre todos os trabalhos de Mike Flanagan na Netflix, só posso comparar A Queda da Casa de Usher com A Maldição da Residência Hill, e neste caso a Residência Hill continua insuperável. É que esta última é bem melhor principalmente nos quesitos terror / suspense e trilha sonora. Ainda assim, A Queda da Casa de Usher é uma ótima produção que vale a pena ser assistida, principalmente se você pensar nela como drama / suspense e não terror; ou ainda, se você for grande entendedor de Edgar Allan Poe. E se eu não assisti os demais trabalhos de Flanagan na Netflix, no Imdb neste momento A Queda da Casa de Usher aparece com a segunda melhor nota dentre seus trabalhos, ficando atrás apenas da A Maldição da Residência Hill. Outro indício de sua boa qualidade.

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Conde (2023) e Camaleões (2023)

Seguimos com mais críticas de filmes recentes da Netflix, para quem curte filmes mais sombrios. Um lançado no mês passado, e outro lançado agora mesmo, em Outubro. Vamos a eles?



O Conde (2023)
Diretor: Pablo Larraín
Atores principais: Jaime Vadell, Gloria Münchmeyer, Alfredo Castro, Paula Luchsinger, Stella Gonet

Filme chileno anunciado como comédia de humor sombrio, O Conde tem muito poucos momentos de humor, e muitas críticas e sarcasmos dedicados ao falecido ditador Augusto Pinochet e toda sua família. Na trama, descobrimos que o ex-general chileno forjou sua morte em 2006, e que vive até hoje recluso, em uma casa de campo, longe de tudo e todos.

Mais ainda, Augusto Pinochet na verdade é um vampiro, com cerca de 250 anos de idade, e seu repentino desejo de morrer "de verdade" somado a uma recente onda de assassinatos na capital Santiago, onde as vítimas tem seus corações arrancados, são os dois principais condutores da trama.

O Conde é filmado em preto-e-branco, tendo em sua fotografia sua melhor qualidade, já que o roteiro está longe de ter algo criativo. Vemos que Pinochet é um vampiro, que ele é cruel e desumano, assim como toda sua família... temos também algumas críticas a Igreja, mas fica nisto. Realmente nada fora do esperado para o tema. Um ponto que pode ser surpreendente para o brasileiro "comum", é a importante presença de Margaret Thatcher na história. Mas para o espectador chileno, que sabe muito bem que a "Dama de Ferro" da vida real foi aliada de Pinochet, e um ser humano tão odioso quanto, novamente, nada fora do comum.

Em resumo, como filme O Conde não é uma experiência ruim de se assistir (até longe disto), mas é algo que não acrescentará nada em sua vida. Um mero passatempo, na simples definição da palavra. Nota: 5,0.



Camaleões
(2023)
Diretor: Grant Singer
Atores principaisBenicio Del Toro, Justin Timberlake, Eric Bogosian, Alicia Silverstone, Domenick Lombardozzi, Frances Fisher, Ato Essandoh, Karl Glusman, Sam Gifford, Matilda Lutz

Com uma tradução de título muito infeliz (Reptile, no original, faz mais sentido), Camaleões é um filme de investigação policial de roteiro ficcional, embora seja baseado muito levemente em um assassinato real, a da corretora de imóveis canadense  Lindsay Buziak.

Na trama, o policial Tom Nichols (Benicio Del Toro) ainda está se adaptando a recém mudança de cidade junto com sua esposa Judy (Alicia Silverstone), e acaba sendo encarregado da investigação do estranho e brutal assassinato de uma corretora de imóveis, Summer (Matilda Lutz).

A história conta com um número enorme de reviravoltas, boa parte previsíveis, porém a boa notícia é que algumas são inesperadas, o que garante a diversão. O diretor estreante em filmes Grant Singer (ele já foi diretor de dezenas de vídeos musicais) consegue fazer um bom trabalho de ambientação, trazendo bom clima de tensão e suspense durante toda a produção.

Mas para mim, o melhor mesmo de Camaleões é rever os "sumidos" Benicio Del Toro e Alicia Silverstone. O primeiro pela sua atuação e presença em tela, e a segunda pelo seu carisma e beleza. Sempre achei a Alicia muito bonita, e ela continua linda, pena que desde seu auge dos anos 90, é difícil vê-la em produções relevantes. E aqui, ainda está atuando bem.

Camaleões é um filme de suspense policial bem competente e acima da média. Ainda que longe de ser memorável, para quem curte o gênero é uma boa pedida. Nota: 6,5.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Crítica Netflix - A Maravilhosa História de Henry Sugar (2023) e outros curtas de Roald Dahl

Título: A Maravilhosa História de Henry Sugar ("The Wonderful Story of Henry Sugar", EUA / Reino Unido, 2023)
DiretorWes Anderson
Atores principaisBenedict Cumberbatch, Ralph Fiennes, Ben Kingsley, Richard Ayoade, Dev Patel, Rupert Friend
Nota: 7,0

Agora via Netflix, Wes Anderson multiplica sua visão através de Roald Dahl

Conforme eu havia antecipado em minha crítica de Asteroid City, este A Maravilhosa História de Henry Sugar é um curta-metragem (37 minutos), e o primeiro trabalho exclusivo de Wes Anderson para a Netflix. Mas o que eu não esperava, e fui muito surpreendido, era que este filme seria apenas o primeiro (e maior) de quatro curtas lançados diariamente pelo diretor na Netflix. Após ele, vieram O Cisne, O Caçador de Ratos, e Veneno, estes três com 17 minutos de duração cada.

E as quatro histórias têm algo muito importante em comum: todas são adaptações de contos do autor britânico Roald Dahl (1916–1990). Dahl já teve várias de suas obras adaptadas para os cinemas, e principalmente, suas obras infantis, como por exemplo: A Fantástica Fábrica de Chocolate, Matilda e O Bom Gigante Amigo, dentre outros. Mas Roald não foi famoso apenas pelas suas histórias infanto-juvenis, mas também, por contos para adultos, sendo que estes em geral eram mais sinistros, geralmente contendo humor ácido e finais surpreendentes. Características aliás que não podem ser muito atribuídas ao A Maravilhosa História de Henry Sugar, mas que certamente devem ser atribuídas aos outros três contos que saíram na Netflix. Quanto a estes 3 últimos, eles não são nada recomendado para crianças.

