terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Crítica - Matrix Resurrections (2021)

Título: Matrix Resurrections ("The Matrix Resurrections", EUA, 2021)
Diretora: Lana Wachowski
Atores principais: Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Yahya Abdul-Mateen II, Jessica Henwick, Jonathan Groff, Neil Patrick Harris, Jada Pinkett Smith, Priyanka Chopra Jonas, Toby Onwumere
Nota: 5,0

Filme corrige erro de 18 anos, mas de modo ruim e repetitivo

Enfim a crítica de Matrix Ressurrections, uma das mais solicitadas para este blog desde que o filme estreou nos cinemas nacionais, em 22 de Dezembro. Aliás ele continua nos cinemas, mas já está há poucos dias de estrear no Brasil pela HBO Max (será em 28 de Janeiro). Pelo menos o Cinema Vírgula chegou na frente dos streamings rs.

Antes de iniciar meus comentários, alerto que o texto terá enormes spoilers do filme Matrix Revolutions (2003) e spoilers moderados do filme atual em questão, o Ressurrections. Contarei algumas coisas que acontecem até o meio da trama, mas nada depois disto... não vou revelar o final. E a propósito, se você não assistiu a trilogia Matrix original, nem faz sentido assistir esse filme.

Vamos lá: voltando um pouco no tempo, Matrix Revolutions acabou da pior maneira possível: após três longos filmes e os sacrifícios derradeiros tanto de Neo (Keanu Reeves) quanto de Trinity (Carrie-Anne Moss), a saga Matrix não termina... a guerra entre humanos e máquinas não tem vencedores, nem perdedores, e nem empate... apenas uma trégua; ou seja, horas e horas de filmes para não se concluir nada. Péssimo.

O primeiro ato de Matrix Ressurrections mostra um Thomas Anderson (Reeves) como um famoso desenvolvedor de jogos... ou melhor de uma trilogia de jogos mundialmente famosa de nome "Matrix", cuja história são os filmes que conhecemos. Ele se encontra casualmente em um café com uma mulher de nome Tiffany (Moss) e se pergunta o tempo todo, confuso, se algo está errado, se aquele é mesmo o mundo real. É então que temos 50 enfadonhos minutos com Mr. Anderson tendo dezenas (literalmente) de flashbacks dos filmes anteriores misturados com muita metalinguagem.

Aparentemente Lana Wachowski achou uma idéia genial criticar seu próprio estúdio e seus próprios fãs dentro da história e cria várias cenas para misturar real e ficção, como por exemplo, uma em que o chefe de Thomas pede para que ele faça o jogo de Matrix 4, "pois a Warner decidiu que ele será feito com ou sem ele"; ou ainda, uma cena em que o time de marketing da empresa de jogos faz piadas sobre a necessidade de "um novo equivalente ao Bullet Time" para o game. Sim, essas cenas contam o que a franquia Matrix sofreu na vida real, mas não faz nenhum sentido trazê-las para o filme (leia meu PS no final do texto para mais detalhes). A última experiência similar que vi alguém fazer isso, foi o (na época) igualmente presunçoso M. Night Shyamalan com seu A Dama na Água (2006), e o resultado foi igualmente catastrófico.

Então, é revelado que Neo está mesmo em uma nova Matrix, e... olha só... se passaram 60 anos após os eventos de Matrix 3 e a trégua entre máquinas e humanos foi de fato cumprida! E isso é bom, pois minimiza o erro que foi o desfecho de 18 anos atrás. Matrix Ressurrections passa então a ter outro contexto, um em que o objetivo é bem mais simples, libertar Neo e Trinity da Matrix (e, é claro, explicar como eles estão vivos novamente). O filme melhora então a partir daí, depois de um primeiro ato horroroso? Sim, mas só um pouco.

A melhora é tímida, e basicamente porque vemos mais Neo e Trinity juntos na tela. A química entre os dois continua funcionando décadas depois e é uma das melhores coisas de Matrix Ressurrections. Já as cenas de ação, que aumentam em quantidade, são patéticas de tão mal feitas: as lutas são tão genéricas e tão mal coreografadas que os golpes dos lutadores claramente nem acertam os adversários; os tiroteios são tão absurdos e sem mira que parece que estamos vendo um filme B dos anos 80. Com exceção dos últimos 20 minutos do filme, em mais nenhum momento temos a sensação de que qualquer um dos "mocinhos" irá sequer se machucar, quanto mais morrer. Ridículo. Se pensarmos o quanto a trilogia Matrix foi revolucionária e definidora em termos de filmes de ação, chega a ser ofensivo ver esta porcaria que foi entregue.

E o desleixo com a trilogia inicial acontece em outras partes... personagens (por exemplo, Morpheus está completamente descaracterizado), fotografia... vejam, nos filmes anteriores apenas pelas cores já conseguíamos diferenciar o mundo real do mundo dentro da Matrix; o que não acontece aqui em Matrix 4. A história é longa, repetitiva... vemos uma mesma cena de filmes anteriores várias vezes... tudo é cansativo e perde o impacto a cada repetição.

Matrix Ressurrections também decepciona no que ele "poderia ser" e não foi. Afinal, pensem no quanto tivemos de evolução tecnológica em 20 anos, e isso poderia ser incorporado de maneira inteligente para dentro dessa "nova" Matrix de 2021? Entretanto, admito, esta oportunidade não foi desperdiçada por completo. Ao incorporar as "redes sociais" dentro da Matrix (agora os humanos são mais "controláveis", e permitem enxames de robôs atacantes), tivemos pelo menos uma analogia interessante que valeu a pena.

Que este Matrix 4 seja realmente o fim de um ciclo, o desfecho desta franquia, pois apesar de todos os muitos defeitos deste filme citados por mim ao longo deste texto, ao menos ele trouxe um final satisfatório. Ainda é um final "aberto", que não encerra a história em definitivo... mas ainda assim, 18 anos depois, certamente é um final mais fechado e coerente do que o final de Matrix Revolutions. Por isso, e APENAS por isso, a realização de Matrix Resurrections não foi um desperdício completo. Nota: 5,0.



PS: somando as histórias contadas por Lana Wachowski e James McTeigue (co-produtor do filme), de fato a Warner já estava há vários anos tentando convencer as irmãs Wachowski a fazer novos filmes de Matrix, e ambas sempre recusavam veementemente. Em 2017 o estúdio finalmente se decidiu por um reboot sem elas e contratou Zak Penn (Os Vingadores) para escrever o roteiro. Porém, Lana perdeu os pais em 2019, e disse que a idéia de reviver Neo e Trinity (já que não poderia reviver os pais)  a ajudou a lidar com o luto, e isso a fez bolar uma história e querer fazer um filme.

