domingo, 21 de março de 2021

Crítica Netflix - Mank (2020)

Título: Mank (idem, EUA, 2020)
Diretor: David Fincher
Atores principais: Gary Oldman, Amanda Seyfried, Lily Collins, Arliss Howard, Tom Pelphrey, Sam Troughton, Ferdinand Kingsley, Tuppence Middleton, Tom Burke, Charles Dance
Nota: 7,0

Filme traz Herman J. Mankiewicz como herói e se contém nas críticas

Filme produzido pela Netflix, Mank ganhou reconhecimento público semana passada, quando a Academia de cinema estadunidense concedeu ao filme 10 indicações ao Oscar 2021, número bem superior aos demais concorrentes. Sua história é sobre Herman J. Mankiewicz, roteirista famoso por Cidadão Kane (1941), apontado com certa frequência como o melhor filme de todos os tempos.

Na verdade, Mank é um filme de bastidores "duplo": a história se divide mostrando um Herman que já sofre considerável rejeição dos estúdios de Hollywood, e que se encontra recluso e imobilizado em uma fazenda, se recuperando de um acidente de carro, e em paralelo correndo contra o tempo escrevendo o roteiro de Cidadão Kane. A outra parte percorre pelo cinema dos anos 30, mostrando a vida dentro das grandes companhias e como Mankiewicz chegou até aquela situação em sua carreira.

E a "resposta" é que Mankiewicz teve sua carreira prejudicada pelo alcoolismo, e por ser uma pessoa de opinião forte que não se calava diante de injustiças. Ao final do filme, Mank (Gary Oldman) é retratado como um herói, por ter conseguido superar os vícios, a pressão dos poderosos Louis B. Mayer (Arliss Howard) e William Randolph Hearst (Charles Dance), e por "enfrentar" seu contratante Orson Welles (Tom Burke). Porém este triunfo não é compartilhado com os fatos reais, já que após Cidadão Kane, Herman continuou com os problemas de antes: seus vícios, e sendo um profissional errático longe de seus tempos áureos.

Tecnicamente o filme é muito bom, a fotografia em branco-e-preto é excelente, assim como a trilha sonora, os figurinos, e o design de produção. Porém sua edição, com várias idas e vindas entre "presente" e "passado", somada à uma introdução menor do que o necessário aos diversos personagens da trama, faz com que Mank não seja tão fácil de acompanhar por um espectador que não conhece a história real das personalidades apresentadas.

Ironicamente, em um filme sobre um grande roteirista, o que menos gostei foi seu roteiro. Não que seja ruim, mas a meu ver, Mank traz uma história "leve" demais. Apesar de seus vícios, não chegamos a ver Mankiewicz efetivamente sofrer por eles; ao insinuar uma Hollywood cruel nos anos 30, onde empregados são explorados e os estúdios seguem os interesses de políticos conservadores, são poucas as cenas onde "de fato" vemos estas maldades sendo aplicadas. Minha maior decepção foi o pouco que se comentou da vida de William Randolph Hearst: afinal, Cidadão Kane foi feito especificamente para criticá-lo... queria entender o porquê disso em detalhes, e não consegui respostas.

Mank chega a ser historicamente bastante fiel em vários pontos, mas em outros não. Por exemplo, as cenas de Mankiewicz "brigando" contra a manipulação nas eleições são todas inventadas, e o fato de Orson Welles ter oferecido dinheiro ao roteirista para tirar seus créditos de Cidadão Kane é um boato que nunca foi provado ou mesmo comentado por Welles ou Mankiewicz na vida real.

Se o filme peca ao não ser marcante ou contundente em qualquer coisa que faça, pelo menos é uma obra bem agradável de se assistir. O filme é dinâmico e as vezes até bem humorado. Não é uma surpresa tão grande, portanto, que Mank tenha sido tão bem visto pela Academia dos Oscars... afinal, ela ama histórias que auto homenageiam o cinema... e se for pra fazer isto sem colocar seus grandes nomes do passado em situações complicadas, para eles melhor ainda. Nota: 7,0

quinta-feira, 18 de março de 2021

Crítica - Mulher-Maravilha 1984 (2020)

 

Título: Mulher-Maravilha 1984 ("Wonder Woman 1984", Espanha / EUA / Reino Unido, 2020)
Diretora: Patty Jenkins
Atores principais: Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig, Pedro Pascal, Robin Wright, Connie Nielsen, Lucian Perez, Gabriella Wilde
Nota: 4,0

A DC Comics parece querer perder dos filmes da Marvel de propósito...

Poucas vez na história um filme teve um nome tão apropriado como este Mulher-Maravilha 1984. Não apenas pelo bom figurino e ambientação simulando os anos 80, mas principalmente, porque o filme parece ter sido feito em 1984: um roteiro mais inocente e deslocado da realidade, o colorido, a maneira com que as cenas são filmadas... com bem mais closes e ambientes fechados do que o padrão atual para filmes de "aventura". Ao assistir este novo lançamento da DC, a impressão que se tem é uma verdadeira volta ao passado.

Porém, se a volta aos anos 80 é bem reproduzida, ela é feita recuperando algumas das piores características das produções da época: efeitos especiais (e são muitos) mal feitos, personagens caricatos com atuações exageradas, drama e humor misturados sem sentido, erros de continuidade... e um roteiro que literalmente parou no tempo... Sabem aquela série do Batman com Adam West dos anos 60? Hoje ele nos diverte porque seu absurdo roteiro nunca se preocupou com a realidade... e este Mulher-Maravilha 1984 faz o mesmo que tantos filmes oitentistas fizeram (e justamente por isso envelheceram muito mal para os dias atuais): tem o mesmo roteiro simplório dos anos 60 porém tentando se levar a sério.

É simplesmente inacreditável que ainda hoje se gaste 200 Milhões de Dólares para fazer um filme tão ruim. Dá a impressão que a DC Comics quer perder da concorrente Marvel de propósito. Uma vergonha. Mulher-Maravilha 1984 provavelmente tentou surfar em duas ondas atuais: o saudosismo pela cultura pop das décadas passadas (bem explorado nas franquias Guardiões da Galáxia e Stranger Things) e o empoderamento feminino. Pena que falha miseravelmente em ambos.

Para começar, porque são tendências contraditórias: de que adianta querer mostrar ao mundo uma heroína forte e independente, se ao simular os anos 80 ela é totalmente apaixonada e dependente do galã? De que adianta voltar ao passado para recuperar dele apenas as partes ruins? O que fez Patty Jenkins (uma das poucas diretoras famosas de Hollywood, e também diretora do primeiro filme) para prestigiar as mulheres aqui? Desta vez, a diretora também co-escreve o roteiro (primeira vez que ela atua como roteirista desde 2003, quando era uma desconhecida) e não aproveita o momento... aparentemente o único "toque feminino" no texto é ele ficar discutindo sobre roupas e moda. Triste.

Outro exemplo de trazer coisas ruins dos anos 80 é a infeliz cena da criação do "Jato Invisível"... fato desnecessário pelo próprio roteiro já que tempos depois a Mulher Maravilha aprende a voar. Esta cena seguinte não só é bem mal feita em termos de efeitos especiais, como contradiz o que vimos nos filmes cronologicamente posteriores em que a heroína aparece: afinal, tanto em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) quanto em Liga da Justiça (2017) ela não voa.

Mulher-Maravilha 1984 recebeu 2 indicações ao Framboesa de Ouro 2021, incluindo uma de "pior filme continuação"... e olha, foi bem merecido. Dentre todas as longas e enfadonhas 2h30min de projeção, o único momento que verdadeiramente apreciei no filme foi o das cenas pós-créditos com Lynda Carter, a primeira Mulher Maravilha da TV. Menos mal, né? Melhor ficar feliz por um minuto do que nenhum. Nota: 4,0

segunda-feira, 15 de março de 2021

Saiu hoje a lista de indicados para o Oscar 2021! Veja aqui um resumo do que é mais relevante, e como assistir vários destes filmes em sua casa!