Para todos os quatro curtas, Wes Anderson preservou sua maneira bem incomum e característica de filmar, e também usou o mesmo grupo de atores em todos eles, além da mesma maneira narrativa: nos 4 filmes os personagens principais narram em voz alta muitas das ações que vemos em tela, e também tudo o que todos os personagens falam e pensam. O resultado final é quase um meio termo entre um livro filmado e um teatro.

Todos os curtas de Roald Dahl adaptados nesta leva por Anderson são no mínimo bons e interessantes, mas os três mais curtos são mais mórbidos e menos elaborados, com o A Maravilhosa História de Henry Sugar, portanto, acabando sendo o melhor. Com bastante dinamismo e sarcasmo, ela conta a história de Henry Sugar (Benedict Cumberbatch), um trapaceiro que após ler um livro sobre Imdad Khan (Ben Kingsley), que dizia enxergar sem usar os olhos, resolveu então tentar fazer o mesmo.

Como curiosidade, estas não foram as primeiras vezes de Wes Anderson com os contos de Roald Dahl, já que ele já havia adaptado um de seus contos antes, em seu filme de animação O Fantástico Sr. Raposo (2009). Anderson, aliás, é bisneto de Edgar Rice Burroughs, criador de Tarzan e John Carter. Já que ele gosta tanto de adaptar livros, me pergunto por que ainda não fez nada com o material de seu parente mais famoso...

A Maravilhosa História de Henry Sugar (principalmente) e os outros curtas (O CisneO Caçador de Ratos, e Veneno) são rápidas e excelentes maneiras de conhecer melhor Wes Anderson e Roald Dahl. Aproveitem, é uma ótima oportunidade e desta vez, pelo tamanho das produções, nem se pode usar a desculpa do "não tenho tempo". Nota: 7,0

domingo, 10 de setembro de 2023

Curiosidades Cinema Vírgula #018 - Popeye e Shrek existiram na vida real!

A vida imita a Arte ou a Arte imita a vida? Bem... nestes casos foi a Arte quem imitou a vida! Claro, existe uma lista enorme de personagens da ficção cuja aparência foi baseada em algum humano real, mas quis trazer aqui Popeye e Shrek pois ambos são visualmente bastante incomuns.

Sobre Popeye, criado pelo cartunista E. C. Segar na década de 1920, o personagem foi baseado em Frank "Rocky" Fiegel, um imigrante polonês nascido em 27 de janeiro de 1868, que após trabalhar algumas décadas como marinheiro, se estabeleceu na pequena cidade de Chester, Illinois (EUA) - cidade de infância de Segar - onde o autor o conheceu.

Na época, o já aposentado marinheiro trabalhava como uma espécie de "garçom / segurança" de um bar local, ou seja, em caso de confusões, era ele quem colocava os briguentos para fora. Frank era valentão, se envolvendo com frequência em brigas e por isso acabou ficando com um olho deformado, o que o fez ganhar o apelido de Pop-eye. Note que ele tinha um rosto muito parecido com o Popeye dos desenhos, incluindo o uso do característico cachimbo.

Segundo o criador do personagem, apesar da aparência um pouco intimidadora, Frank era "amigável" e tinha uma simpatia especial por crianças. Além de defender as crianças mais fracas de "valentões", também adorava ficar contando para elas as suas aventuras do passado. Tudo isto fez que o então jovem E. C. Segar visse Frank como uma espécie de "herói", e o inspirasse para suas obras no futuro.

Uma curiosidade, a foto que temos do VERDADEIRO Frank Fiegel é a foto que aparece acima, no título deste artigo. A pessoa que aparece na foto abaixo NÃO é Frank, e embora sendo reproduzida de maneira errada em muitos sites, a foto abaixo, tirada em 1940, é de um marinheiro inglês de identidade desconhecida, mas cujo apelido era justamente Popeye.

Não se deixe enganar! Só aqui no Cinema Vírgula você aprende que esta foto NÃO é a do Popeye verdadeiro!


Já o simpático ogro Shrek teve seu visual baseado em um antigo lutador francês de nome Maurice Tillet. Ou melhor... mais ou menos, já que os criadores de Shrek, a DreamWorks Animation, nunca admitiram esta inspiração (mas também nunca negaram).

De qualquer forma, Maurice nasceu na Rússia em 1903, onde seus pais franceses moravam na época. Porém, com o estouro da Revolução Russa, a família voltou para a França, onde Maurice chegou a ser poeta e ator. Porém a partir dos 17 anos o jovem passou a sofrer de acromegalia, uma rara doença em que os ossos das mãos, pés e face passam a crescer de maneira anormal.

Shreks?

Em pouco tempo seu corpo já estava bastante deformado, e em busca de se adaptar a ele, Tillet mudou-se para os Estados Unidos em 1937, onde passou a ganhar a vida como atleta de Luta Livre, fazendo muito sucesso.

Para as lutas, as chamadas para atrair o público diziam que ele era “um monstro feroz", que "não era um ser humano", e Maurice inclusive se divertia urrando para o público (lembra do Shrek?). E por outro lado, ironicamente, seu nome de lutador era "The French Angel", ou, "O anjo Francês", apelido dado pela mãe.

Apesar da sua aparência, Maurice Tillet era considerado uma pessoa muito gentil e generosa (sabe aquilo de ser um "monstro de bom coração"? este é mais um argumento de que Tillet foi inspiração para Shrek), e de inteligência acima da média: também foi engenheiro e falava 14 idiomas.

Maurice Tillet sofreu mais com sua doença em seus últimos anos de vida, e faleceu em 1954, com 50 anos, após um ataque cardíaco, horas depois de saber do falecimento de seu grande amigo e treinador Karl Pojello. Os dois foram enterrados juntos: "Amigos que nem a morte conseguiu separar".



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Crítica Netflix - One Piece: A Série - Primeira Temporada


Em geral as adaptações live-action ocidentais de mangás são verdadeiros lixos. Portanto, fiquei bastante resistente ao me arriscar em assistir a este One Piece: A Série da Netflix, adaptação de One Piece de Eiichiro Oda, um dos mangás de maior sucesso da atualidade e de todos os tempos.

