O elenco de Quem Não Corre, Voa (1981) |
A capa do DVD do filme de 2004 com algumas de suas estrelas |
Bem vindo ao Cinema Vírgula! Com foco principal em notícias e críticas de Cinema e Filmes, este blog também traz informações de Séries de TV, Quadrinhos, Livros, Jogos de Tabuleiro e Videogames. Em resumo, o melhor da Cultura Pop.
O elenco de Quem Não Corre, Voa (1981) |
A capa do DVD do filme de 2004 com algumas de suas estrelas |
Para indicados a Melhor Filme, volto a listar aqui os oito filmes. Infelizmente assisti apenas 6 dos 8, ainda que eu pretenda assistir os dois restantes nas próximas semanas. Os 6 filmes que assisti tiveram suas críticas publicadas por aqui. São os filmes listados abaixo em negrito. Clique no nome para ler minha análise sobre eles:
O texto a seguir apresentará vários spoilers, portanto é bem melhor que você o leia apenas após ter visto o filme. Vá assistir Meu Pai e depois volte aqui para apender um bocado. Espero que vocês gostem tanto do texto da Vanessa quanto eu gostei. Abraços!
O filme é muito comovente. Mostra o demenciamento a partir da vivência de Anthony, o mesmo nome do ator (Anthony Hopkins), e isso no decorrer do filme nos confunde e nos faz questionar se é a perspectiva do ator ou apenas uma coincidência com o nome do personagem. A sensação de confusão é uma característica importante na forma como a história é narrada, o que nos leva a ficar mais próximo da experiência emocional da senilidade.
Nos sentimos perdidos e vulneráveis frente ao processo de desrealização que a demência provoca. Alucinações visuais, auditivas, perda da noção de tempo e espaço são sintomas psicóticos da demência, muito bem representada no filme. A regressão das capacidades mentais de Anthony é uma decorrência da senilidade, ou seja, um processo de desligamento "natural" do cérebro.
Pensando nos vínculos é possível perceber que foi uma família com uma história marcada por conflitos e perdas, ou seja, uma família comum. Não temos a oportunidade de conhecer mais a fundo tais relações familiares, mas vemos um contexto de cuidado e amor. Anne é o vínculo real, aquele que Anthony busca para saber que está seguro no fim da vida, assim como a mãe e o bebê, no início de tudo. Está com medo, não aceita outras cuidadoras, recusa-as assim como à doença.
De maneira geral, a constatação da vulnerabilidade da vida, do não controle e da impotência frente às perdas e ao envelhecimento, gera sentimentos ambivalentes que são demonstrados, por exemplo, através da agressividade e carinho de Anthony à filha. Já Anne se dedica ao pai até o limite de suas possibilidades e os seus sentimentos naturais de ambivalência aparecem também: amor, raiva, medo, coragem, desejo de morte, acolhimento, etc. Ela sofre pelo paradoxo de lidar com sua impotência frente à doença e pelo desejo de viver uma nova vida. Decide por trata-lo numa instituição e isso em nossa sociedade é uma decisão muito difícil e passível de julgamento.
É inevitável pensar nas diferenças entre a elaboração da morte como um processo natural da vida e na dificuldade de elaboração do luto no caso de morte acidental. Anthony perdeu a outra filha vítima de um acidente que deixou marcas de difícil assimilação para ele. Por fim, o filme nos mostra o processo triste e irreversível da constatação do envelhecimento e da morte como um processo solitário, frente à demência. Sim, as folhas caem, os galhos secam, o tronco enfraquece, perde-se a sensação do vento!!