Matrix Ressurrections dividiu a opinião dos críticos em visões bem opostas, sendo que parte dos que gostaram do filme, curiosamente levantam a teoria de que Lana fez o filme de maneira "ruim" de propósito, como protesto a pressão que ela sofreu pelo estúdio e fãs, e a elogiam pela coragem de fazer isso. Conhecendo as Wachowski eu confesso que não descarto completamente esta tese... mas, duvido. É só olhar as estatísticas: dentre 8 filmes dirigidos por Lana, ela só mandou bem em 2. Sem contar que um ato como esse, se descoberto, iria queimar sua reputação para sempre dentro da Indústria. E já a Warner... bem, a especialidade da Warner é ter franquias boas e fazer filmes porcarias com elas... basta ver o que fazem com os filmes da DC. Conclusão, unir Wachowski e Warner em 2021 não poderia resultar em algo muito diferente disso não...

domingo, 23 de janeiro de 2022

Crítica - Ghostbusters: Mais Além (2021)

Título: Ghostbusters: Mais Além ("Ghostbusters: Afterlife", Canadá / EUA, 2021)
Diretor: Jason Reitman
Atores principais: Carrie Coon, Paul Rudd, Finn Wolfhard, Mckenna Grace, Logan Kim, Celeste O'Connor, Olivia Wilde, Bill Murray, Dan Aykroyd, Annie Potts
Nota: 8,0

Ou também: "Como fazer um filme de homenagem do jeito certo"

Os Caça-Fantasmas (ou Ghostbusters no original) é outra dentre as minhas franquias favoritas de todos os tempos. E sua parte cinematográfica se deve totalmente a três nomes: Ivan Reitman, Harold Ramis e Dan Aykroyd. O trio sempre esteve por trás dos roteiros e produção dos filmes da franquia, e mais especificamente nos dois filmes da década de 80 também os encontramos como diretor (Reitman) e atores (Ramis como "Egon" e Aykroyd como "Raymond").

O grupo estava tentando fazer um Caça-Fantasmas 3 desde a década de 90, o que nunca aconteceu, seja por alguns pequenos problemas de direitos autorais, falta de interesse de estúdios, ou total desinteresse do ator Bill Murray em retornar a franquia. Porém em 2009 seria lançado para várias plataformas digitais o jogo Ghostbusters: The Video Game (cuja história aliás foi baseada em um roteiro de Dan Aykroyd de 1999: outra de sua várias tentativas de fazer o tão sonhado Ghostbusters 3). O grande sucesso do jogo despertou o interesse da Columbia Pictures (subsidiária da Sony) em enfim produzir um novo filme para Ghostbusters. Já nessa época a idéia era misturar os atores originais com uma nova geração de jovens atores, "passando o bastão" da série.

Porém Bill Murray continuava a se recusar a voltar para os Caça-Fantasmas, e então os produtores se dividiam entre três opções: trazer outro ator para interpretar o personagem de Murray, fazer seu personagem em animação por computador, ou então, abandonar a história planejada e fazer um reboot dos filmes, com os personagens originais sendo todos feitos por novos atores. E a opção que estava vencendo era a terceira... quando então, infelizmente, em Fevereiro de 2014 Harold Ramis faleceu, com 69 anos. Isto mudou tudo: Ivan Reitman perdeu para sempre o interesse de voltar a dirigir qualquer filme da franquia, e então a Sony se apressou em fazer um reboot feminino de Ghostbusters, com uma equipe criativa totalmente nova (diretor, roteirista, etc).

Conforme já escrevi aqui no blog, o filme reboot Caça-Fantasmas de 2016 é bom, mas não agradou  a uma parcela dos fãs, seja por machismo, ou pela ausência dos atores originais, ou pelo tom menos sombrio e menos aventuresco dos filmes oitentistas. Mas toda a comoção em volta do retorno dos Ghostbusters aos cinemas, somada a boa recepção dos críticos fizeram que Dan Aykroyd e Sony retomassem o desejo de fazer o anteriormente planejado Caça-Fantasmas 3 misturando o elenco original com atores jovens. Bill Murray enfim aceitou voltar, e Jason Reitman, filho de Ivan, assumiu a direção no lugar do pai, que ficou apenas como produtor. E é assim que enfim (ufa!) chegamos neste Ghostbusters: Mais Além.

Ghostbusters: Mais Além ignora completamente o filme de 2016 e é uma continuação dos eventos que ocorreram no filme Os Caça-Fantasmas de 1984. Portanto, se você ainda não assistiu este clássico, não recomendo tanto assistir este Mais Além. Claro, aqui temos uma história completa, com começo meio e fim... até dá para assistir somente esta produção de 2021, mas você perderá boa parte das referências. O filme começa com um idoso Egon Spengler, isolado em uma cidadezinha perdida no interior dos EUA, lutando contra um poderoso fantasma. Ao morrer, sua família herda a fazenda onde ele morava e se move para lá, onde começa a conhecer seu legado. Aí conhecemos sua filha Callie (Carrie Coon) e seus netos Phoebe (Mckenna Grace) e  Trevor (Finn Wolfhard).

Não demora para o grupo, liderado pela jovem e apaixonada pela ciência Phoebe, perceber que o fantasma que levou o avô ainda precisa ser derrotado, e com isso eles também contam com a ajuda dos jovens "Podcast" (Logan Kim) e Lucky (Celeste O'Connor), e do professor Gary (Paul Rudd); todos estes estão muito bem no filme, bem engraçados. Notem que com isso os "novos" Caça-Fantasmas adolescentes acabam formando um grupo de dois garotos e duas garotas; que isto ajude acabar com a boba discussão sobre gênero ocorrida em 2016.

Sendo uma "continuação" do filme de 1984, a trama também é um bocado parecida, já que o inimigo a ser derrotado é o mesmo. Mas agora contamos com efeitos especiais muito melhores (foram quase 40 anos de diferença), e temos também um importante aspecto de "homenagem" ao acrescentado no roteiro. As homenagens são várias, tanto aos filmes da década de oitenta, como também, ao falecido Harold Ramis. No fundo, o roteiro foi totalmente reescrito em sua homenagem. E é bastante emocionante. Tanto as homenagens à antiga produção como a Ramis são apresentadas da maneira orgânica, e me comovi várias vezes.

Ghostbusters: Mais Além é tão bem sucedido em homenagear o auge da franquia nos anos 80, que também consegue recuperar o sentimento dos filmes daquela época. Havia muito tempo que eu não via um filme de "aventura de adolescentes" que me divertisse, e este conseguiu... algo que não acontecia comigo talvez desde os anos 80 rs. Se houve a reclamação de que o filme de 2016 não conseguiu copiar o "espírito" dos filmes de 84 e 89, isto não pode ser falado deste novo Ghostbusters. Tudo está aqui: aventura, terror e humor misturados como antes.

Ghostbusters: Mais Além trouxe para pequenas aparições quase todo o elenco principal: Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Sigourney Weaver e Annie Potts repetem seus respectivos papéis. Até o fantasma Geléia retorna; só o aposentado Rick Moranis que não quis voltar. Já Harold Ramis... este aparece das mais variadas formas... seja como a neta vivida pela atriz Mckenna Grace, ou então por outras maneiras que não contarei aqui para não dar spoilers. Mas uma coisa é clara: Harold Ramis e os Caça-Fantasmas ainda estão bem vivos, felizmente! Nota: 8,0



PS: Ghostbusters: Mais Além possui duas cenas pós créditos, ambas importantes. Não as percam!