Porém, para minha grande e agradável surpresa, achei este One Piece: A Série muito boa! Na história, vemos as aventuras de Monkey D. Luffy (Iñaki Godoy), um jovem que sonha se tornar o maior pirata do mundo, e para isso, sai em busca de uma tripulação para encontrar o mítico tesouro "One Piece", o que lhe daria este prestígio. O mundo onde Luffy passa suas aventuras se assemelha ao nosso mundo da "época de piratas", porém possui várias diferenças, misturando bastante fantasia. Por exemplo, no universo de One Piece há muitos seres antropomórficos, e já na primeira temporada vemos homens-peixe e um homem ovelha. Outra diferença é a presença dos "frutos do diabo", frutas que quando comidas, dão superpoderes a quem as consumir.

Nami e Arlong

Um dos maiores segredos do sucesso da franquia são seus personagens, e esta série soube adaptar bem fielmente seus personagens, tanto fisicamente, como em sua essência (que aliás é o mais importante). Se o desleixo com os personagens foi a maior falha do fraco Cowboy Bebop live-action, aqui a Netflix aprendeu muito bem sua lição. Mas voltando ao quanto os atores são fisicamente muito parecidos com os desenhos originais, fica como curiosidade que em uma sessão de cartas do mangá, uma vez perguntaram para o autor "qual seria a nacionalidade da tripulação de Luffy caso One Piece fosse o mundo real?", e eis que Eiichiro Oda respondeu: "Bem, apenas saindo da aparência deles: Luffy (Brasil), Zoro (Japão), Nami (Suécia), Usopp (África), Sanji (França)...".

Oras, dos atores que foram escolhidos, Iñaki Godoy (Luffy) é mexicano; Mackenyu Arata (Zoro) apesar de nascido nos EUA, é filho de pais japoneses; Emily Rudd (Nami) é estadunidense; Jacob Romero Gibson (Usopp) é Jamaicano; e Taz Skylar (Sanji) é espanhol... ou seja, consideravelmente próximo do que o autor imaginou! E uma das semelhanças que mais me impressionaram foi a da personagem Kaia (ver abaixo). Ok, na imagem abaixo pode não parecer tanto, mas vejam a série para ver que não estou louco rs.

A Kaya dos mangás e a da série (Celeste Loots)

E o outro segredo para este One Piece: A Série ser bom é que ele é bastante fiel ao material original. Em linhas gerais, eu diria que a série resume de maneira muito eficiente o mangá e o anime. Para se ter uma idéia, a primeira temporada (8 episódios de cerca de 1h cada) cobre os 5 primeiros arcos de histórias da franquia, que seriam equivalente aos primeiros 99 capítulos do mangá e os 45 primeiros episódios do anime. Tudo do que é mais importante da trama foi preservado, repito, e de modo bastante resumido e fiel. A única mudança relevante é que na série Luffy é bastante perseguido pela marinha desde o começo, e com a perseguição comandada pelo Vice-Almirante Garp (Vincent Regan), isso é bem diferente do material original.

Porém nem tudo deste "resumo" em One Piece: A Série é positivo. Infelizmente, não foi só a trama que foi comprimida, também tivemos uma considerável redução do humor e dos momentos de emoção... e não precisava ser assim. Principalmente Luffy é bem menos engraçado aqui do que no mangá. E os dramas pessoais dos personagens, embora todos presentes (e sim, continuam emocionando), passam tão rápido que não impactam tanto quando deveriam. A falta de capacidade de atuação de alguns atores também contribui um pouco para isto.

A "simplificação" também está bastante presente nas lutas, que são bem menos espetaculares e demoradas que no mangá / anime. Sem dúvida elas precisarão de mais verbas e atenção na medida que a série avança. De qualquer forma, além de por enquanto não comprometer, aqui eu vejo uma vantagem: ver atores de verdade lutando com espadas de verdade dá uma sensação de perigo muito maior do que nos desenhos. Um inesperado ponto positivo para o live-action!

Com um design de produção muito bom e bastante vivo e colorido, faltou, entretanto, um bocado de cores no navio Going Merry...

Também tenho algumas críticas para a tradução. Assisti em legendado, e percebi que algumas piadas com trocadilhos não foram traduzidas (e poderiam ter sido traduzidas para o português normalmente), sem contar a inserção de algumas gírias, ou então, de palavras escritas propositalmente com português incorreto... e tudo simplesmente jogado lá, absolutamente fora do contexto.

Com seus muitos prós e poucos contras, One Piece: A Série termina com um saldo bem positivo. Ela agrada bastante, mas vai precisar diminuir seus defeitos no futuro, caso contrário corre o risco de desvirtuar o tom da obra original. E para quem não ainda conhece esta franquia, esta série da Netflix chega como uma salvação, afinal, é muito mais rápido acompanhar "do zero" a história da turma dos Piratas do Chapéu de Palha por aqui, do que pelo mangá ou anime, onde já temos (literalmente) milhares de capítulos e mais de duas décadas de produção.

Para encerrar o artigo, um bônus. Neste vídeo, vemos o encontro do ator que faz Luffy, Iñaki Godoy, com o autor de One Piece, Eiichiro Oda. Para quem não sabe, Oda vive recluso, e mais ainda... seu rosto não é conhecido pelo público, para preservar sua privacidade. Isto é importante para vocês se contextualizarem com o que vão ver a seguir.

sábado, 2 de setembro de 2023

Conheça o muito interessante What's My Line? / Adivinhe o Que Ele Faz


Desde sempre a TV copiou formatos de Game Shows, espalhando-as pelo mundo inteiro. E no Brasil não poderia ser diferente. Por exemplo, o programa Show do Milhão, do SBT, é uma cópia do show original britânico Who Wants to Be a Millionaire?, que agora tem sua versão pela TV Globo, como Quem Quer Ser um Milionário?. O Roda a Roda / Roletrando, do SBT, são cópias do programa estadunidense Wheel of Fortune. Boa parte das provas do antigo Olimpíadas do Faustão, da Globo, eram copiadas do programa japonês Takeshi's Castle. E os exemplos vão às dezenas...

Mas o programa que quero apresentar para vocês hoje não vai ao ar desde a década de 70 rs, portanto, certamente quase nenhum de vocês conhecem. E o achei bastante interessante.