Em relação aos detalhes cenográficos que me chamam a atenção, o primeiro que me deixa intrigada são as várias portas que aparecem no apartamento, em todas as cenas, e que nos aproxima da vivência de Anthony, nos deixando meio perdidos, com muitas entradas e saídas que levam ao mesmo lugar; os vários objetos no apartamento, que podem indicar uma vida cheia de histórias e vão saindo de cena no decorrer do filme e os dois homens que trazem um clima de rivalidade masculina às cenas. Em relação aos objetos e aos homens a confusão fica por conta de não sabermos ao certo se é pelo impacto da notícia da mudança da filha ou se são parte do delírio. Nem sabemos se a mudança da filha para Paris é real. As roupas de Anne se tornam um marcador temporal e espacial, como se cada roupa indicasse um dia específico. Outro objeto importante e central é o relógio, pela referência ao tempo, controle e claro, realidade. A desorientação temporal é um dos sintomas psicóticos, na demência.
Ao final, já no quarto da instituição, existe apenas uma porta, ou seja, uma possibilidade de acessar a realidade o que leva Anthony a um momento de lucidez (sustentada por pouco tempo) e então, ele sente! Essa cena é para mim a mais comovente, marcada pela constatação da perda da onipotência. Ele 'desmonta' nos braços da enfermeira, chora (e nós também) como uma criança pequena pedindo pela mãe. Na última cena com as árvores cheias de folhas do lado de fora mostra que a vida segue acontecendo e que a morte pelo envelhecimento é um processo, não um acidente.
Vanessa T. Calderelli Winkler
Juntos: Harrison Ford, Mads Mikkelsen e Phoebe Waller-Bridge |
Pouco badalado em terras brasileiras, a série Criminal é o resultado de um interessantíssimo projeto iniciado em 2019 pela Netflix. O projeto começou com 4 antologias distintas, cada uma com 3 episódios: Criminal: Alemanha, Criminal: Espanha, Criminal: França e Criminal: Reino Unido. No ano seguinte, 2020, Criminal: Reino Unido recebeu uma segunda temporada com mais 4 episódios.
Embora todas estas 4 minisséries tenham os mesmos produtores e tenham sido filmadas no mesmo local (um estúdio em Madri), a direção, roteiro e atores são todos nativos do país cujo nome aparece no título. E isso é algo muito bacana, onde temos a incomum oportunidade ver o mesmo tema abordado por 4 culturas diferentes.
Cada episódio possui uma história completa, onde um time de investigadores passa interrogando um suspeito ou testemunha de um crime grave. Tudo é filmado em apenas 3 salas distintas, com muito diálogo e ótimas atuações.
Não pense que o fato dos atores passarem a maior parte do tempo sentados em uma sala torne os episódios monótonos. É verdade que alguns deles são um pouco clichê, mas na maioria, são histórias surpreendentes, ágeis, e repletas de reviravoltas.
Eu mesmo não assisti tudo ainda... assisti as séries do Reino Unido e Alemanha, mas gostei tanto que não quis esperar assistir as versões de França e Espanha antes de recomendar Criminal a vocês.
Sugiro que vocês comecem a assistir por Criminal: Reino Unido. Principalmente porque ela traz rostos bem familiares a nós, brasileiros: David Tennant (Doctor Who e Jessica Jones), Hayley Atwell (Capitão América e Agente Carter), Sophie Okonedo (Hotel Ruanda), Kit Harington (Game of Thrones) e Kunal Nayyar (The Big Bang Theory). Aliás, é impressionante como David e Kunal estão bem nesta série... fazem personagens totalmente diferentes do que estamos acostumados, eu cheguei a demorar alguns minutos para reconhecê-los em cena, de tão boas suas respectivas transformações.
Os atores dos outros países são menos conhecidos pra nós, mas ainda assim reconheci Sylvester Groth (Bastardos Inglórios e Dark) em Criminal: Alemanha, e Emma Suárez (Julieta) em Criminal:Espanha.
Para quem curte suspense/drama policial, a série Criminal é imperdível. Ainda mais porque são temporadas curtas, episódios de apenas 40 min, e independentes... dá pra você assistir em qualquer espacinho de tempo sobrando do dia!
Na ordem: Kit Harington, Hayley Atwell, Sharon Horgan e David Tennant: alguns dos atores britânicos de Criminal: Reino Unido |
Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...