Bônus. Da esquerda para a direita: Ivan Reitman, Carrie Coon, Mckenna Grace, Finn Wolfhard e Jason Reitman

sábado, 22 de janeiro de 2022

Especial: DEZ filmes dos últimos DEZ anos que não tiveram crítica no Cinema Vírgula


Comemorando os 10 anos do meu blog, nada melhor do que falar sobre Cinema, e de quebra trazer um assunto dos que vocês mais me pedem: recomendações de filmes.

Como assisto em média uns 60 filmes "lançamento" por ano, não tenho a menor condição de escrever a crítica de todos eles por aqui. Portanto, muita coisa boa fica de fora. Então, resolvi fazer esta lista... 10 filmes que gostei bastante (ou seja, têm minha recomendação), e que foram lançados nos cinemas de 2012 em diante, mas que acabei não escrevendo sobre eles aqui no Cinema Vírgula... até agora.

Confira, e caso você conheça algum deles comente o que achou... do filme e da lista! Ela se encontra em ordem alfabética, e não em ordem "do melhor pro pior" ou algo do tipo:


Bird Box (idem, EUA, 2018)
Bird Box é um filme de suspense / terror / ficção científica muito bom, porém acabei não dando atenção para ele aqui no bloq por um único motivo: ele é muito parecido (e levemente inferior) a Um Lugar Silencioso, que por sua vez estreou alguns meses antes. Não se engane: mesmo sendo filmes similares, ambos valem a pena serem assistidos caso você goste deste tipo de produção.


Com Amor, Van Gogh ("Loving Vincent", EUA / Polônia / Reino Unido, 2017)
Van Gogh foi um dos pintores mais geniais e mais problemáticos da História, e este filme é uma realização simplesmente fantástica, uma obra de arte memorável digna de homenageá-lo: trata-se de uma animação contando a vida do famoso pintor holandês usando apenas pinturas a óleo sobre tela, todas imitando a técnica de Van Gogh. Ou seja, cada um dos 65.000 quadros do filme é uma pintura real diferente. Simplesmente sensacional!!! Fica o alerta de que nunca se soube com 100% de certeza quem realmente atirou em Van Gogh e consequentemente causou sua morte; portanto o que Com Amor, Van Gogh conta não é o fato "real", e sim apenas uma das hipóteses.


Doutor Sono ("Doctor Sleep", EUA / Reino Unido, 2019)
Filme que sofreu bastante injustiça por ser a aguardada continuação de O Iluminado (1980) e não correspondeu ao que os fãs esperavam. Eles queriam que o filme imitasse em tudo o clássico de Stanley Kubrick; Doutor Sono se aproximou de sua fotografia mas ficou apenas nisso. Só que por mim está tudo bem, pois a história é interessante, explica muita coisa do filme anterior, e curiosamente é mais fiel ao respectivo livro original do que O Iluminado foi. Inclusive, as partes em que Doutor Sono difere bastante do livro de Stephen King foram alteradas justamente para manter coerência com o filme antecessor.


À Espera dos Bárbaros ("Waiting for the Barbarians", EUA / Itália, 2019)
Recentemente eu citei À Espera dos Bárbaros (ou Esperando os Bárbaros, dependendo em que lugar você o encontra) na lista dos melhores filmes que vi em 2021. Um filme contemplativo e lento sobre como as guerras são violentas e desprovidas de qualquer sentido. Filmes sobre guerra existem aos montes, mas achei este bem diferente. Sua ambientação lembra a Legião Estrangeira Francesa, embora em nenhum momento qualquer país ou data seja citada no filme, com o provável objetivo que ele seja universal e atemporal.


Eu, Tonya ("I, Tonya", EUA, 2017)
O primeiro filme de sucesso de Margot Robbie como protagonista, que mesmo recebendo 3 indicações ao Oscar não teve repercussão aqui no Brasil. Se trata de um filme biográfico que conta a história da patinadora artística olímpica Tonya Harding, acusada de participar de um caso de agressão física contra sua principal rival. Além de ser obviamente interessante por ser uma história real, não deixa de ser chocante acompanhar toda a carreira da Tonya, e ver como ela foi antecipadamente tratada por todos como "vilã" por não atender os padrões da sociedade... isso bem antes de cometer qualquer ato "criminoso". Ou seja... uma história meio bizarramente Minority Report que nos faz refletir.


O Impossível ("Lo imposible", Espanha, 2012)
Ok, este é mais um dentre centenas daqueles "filmes catástrofes", onde um grupo de pessoas tenta sobreviver perante uma grande tragédia. Porém o primeiro diferencial de O Impossível é que se trata de uma história real, de uma família espanhola que sobreviveu a um tsunami ocorrido em 2004 quando passavam férias na Tailândia. Ainda que o filme tenha seus exageros e melodramas, em geral ele foge desses "clichês" e há várias cenas tocantes, reforçada por grandes atuações. Não tem como não se emocionar.


Maus Momentos no Hotel Royale ("Bad Times at the El Royale", EUA, 2018)
Um de meus diretores favoritos é Quentin Tarantino, e esse Maus Momentos no Hotel Royale, dirigido e escrito por Drew Goddard, surpreendentemente é como se fosse um filme feito por ele. Tirando a trilha sonora "variada e inspirada", todo o resto está lá: dezenas de personagens bizarros, uma trama que mistura muitos diálogos, violência, humor e reviravoltas. No elenco temos, dentre outros: Jeff Bridges, Dakota Johnson, Jon Hamm, Chris Hemsworth, Nick Offerman e Cynthia Erivo. Se você curte Tarantino, não tem erro.


Moonrise Kingdom ("Moonrise Kingdom", EUA, 2012)
Um filme de outro de meus diretores favoritos: Wes Anderson. Assim como Tarantino, os filmes de Wes são bem autorais e característicos; ambos usam dezenas de personagens bizarros, trilha sonora marcante, humor, porém ao invés dos muitos diálogos e violência, Anderson deixa como marca nos seus filmes um enquadramento estático centralizado e a "redenção" de personagens marginalizados. E em Moonrise Kingdom a fórmula não é diferente: duas crianças "estranhas" que não são compreendidas por ninguém se apaixonam e fogem de casa, naquele que é um dos melhores e mais tocantes filmes deste diretor. Fazem parte do elenco estrelado: Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray, Frances McDormand, Tilda Swinton, Jason Schwartzman e Harvey Keitel dentre outros.