Saiu hoje! A lista de indicados o 93º Academy Awards, vulgo Oscar 2021. Como fato principal e histórico - porém totalmente compreensível devido a pandemia de Covid-19 - pela primeira vez as empresas de streaming dominaram as indicações: a Netflix ficou em primeiro lugar, com 35 indicações, seguida do Amazon Prime, com 12 indicações. E apenas em terceiro lugar começam a aparecer os estúdios de cinema, com Disney e Warner empatadas com 8 indicações cada.

Para indicados a Melhor Filme, temos oito nomes. Segue abaixo a lista dos filmes, com o total de indicações recebidas de cada um ao lado, entre parênteses:

Por enquanto, destes 8, apenas Os 7 de Chicago já teve crítica publicada aqui no Cinema Vírgula. Mank, foi outro filme que já assisti, e publicarei sua crítica no final de semana.

Até o dia da cerimônia chegar - 25 de Abril - certamente irei assistir vários outros filmes e contar para vocês aqui sobre eles. E nem precisa esperar meu texto... vários filmes você pode assistir do conforto da sua casa: Mank e Os 7 de Chicago podem ser assistidos na Netflix, e o O Som do Silêncio no Amazon Prime.

E mesmo que ainda não estejam concorrendo ao prêmio de Melhor Filme, da Netflix receberam múltiplas indicações Dois Papas, Era Uma Vez Um Sonho, A Voz Suprema do Blues e Relatos do Mundo; e do Amazon Prime tivemos também Borat: Fita de Cinema Seguinte e Uma Noite em Miami. Quase todos estes já receberam críticas minhas. Só clicar nos links!

Continuando com os principais destaques das indicações, pela primeira vez na história tivemos duas diretoras indicadas entre os 5 candidatos de Melhor Direção: Chloé Zhao (por Nomadland) e Emerald Fennell (por Bela Vingança); além disto, sendo chinesa, Chloé é a primeira diretora "não branca" a receber esta indicação.

Se ano passado a Coréia do Sul fez história de consagrando com o filme Parasita, ela foi prestigiada mais uma vez, agora com Steven Yeun e Youn Yuh-Jung sendo indicados respectivamente ao prêmio de Melhor Ator e de Melhor Atriz, ambos pelo filme Minari. São as primeiras indicações para sul-coreanos em atuação.

E encerrando os destaques, com nova indicação à Melhor Atriz, Viola Davis (A Voz Suprema do Blues) bateu o recorde de atriz negra com mais indicações ao Oscar (agora são 4). Lembrando que este mesmo filme tem a última aparição de Chadwick Boseman (o saudoso e falecido Pantera Negra), e ele também recebeu indicação: está disputando o Oscar de Melhor Ator.

Quer se manter informado sobre os filmes do Oscar até a cerimônia no final de Abril? Continue acompanhando o Cinema Vírgula!

sábado, 13 de março de 2021

Dupla Crítica Filmes Netflix - A Escavação (2021) e Pelé (2021)


Mais dois lançamentos da Netflix, que embora envolvam pessoas famosas, não tiveram muito destaque nas mídias especializadas. O primeiro é uma história de ficção, embora sobre um fato histórico real. E o segundo é um documentário sobre nosso Rei Pelé. Confiram!



A Escavação (2021)
Diretor: Simon Stone
Atores principais: Carey Mulligan, Ralph Fiennes, Lily James, Johnny Flynn, Ben Chaplin, Ken Stott, Archie Barnes

A história real por trás de A Escavação é muito interessante: uma das maiores descobertas arqueológicas do século XX, um barco funerário anglo-saxão com mais de 200 artefatos enterrados, com 1500 anos de idade. E tão incrível quanto, foi descoberto graças a uma cidadã "comum", entusiasta da arqueologia.

Entretanto, e infelizmente, este filme sobre a descoberta passa longe de ser igualmente empolgante. Mesmo a presença de 4 atores britânicos bem conceituados e de considerável sucesso Hollywoodiano não foram capazes de compensar o fraco roteiro. Carey Mulligan e Ralph Fiennes até estão muito bem, uma das melhores coisas de A Escavação; porém Lily James e Ben Chaplin são tão mal aproveitados que dá até raiva.

As paisagens do campo britânico são maravilhosas, e o filme transpira um convincente amor pela arte e a arqueologia. Porém, nem mesmo "a estrela desta história", que seriam os objetos arqueológicos encontrados na escavação, ganha muita atenção. Passamos o filme todo ouvindo o quanto aquela descoberta é fantástica, mas não vemos quase nada do que foi retirado. Muito decepcionante. Ao invés de focar na arqueologia, ou até no momento histórico da época (começo da 2a Guerra Mundial, que inclusive é propagandeado no trailer mas também é ignorado pelo filme), a trama se preocupa mais em ficcionar sobre os personagens... aí temos então um amor platônico entre os personagens de Mulligan e Fiennes e o infeliz casal de Lily e Ben Chaplin: a esposa mal amada porque seu marido é secretamente gay. Tudo invenção, em um melodrama mal construído.

Como mérito, A Escavação é uma boa ode de amor à arqueologia, e serve também para levar o mundo a redescobrir esta importante descoberta arqueológica. Se o filme falha ao não mostrar os objetos escavados, pelo menos em termos de figurinos e cenários é bastante preciso e interessante. Além disto, é uma boa oportunidade para vermos o bom trabalho de Ralph Fiennes e do arqueólogo real que ele interpreta, Basil Brown. Finalizando, a bela fotografia é outro considerável atrativo de A Escavação, mas mesmo com estas qualidades listadas neste parágrafo, A Escavação se apresenta como um filme apenas médio que não faz jus à descoberta que o inspirou. Nota: 6,0.



Pelé (2021)
Diretores: Ben Nicholas, David Tryhorn
Atores principaisPelé

Coube a um grupo de ingleses, e não de brasileiros, trazer para a Netflix um documentário exclusivo sobre o Rei do Futebol. Não é surpresa, entretanto, visto que nosso país relembra tão mal sua própria história.

E por falar em história, é justamente o choque da passagem do tempo a primeira cena do filme Pelé: com seus 80 anos, o Rei aparece em cena andando com muita dificuldade e um andador, em direção à cadeira onde ele irá contar sua história. Além da idade, o ídolo passou por uma cirurgia mal sucedida nos quadris, e agora ele passa maior parte do tempo em uma cadeira de rodas.

E então o filme começa a contar, principalmente, sobre os "bastidores" da carreira de Pelé. São 5 atos: seu início como jogador, e depois, as 4 Copas do Mundo disputadas. Sim, enquanto as histórias são contadas - não só por Pelé, mas também por mais uma dezena de convidados - temos imagens de suas partidas (e diga-se de passagem, MAIS uma vez as pessoas poderão ter a oportunidade de VER que só o que o Pelé fez na Copa de 1958 já foi mais que o Messi e o Cristiano Ronaldo fizeram em toda carreira); mas ainda assim, o destaque do filme fica mais para o fora de campo.

Um dos "defeitos" desta obra é que mesmo escolhendo apenas 5 passagens da carreira do jogador, o filme é curto demais para contar sobre elas, ou ainda, explicar o impacto de Pelé no futebol e no Brasil. Em outras palavras, você assiste a Pelé, conhece e se encanta com o jogador, mas ainda assim quando o filme acaba você não fica com a impressão de que aprendeu sobre ele.

Outra característica curiosa deste Pelé é a sua politização: durante todo o filme há uma narrativa paralela sobre o "fantasma da ditadura" e a "omissão" de Pelé a respeito. Este foco não deixa de ser interessante, onde por exemplo no país há toda uma nova geração que, por desconhecimento, acha que a ditadura não foi ruim. Neste sentido, é bom que Pelé relembre a opressão do passado. Por outro lado, as "acusações" a Pelé são injustas... alguns convidados, como principalmente Juca Kfouri, o defendem convincentemente; ainda assim a edição é um pouco injusta com o Rei do Futebol, e o filme não chega a inocentá-lo. Por mim, Pelé não merecia isto.

Pelé também impressiona pela sua humildade e simplicidade, tanto nas cenas do passado como nos depoimentos atuais, vários deles bem emocionados. Mas novamente, a edição não consegue ser favorável ao ex-jogador, concluindo sua história com um tom muito mais melancólico do que triunfante.