Trata-se do programa estadunidense What's My Line?. Ele funcionava da seguinte forma: um grupo fixo de 4 pessoas (artistas e jornalistas) ficavam sentadas atrás de uma mesa, tentando adivinhar a profissão de pessoas comuns, que iam ao programa e ganhavam dinheiro pela sua participação (o nome do programa vinha de algo como "qual minha linha de atuação?... qual minha linha de trabalho?").

O jogo funcionava com o quarteto fazendo perguntas aos convidados, com os mesmos só podendo responder "sim" ou "não"; só que a cada vez que a resposta era "não", o convidado ganhava 5 dólares. O jogo parava até alguém adivinhar a profissão do convidado, ou quando o valor atingisse 50 dólares, onde nesse caso os artistas da mesa "perdiam" e era revelado à eles a profissão "secreta".

Além disto, no final do programa, sempre havia um "convidado misterioso", que era uma celebridade trazida ao show. Neste caso então, as quatro pessoas da mesa tinham seus olhos vendados, e com isso a brincadeira se tornava mais descobrir a identidade da pessoa famosa do que qualquer outra coisa.

E.. olha só, o Brasil também copiou What's My Line?. Infelizmente não tenho muitos detalhes para dar do programa por aqui, já que não encontrei informações na Internet, e não há também imagens sobreviventes do show. Mas posso afirmar que o programa estreou em 1953 na TV Tupi, sob o nome de Adivinhe o Que Ele Faz, e era apresentado pela ex-bailarina Madeleine Rosay. E que anos depois migrou para a TV Record, também sob o nome de Adivinhe o Que Ele Faz, onde foi apresentado entre 1956 a 1959 por Blota Jr..

Madeleine Rosay e Blota Jr.

Mas se não temos mais como assistir a Adivinhe o Que Ele Faz, felizmente existe disponível no Youtube dezenas de programas completos de What's My Line? para qualquer um assistir (eles estão em inglês e sem legendas, entretanto). E eu já trouxe alguns deles para vocês, por motivos bem curiosos.

Começando, temos este vídeo com não uma, mas duas celebridades: o comediante Jerry Lewis como um dos 4 da mesa, e Walt Disney - em uma raríssima aparição perante as câmeras - como o convidado surpresa a ser adivinhado.

What's My Line? - Walt Disney; Jerry Lewis [panel] (Nov 11, 1956)


Já neste segundo vídeo, encontrei algo particularmente interessante: uma das pessoas que aparece para ter sua profissão adivinhada é um tal de "Coronel Sanders". Que nada mais é que o fundador da enorme franquia de fastfood, a KFC, e mesmo assim ele apareceu no programa como uma pessoa "comum", os integrantes da mesa não tiveram os olhos vendados. Portanto naquele momento da História ele não era famoso a ponto de ser reconhecido pelas pessoas de Nova York. E curiosamente, como se pode ver na imagem abaixo, já havia alguns anos em que o Coronel havia sido incorporado para o logo de sua companhia...

What's My Line? - Colonel Sanders; Alan King; Martin Gabel [panel] (Dec 1, 1963)


O terceiro vídeo eu só escolhi por ter como convidada a genial Hedy Lamarr, então com 43 anos. Era muito comum que os atores/atrizes iam ao programa para promover um filme que seria lançado em breve, porém Hedy resolveu participar do show por um motivo bem diferente...

What's My Line? - Hedy Lamarr (Mar 31, 1957)


E por fim, escolhi também este curioso episódio, onde aparece Wilt Chamberlain. Desta vez os integrantes do programa são vendados quando ele chega, mas não porque ele é uma "celebridade", e sim, porque sendo ele muito alto, se o vissem sua profissão ficaria muito óbvia. Ou seja, mais um caso para nos deixar chocados com o conceito de quem é famoso ou não rs. Notem então que em 1961 a NBA estava bem longe de ter a fama que tem hoje em dia. E continuando as surpresas deste vídeo, após os 4 integrantes do programas retirarem as vendas dos olhos, dois deles o reconhecem... porém a atriz Arlene Francis reconhece Wilt não como atleta da NBA, mas como jogador do Harlem Globetrotters (onde ele de fato jogou de 1958 a 1959).

What's My Line? - Wilt Chamberlain; Joan Crawford; Joey Bishop [panel] (Jan 8, 1961)


E finalmente, assistir a estes vídeos antigos de What's My Line? vai além das curiosidades com celebridades. São verdadeiras aulas de História e sociedade. Algumas das profissões que aparecem são das mais surpreendentes, além de muitas vezes ensinar a não julgar pelas aparências; fora que as imagens também trazem as propagandas de TVs da época. Algumas são bizarras!

E aí, você conhecia este programa? Se interessou pelo artigo? Assistiu pelo menos os vídeos que trouxe aqui? Escreva nos comentários!

sexta-feira, 31 de março de 2023

Crítica Netflix - Mistério em Paris (2023)

Título: Mistério em Paris ("Murder Mystery 2", EUA, 2023)
Diretor: Jeremy Garelick
Atores principais: Adam Sandler, Jennifer Aniston, John Kani, Kuhoo Verma, Dany Boon, Mark Strong, Mélanie Laurent, Jodie Turner-Smith, Adeel Akhtar, Enrique Arce
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=FDcsfr7bsE8
Nota: 4,0

Eles voltaram... e pioraram bastante

Estreando hoje no Brasil pela Netflix, Mistério em Paris é uma continuação de um filme de quatro anos atrás, Mistério no Mediterrâneo, o qual eu gostei. Na história da vez, acompanhamos novamente as aventuras do casal Nick Spitz (Adam Sandler) e sua esposa Audrey (Jennifer Aniston), que agora se envolvem na trama do sequestro de seu amigo bilionário.

Elogiei o primeiro filme por ele trazer algumas novidades, quebrando a expectativa do espectador em algumas vezes, e ao mesmo tempo homenageando e preservando o clima dos livros de "adivinhar o assassino". Porém, aqui em Mistério em Paris nada disso se preserva infelizmente, e isso mesmo com o roteirista do primeiro filme sendo mantido.

Mistério em Paris tem menos mistério, se tornando mais um filme de ação (e se convencer que Sandler e Aniston são hábeis lutadores dá até vontade de chorar), além de ser muito mais clichê e previsível. A única coisa que realmente se manteve do primeiro filme para este são as péssimas piadas de Adam Sandler, sempre bem idiotas e em sua maioria com conotação sexual. Novamente, este "comediante" é a pior coisa do filme.