A Pele de Vênus ("La Vénus à La Fourrure", França / Polônia, 2013)
Um filme diferente, com apenas dois atores dentro de um teatro. Nele temos um diretor e uma atriz tentando ser contratada para uma peça. Porém a tal peça possui várias referências sadomasoquistas, e ao perceber que o interesse do diretor no assunto vai além do profissional, ela tenta seduzi-lo para obter o papel. O filme é basicamente composto de diálogos, e mesmo sem nenhuma cena "imprópria" ou "explícita", é impressionante como a atriz Emmanuelle Seigner consegue ser incrivelmente sedutora e dominadora. Boa pedida para quem quer ver uma grande atuação, ou gosta de filmes incomuns, ou simplesmente tem interesse pelo tema. Emmanuelle é casada na vida real com Roman Polanski, o diretor deste filme.


Sete Minutos Depois da Meia-Noite ("A Monster Calls", Espanha / EUA / Reino Unido, 2016)
Um filme bem bonito e emocionante que mistura fantasia com drama real, lembrando outros clássicos que fazem essa junção, como por exemplo Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas, ou O Labirinto do Fauno. Ele é menos complexo e menos "adulto" do que as duas obras que citei anteriormente, mas não deixa de ser um ótimo filme por isso.

É hoje! DEZ anos de Cinema Vírgula!!


"Parece que foi ontem!". Há exatos 10 anos, no dia 22 de janeiro de 2012, publiquei neste mesmo endereço o primeiro artigo do Cinema Vírgula.

Até o momento deste texto foram 484 posts, sendo que destes publiquei 368 críticas de filmes (que podem ser todas conferidas aqui). Sim, as críticas são o pilar principal deste blog, entretanto há outros dois tipos de conteúdo aqui dos quais quero destacar.

O primeiro deles são as "Curiosidades Cinema Vírgula", que ainda estão engatinhando já que iniciei esta série apenas ano passado. A idéia é trazer textos rápidos e curiosos sobre a cultura pop. Você pode ler todos eles clicando aqui, mas saibam que o artigo mais lido até o momento foi #006 - O genial e Olímpico italiano Bud Spencer, de Julho de 2021.

Já o segundo tipo de conteúdo são os que mais me orgulho, aqueles artigos que classifico com o marcador "Exclusivo": ou seja, são artigos que vocês só vão encontrar aqui e que não são "opiniões", mas sim uma breve aula sobre algo que considero muito bacana e que queria apresentar a todos vocês. São textos que geralmente envolvem vários dias de minha pesquisa, ou até mais. Para ver meus posts deste tipo, pode-se clicar aqui. O mais lido deles até agora foi essa matéria de 2016 sobre os livros "spin-off" da franquia de Game of Thrones, para não termos que ficar esperando George R. R. Martin lançar material novo, porque afinal de contas, estes outros livros já estão nas livrarias há tempos.


Começando as comemorações dos 10 anos do Cinema Vírgula, algumas horas após a publicação deste artigo vou publicar uma lista com um tema bem especial indicando 10 filmes deste século para vocês assistirem. ;)

E tem mais. Na seqüência, duas críticas de lançamentos de grandes franquias: amanhã, dia 23, será a vez do filme Ghostbusters: Mais Além. E dois dias depois, dia 25, a esperada crítica de Matrix Resurrections


Ah... MUITO OBRIGADO a todos vocês que leram algo do Cinema Vírgula nestes 10 anos!


E para encerrar de forma marcante este texto dos 10 anos, deixo aqui neste artigo 10 cenas de filmes celebrando com um bolo de aniversário. A foto do título deste artigo vêm do filme Entre Facas e Segredos (2019). E agora, segue em ordem cronológica mais 9 cenas para completar as 10 fotos. Abraços e até mais!


...E o Vento Levou (1939)


Os Pássaros (1963)


Karatê Kid: A Hora da Verdade (1984)


Quero ser Grande (1988)


Júnior (1994)


O Mentiroso (1997)


Encontro Marcado (1998)


O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001)


As Horas (2002)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Crítica Amazon Prime - Apresentando os Ricardos (2021)

Título: Apresentando os Ricardos ("Being the Ricardos", EUA, 2021)
Diretor: Aaron Sorkin
Atores principais: Nicole Kidman, Javier Bardem, J.K. Simmons, Nina Arianda, Tony Hale, Alia Shawkat, Jake Lacy
Nota: 7,0

Lucille Ball recebe uma boa homenagem, mas poderia ser melhor

Apresentando os Ricardos, produção original Amazon Prime, conta a história dos casal de artistas Desi Arnaz (Javier Bardem) e Lucille Ball (Nicole Kidman), um dos maiores fenômenos da TV estadunidense de todos os tempos. O nome vêm dos personagens que ambos tinham na sitcom que atuavam, I Love Lucy, onde formavam o casal Ricky e Lucy Ricardo.

O filme se apresenta no formato de documentário - ainda que de documentário não tenha nada já que 100% das cenas são com atores - e conta sobre a suposta semana "mais importante da vida de Desi e Lucille", ocorrida em 1952, onde a dupla tem que resolver nada menos que três enormes crises pessoais com reflexos imediatos em suas carreiras.

Apresentando os Ricardos conta com direção e roteiros de Aaron Sorkin, e como sempre vemos em seus roteiros temos um filme com muitos diálogos inteligentes, rápidos e bem humorados. A escolha de Javier Bardem e Nicole Kidman receberam críticas nos EUA pois ambos não lembram fisicamente o Desi e Lucy reais (e eu concordo com estas críticas), porém o carisma e as ótimas atuações de ambos são um ponto muito forte do filme, e é prazeroso vê-los na tela.

Além das "três crises" o filme traz alguns flashbacks sobre a vida do casal, e assim conhecemos outros momentos de sua história. Algumas (poucas) cenas clássicas de I Love Lucy são regravadas em preto-e-branco, com considerável perfeição, e é outra adição bem vinda. Seja no ano de 1952, ou nos flashbacks, o design de produção é muito bem feito, ainda que não seja algo especialmente impressionante.

Claro que a grande maioria dos diálogos do filme são inventados, mas os fatos trazidos pelo filme não... eles são bem reais (com exceção da ligação de J. Edgar Hoover, essa é uma enorme mentira). Porém o grande problema de Apresentando os Ricardos é seu desleixo com a cronologia: embora as "3 crises" enfrentadas pelo casal tenham acontecido, elas não aconteceram ao mesmo tempo, tiveram intervalo de anos entre elas. Até mesmo o letreiro com as explicações finais, citando a data de 1960, é muito mal interligado ao filme já que ele não cita data nenhuma além desta, tornando seu acréscimo algo confuso e inútil.

Como tributo a Desi Arnaz e Lucille Ball, o filme consegue mostrar o quanto ambos foram grandes, talentosos e revolucionários, e isso é muito bom. E não esqueceram de ressaltar que Lucille não era a "ingênua" que víamos em I Love Lucy, mas sim uma mulher que participava ativamente do processo criativo e dos negócios de sua empresa; e isso é muito bom também. Porém o filme também falha ao ignorar completamente as conquistas de Lucille Ball após se separar do marido... e não foram poucas. Eu já comentei sobre todas elas neste texto aqui, que vale muito a pena ler.