Apesar de seus problemas, o pouco que Pelé mostra sobre a história do nosso futebol e da nossa política é bastante interessante e instrutivo, mesmo sendo apenas um "recorte". Para quem gosta então destes assuntos, o filme é uma obra que merece e precisa ser assistida. Nota: 6,0

quarta-feira, 10 de março de 2021

Crítica Netflix - Relatos do Mundo (2020)


Título
: Relatos do Mundo ("News of the World", China / EUA, 2020)
Diretor: Paul Greengrass
Atores principais: Tom Hanks and Helena Zengel
Nota: 7,0

Bom faroeste com recado político atual

Ainda que não seja uma produção Netflix (seu direito de exibição foi comprado para exibição via streaming no mundo todo menos EUA), Relatos do Mundo é mais um lançamento de Faroeste que chega em nossas TVs, desta vez com a estrela Tom Hanks como grande nome e protagonista.

Nesta história que se passa alguns anos após o fim da Guerra Civil Estadunidense (ou seja, por volta do ano de 1870), e baseada em um livro de mesmo nome, conhecemos a vida do Capitão Kidd (Tom Hanks), que viaja pelo país lendo notícias de jornal em público em troca de dinheiro. Em uma de suas viagens ele encontra a menina Johanna (Helena Zengel), que há muitos anos foi sequestrada pelos índios Kiowa e a criou como tal. Kidd coloca como sua missão atravessar os EUA para levar a garota até seus verdadeiros familiares.

Se trata portanto de um road movie, mas que por se tratar de faroeste, como geralmente acontece, mostra o pior do ser humano. A diferença aqui é que os defeitos escolhidos para criticar fazem referência ao mundo atual: racismo, violência à mulher, e manipulação da população através de notícias (que nem sempre são verdadeiras).

As atuações de Hanks e da menina Helena são boas e o grande atrativo do filme. Helena Zengel, aliás, é favorita a receber alguma das indicações de Melhor Atriz Coadjuvante no Oscar desse ano (vamos descobrir se isto vai se realizar daqui há poucos dias, em 15 de Março). Mas embora eu tenha gostado bastante do trabalho da garota, não acho que mereceria tanto.

Em termos técnicos o filme também não decepciona, principalmente pela boa música e boa fotografia. O diretor Paul Greengrass, bem mais conhecido pelos filmes da franquia Bourne, também faz um bom trabalho.

Relatos do Mundo mistura faroeste, política e a humanidade da atuação de Tom Hanks para entragar um filme tocante, as vezes tenso, e com certo recado político e moral. Dentre os poucos filmes que têm chegado até nós devido o confinamento necessário pela pandemia de Covid-19 - e que acaba de alcançar a marca de 1 ano - é um dos melhores lançamentos que vi recentemente. Nota: 7,0.

domingo, 7 de março de 2021

Crítica Amazon Prime - Um Príncipe em Nova York 2 (2021)


Título: Um Príncipe em Nova York 2 ("Coming 2 America", EUA, 2021)
Diretor: Craig Brewer
Atores principais: Eddie Murphy, Arsenio Hall, Jermaine Fowler, Leslie Jones, Tracy Morgan, KiKi Layne, Shari Headley, Wesley Snipes, James Earl Jones, John Amos, Teyana Taylor, Vanessa Bell Calloway, Paul Bates
Nota: 5,0

A nostalgia é a única coisa boa deste caça-níqueis

Assim que fiquei sabendo que este filme seria lançado, corri para assistir a sua primeira produção, Um Príncipe em Nova York (1988). Apesar do grande sucesso de público na época, a verdade é que o filme nunca foi tão bom... embora tivesse seus momentos divertidos e trouxesse pela primeira vez um Eddie Murphy maquiado fazendo vários personagens de gênero e idade diferentes (sim, isso um dia foi uma novidade). E, para piorar, Um Príncipe em Nova York envelheceu mal, graças a seu roteiro simplório e inocente, que desagrada ainda mais hoje em dia. Mesmo assim, é um filme de qualidade suficiente para você passar um bom tempo em uma "Sessão da Tarde".

Quando vi o primeiro trailer de Um Príncipe em Nova York 2, já fiquei bem desconfiado: para quem assistiu ao primeiro filme, imaginar que o Príncipe Akeem teria deixado um filho bastardo em NY chega a ser ofensivo. Até tentei dar uma chance... pensei que apesar da "forçação" inicial o restante da trama poderia compensá-la, ou ainda, que o ator que faria o "novo" príncipe poderia ser uma grata surpresa. Nem um nem outro: a trama é ainda pior que a do filme anterior, e o ator que faz o filho de Akeem, Jermaine Fowler, é fraco e sem carisma.

Uma pena. Até porque o esforço da produção para reviver o sucesso do passado foi considerável: além de figurinos e cenários muito bons, eles conseguiram trazer praticamente todo elenco do primeiro filme. O único personagem relevante que não retornou foi a Rainha, mas só porque a atriz Madge Sinclair infelizmente faleceu cedo, em 1995. E é justamente neste apelo às lembranças do passado que Um Príncipe em Nova York 2 mais agrada, além do carisma do elenco original. A única chance de assistir esta continuação e se divertir um pouco é tendo o primeiro filme fresco na memória.

E se o elenco original agrada tanto, é difícil entender porquê os novos personagens são tão fracos... após mais de 30 anos de ausência, bem que daria para pensar em uma trama melhor... Aliás, um filho bastardo nem era necessário, já que a trama sequer passa nos EUA, ficando na maior parte em Zamunda. Esta escolha de localidade tem prós e contras: se por um lado agora aprendemos e rimos mais da cultura deste povo sui generis, por outro lado o filme perde a chance de fazer piadas comparando os EUA de hoje com o de 3 décadas atrás.

Após alguns dias de lançamento, as notícias mostram que Um Príncipe em Nova York 2 não agradou nem a crítica especializada como o público em geral. Como conclusão, ele entra para a história como outra boa oportunidade desperdiçada, e é uma experiência razoavelmente agradável apenas para quem se lembra bem do primeiro filme. Nota: 5,0.



PS: não posso deixar de comentar que o primeiro filme, Um Príncipe em Nova York, tem uma das melhores "aparições especiais" de todos os tempos: em um determinado momento, o Príncipe Akeem presenteia dos velhos mendigos com uma quantidade enorme de dinheiro vivo. E quem são esses mendigos? São os atores Don Ameche e Ralph Bellamy continuando seus papéis dos (agora) falidos ex-milionários irmãos Duke após os eventos do filme Trocando as Bolas (1983), que também tinha Eddie Murphy como um dos protagonistas e é um filme beeem mais divertido que estes dois do Príncipe.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Os 8 Melhores Consoles de Videogame de Todos os Tempos


Já vi dezenas de listas sobre os "melhores consoles de todos os tempos", e nenhuma ficou muito próxima da minha. Talvez por que quem escreve estes rankings não acompanhou o mercado de videogames desde o começo, quando "tudo era mato", como eu tive oportunidade de fazer? rs. Não sei. Enfim, seguem aqui os 8 consoles de videogame que mais admiro (não inclui os portáteis, apenas consoles "de mesa"). Eles estão listados abaixo em ordem cronológica de lançamento, mas se quiserem ver o ranking numerado com a minha preferência, só vão encontrá-lo no final do artigo rs.



Atari 2600 (EUA, 1977, 2ª geração)


Por mais "toscos" que seus jogos possam parecer nos dias de hoje, o Atari 2600 não só foi o primeiro videogame que joguei, mas também foi o primeiro videogame de dezenas de milhões de jogadores em todo o mundo. Foi o primeiro console "para se jogar em casa" que se tornou verdadeiramente popular, e seu modelo de negócio é base de toda a indústria de videogames atual. Por exemplo, foi o Atari 2600 (originalmente lançado como Atari VCS) quem popularizou os cartuchos ROMs que seriam usados por consoles posteriores por décadas.

O Atari 2600 foi certamente o responsável por inserir videogames na casa das pessoas do Ocidente; e se não o fez no Oriente (que o Atari não alcançou), pelo menos ele foi a fagulha que proporcionou à Nintendo a coragem de lançar seu primeiro "home" console alguns anos depois, o NES.