O pouquinho de Mistério em Paris que se salva é seu começo, onde pelo menos algumas piadas funcionam. E é só. As sensações que ficam é de pena por Jennifer Aniston estar em um filme tão ruim, e meu desejo de que não tenha que assistir mais nenhum filme de Sandler no futuro. Nota: 4,0

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Crítica Netflix - Nada de Novo no Front (2022)

Título: Nada de Novo no Front ("Im Westen Nichts Neues", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2022)
Diretor: Edward Berger
Atores principais: Felix Kammerer, Albrecht Schuch, Aaron Hilmer, Moritz Klaus, Adrian Grünewald, Edin Hasanovic, Daniel Brühl, Thibault de Montalembert, Devid Striesow
Nota: 8,0

Adaptação não tão adaptação traz boas surpresas

Nada de Novo no Front é um filme baseado em um livro de 1929 de mesmo nome, do alemão Erich Maria Remarque. Curiosamente, esta não é a primeira adaptação desta obra, que virou filme já em 1930 (e inclusive foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme naquele ano) e também foi lançado para a TV dos EUA em 1979. Em sua terceira versão para as telas, esta é a primeira vez que ela é feita por alemães.

A história acompanha as aventuras do jovem soldado alemão Paul Bäumer (Felix Kammerer), em batalhas pelo último ano da Primeira Guerra Mundial. O filme (assim como o livro), mostra os terrores e a completa falta de sentido do conflito.

A nova versão de Nada de Novo no Front começa com cenas fortes e violentas em pleno combate, e vemos de maneira chocante como tudo na guerra é tratado como se fosse uma linha de produção, de maneira industrial, e com completa indiferença dos chefes militares pela vida humana. Com literalmente cerca de um século de filmes sobre guerra sendo feitos por aí, eu mesmo não me animo quando surge outra produção do gênero, e então, o que um filme de guerra poderia acrescentar aos dias de hoje são eventuais visões diferentes. Este paralelo com uma linha industrial é uma delas (e bem vinda). Ao longo do texto comentarei sobre outras.

É só depois destas primeiras cenas de violência que nosso protagonista Paul Bäumer aparece, e ele só alista para a guerra devido a um misto de inocência com despeito aos pais. No filme a propaganda feita pelo governo/exército alemão convocando os jovens para a batalha aparece apenas de maneira bem sutil, uma diferença em relação ao livro que inspirou ao filme.

Aliás, esta adaptação de Nada de Novo no Front não é tão fiel ao livro, ela até segue boa parte das ocorrências principais, porém, se destaca por duas grandes mudanças: uma ausência e uma adição. A ausência é que no livro temos um trecho onde a o soldado Bäumer volta para casa em meio ao conflito, e lá fica por algumas semanas, em período de folga. É quando percebe que não só não tem a recepção que gostaria, como também, o mundo cotidiano passou a ser algo totalmente alienígena perto de tudo o que ele passou nas vidas em batalhas. Por outro lado, para compensar, temos um arco completamente novo, onde vemos Matthias Erzberger (Daniel Brühl) negociando a rendição da Alemanha para colocar fim a guerra. Ao contrário da grande maioria dos personagens do filme, Erzberger foi uma pessoa real, o político de fato nomeado pelos germânicos para negociar a paz.

Com o acréscimo das partes de Erzberger, a história é montada de um jeito onde podemos ver que mesmo sabendo que a derrota era inevitável, e que a rendição seria assinada em questão de dias, o alto escalão do exército alemão continuava a mandar seus soldados para morrer inutilmente na guerra. Sim, isso são fatos que sabemos pela História que aconteceram, mas vê-los de uma maneira bem explicitada pela montagem das cenas faz diferença, o impacto e a revolta é bem maior.

Por falar em História, o roteiro não se preocupa em nenhum momento em contextualizar o espectador historicamente com o que está acontecendo. Certamente os alemães e até mesmo os estadunidenses sentirão bem menos falta disso que nós, brasileiros. Saber em que dia a Primeira Guerra acabou, e quem estava lutando contra quem antes de ver o filme, ajudará o seu entendimento.

Em geral, este Nada de Novo no Front também é muito bom tecnicamente. Ótima fotografia, ótimo som, tudo realmente excelente e digno das indicações do Oscar recebidas. Entretanto, em comparação, na parte técnica ele fica abaixo do espetacular e recente filme 1917, também sobre a Primeira Guerra.

Nada de Novo no Front traz muitas cenas de ação violentas, realistas e bem feitas, porém como no livro original, seu forte é criticar a estupidez e inutilidade dos conflitos bélicos. Portanto as cenas mais marcantes acabam ocorrendo em situações nada heroicas, e muitas delas não presentes no livro, foram criadas para esta adaptação. Comparando novamente Nada de Novo no Front com 1917, o segundo é melhor. Mas ainda assim, não só o primeiro ainda é muito bom, como também pode ser assistido de sua casa sem perder muito de sua experiência, o que não acontece com 1917. Nota: 8,0

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Dupla Crítica Séries Netflix - O Mundo Por Philomena Cunk (1ª temporada) e That' 90s Show (1ª temporada)

Analisando duas séries de comédia que estrearam bem recentemente na Netflix, e que no mínimo já servem para dar alguns sorrisos. Mas será que elas vão além disto? Leia sobre cada uma delas aqui abaixo! ;)


O Mundo Por Philomena Cunk - 1ª temporada

O Mundo Por Philomena Cunk é um mocumentário de 5 episódios que tenta, de maneira bem resumida, contar a historia da humanidade. Ele é protagonizado e narrado pela personagem Philomena Cunk (Diane Morgan), que seria uma jovem repórter dos dias de hoje, porém absurdamente desinformada sobre todos os assuntos... como se tudo que ela "soubesse" ou "pensasse" viesse das mídias sociais.

Cunk acaba sendo bem engraçada, e seu nonsense somado a absoluta seriedade com que lida as situações mais absurdas (o que me faz lembrar John Cleese em Monty Python) torna o programa uma ótima indicação pra quem curte humor britânico e História.