Em resumo, Desi Arnaz e Lucille Ball enfim receberam um filme para serem reapresentados para a geração atual. É um filme bom, divertido e agradável. Mas poderia ter sido maior e melhor. Nota: 7,0

sábado, 15 de janeiro de 2022

Crítica - King Richard: Criando Campeãs (2021)

Título: King Richard: Criando Campeãs ("King Richard", EUA, 2021)
Diretor: Reinaldo Marcus Green
Atores principais: Will Smith, Aunjanue Ellis, Jon Bernthal, Saniyya Sidney, Demi Singleton, Tony Goldwyn, Mikayla Lashae Bartholomew, Daniele Lawson, Layla Crawford
Nota: 7,0

História da "família Williams" é inspiradora e real, porém maquiada

King Richard: Criando Campeãs estreou nos cinemas brasileiros em Dezembro de 2021, e cerca de um mês depois estreou em nosso país via HBO Max. Como o título do filme não esconde, trata-se da história de como Richard Williams (Will Smith) moldou as suas filhas Venus (Demi Singleton) e Serena Williams (Demi Singleton) de uma infância pobre para duas das melhores tenistas de todos os tempos.

A história mostra a vida da família Williams, dando foco em primeiro lugar em Richard, em segundo lugar em Venus, em terceiro lugar na mãe Oracene (Aunjanue Ellis), e só em quarto lugar, com pouco destaque, à Serena. Em linhas gerais, vemos um Richard que sofreu muito ao longo da vida, devido ao racismo e a pobreza, a se transformar em alguém muito obcecado em transformar suas duas filhas com Oracene na salvação financeira da família.

Muitas vezes filmes que contam histórias de personagens reais costumam ser um pouco fantasiosas... e no caso de King Richard: Criando Campeãs isso não acontece. Aqui, felizmente, a história contada é bastante real. Cada evento, em linhas gerais, aconteceram como descrito, o que apenas reforça como a história da família Williams é emocionante e inspiradora.

Há apenas duas "distorções" nos fatos que considero relevante citar... o episódio em que Richard pega uma arma para se vingar dos jovens que o surraram é exagerada (mas aconteceu), e o discurso dele de que Venus e Serena seriam inspiração para as jovens afrodescendentes do mundo. Não é verdade: Richard entrou nisso apenas pelo dinheiro.

Mas o que realmente prejudica a história de King Richard: Criando Campeãs não é o que ela conta, e sim, o que ela não conta. Se tudo o que vimos é "verdade", ao mesmo tempo só vemos o lado "bom" de Richard e de seu relacionamento com suas filhas. O pai Williams era absurdamente duro com Venus e Serena (elas não tinham direito a ter namorados, por exemplo), mas nenhum momento a vemos sofrer ou reclamar com os excessos do pai... parecem estarem felizes o tempo todo. Além disso, Richard tinha vários problemas de humor e de comportamento; possuía várias relações extraconjugais e com isso chegou a ter mais de uma dezena de filhos... sendo que só se importava com Venus e Serena. O filme não mostra nada disso... e em dado momento há um diálogo em que Oracene diz que só não abandonou Richard por causa das filhas. Oras, pelo que o filme mostrou o diálogo nem faz sentido... mas pelo que não é mostrado, tudo ganha novo significado.

Essa "passada de pano" no lado ruim de Richard tem dupla explicação... a primeira é que as irmãs Venus e Serena são produtoras do filme; e a segunda é que isto torna King Richard: Criando Campeãs uma obra bem mais agradável para assistir e para todos os públicos. Soma-se a isso o já famoso grande carisma de Will Smith e mais uma de suas grandes atuações (pela qual ele acaba de receber o Globo de Ouro), e o resultado é um filme que irá divertir uma grande variedade de público. Nota: 7,0

domingo, 9 de janeiro de 2022

Crítica Netflix - A Filha Perdida (2021)

Título: A Filha Perdida ("The Lost Daughter", EUA / Grécia, 2021)
Diretora: Maggie Gyllenhaal
Atores principais: Olivia Colman, Jessie Buckley, Dakota Johnson, Ed Harris, Peter Sarsgaard, Paul Mescal, Dagmara Dominczyk, Jack Farthing, Oliver Jackson-Cohen
Nota: 7,0

Suspense sobre maternidade e relacionamentos é uma boa estréia de Maggie Gyllenhaal

Atriz famosa e conhecida por dezenas de filmes, dentre eles Donnie Darko, Secretária, Batman: O Cavaleiro das Trevas e FrankMaggie Gyllenhaal faz uma dupla estréia em cinemas como roteirista e diretora com o filme A Filha Perdida, que adapta o livro de mesmo nome da escritora italiana Elena Ferrante.

E Maggie vai muito bem: em termos de direção, ela consegue com sucesso montar um clima de suspense e drama que prende o espectador; suas opções para enquadramento e trilha sonora fogem do óbvio e também chamam a atenção. Já em termos de roteiro, é dito que o livro (que não li) ser muito psicológico, com muito das ações passando na mente da protagonista; portanto, ela fez um bom trabalho de adaptação, já que conseguimos entender de maneira natural e eficiente o que a protagonista está pensando através de suas ações e imagens.

Na história, acompanhamos Leda Caruso (Olivia Colman), uma professora de meia idade que resolve passar as férias na Grécia. Ao conhecer na viagem a jovem mãe Nina (Dakota Johnson) e sua filha pequena de 3 anos Elena, Leda começa a se comportar de maneira errática, ao mesmo tempo que começa a lembrar de vários momentos tensos de seu passado. Trata-se de uma história bem diferente sobre a maternidade, pois além de mostrar o lado belo e maravilhoso de ser mãe, também mostra o quanto isto pode ser uma verdadeira prisão. E a conclusão de Leda sobre tudo isso, após seus quase 50 anos de experiência de vida, também foge dos clichês.

Há uma segunda parte da história que foca em relacionamentos, casamentos. O fato dela se envolver com uma família "perigosa", e o próprio nome do filme (quem é a "filha perdida"?) aumentam o elemento suspense, indo além dos traumas psicológicos de Leda.

Olivia Colman, como ótima atriz que é, está muito bem no filme, assim como sua contraparte mais jovem, a atriz Jessie Buckley, que faz Leda nos vários flashbacks. As duas certamente ajudaram Maggie Gyllenhaal a tornar A Filha Perdida uma adaptação bem interessante e bem sucedida.

E por falar em adaptação, é ainda neste assunto que cito a única coisa que não gostei nesse A Filha Perdida: embora seja bastante fiel ao livro, o desfecho do filme é um bocado dúbio, o que não acontece na obra original. Para mim, isto foi uma escolha errada, e se quiserem mais detalhes, leiam o PS no final deste artigo. De qualquer forma, A Filha Perdida é um ótimo filme de drama e suspense, bem acima da média dos filmes originais Netflix. Nota: 7,0.