Com limitadíssimas capacidades de gráfico, cores, som e armazenamento, restou aos desenvolvedores de jogos para o Atari abusar da criatividade, criando alguns jogos inovadores e memoráveis, como por exemplo: Adventure, River Raid, Pitfall! e H.E.R.O..



Sega Master System (Japão, 1985, 3ª geração)


Sendo o melhor dentre todos os consoles de 8 bits, o Master System tinha um hardware bem superior ao seu rival "Nintendinho" (NES). Entretanto, devido a péssimas decisões comerciais e de marketing, e somado ao fato de que a Nintendo tinha a exclusividade nos jogos da maioria das produtoras de games da época, este brilhante console da SEGA ficou bem atrás das vendas do NES, principalmente nos EUA.

Azar dos EUA, que perderam a oportunidade de jogar algo bem melhor e mais empolgante: jogos como Phantasy Star, Alex Kidd in Miracle World, Wonder Boy 3 e 5, e vários jogos da franquia Disney, como por exemplo Land of Illusion Starring Mickey Mouse eram muito superiores em gráficos e som do que qualquer jogo do NES. Outra diferença gritante entre o Master System e o Nintendinho eram as cores: o console da SEGA possuía cores mais claras e vivas; aliás a paleta de cores do Master é uma das melhores que já vi até hoje.

O quase "monopólio" da Nintendo para distribuir jogos de empresas terceiras acabou gerando algo positivo: obrigar a SEGA a desenvolver seus próprios jogos, muitos deles excelentes, o que acabou gerando franquias inéditas de games que futuramente colocariam a SEGA no mesmo patamar de vendas da Nintendo. Em resumo o NES tinha uma biblioteca de jogos muito maior que a do Master, e também, claro, tinha ótimos jogos. Porém os melhores jogos do Master System eram superiores aos melhores jogos do NES e ponto final.

Os principais acessórios deste console da SEGA, a pistola Light Phaser e os Óculos 3D também eram bem superiores em qualidade comparando com as versões dos consoles rivais. Os tais óculos aliás eram quase revolucionários, porém tiveram vida curta: poucos jogos compatíveis, e com a entrada para uso já removida para todas as versões seguintes do console, a partir do Master System II internacional (Master System 3 no Brasil). A se lamentar o fato de que apenas o Master System japonês recebeu em suas placas o chip de som FM, um componente que acrescentava uma enorme qualidade no som do sistema, possibilitando os videogames caseiros com melhores sons já vistos (e incluo nisto os jogos de computadores pessoais), até o surgimento do PC Engine pela 4ª geração.

O legado do console em termos de jogos é maior do que a imprensa especializada costuma relembrar. Além de jogos que marcaram história no mundo dos videogames como os já citados Phantasy Star e Alex Kidd in Miracle World, o Master System foi o único console até hoje que portou alguns arcades da SEGA como Alex Kidd: The Lost Stars e Shadow Dancer; o jogo Wonder Boy é melhor e maior que a versão do arcade, por possuir checkpoints, fases extras e fases bônus (por isso mesmo ele foi lançado no Japão como Super Wonder Boy). Outros exemplos nem envolvem fliperamas: lançado em dezenas de consoles, inclusive para consoles da 4ª geração, a versão do Master para California Games (nosso Jogos de Verão) é de longe a melhor dentre todas em todos os tempos.

O brilhante trabalho da TecToy fez com que o Master System se tornasse o mais "brasileiro" dentre todos os consoles que já pisaram por aqui: jogos portados exclusivamente para o Brasil (e também alguns jogos 100% brasileiros, como por exemplo o Castelo Rá-Tim-Bum), jogos traduzidos para o Português (algo simplesmente inimaginável para consoles na época), programa diário com dicas na TV aberta... e tudo isto culminou em um recorde: o velho Master é o videogame de maior longevidade de todos os tempos, e ele continua em produção aqui no Brasil até hoje. 



Mega Drive / Genesis (Japão, 1988, 4ª geração)


Pegue o já excelente Master System e o melhore muito em tudo. Faça o primeiro console com processamento verdadeiramente em 16 Bits do mundo (o PC-Engine era 16 Bits apenas no processador gráfico). E mais ainda, faça tudo isso um ano e meio antes da gigante única dos videogames, a Nintendo. Tudo isto é o sensacional Mega Drive (ou SEGA Genesis nos EUA), que seria o primeiro grande console daquela que considero a maior dentre todas as gerações de consoles.

A evolução dos jogos comparando com a geração anterior era enorme: era um deleite jogar em casa as adaptações exclusivas de clássicos arcade, como Out Run, Golden Axe, Altered Beast e etc. E o fato da SEGA lançar um produto de grande qualidade bem antes da Nintendo fez com que enfim ela competisse com a gigante rival em vendas. Se a empresa do Mario tinha quase 50% do mercado da 4ª geração, a SEGA a seguia de perto, com quase 40%.

Uma enorme contribuição do Mega Drive para o mundo dos videogames foi seu foco em jogos de esportes, em parceria com a desenvolvedora Electronic Arts. Seguindo o plano de marketing dos presidentes da Sega of America (Michael Katz até metade de 1990, e Tom Kalinske após ele), o Mega Drive foi quem efetivamente colocou jogos de esportes de qualidade dentro dos consoles caseiros, e dava um banho no rival SNES neste gênero. Os primeiros jogos de esportes, da era Katz, eram exclusivos do console e eram associados aos maiores esportistas do momento: Pat Riley Basketball, Arnold Palmer Tournament Golf, James 'Buster' Douglas Knockout Boxing, Joe Montana Football, Tommy Lasorda Baseball; mas os melhores jogos viriam depois, já sob Kalinske: a série John Madden Football, a série FIFA, a série NHL, a série NBA. Embora estes jogos não fossem mais exclusivos (eles também eram lançados no SNES), no Mega Drive / Genesis eles sempre chegavam às lojas alguns meses antes do que no videogame rival.

Outro marco importante foi o lançamento do jogo Sonic the Hedgehog, em 1991, e que se tornaria o mascote oficial da SEGA desde então. Criado para desfrutar do máximo da capacidade gráfica do Mega Drive, o game cumpriu seu propósito e mostrou gráficos de qualidade com uma velocidade de movimento jamais visto na história dos videogames.

Com o objetivo de aproveitar ao máximo das enormes vendas do console, a SEGA lançou dois adicionais bem ousados e caros: o Sega CD (1993) e o 32X (1994). Ainda que o 32X tenha recebidos ótimos jogos que aproximavam o Mega Drive mais do que nunca dos arcades, ambos apetrechos receberam pouca atenção, decepcionando a todos que investiram dinheiro neles, e iniciando o clima de insatisfação que futuramente se tornaria um dos fatores que justificaram o fracasso do console seguinte, o SEGA Saturn.



Super NES (Japão, 1990, 4ª geração)


Se nos 8 bits o console da Nintendo era bem inferior tecnicamente do que o da SEGA, na geração dos 16 bits a empresa do Mario deu o troco. O Super NES tinha uma capacidade bem maior do que o rival Mega Drive, e após alguns meses com vendas mornas, ganhou o gosto do público e foi um enorme sucesso, sendo o console mais vendido da geração.

O "Nintendinho" trouxe vários ótimos jogos e franquias... mas ainda assim com baixa qualidade de som e imagem. Com o Super NES, franquias como Super Mario BrosMetroid, Castlevania, etc finalmente ganharam visual e músicas que mereciam, e viraram jogos espetaculares.

Se o Mega Drive era superior em jogos de esportes, o Super NES era melhor nos jogos de RPG. Os exclusivos Final Fantasy, Zelda, Mario RPG e Chrono Trigger tinham uma qualidade incrível, tanto de jogabilidade quanto em história. Outro gênero que o SNES vencia era o de carros de corrida: Top GearF-Zero e Super Mario Kart foram franquias exclusivas e excelentes que estrearam neste console.