Curiosamente, este não é o primeiro seriado em que o personagem de Philomena aparece. Ela surgiu no programa humorístico Charlie Brooker's Weekly Wipe (2013-2015), que ironizava / comentava notícias e programas da TV britânica. Depois surgiram o filme Cunk on Shakespeare (2016), e a séries Cunk na Grã-Bretanha (2016) e Cunk & Other Humans on 2019 (2019), tudo isso nos canais de TV da BBC.

Gostei bastante de O Mundo Por Philomena Cunk, e torço para que os outros materiais da personagem também cheguem à Netflix. Alías, isso meio que já aconteceu, pois nos mocumentários de final de ano 2020 Nunca Mais e 2021 Nunca Mais, Diane Morgan apareceu em ambos com a personagem Gemma Nerrick, que é a mesma coisa que Cunk, com a diferença que ao invés de ser uma repórter, ela é apresentada como a "cidadã britânica comum".


 That' 90s Show - 1ª temporada

A série That' 70 Show, uma sitcom que estreou em 1998 e teve 8 temporadas, foi um enorme sucesso. Ela mostrava o cotidiano de 6 amigos nos anos 70, em uma cidade fictícia no estado de Wisconsin, e acabou tornando famosos vários atores, como por exemplo Topher Grace, Mila Kunis, Ashton Kutcher, Debra Jo Rupp e Kurtwood Smith. Eu mesmo coloco That' 70 Show entre os melhores seriados dos anos 2000.

Tentando repetir seu sucesso, em 2002, os produtores de That '70s Show tentaram emplacar um novo projeto, e lançaram That '80s Show, contando com elenco totalmente novo. O resultado, uma verdadeira porcaria que todos odiaram, e durou apenas 1 temporada e 13 episódios. Portanto, foram mais duas décadas para que os teimosos produtores se arriscassem mais uma vez, agora com That' 90 Show.

Porém, desta vez, os criadores da franquia foram mais espertos e arriscaram bem menos. Para começar, eles tiveram o apoio da gigante Netflix no desenvolvimento; e além disto, resolveram trazer quase todo o elenco do seriado original de volta. Aliás, Debra Jo Rupp (como Kitty Forman) e Kurtwood Smith (como Red Forman) fazem parte do elenco principal de That' 90 Show, cuja história é focada em um novo grupo de jovens encabeçado pela neta Leia Forman (Callie Haverda), filha, claro, de Eric e Donna, que fazem breves aparições. Também fazem aparições nos episódios: Fez, Leo, Jackie, Kelso, Bob e Fenton... ou seja, quase a turma toda.

E é aí que temos o dilema de That' 90 Show: sua força está nos seus atores do seriado original e na nostalgia que eles trazem; nenhum dos novos integrantes se destaca. Alguns até não são ruins... são razoáveis, mas ainda assim, longe se serem atrativo suficiente para a série. E para piorar, a série também comete alguns outros deslizes, como por exemplo, o uso excessivo (e muito irritante) de claques.

Em resumo, That' 90 Show está bem abaixo de That' 70 Show (embora seja uma cópia do mesmo), mas muito acima de That' 80 Show, e enquanto eles conseguirem trazer os personagens do seriado antigo, a série será um passatempo aceitável. A dúvida é se eles vão conseguir fazer isso na segunda temporada (que já está confirmada)... Descobriremos em breve.

domingo, 15 de janeiro de 2023

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Pálido Olho Azul (2022) e Glass Onion: Um Mistério Knives Out (2022)


Estreando as críticas de filmes de 2023, dois filmes recentes sobre intrigas e assassinatos... que não poderiam ser mais diferentes entre si, aliás. Confiram o que achei destas duas produções Netflix repletas de atores famosos:



O Pálido Olho Azul
 (2022)
Diretor: Scott Cooper
Atores principais: Christian Bale, Harry Melling, Simon McBurney, Timothy Spall, Toby Jones, Lucy Boynton, Gillian Anderson

Baseado em um livro de mesmo nome de 2003, escrito por Louis Bayard, O Pálido Olho Azul é uma história de ficção que se passa em uma academia militar estadunidense, em 1830, onde o atualmente decadente e aposentado detetive Augustus Landor (Christian Bale) é chamado para investigar um estranho caso de suicídio. Outros crimes continuam a acontecer no local, e Landor recruta como "assistente" o cadete Edgar Allan Poe (Harry Melling), que demonstra bastante interesse e conhecimento sobre o caso.

Como filme, O Pálido Olho Azul é bem feito. As atuações são sólidas, a fotografia é boa e a trama interessante. Porém, como filme de investigação / detetive, ele não convence, já que poucas pistas são dadas ao espectador. O fato de fazer Edgar Alan Poe como um personagem também traz resultados mistos... se por um lado é um atrativo ver suas esquisitices e poesias, por outro, o fato de o descartarmos de cara como suspeito enfraquece a história... fora de que vê-lo se comportar como um boboca apaixonado é um pouco decepcionante se pensarmos no Poe real.

Ainda assim, em seu desfecho, O Pálido Olho Azul impressiona ao revelar todos os detalhes da trama de maneira muito detalhada, verossímil, e até um pouco surpreendente. Somando altos e baixos, acaba sendo um bom passatempo, ainda que bizarramente me fez lembrar ao mesmo tempo dos filmes O Nome da Rosa (1986) e O Enigma da Pirâmide (1985). Nota: 6,0.



Glass Onion: Um Mistério Knives Out (2022)
Diretor: Rian Johnson
Atores principaisDaniel Craig, Edward Norton, Kate Hudson, Dave Bautista, Janelle Monáe, Kathryn Hahn, Leslie Odom Jr., Jessica Henwick, Madelyn Cline

Sendo o segundo filme da franquia iniciada com o interessante Entre Facas e Segredos (2019), este Glass Onion: Um Mistério Knives Out é um ótimo exemplo de filme cuja propaganda é melhor que o produto. Após gastar uma fortuna para poder fazer 2 novos filmes "Knives Out", a Netflix aproveitou para divulgar bastante seu lançamento e também, além de contratar um elenco estrelado, trazer várias personalidades para pequenos papéis: Hugh Grant, Natasha Lyonne, Kareem Abdul-Jabbar e Serena Williams, dentre outros. E antes do filme chegar no Brasil, vi que a crítica internacional elogiava a produção, dizendo que ela era "certamente" melhor que o filme original. Pois bem: não é.