PS: Sobre o final de A Filha Perdida (a partir daqui teremos um grande spoiler, leia por conta e risco): tanto o livro quanto o filme são parecidos, porém o que faz a grande diferença entre eles é o seu começo. Tanto o filme quanto o livro começam com uma Leda deixando o carro ferida e caindo desmaiada à beira da praia; porém se no filme já pulamos para o começo da história da viagem dela na Grécia, no livro imediatamente após o desmaio ela acorda em um hospital, sã e salva, e aí sim passa a contar a historia de sua viagem, que a levou até ali. Isto faz toda a diferença: no livro, então, temos a certeza de que Leda está viva; mas no filme isto é inconclusivo. Há muitos elementos dizendo que ela está bem na vida real, mas há alguns poucos outros que não... como por exemplo, a laranja que brota magicamente entre suas mãos: isso pode ser um delírio, uma metáfora, ou simplesmente, algo "provando" que ela está já no pós-morte. O filme é, portanto, inconclusivo... não há resposta correta se Leda terminou o mesmo viva ou não.

PS 2: Como curiosidade, Maggie Gyllenhaal é a irmã mais velha de Jake Gyllenhaal, e Peter Sarsgaard, que faz no filme o Professor amante de Leda, é seu esposo na vida real, com quem tem duas filhas.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Retrospectiva Cinema Vírgula 2021: O melhor e o pior do Cinema e da TV, e a lista de filmes assistidos


Feliz 2022! Mantendo a tradição do Cinema Vírgula, começamos o novo ano revendo o que aconteceu no ano que se passou.

Ao contrário do que o mundo esperava, a pandemia de Covid-19 ainda não nos deixou, e embora os Cinemas tenham sido reabertos, tudo ainda acontece com muita restrição. As produções continuam limitadas e reduzidas, shows e eventos proibidos. Como resultado, 2021 foi um ano bem abaixo da média, tanto em qualidade quanto quantidade, e tanto na TV quanto nos cinemas.

Isso em parte justifica o porquê de que 2021 foi de longe o ano em que menos assisti filmes desde que iniciei esse blog há quase 10 anos atrás: foram apenas 50, contra uma média superior a 100 filmes por ano até então. Também assisti menos filmes porque dediquei mais do meu tempo a eventos esportivos (tivemos os Jogos Olímpicos por exemplo), seriados (alguns já antigos) e à leitura de livros e HQs.

Portanto, com material "reduzido" assistido, segue o que eu vi de melhor e pior na TV e nos Filmes em 2021.


Melhores e piores da TV - Seriados
Infelizmente não assisti até agora dois dos maiores sucessos da Netflix em 2021, as séries Maid e Round 6. Mas pelo menos pude assistir e ser surpreendido positivamente com a segunda temporada de The Witcher, que ainda falha ao não explicar direito as relações políticas entre os reinos da série, mas que melhorou bem em relação a já boa temporada anterior e está se tornando uma das minhas séries favoritas da atualidade. Outra série estreante em 2021 que não assisti e está altamente recomendada é Arcane, que certamente assistirei no começo de 2022. E ainda em animes, assisti Demon Slayer, que embora seja de 2019, estreou no Brasil só em 2021 e é excelente. Outra das melhores coisas que vi no ano que passou.

Mas se não assisti muitas séries novas na Netflix, aproveitei para assistir algumas séries "antigas", como as excelentes minisséries de investigação policial Criminal, a qual já fiz uma matéria explicando em detalhes (clique para relembrar). E encerrando os melhores seriados que assisti neste canal de streaming destaco Marte, que infelizmente até já saiu de catálogo. Misturando ficção com documentário, é uma das melhores obras sobre o futuro da exploração humana no planeta vermelho que já assisti até hoje.

No Amazon Prime, não foi este ano que tivemos a terceira temporada de The Boys, porém eles estrearam outro título de super-heróis "para maiores de 18 anos", a animação Invincible, que gostei e aprovo, mesmo que tenha sido muito mais violenta e de qualidade inferior aos respectivos quadrinhos. Também assisti e gostei de Solos, outra tentativa da Amazon de "copiar" o sucesso da concorrente Black Mirror. Deixem nos comentários se quiserem que eu escreva mais sobre esta série. E também aproveitei para enfim conhecer e maratonar a antiga e multi-premiada Fleabag, que embora seja menos engraçada e mais inverossímil do que eu esperava, também recebe meu selo de aprovação.

E encerrando a lista das melhores séries do ano destaco a quinta temporada de Rick and Morty, que se infelizmente ainda não chegou na Netflix, se encontra há tempos disponível na HBO Max. Após uma 4a temporada não tão boa, eles voltaram a melhorar e o mais importante: voltaram a surpreender muito, com um episódio final de temporada que muda (mais uma vez) a maneira com que percebemos os personagens principais do título. Pelo jeito "o" melhor desenho dos últimos anos ainda tem fôlego para mais algumas ótimas temporadas.

Já em termos dos piores do ano, nada se compara ao lixo que foi Mestres do Universo - Salvando Eternia (que também já escrevi a respeito aqui). Mas também tive outras decepções: o live-action de Cowboy Bebop, a temporada final de Outra Vida, e a segunda temporada de Into The Night (que elogiei ano passado) foram bem abaixo do que eu esperava.


Melhores e piores da TV - Filmes
Nem daria para ser outro nome: o grande destaque de "filmes para TV" vai para o tão badalado e tão pedido Liga da Justiça de Zack Snyder, da HBO, que para minha surpresa, foi bem acima do que eu esperava.

Em segundo lugar vêm Dois Estranhos, vencedor do Oscar 2021 de Curta Metragem. Infelizmente a maior parte dos grandes lançamentos ficaram acumulados para o final do ano, então ainda não tive tempo para assistir vários deles... Imperdoável e Tick, Tick.. Boom! e 7 Prisioneiros são três destes exemplos. Aliás este último se trata de um filme nacional que, por algumas semanas, ficou entre o "top 10" dos filmes "não-EUA" mais assistidos no mundo. Dos que assisti, Não Olhe para Cima, The Witcher: Lenda do Lobo, Relatos do Mundo e Oxigênio, todos da Netflix, foram os que mais me agradaram. Aliás, me surpreende a quantidade de pessoas que falaram mal de Oxigênio... mais um filme injustiçado por ser diferente.

No Amazon Prime aproveitei para assistir de uma vez só os 4 filmes da série Rebuild of Evangelion, sendo que apenas o quarto e último deles, intitulado "Evangelion: 3.0+1.01: A Esperança" foi lançado neste ano de 2021. E olha... foi uma experiência surpreendente... aguardem para um artigo sobre estes filmes em breve.

E como sempre acontece nos filmes para TV, a lista de "piores" costuma superar a de melhores. 2021 não foi diferente, mas vou tentar maneirar nas críticas. Na Netflix, entre as piores coisas que vi entram Esquadrão Trovão e O Informante; já no Amazon Prime entre as maiores decepções temos Em Guerra Com o Vovô e Um Príncipe em Nova York 2.