Em 1994 o SNES apresentaria ao mundo mais uma revolução, o jogo Donkey Kong Country, jogo de plataforma onde os personagens apareciam pela primeira vez em 3D. Aproveitando-se ao máximo do console, a Nintendo ganhou muito dinheiro com a série Donkey Kong Country, e deixava claro que era possível continuar evoluindo seus jogos apenas com seu console base, ao contrário do rival Mega Drive, que precisava do 32X incorporado para fazer algo similar.

Somando prós e contras do Super NES e do Mega Drive, ambos foram consoles incríveis, com extensas bibliotecas de jogos (muitos deles em comum), e para dizer qual dos dois foi melhor vai mesmo do gosto do jogador... enquanto eles "empatavam" em jogos de luta e plataforma, repito que o primeiro vencia no RPG e o segundo vencia em jogos de esportes. O que importa é que estes dois videogames foram tão bons que pra mim deixam a 4ª geração como a melhor de todos os tempos. E isso que nem falei de mais um console dela, que vem a seguir...



Neo Geo (Japão, 1991, 4ª geração)

O maior sonho de todo console dos anos 80 e 90 era se igualar as potentes máquinas dos fliperamas; e portanto, nada mais justo colocar na lista de melhores consoles aquele que foi o primeiro a verdadeiramente atingir este feito. Tanto é verdade, que quando o Neo Geo AES (o console caseiro) foi colocado à venda, ele rodava exatamente os mesmos jogos do Neo Geo MVS (a versão arcade, lançada um ano antes).

O Neo Geo era tão mais avançado que os demais consoles da 4ª geração que há quem diga que ele deveria pertencer a uma geração a parte, ou seja, a geração "4,5". Tanta tecnologia, ironicamente, acabou sendo a origem de seu fracasso comercial: seus altos preços.

Quando o console saiu, ele era bem mais caro que os concorrentes (literalmente 2x ou 3x mais caro, dependendo do modelo), e para piorar tinha uma biblioteca de jogos muito pequena, já que as produtoras de jogos já estavam fechadas com a SEGA e principalmente com a Nintendo, obrigando a SNK a desenvolver seus próprios títulos. A diferença de preços também atingia os jogos, já que os gigantescos cartuchos com cerca de 300 MB eram caríssimos.

A SNK Corporation até tentou salvar o console lançando o Neo Geo CD em 1994, uma opção bem mais em conta principalmente na hora da compra dos jogos, pois a produção de CDs era muito mais barata. Porém o leitor de CD era de velocidade apenas 1x, muito lento para o que o console precisava, e o que deveria ajudar, pirou a imagem do console, que ficou com a famoso pela demora com que os jogos de CD carregavam. Meses depois, surgiu o Playstation com seu leitor de velocidade 2x, e isso praticamente decretou o fim do Neo Geo (aliás, o Playstation massacrou toda a concorrência da época quando chegou). A SNK até fez uma última tentativa em 1995, lançando o Neo Geo CDZ, agora com leitor de 2x. Mas já era tarde demais; os consoles de 5ª Geração já dominavam amplamente o mercado, com jogos bem mais avançados.

Ainda hoje dá para cravar que o Neo Geo foi o melhor console para jogos de luta de "um contra um" em 2D em todos os tempos: Art of FightingFatal Fury, Samurai Shodown, The Last Blade, The King of Fighters são apenas algumas franquias que sugiram e tiveram vários títulos no Neo Geo. E se engana quem acha que o console só tinha jogos bons deste tipo, como veremos a seguir.

Jogos de esporte? O Neo Geo tinha os ótimos Windjammers (vários mini jogos usando frisbee), Goal! Goal! Goal! e a franquia Super Sidekicks (futebol), Street Slam (basquete de rua), além de vários títulos para Futebol Americano e Baseball; Jogos de ação e plataforma? ele tinha a espetacular franquia Metal Slug e outros jogos como Magician Lord e Top Hunter; Jogos Beat 'em up?, havia a franquia Sengoku e o Mutation NationJogos de "navinha"? haviam Aero Fighters, Blazing Star, Last Resort, Prehistoric Isle 2Pulstar. Ou seja, jogos incríveis não faltavam, mas ainda assim sua pequena biblioteca (cerca de 160 jogos no total, já considerando cartuchos + CDs) é apontada como "defeito" deste console.

Em sua lista de "ausências", o Neo Geo não tinha jogos em 3D, o que lhe "impediu" de trazer jogos de simulação de corrida ou de tiro em primeira pessoa. Os RPGs também praticamente não existiam (apenas o Crossed Swords teve alguma relevância), e imagino que isso se deva ao fato de que por ser um console pensado nos fliperamas, a grande maioria dos jogos do console eram feitos para serem rápidos e casuais. Ainda assim, o Neo Geo deixou um importante legado para os jogos "demorados": foi o primeiro console caseiro a ter um cartão de memória removível para jogos salvos.

Junto com o Master System, o Neo Geo é o console cujo destino comercial eu mais lamento. Ele merecia um sucesso muuuuito maior. Mas seu alto custo e um mísero erro de estratégia (o CD de velocidade 1x) foram suficientes para que este console tivesse vida curta. Sim, o mercado dos videogames é injusto muitas vezes.



Playstation 2 (Japão, 2000, 6ª geração)


Embora eu tenha jogado bastante - e adorado - o Playstation 1, em geral eu não gosto da 5ª geração de videogames, repleta de jogos 3D "quadradões". Mas quando o Playstation 2 chegou, não somente resolveu de vez esta limitação gráfica como trouxe uma evolução incrível em relação ao seu modelo anterior.

Fica até difícil explicar o quanto o PS2 é bom... mas saibam que ele é até hoje o console mais vendido de todos os tempos, teve mais de 3800 jogos lançados, e também costuma ser eleito "o" melhor console de todos os tempos pela crítica especializada.

Playstation 2 foi o primeiro console a rodar jogos em DVD, o que foi um enorme atrativo na época, já que ele também permita rodar DVDs de filmes e música. E ainda funcionava com os jogos em CD do Playstation anterior, sendo o primeiro console de mesa "famoso" a ter retrocompatibilidade sem depender de algum acessório externo extra para isto (o único console a fazer isto antes dele foi o obscuro Atari 7800).

E por falar em jogar jogos "antigos", o Playstation 2 foi o primeiro console de mesa a lançar grandes clássicos arcades exclusivos da SEGA (isso sem contar os próprios consoles da SEGA, claro), via série SEGA Ages 2500. O nome 2500 vem do preço dos jogos no Japão, lançados a 2500 Ienes. Alguns jogos são cópias do arcade original, mas a maioria das versões são remakes exclusivos atualizando-os para os gráficos da época. Foram 33 títulos no total, sendo alguns deles coletâneas. É verdade que alguns destes remakes não ficaram bons, mas outros ficaram bem aceitáveis... e digo mais, só a intenção e bom gosto de relançar os jogos da SEGA já vale muitos elogios para este console!!!

Franquias famosas e exclusivas como Grand Theft Auto, Final Fantasy e Metal Gear Solid alcançaram uma qualidade gráfica inimaginável com o PS2. E ainda foi nele que surgiriam outras franquias excelentes, como God of War e Kingdom Hearts. Aliás, depois que eu vi rodando jogos como God of War (I e II), Shadow Of The Colossus e Okami, a conclusão que cheguei é que não seria mais necessário um videogame mais potente do que o Playstation 2: graficamente ele já conseguiu atingir tudo o que eu desejava. Porém minha visão mudou com o avanço da tecnologia: a chegada das TVs planas em HD criaram necessidade para evoluções gráficas.



Xbox 360 (EUA, 2005, 7ª geração)


O Xbox 360 é o primeiro console da 7ª geração, revolucionando o mercado de games ao ser o primeiro console com gráficos HD (480 pixels verticais), e também, pelo enorme avanço que trouxe em sua rede Xbox Live (que já existia desde 2002): pela primeira vez na história os usuários podiam "de fato" comprar jogos e jogar contra outros jogadores pela internet com ótima qualidade. Sim... jogar pela internet via consoles caseiros começou a decolar na geração anterior, inicialmente com o Dreamcast; porém foi só nesta geração que isto virou uma febre, e não é exagero dizer que o primeiro "culpado" foi o Xbox 360. Ele foi o primeiro videogame a conseguir rodar jogos de última geração para múltiplos jogadores online a nível global, além de trazer conceitos competitivos inovadores como as Conquistas e o GamerScore. Agora os jogadores poderiam ir atrás dos mais variados desafios - ao invés de apenas vencer os jogos - e se comparar com adversários do mundo inteiro.