Deixando claro, Glass Onion: Um Mistério Knives Out é um filme legal, divertido, mas no máximo empata em qualidade com o filme de 2019. Em alguns pontos ele é sim melhor; aqui o enredo é menos confuso, e os personagens são bem melhores desenvolvidos. Porém, como trama de assassinato, o primeiro filme é melhor: lá ficamos realmente em dúvida sobre quem é o culpado o tempo todo; já aqui... sinceramente... nem tem como ter muitas dúvidas.

Mas a maior história desse Glass Onion: Um Mistério Knives Out é que ele tem como um dos personagens principais Miles Bron (Edward Norton), um bilionário do mundo da tecnologia, bastante egocêntrico e que, embora o mundo o considere um "gênio", no fundo ele é bem burro. E o diretor Rian Johnson teve que responder com frequência se isso seria uma analogia a Elon Musk, o que ele negou totalmente. E de fato, eu acredito que o diretor não teve essa intenção. Aliás, Miles Bron me fez me lembrar mais do próprio Rian Johnson que de Elon Musk. Será que Johnson teria a audácia de fazer esta autocrítica?? Jamais, seria o cúmulo da contradição.

Glass Onion: Um Mistério Knives Out, assim como o filme inicial, é interessante para os fãs de livros de detetive. Mas vale mais pelas piadas internas e pelos próprios atores do que pela trama em si. Nota: 6,0.

sábado, 31 de dezembro de 2022

Retrospectiva Cinema Vírgula 2022: confira meu Top de melhores e piores filmes e séries do ano!


Salve salve, prezados leitores do Cinema Vírgula! Para a Retrospectiva desse 2022, resolvi mudar um pouco o formato dos anos anteriores, fazendo-o menos descritivo e mais objetivo.

Meu resumo do ano trará tanto para as categorias "Filmes" e "Séries" quatro categorias: os melhores, os piores, "a" surpresa, e "a" decepção. Note que este último não necessariamente significa que foi ruim... pode até ser bom... apenas ficou longe das minhas expectativas. Vamos então aos nomes!


Os filmes de 2022

Melhores: vou de um "Top 5": Batman, O Beco do Pesadelo, Top Gun: Maverick, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e Elvis. Como já escrevi a crítica dos 4 primeiros aqui (só clicar no link em cada um dos nomes para ler), comento agora só sobre o último: ainda que com uma história muito mais leve do que deveria ser, Elvis é excelente tanto visualmente quanto musicalmente, além de conseguir condensar bem a vida inteira do famoso artista em 2h40min de exibição.

Piores: Spiderhead - esse filme da Netflix que conta com Chris Hemsworth e Miles Teller como protagonistas é simplesmente horroroso, o pior que vi no ano. Como menções honrosas, trago também mais dois filmes cortesias da péssima Disney: Lightyear (da sua subsidiária Pixar), e Thor: Amor e Trovão (da sua subsidiária Marvel).

A surpresa: O Predador: A Caçada - confesso que não esperava que em pleno 2022 esta franquia poderia ser ressuscitada com um filme bom. E com direito a homenagens aos nativos norte-americanos. Clique aqui para ler a crítica.

A decepção: não poderia ser outro nome. É de todo ruim? Não. Mas Matrix Resurrections prova de uma vez por todas que no espectro entre genialidade e picaretagem, as Wachowski estão mais para este último.


As séries de 2022

Melhores: o trio de séries que mais gostei em 2022 disparadamente foi Wandinha (Netflix - 1ª temporada), Sandman (Netflix - 1ª temporada) e Pacificador (HBO - 1ª temporada). Sobre Wandinha, eu escrevi este texto aqui; sobre Sandman, confesso que não esperava que a obra fosse tão fiel aos quadrinhos originais de Neil Gaiman como foi; e sobre Pacificador, ele empata com Guardiões da Galáxia 1 e 2 entre as melhores produções já feitas por James Gunn.

Em um quarto lugar, coloco Lakers: Hora de Vencer (HBO - 1ª temporada), embora esta divertidíssima série quase foi minha escolha para estar na categoria de "surpresa" do ano. Ah, e faço questão de dizer que embora The Boys (Amazon Prime - 3ª temporada) e Rick and Morty (6ª temporada) também mereçam estar na lista dos melhores, a dupla quase não entrou aqui esse ano, porque embora ambos continuam bons shows, suas histórias se repetiram muito mais do que eu gostaria. 

PioresBoneca Russa (Netflix - 2ª temporada) - tudo que eu AMEI na 1ª temporada foi jogado fora aqui, em uma trama cansativa que não leva a lugar nenhum. Se antes tínhamos um loop temporal ao estilo Feitiço do Tempo, agora temos os protagonistas viajando décadas no passado dentro de corpos de outras pessoas (??!!), uma bela porcaria.

Outra série que não gostei foi Sexo, Sangue & Realeza (Netflix - 1ª temporada): esta mistura de documentário com novela conta a história de Ana Bolena e sua relação com o rei Henrique VIII. Repleta de diálogos piegas e trocadilhos remetendo a sexo (também com várias cenas de beijo sob trilha sonora de soft porn), e com direito a constantes quebras da quarta parede, o formato escolhido mais me constrangeu do que qualquer outra coisa, dada a baixíssima qualidade do roteiro (e olha que gosto de História e, neste sentido, até aprendi um bocado com o que assisti).

E finalmente, comecei Homem x Abelha - A Batalha (Netflix - 1ª temporada) mas achei o primeiro episódio tão chato que nem continuei assistindo. A série melhora depois? Não sei e nem quero saber.

A surpresa: Inside Man (Netflix - 1ª temporada) - depois de nos deixar órfãos do seriado Mindhunter, a Netflix trouxe esta pequena obra (são apenas 4 episódios) de suspense policial que me fez lembrar da mesma. Criada por Steven Moffat (o mesmo que criou o seriado Sherlock, da BBC), a trama possui alguns exageros e falhas... mas me deixou tenso e curioso o tempo todo. Gostei e aguardo pelo próximo ano.

A decepçãoO Pentavirato, mini-série da Netflix criada e estrelada por Mike Myers é até legalzinha... mas eu esperava muito mais de Myers após tanto tempo longe da função de criador / produtor. É uma espécie de Austin Powers mediano adaptado para os anos 2020.