Porém os dois piores filmes para TV de 2021 foram os fraquíssimos America: The Motion Picture (Amazon Prime) e Army of the Dead: Invasão em Las Vegas (Netflix). Ou seja: Zack Snyder conseguiu marcar seu nome no melhor e no pior filme do ano nesta categoria.


Melhores e piores dos Cinemas
Pelo segundo ano consecutivo tivemos um ano bem pobre de lançamentos nos cinemas, com os melhores filmes estreando no começo do ano (aqueles indicados ao Oscar), um grande "vazio" de lançamentos no meio de 2021, e os grandes blockbusters todos acumulados para serem lançados nos meses finais, onde (em teoria) mais salas de cinema estariam disponíveis e mais público estaria vacinado.

O melhor filme de 2021 para mim foi Meu Pai, que não apenas recebeu uma das notas mais altas da história do site, como pela primeira vez aqui no blog recebeu um texto extra, de uma psicóloga, contando sua visão sobre o filme.

Ainda sobre os melhores, na sequencia listo os também muito bons Nomadland, O Som do Silêncio e Duna. Sobre este último, estava bem ansioso por assistí-lo, e fiquei bastante satisfeito com o que vi. Que esta bela franquia consiga ser bem sucedida o suficiente para nos brindar com pelo menos uma trilogia nos cinemas.

Outro filme que gostei bastante mas que ninguém falou nada a respeito aqui no Brasil foi À Espera dos Bárbaros, filme de guerra estrelando Mark Rylance e Johnny Depp, que é um filme leeeeeeeento, contemplativo, mas bem marcante. Sobre os filmes de super-heróis da Marvel, acabei assistindo apenas um, Eternos, e não achei ruim não... dou a ele uma nota 6,5; ainda não assisti o Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, tido como o melhor filme do gênero em 2021, mas o assistirei muito em breve. E, é claro, você terá a crítica aqui no Cinema Vírgula.

E finalmente, falamos sobre os piores do ano, vamos a outro filme de super-heróis... Mulher-Maravilha 1984. Ok, ele foi lançado em 17 de Dezembro de 2020, porém só o assisti em 2021, ano em que ele ainda estava em cartaz nos Cinemas. E ele é tão ruim que merece então esta "licença poética" para entrar na minha lista de piores de 2021. Mulher-Maravilha 1984 tem um roteiro tão ruim, e tão desalinhado com o mundo atual que - repito o que escrevi em sua crítica - parece ter sido escrito por algum rival para ser propositalmente péssimo.


Top 5: os mais lidos do Cinema Vírgula em 2021
Os artigos mais acessados deste ano, para minha surpresa, são de temas que representam o passado, revelando o lado saudosista dos meus leitores. Vejam quais foram:
Lista dos filmes que assisti em 2021
Finalizando, segue a lista de todos os filmes que assisti em 2021; novos ou antigos, sendo a primeira vez que os vi ou não. Como disse anteriormente, neste ano foram apenas 50.

Abaixo segue a lista. Os filmes em laranja negrito e com um (*) são aqueles a que dou uma nota de no mínimo 8,0 e portanto, recomendo fortemente.

007 - Sem Tempo Para Morrer ("No Time to Die", EUA / Reino Unido, 2021)
2021 Nunca Mais ("Death to 2021", EUA, 2021)
Alerta Vermelho ("Red Notice", EUA, 2021)
Ataque dos Cães ("The Power of the Dog", Austrália / Canadá / EUA / Nova Zelândia / Reino Unido, 2021)
America: The Motion Picture (idem, EUA, 2021)
Army of the Dead: Invasão em Las Vegas ("Army of the Dead", EUA, 2021)
Bela Vingança ("Promising Young Woman", EUA / Reino Unido, 2020)
Cruella (idem, EUA / Reino Unido, 2021)
Cry Macho: O Caminho para Redenção ("Cry Macho", EUA, 2021)
Demon Slayer - Mugen Train: O Filme ("Kimetsu no Yaiba: Mugen Ressha-Hen", Japão, 2020)  (*)
Dois Estranhos ("Two Distant Strangers", EUA, 2020)  (*)
Druk - Mais Uma Rodada ("Druk", Dinamarca / Holanda / Suécia, 2020)
Duna ("Dune: Part One", Canadá / EUA, 2021)  (*)
Em Guerra Com o Vovô ("The War with Grandpa", Canadá / EUA / Reino Unido, 2020)
À Espera dos Bárbaros ("Waiting for the Barbarians", EUA / Itália, 2019)
A Escavação ("The Dig", Reino Unido, 2021)
O Esquadrão Suicida ("The Suicide Squad", Canadá / EUA / Reino Unido, 2021)
Esquadrão Trovão ("Thunder Force", EUA, 2021)
Eternos ("Eternals", EUA / Reino Unido, 2021)
Evangelion: 1.11 Você (Não) Está Sozinho (Evangerion Shin Gekijoban: Jo, Japão, 2007)
Evangelion: 2.22 Você (Não) Pode Avançar (Evangerion Shin Gekijoban: Ha, Japão, 2009)  (*)
Evangelion 3.33: Você (Não) Pode Refazer (Evangerion Shin Gekijoban: Kyu, Japão, 2012)  (*)
Evangelion: 3.0+1.01: A Esperança (Shin Evangerion Gekijoban:||, Japão, 2021)
Fuja ("Run", Canadá / EUA, 2020)
O Informante ("The Informer", Canadá / EUA / Reino Unido, 2019)
Kate (idem, EUA, 2021)
Liga da Justiça de Zack Snyder ("Zack Snyder's Justice League", EUA / Reino Unido, 2021)  (*)
Um Lugar Silencioso: Parte II ("A Quiet Place Part II", EUA, 2020)
Mank (idem, EUA, 2020)
Meu Pai ("The Father", França / Reino Unido, 2020)  (*)
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite ("Midsommar", EUA / Suécia, 2019)
As Mortes de Dick Johnson ("Dick Johnson Is Dead", EUA, 2020)
Mulher-Maravilha 1984 ("Wonder Woman 1984", Espanha / EUA / Reino Unido, 2020)
A Mulher na Janela ("The Woman in the Window", EUA, 2021)
Mussum: Um Filme do Cacildis (idem, Brasil, 2019)
Não Olhe para Cima ("Don't Look Up", EUA, 2021)
Nomadland (idem, Alemanha / EUA, 2020)  (*)
Oxigênio (Oxygène, EUA / França, 2021)
Pelé (idem, Reino Unido, 2021)
Um Príncipe em Nova York 2 ("Coming 2 America", EUA, 2021)
Quem Não Corre, Voa ("The Cannonball Run", EUA / Honk Kong, 1981)
Relatos do Mundo ("News of the World", China / EUA, 2020)
Rosa e Momo ("La Vita Savanti a Sé", Itália, 2020)
O Segredo ("The Secret", Austrália / EUA, 2006)
O Som do Silêncio ("Sound of Metal", EUA, 2020)  (*)
Soul (idem, EUA, 2020)
Tempo ("Old", EUA / Japão, 2021)
The Witcher: Lenda do Lobo ("The Witcher: Nightmare of the Wolf", Coréia do Sul / EUA, 2021)
Untold: Briga na NBA ("Untold: Malice at the Palace", EUA, 2021)
Viajantes - Instinto e Desejo ("Voyagers", EUA / Reino Unido / República Checa / Romênia, 2021)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Dupla Crítica Filmes Netflix - Ataque dos Cães (2021) e Não Olhe para Cima (2021)


Encerrando a safra de críticas de filmes 2021 do Cinema Vírgula em dose dupla: mais dois lançamentos da Netflix, ambos de Dezembro, e ambos repletos de estrelas Hollywoodianas. Mas será que as obras resultantes valeram a pena de todo o investimento feito pela empresa do logotipo vermelho? Confiram!