Outro ponto que merece destaque é que a 7ª geração deu um salto de processamento de pelo menos 10x mais em relação à geração anterior. E o mais impressionante sobre todas as qualidades que disse sobre o Xbox 360 até aqui, é que ele fez tudo isso 1 ano antes de seu concorrente PlayStation 3 ser lançado! E, outra novidade: o Xbox 360 foi o primeiro console a vender controles sem fio junto com a versão padrão do videogame, embora também houvesse para venda a versão com controles de fios USB.

E mesmo já sendo um baita console por si só, ele também entrou na minha lista de melhores devido sua importância mercadológica: ele foi o primeiro (e até hoje único) videogame a se equiparar em vendas com o da rival Sony. Se o Xbox 360 não tivesse sido um sucesso de vendas e um real concorrente ao PlayStation 3, talvez hoje veríamos um completo monopólio da Sony no mercado, o que seria muito ruim para todo mundo.

O Xbox 360 também entra na minha lista por ter trazido o Kinect, o melhor controlador de movimentos  de sua época. Mesmo que longe de ter respostas de movimentos perfeitas, ele foi superior aos seus concorrentes diretos de mesma geração - Wii Remote (Nintendo Wii) e PlayStation Move (PlayStation 3) - por dispensar o uso de qualquer controle físico, sendo necessário apenas o próprio corpo do usuário. Ironicamente o grande ponto positivo do Kinect é também seu principal ponto negativo, já que qualquer jogo mais avançado necessita pelo menos de um "botão" para funcionar melhor. Na prática, o Kinect foi o melhor aparelho porém com os jogos mais simplórios. Ainda assim, foi um marco tecnológico muito impressionante.

Este incrível console poderia ter sido ainda mais bem vendido, e estar mais presente na lista dos "melhores consoles de todos os tempos" dos especialistas se não fosse o lamentável problema do Red Ring of Death, onde o aparelho "travava" e 3/4 do anel de Led que envolve o botão de liga/desliga do console ficavam permanentemente acesos em vermelho, indicando um erro de hardware (em geral devido a superaquecimento), deixando como única opção desligá-lo. Oficialmente a Microsoft fez de tudo para "minimizar" o problema, mas nunca dizendo a porcentagem real de consoles com defeito, limitando a dizer que era próximo da taxa de falha aceita pela indústria. De qualquer forma, eles estenderam a garantia do produto e trocavam os consoles com problemas. Pela falta de dados oficiais, até hoje é difícil mensurar as falhas de hardware do Xbox 360. Porém as revistas especializadas citam números que entre 30 a 60% dos consoles fabricados nos dois primeiros anos apresentaram algum defeito de hardware... um valor assustador! A Microsoft chegaria a resolver o problema lançando posteriormente outros 2 novos modelos corrigidos/melhorados do próprio Xbox 360, mas sua reputação ficou irremediavelmente manchada.



Playstation 4 (EUA, 2013, 8
ª geração)

Embora os antecessores Xbox 360 e Playstation 3 tivessem entregado em seus últimos anos alguns jogos que possuíam trechos com imagens em Full HD (1080 pixels, também conhecido com 2K), foi apenas nesta geração que os consoles rodaram 100% nesta qualidade gráfica.

Com os consoles da Sony e Microsoft cada vez mais parecidos entre eles (tanto em capacidade quanto em jogos), eu optei pelo Playstation 4 ao invés do Xbox One pois o PS4 é considerado levemente superior em hardware. Outro fato que me faz escolher esse console são seus jogos exclusivos; não apenas os jogos "novos" (nos quais me chamam a atenção principalmente as franquias The Last of UsGod of War), mas principalmente pelos remakes de clássicos do passado, como por exemplo Final Fantasy VII (PS1) e Shadow of the Colossus (PS2): para mim uma ideia excelente, esta, de adaptar estes grandes jogos para os gráficos excepcionais atuais.

Alguns anos depois, tanto a Sony quanto a Microsoft lançaram novas versões ainda mais potentes de seus consoles, dentro da própria geração (algo inédito na indústria de videogames): surgiram então o PlayStation 4 Pro e Xbox One X para rodar jogos na resolução 4k. Sinceramente? Para mim, este velho que escreve estas linhas, é algo desnecessário. Assim como eu já considerava o Playstation 2 como o "videogame definitivo", que não precisava de mais evoluções e só mudei de ideia após o lançamento das TVs HD, o mesmo acontece aqui: o mercado não precisava ter evoluído os consoles iniciais da 8ª geração e sequer ter criado a 9ª geração. E só vou mudar de ideia quando novamente surgir uma tecnologia totalmente diferente, que talvez sejam máquinas de Realidade Virtual (VR).




PS: no começo do artigo eu "fugi" da responsabilidade de ranquear o Top 8 dos videogames. Mas se você chegou até aqui, agora saberá qual é o meu Top 5 dos melhores consoles de todos os tempos: em quinto lugar eu coloco o SNES, pra mim ainda o melhor console "de mesa" da história da Nintendo; em quarto vêm o Neo Geo, por ser realizado o sonho de todo gamer da época, que era ter um fliperama de verdade em casa; o terceiro lugar vai para o Master System (ainda que este seja o console que está em primeiro lugar no meu coração); a "prata" fica com o Playstation 2 pelo seu inigualável sucesso de vendas, quantidade e evolução de jogos, e a primeira posição fica com o Mega Drive / Genesis, espetacular console da SEGA que continuo jogando seus jogos com prazer até hoje!

domingo, 3 de janeiro de 2021

Retrospectiva Cinema Vírgula 2020: O melhor e o pior do Cinema e da TV, e a lista de filmes assistidos


Feliz ano novo! Deixamos o problemático ano da pandemia de Covid-19 para trás, e entramos em 2021 esperando por uma vacina. A pandemia impactou diretamente todo mundo do entretenimento, principalmente o Cinema, cuja produção de novos filmes foi congelada e a exibição dos títulos já produzidos foi em sua grande maioria adiada para 2021, já que as salas de cinemas passaram meses fechadas.

O impacto na TV e nas empresas de streaming foi menor, mas ocorreu. Produções de novos programas também foram interrompidos; entretanto, com o mundo inteiro dentro de casa, o público total assistindo séries aumentou, o que reduziu muito o impacto financeiro para eles.

Em resumo, a retrospectiva deste ano também foi afetada, porque tive bem menos opções de filmes novos para assistir. Mas vamos lá, ainda teve bastante material para ser relembrado, pro bem e pro mal.


Melhores e piores da TV - Seriados
Pra mim o evento mais importante do ano em termos de séries foi a conclusão do seriado alemão Dark, da Netflix. Embora eu não tenha gostado muito do final, o seriado como um todo foi bastante interessante e corajoso. Outras duas obras que gostei bastante foram minisséries relacionadas a esporte: Arremesso Final (documentário de Michael Jordan) e O Gambito da Rainha (ficção).

Já no Amazon Prime, que pouco assisti, o destaque ficou para a segunda temporada de The Boys, que embora tenha sido inferior a temporada inicial, se mantém empolgante. Também no Prime eu assisti a temporada de estréia do apenas mediano Star Trek: Picard; restando como grande recomendação para os fãs de Jornada nas Estrelas o também estreante Star Trek: Lower Decks, que gostei bastante, mas que ainda não chegou ao Brasil.

Aliás, ainda sobre o Amazon Prime, que passei a assinar só em 2020, tem dois seriados que não são novos, já tem alguns anos de idade, mas ainda assim gostei bastante e quero recomendar a vocês: tratam-se de Philip K. Dick's Electric Dreams (seriado no mesmo estilo de Black Mirror, baseado em contos do mesmo autor dos livros de Blade Runner e The Man in the High Castle) e Fleabag (premiadíssima comédia + drama sobre a vida de uma solteira de 33 anos).