Top 5: os mais lidos do Cinema Vírgula em 2022

Ah! Mas essa parte tradicional da minha Retrospectiva tinha que ser mantida! Segue a lista dos 5 artigos mais acessados neste ano:
Lista dos filmes que assisti em 2022

E a parte final também! Como sempre, segue a lista de todos os filmes que assisti no ano que passou; novos ou antigos, sendo a primeira vez que os vi ou não. No total foram 70.

Abaixo segue a lista. Os filmes em laranja negrito e com um (*) são aqueles a que dou uma nota de no mínimo 8,0 e portanto, recomendo fortemente.

7 Prisioneiros (idem, Brasil, 2021)   (*)
Adoráveis Mulheres ("Little Women", EUA, 2019)
Apresentando os Ricardos ("Being the Ricardos", EUA, 2021)
Arremessando Alto ("Hustle", EUA, 2022)
Asas do Desejo ("Der Himmel über Berlin", Alemanha Ocidental / França, 1987)
Um Banho de Vida ("Le Grand Bain", Bélgica / França, 2018)
Batman ("The Batman", EUA, 2022)   (*)
O Beco do Pesadelo ("Nightmare Alley", Canadá / EUA / México, 2021)   (*)
A Bolha ("The Bubble", EUA, 2022)
Casa Gucci ("House of Gucci", Canadá / EUA, 2021)
O Cavaleiro Verde ("The Green Knight", Canadá / EUA / Irlanda, 2021)
Cidade Perdida ("The Lost City", EUA, 2022)
A Crônica Francesa ("The French Dispatch", Alemanha / EUA, 2021)
Curtas dos Minions 1 ("Minions & More 1", EUA, 2022)
Curtas dos Minions 2 ("Minions & More 2", EUA, 2022)
Django & Django (idem, Itália, 2021)
Dragon Ball Z: A Batalha dos Deuses ("Dragon Ball Z: Doragon bôru Z - Kami to Kami", Japão, 2013)
Drive My Car ("Doraibu Mai Kâ, Japão, 2021)
Eles Vivem ("They Live", EUA, 1988)
Elvis (idem, Austrália / EUA, 2022)   (*)
Emma. (idem, China / Reino Unido, 2020)
Enola Holmes 2 (idem, EUA / Reino Unido, 2022)
Federica Pellegrini - Underwater (idem, Itália, 2022)
A Filha Perdida ("The Lost Daughter", EUA / Grécia, 2021)
Ghostbusters: Mais Além ("Ghostbusters: Afterlife", Canadá / EUA, 2021)   (*)
Glass Onion: Um Mistério Knives Out ("Glass Onion: A Knives Out Mystery, EUA, 2022)
Hereditário ("Hereditary", EUA, 2018)
Heróis de Ressaca ("The World's End", EUA / Japão / Reino Unido, 2013)
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa ("Spider-Man: No Way Home", EUA, 2021)   (*)
O Homem do Norte ("The Northman", EUA, 2022)
The House (idem, EUA / Reino Unido, 2022)
Imperdoável ("The Unforgivable", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2021)
John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo ("Running with the Devil: The Wild World of John McAfee", Reino Unido, 2022)
A Jovem Rainha Vitória ("The Young Victoria", EUA / Reino Unido, 2009)
King Richard: Criando Campeãs ("King Richard", EUA, 2021)
The Letter Room (idem, EUA, 2020)   (*)
Lightyear (idem, EUA, 2022)
As Linhas Tortas de Deus ("Los Renglones Torcidos de Dios", Espanha, 2022)
Lou (idem, EUA, 2022)
As Loucuras de Dick & Jane ("Fun With Dick and Jane", EUA, 2005)
Mães Paralelas ("Madres Paralelas", Espanha / França, 2021)
Matrix Resurrections ("The Matrix Resurrections", EUA, 2021)
Minari (idem, EUA, 2020)
O Mistério de Marilyn Monroe: Gravações Inéditas ("The Mystery of Marilyn Monroe: The Unheard Tapes", EUA, 2022)
Morte no Nilo ("Death on the Nile", EUA / Reino Unido, 2022)
Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos ("Mujeres al Borde de un Ataque de Nervios", Espanha, 1988)
Mundo em Caos ("Chaos Walking", Canadá / EUA / Luxemburgo / Hong Kong, 2021)
Naquele Fim de Semana (The Weekend Away, EUA, 2022)
Não! Não Olhe! ("Nope", Canadá / EUA / Japão, 2022)
Noite Passada em Soho ("Last Night in Soho", Reino Unido, 2021)
O Páramo ("El Páramo", Espanha, 2021)
O Peso do Talento ("The Unbearable Weight of Massive Talent", EUA, 2022)
Pokémon: Detetive Pikachu ("Pokémon: Detective Pikachu", Canadá / EUA / Japão / Reino Unido, 2019)
O Predador: A Caçada ("Prey", EUA, 2022)
O Projeto Adam ("The Adam Project", EUA, 2022)
Renoir (idem, França, 2012)
No Ritmo do Coração ("CODA", Canadá / EUA / França, 2021)
Samaritano ("Samaritan", EUA, 2022)
O Soldado Que Não Existiu ("Operation Mincemeat", EUA / Reino Unido, 2021)
Sorte de Quem? ("Windfall", EUA, 2022)
South Park: Pós-Covid - A Volta Da Covid ("South Park: Post Covid - Covid Returns", EUA, 2021)
Spencer (idem, Alemanha / Chile / EUA / Reino Unido, 2021)
Spiderhead (idem, EUA, 2022)
Thor: Amor e Trovão ("Thor: Love and Thunder", Austrália / EUA, 2022)
Top Gun: Maverick (idem, China / EUA, 2022)   (*)
Trem-Bala ("Bullet Train", EUA / Japão, 2022)
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo ("Everything Everywhere All at Once", EUA, 2022)   (*)
Uncharted - Fora do Mapa ("Uncharted", Espanha / EUA, 2022)
A Vida Eletrizante de Louis Wain ("The Electrical Life of Louis Wain", Reino Unido, 2021)
Os Violentos Vão Para o Inferno ("Il Mercenario", Espanha / EUA / Itália, 1968)

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...