Ataque dos Cães 
(2021)
Diretora: Jane Campion
Atores principais: Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst, Jesse Plemons, Thomasin McKenzie, Kodi Smit-McPhee

Elogiado pela crítica especializada e apontado como futuro candidato a várias indicações ao Oscar, Ataque dos Cães tem de fato algumas qualidades que atraem a Academia, como o tema, a fotografia e algumas atuações. Mas confesso ter esperado bem mais do filme, já que ele causou tanto burburinho.

A trama, baseada em um livro de mesmo nome, se passa em 1925 em um rancho no Oeste estadunidense, administrado pelos jovens irmãos Burbank. George (Jesse Plemons) se encanta e se casa com a viúva Rose (Kirsten Dunst); por sua vez Phil (Benedict Cumberbatch) rejeita fortemente à esta união, pois enxerga Rose como uma aproveitadora em busca do dinheiro de sua família. As implicâncias de Phil também recaem em cima de Peter (Kodi Smit-McPhee), filho de Rose vindo do casamento anterior, o qual possui comportamento frágil e afeminado. O drama praticamente é todo sobre os confrontos entre Phil, Rose e Peter.

Só há uma coisa em Ataque dos Cães que receberá meus altos elogios: as atuações de Kodi Smit-McPhee e Benedict Cumberbatch. Aliás este último está realmente muito bem, praticamente sem demonstrar seu sotaque britânico (o que comprometeria seu personagem). Cumberbatch levou seu papel tão a sério que optou por de fato fumar cigarros o tempo todo durante as filmagens (o que o levou ao hospital por três vezes por intoxicação), não tomar banho na vida real, e também evitar se encontrar com Kirsten Dunst fora das cenas, para não desenvolver amizade.

Mas apesar de sua atuação, o personagem de Cumberbatch no filme tem seus defeitos. Primeiro porque apesar de não gostar de tomar banho, ou de limpeza em geral, note que ele nunca aparece em cena "sujo", ou com a barba mal feita, ou ainda, com as roupas em mal estado. Para mim é incoerente. Outro ponto é a revelação do porquê Phil ser tão homofóbico e misógino: chega a decepcionar de tão clichê.

Outro ponto costumeiramente elogiado pela crítica é o estudo dos personagens, no qual também vejo alguns defeitos. Por exemplo, apesar de passar bastante tempo "explicando" a vida de Phil e Peter, não fica claro o motivo por qual Phil resolve se aproximar do garoto. Seria apenas outra maneira de irritar Rose? Seria porque ele via em Peter seu passado? Ou seria apenas uma maneira de "comprá-lo"? Não sabemos... e tempo para explicações houve de sobra.

Por outro lado, é um acerto que Ataque dos Cães consiga no geral ser bem eficiente em nos explicar os sentimentos e ações dos quatro personagens principais de maneira sutil, sem didatismo, prestigiando apenas o espectador mais atento. Temos vários duelos "psicológicos" interessantes e tensos ao longo do filme.

Em resumo, o conflito entre os quatro protagonistas não traz nada de novo, mas o filme se mantém interessante o tempo todo graças às atuações, principalmente para Phil e Peter. E como bônus, o final é um bocado surpreendente. Nota: 6,0.

PS: Jesse Plemons e Kirsten Dunst são um casal na vida real, já tendo dois filhos juntos, e foram chamados para a produção "de última hora", substituindo outros atores. Kirsten não aparecia em filmes desde 2017, embora continuasse atuando em séries de TV.



Não Olhe para Cima
 (2021)
Diretor: Adam McKay
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Rob Morgan, Jonah Hill, Mark Rylance, Tyler Perry, Timothée Chalamet, Ron Perlman, Ariana Grande, Kid Cudi, Himesh Patel, Melanie Lynskey, Paul Guilfoyle

Lançado mundialmente em 24 de Dezembro, como último grande lançamento do ano da Netflix, e com enorme elenco de estrelas (é só conferir a lista resumida dos nomes na linha anterior), Não Olhe para Cima é obviamente, e mais do que qualquer coisa, um ataque ao negacionismo científico e uso da mesma pelos políticos.

Na trama, a universitária Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) e seu professor, o cientista Dr. Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) acabam descobrindo que um cometa de tamanho maior do que causou a extinção dos dinossauros está em rota certa de colisão com a Terra. Ao levar o problema para a Presidente Orlean dos EUA (Meryl Streep), e ao perceber que a mesma não deu atenção ao fato, a dupla leva o alerta à mídia, que supreendentemente também não liga muito para o que foi dito, comportamento imitado pelo público em geral.

Se os ataques - repito - são principalmente aos políticos negacionistas e reacionários de direita, o roteiro também disparara sua metralhadora às redes sociais, à futilidade das celebridades, ao sensacionalismo e parcialidade da imprensa, aos gênios empreendedores como Steve Jobs e Elon Musk... enfim, à sociedade ocidental atual.

E é desanimador constatar que o roteiro é muito bom em suas denúncias... de fato vivemos momentos lastimáveis como sociedade. Hoje vivemos em um mundo tão perdido que todos os absurdos mostrados em Não Olhe para Cima são tão cotidianos que nem fazem rir... Sim, o filme tenta ser uma comédia, mas apesar do bom roteiro e de algumas boas piadas e ironias, acaba sendo mais um documentário que registra os tempos atuais.

Mesmo não fazendo rir muito, Não Olhe para Cima vale a pena pelo que nos faz refletir - além de nos divertir com seu elenco estrelar. Eu até daria uma nota maior ao filme se ele fizesse rir mais... e tenho uma teoria de que isso não acontece porque ele foi lançado "tarde demais"... Já estamos vivendo há 2 anos na pandemia de Covid-19, Trump nem é mais o presidente dos EUA... só restou Bolsonaro, que aliás é uma versão piorada e mais irresponsável do próprio ex-governante estadunidense que o filme procura ridicularizar. Em outras palavras, talvez uma piada de 2 anos não tenha mais tanto efeito... mas pelo menos ela sempre nos fará pensar. Nota: 7,0.

PS: Há duas cenas pós créditos em Não Olhe para Cima. Vá até o fim e não perca nenhuma delas ;)

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Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...