Em termos de "piores", só teve um seriado que me decepcionou, The Playbook: Estratégias para Vencer (Netflix). Não teve nenhum outro seriado que não tenha gostado, e aproveito para fazer um alerta: apesar da crítica em geral ter falado muito mal da nova comédia de Steve Carell, Space Force (Netflix), eu achei ela bem legalzinha, vale a pena lhe dar alguma chance. E não, ainda não assisti O Mandaloriano, mas pretendo fazê-lo no primeiro semestre deste ano.


Melhores e piores da TV - Filmes
Meu Top 3 de filmes deste ano na TV vai para o espanhol O Poço (Netflix) em primeiro lugar, o segundo lugar para a diferente ficção científica A Vastidão da Noite (Amazon Prime), e o meloso Milagre na Cela 7 (Netflix) em terceiro.

E como sempre, os canais de streaming tentam nos ganhar pela quantidade, não pela qualidade... portanto a lista de filmes ruins ou no máximo razoáveis é considerável, embora eu tenha conseguido evitar a maioria deles. Com isso, minha relação de filmes de 2020 pra se evitar vai apenas para: Ava e Coffee & Kareem, ambos da Netflix.

Também acho relevante comentar que assisti a trilogia de filmes "Baztán", baseada em uma série de livros policiais espanhola. Apesar de apenas o último filme ter sido feito em 2020, todos só chegaram no Brasil este ano. Como um todo, é uma série interessante... porém ela começa com um filme muito bom e se encerra com um bem ruim.


Melhores e piores dos Cinemas
Com a pandemia fechando os cinemas por meses, este foi de longe o ano em que menos assisti filmes na "tela grande" desde o início do meu blog. Os melhores filmes são todos do começo do ano, pré-Covid no Brasil, e múltiplos indicados ao Oscar: 1917, O Farol e Jojo Rabbit

Já falando dos piores do ano, começo com duas super produções bem ruins, porém cuja baixa qualidade eu já esperava. Estou falando de Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa, e o novo filme de Christopher Nolan, Tenet. Curiosamente, há duas animações que agradaram a crítica especializada em geral, mas que eu particularmente achei bem mais ou menos: Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica e Frozen 2.

A indústria do cinema ainda não sabe como se portar no mundo em pandemia, e no mundo pós-pandemia. A queda total de arrecadação nos cinemas mundiais (em números absolutos) foi de cerca de 70% em relação a 2019, porém, quando a Warner resolveu lançar no final do ano seu Mulher-Maravilha 1984 simultaneamente nos cinemas e em streaming (no caso, na HBO Max estadunidense), gerou grande revolta nos estúdios, cineastas e donos de cinema.

Se por um lado os estúdios tiveram um ano péssimo, reitero que para as empresas de streaming o ano não foi ruim. Por exemplo, a Netflix bateu seu recorde de mini série mais assistida de todos os tempos com O Gambito da Rainha, e tem grandes chances de bater seu próprio recorde em filmes, com o bem fraco O Céu da Meia Noite.


Top 5: os mais lidos do Cinema Vírgula em 2020
Os artigos mais acessados deste ano são listas de filmes e obras da Netflix. Confiram, do mais para o menos clicado, e clique para ver caso tenha perdido:

Lista dos filmes que assisti em 2020
Finalizando, segue a lista de todos os filmes que assisti em 2020; novos ou antigos, sendo a primeira vez que os vi ou não. Este ano foram 105 filmes, superando em 1 a minha meta anual de 104 filmes (que significaria 2 filmes por semana).

Abaixo segue a lista. Os filmes em laranja negrito e com um (*) são aqueles a que dou uma nota de no mínimo 8,0 e portanto, recomendo fortemente.

1917 (idem, EUA / Reino Unido, 2019)   (*)
Advantageous (idem, EUA, 2015)
Agatha and the Curse of Ishtar (idem, Reino Unido, 2019)
O Apostador ("The Gambler", EUA, 2014)
Asterix e o Segredo da Poção Mágica ("Astérix: Le Secret de la Potion Magique", Bélgica / França, 2018)
Ava (idem, EUA, 2020)
Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa ("Birds of Prey: And the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn", EUA, 2020)
Bagdad Café ("Out of Rosenheim", Alemanha Ocidental, 1987)
Bob Esponja: O Incrível Resgate ("The SpongeBob Movie: Sponge on the Run", Coréia do Sul / EUA, 2020)
A Caminho da Lua ("Over the Moon", China / EUA, 2020)
The Carter Effect (idem, EUA, 2017)
O Centenário Que Saiu Sem Pagar a Conta e Sumiu ("Hundraettåringen som smet från notan och försvann", Suécia, 2016)
O Céu da Meia-Noite ("The Midnight Sky", EUA, 2020)
Champs: nas carreiras de Tyson, Holyfield e Hopkins ("Champs", EUA, 2014)
Coffee & Kareem (idem, EUA, 2020)
Curtindo a Vida Adoidado ("Ferris Bueller's Day Off", EUA, 1986)
Despedida em Grande Estilo ("Going in Style", EUA, 2017)
Destacamento Blood ("Da 5 Bloods", EUA, 2020)
O Dilema das Redes ("The Social Dilemma", EUA, 2020) 6
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica ("Onward", EUA, 2020)
O Durão ("Get Hard", EUA, 2015)
Duro de Matar ("Die Hard", EUA, 1988)   (*)
Duro de Matar 2 ("Die Hard 2", EUA, 1990)
Elizabeth (idem, Reino Unido, 1998)
Elizabeth: A Era de Ouro ("Elizabeth: The Golden Age", Alemanha / EUA / França / Reino Unido, 2007)
O Enigma de Outro Mundo ("The Thing", EUA, 1982)
Enola Holmes (idem, Reino Unido, 2020) 6
Entre Facas e Segredos ("Knives Out", EUA, 2019)
A Era do Peixinho (idem, Brasil, 2018)
Era uma Vez em Tóquio ("Tôkyô monogatari", Japão, 1953)
Era Uma Vez um Sonho ("Hillbilly Elegy", EUA, 2020)
O Escândalo ("Bombshell", Canadá / EUA, 2019)
O Estranho ("The Stranger", EUA, 1946)
Um Estranho no Ninho ("One Flew Over the Cuckoo's Nest", EUA, 1975)   (*)
Eu Não Sou um Homem Fácil ("Je Ne Suis Pas un Homme Facile", França, 2018)
Fangio O Rei das Pistas (Fangio: El hombre que domaba las máquinas, Argentina, 2020)
O Farol ("The Lighthouse", Canadá / EUA, 2019)   (*)
Fita de Cinema Seguinte de Borat ("Borat: Subsequent Moviefilm", EUA / Reino Unido, 2020)
Fogo no Céu ("Fire in the Sky", EUA, 1993)
Frozen 2 ("Frozen II", EUA, 2019)
No Gogó do Paulinho (idem, Brasil, 2020)
G.O.R.A. (idem, Turquia, 2004)
Guillermo Vilas: Esta Vitória é Sua ("Vilas: Serás lo que debas ser o no serás nada", Argentina, 2020)
O Guardião Invisível ("El Guardián Invisible", Alemanha / Espanha, 2017)
Hamlet (idem, EUA / França / Reino Unido, 1990)
Holy Hell (idem, EUA, 2016)
O Homem que Ri ("The Man Who Laughs", EUA, 1928)
A Incrível História da Ilha das Rosas ("L'incredibile storia dell'Isola delle Rose", Itália, 2020)
Inferno de Dante: Uma Animação Épica ("Dante's Inferno: An Animated Epic", Coréia do Sul / EUA / Japão / Singapura, 2010)
Inconceivable (idem, EUA / Reino Unido, 2017)
Indústria Americana ("American Factory", EUA, 2019)
The Jesus Rolls (idem, EUA, 2019)
Joias Brutas ("Uncut Gems", EUA, 2019)
Jojo Rabbit (idem, EUA / Nova Zelândia / República Checa, 2019)   (*)
Judy: Muito Além do Arco-Íris ("Judy", EUA / Reino Unido, 2019)
Klaus (idem, Espanha / Reino Unido, 2019)
Legado nos Ossos ("Legado en los Huesos", Alemanha / Espanha, 2019)
O Limite da Traição ("A Fall from Grace", EUA, 2020)
Lionheart (idem, Nigeria, 2018)
Milagre na Cela 7 ("Yedinci Kogustaki Mucize", Turquia, 2019)
As Minas do Rei Salomão ("King Solomon's Mines", EUA, 1985)
Ninguém sabe que estou aqui ("Nadie Sabe Que Estoy Aquí", Chile, 2020)
O Nome da Rosa ("Der Name der Rose", Alemanha Ocidental / França / Itália, 1986)
Nós ("Us", EUA, 2019)
A Origem dos Guardiões ("Rise of the Guardians", EUA, 2012)
Perdi Meu Corpo ("J'ai perdu mon corps", França, 2019)
Oferenda à Tempestade ("Ofrenda a la Tormenta", Alemanha / Espanha, 2020)
O Poço ("El Hoyo", Espanha, 2019)   (*)
Miss Fisher and the Crypt of Tears (idem, Australia, 2020)
Nina - No Palco e Na Vida ("All About Nina", EUA, 2018)
No Coração do Mar ("In the Heart of the Sea", Austrália / Espanha / EUA, 2015)
No Portal da Eternidade ("At Eternity's Gate", EUA / França / Irlanda / Reino Unido / Suiça, 2018)
Um Príncipe em Nova York ("Coming to America", EUA, 1988)
Privacidade Hackeada ("The Great Hack", EUA, 2019)
À Prova de Morte ("Death Proof", EUA, 2007)
Queen + Adam Lambert Story: O Show Deve Continuar ("The Show Must Go On: The Queen + Adam Lambert Story", EUA / Reino Unido, 2019)
Quem Com Ferro Fere ("Quien a Hierro Mata" Espanha / EUA / França, 2019)
Radioactive (idem, China / EUA / França / Hungria / Reino Unido, 2019)
Rambo - Programado Para Matar ("First Blood", EUA, 1982)
Rambo II: A Missão ("Rambo: First Blood Part II", EUA / México, 1985)
Rambo III (idem, EUA, 1988)
O Rei da Comédia ("The King of Comedy", EUA, 1982)
Resgate ("Extraction", EUA, 2020)
Rio Bravo ("Rio Grande", EUA, 1950)
Rua Cloverfield, 10 ("10 Cloverfield Lane", EUA, 2016)   (*)
O Segredo da Cabana ("The Cabin in the Woods", EUA, 2011)
Os Segredos de Saqqara ("Secrets of the Saqqara Tomb", Egito / EUA, 2020)
Selvagem ("The Wild", Canadá / EUA, 2006)
Os Selvagens da Noite ("The Warriors", EUA, 1979)
Sete Homens e um Destino ("The Magnificent Seven", Austrália / EUA, 2016)
Os Sete Samurais ("Shichinin no Samurai", Japão, 1954)
Sonic: O Filme ("Sonic the Hedgehog", Canadá / EUA / Japão, 2020)
Taylor Swift: Miss Americana ("Miss Americana", EUA, 2020)
Tempos Modernos ("Modern Times", EUA, 1936)
Tenet (idem, EUA / Reino Unido, 2020)
The Old Guard (idem, EUA, 2020)
The VelociPastor (idem, China / EUA, 2018)
Turma da Mônica: Laços (idem, Brasil, 2019)
A Vastidão da Noite ("The Vast of Night", EUA, 2019)
E o Vento Levou ("Gone with the Wind", EUA, 1939)
Virunga (idem, Congo / Reino Unido, 2014)   (*)
Visita ao Inferno ("Into the Inferno", Alemanha / Canadá / Reino Unido, 2016)
As Vozes ("The Voices", Alemanha / EUA, 2014)
A Voz Suprema do Blues ("Ma Rainey's Black Bottom", 2020)
What Happened, Miss Simone? (idem, EUA, 2015)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Crítica - Tenet (2020)

Título
Tenet (idem, EUA / Reino Unido, 2020)
DiretorChristopher Nolan
Atores principais: John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Kenneth Branagh, Dimple Kapadia, Michael Caine
Lamento Nolanzetes, o dia que eu mais temia chegou

Ocasionalmente vemos surgir grandes diretores, que fazem obras autorais bem diferente do padrão, tanto em termos de roteiro quanto visuais. E sou grande admirador destes realizadores, como por exemplo posso citar Darren Aronofsky e Christopher Nolan. Ambos têm filmes em meu Top 10 de todos os tempos: O Grande Truque (Nolan) e Fonte da Vida (Aronofsky), que curiosamente foram lançados no mesmo ano, 2006; e ambos também estiveram presentes na minha lista de "diretores que mais gosto atualmente", que escrevi em 2014 (clique aqui pra rever).

Mas de 2014 pra cá algumas coisas aconteceram... as vezes diretores se perdem no próprio ego e fama. Aconteceu em 2017 com Darren Aronofsky, com seu filme Mãe; e agora em 2020 aconteceu com Christopher Nolan, com seu novo lançamento Tenet. Aliás, o resultado final de Tenet é bem pior que de Mãe, pois pelo menos no segundo eu passei por uma experiência interessante. Se auto-alimentando da própria mística em fazer filmes cada vez mais ambiciosos e complexos, e piorando filme a filme justamente por isso, eu temia que um dia Nolan fizesse algo tão complexo que se tornaria bem ruim. Pois é, Nolanzetes, este dia chegou.

O conceito de Tenet é o seguinte: assim como tudo na nossa realidade se move em um sentido temporal (para o futuro), uma agência secreta começa a descobrir objetos que se movem no sentido temporal contrário (para o passado). Como se vê no trailer (recomendo você assisti-lo clicando no link do começo do texto), imagine uma pistola "invertida" no tempo: quando você dispara o gatilho, o que acontece é que uma bala que estava incrustada em algum lugar volta para o cano do revólver. Pois é... Isso já é um conceito bem complicado para pequenos objetos, porém quando Nolan resolve ampliá-lo para pessoas, veículos, prédios... aí ele se perde de vez: o filme mostra literalmente CENTENAS de pequenas inconsistências, sejam visuais, sejam lógicas ou temporais, ao longo das intermináveis 2h30min de projeção.

Junto a este conceito, está uma trama clichê e sem sentido de espionagem onde um vilão quer destruir o mundo com este novo poder (Kenneth Branagh) e um herói quer salvá-lo (John David Washington). O diretor/roteirista Christopher Nolan aproveita para "homenagear" (ou seria reciclar?) vários de seus filmes em um só, tornando-o ainda mais caótico. Em Tenet podemos ver elementos dos roteiros de O Grande Truque, Batman, A Origem, Amnésia e Interestelar.

Claro, Tenet também possui algumas qualidades. Como sempre nos filmes deste diretor, a fotografia e os movimentos de câmera estão impecáveis, excelentes. E no meio de tanta confusão temporal, onde pessoas que se movem pro passado se encontram com pessoas que se movem normalmente (!!!???), há algumas cenas de ação plasticamente bem diferentes e belas. Mas as qualidades param aí.

Até no som Nolan perde a mão como nunca: o filme tem uma trilha sonora pesada (de novo), muito barulhenta, repleta de marchas pesadas e agitadas. Com isso Tenet fica com um "clímax" gigante de 2h30min... é um martírio assistir. Fora que todos seus personagens falam de maneira rápida, curta e grossa. É pro espectador não conseguir respirar e entender o que está acontecendo. Aliás, faz sentido: se nem mesmo o próprio diretor/roteirista conseguiu dar coerência nas regras que criou (e ao longo do filme novas regras são apresentadas constantemente, até chegar a um ponto que eu simplesmente resolvi não me esforçar mais pra entender), claro que ele vai tentar esconder seus erros do público!

Tenet é tranquilamente o pior filme de toda a carreira de Christopher Nolan. E sei que se já desagradei os Nolanzetes em críticas passadas, estou desagradando mais uma vez neste momento. Afinal, não há limites para os fanáticos defenderem seus ídolos. Nota: 4,0

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...